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Universidade de Brasília – Faculdade de Medicina 
Fisiologia Médica 2 – Módulo do Aparelho Digestório (Unidade 12) 
Turma 92 - Estudante: 
 
 
FF IISSIIOOLLOOGGIIAA DDOO AAPPAARREELLHHOO 
DD IIGGEESSTTÓÓRRIIOO 
PROCESSOS DE ABSORÇÃO NA ASSIMILAÇÃO DE 
NUTRIENTES 
 
TEXTO DE APOIO
1
 
SUMÁRIO 
A. Parâmetros do processo de absorção 
B. Peculiaridades da absorção de nutrientes 
Água e eletrólitos 
Macro-nutrientes 
Vitaminas 
 
1
 Produção: Novembro 2011 (dtsobral@unb.br) 
FM2 – Módulo do Aparelho Digestório (Unidade 12) 2 
Processos de Absorção dos Nutrientes 
Introdução 
O tema deste texto de apoio compreende a natureza e os mecanismos da absorção de 
nutrientes, considerando os parâmetros e as peculiaridades do processo. O propósito do texto é 
orientar a construção de conhecimento e entendimento sobre o tema na perspectiva dos 
objetivos de aprendizado definidos no Guia de Estudo, parte III. 
A assimilação de nutrientes é função primordial do aparelho digestório, a qual requer as 
atividades de ingestão, motricidade, digestão e absorção. O intestino delgado concentra os 
processos de digestão e absorção vinculados ao processamento dos alimentos e transferência de 
nutrimentos do lúmen do trato gastrintestinal para a circulação sanguínea, diretamente ou via 
sistema linfático esplâncnico. 
No caso da digestão, tal concentração no intestino delgado decorre dos graus de 
atividade, variedade e especificidade das hidrolases do pâncreas e do próprio delgado, bem 
como de outros fatores - pH, concentração de sais biliares e modulação de motricidade - que 
propiciam as condições apropriadas para a consecução desse processo. (Reveja a sequência do 
processo de digestão no esquema constante da unidade 8, p. 11.) 
O intestino delgado, em acréscimo, constitui-se no sítio indispensável para a absorção 
dos nutrientes por conta de suas características morfológicas - pregas, vilosidades e micro-
vilosidades - que determinam a extensa área absortiva do órgão e, principalmente, dos 
mecanismos específicos de transporte localizados no epitélio intestinal. Existem, entretanto, 
diferenças na eficiência da absorção de vários micro-nutrientes quando se compara o delgado 
proximal com o distal. 
Quais são os parâmetros (etapas, mecanismos e fatores) da absorção? 
a) Etapas. O processo absortivo se desdobra em três etapas, especialmente no caso das 
macro-moléculas. A primeira etapa culmina com o contato das substâncias com a borda em 
escova dos enterócitos e abrange processamento mecânico, mistura do conteúdo e hidrólise dos 
nutrientes no meio aquoso do lúmen intestinal. Para as substâncias lipófilas - ácidos graxos de 
cadeia longa, colesterol, vitaminas lipossolúveis - tal contato requer dispersão molecular no 
meio aquoso, efetuada mediante solubilização das substâncias nas micelas – os aglomerados 
moleculares de ácidos biliares conjugados. Muitos oligômeros ainda requerem hidrólise 
complementar na borda em escova, a exemplo dos oligossacarídeos. 
A segunda etapa, a essência da absorção, é definida pela passagem das substâncias para o 
interior dos enterócitos, mediante transporte específico para translação na membrana apical, no 
trajeto transcelular. Água e eletrólitos monovalentes podem permear, por difusão, as junções 
intercelulares caracterizando o trajeto intercelular ou paracelular. 
FM2 – Módulo do Aparelho Digestório (Unidade 12) 3 
A terceira etapa corresponde ao movimento das substâncias dos enterócitos para o sangue 
ou a linfa, por vezes mediante difusão simples ou facilitada. A remoção das substâncias por 
fluxo capilar, sanguíneo ou linfático, é necessária para o rápido progresso da difusão. 
b) Mecanismos de transporte. Correspondem aos transportes passivo e ativo. No 
primeiro modo, ocorre a difusão da substância no sentido predominante do gradiente 
eletroquímico até que se estabeleça o equilíbrio da atividade química de um lado e do outro da 
membrana celular. A translação da substância na membrana epitelial pode implicar: (a) 
dissolução na matriz lipídica da membrana (caso dos ácidos graxos); (b) acoplamento com um 
transportador que, por sua mobilidade na membrana, transfere a substância de um lado para 
outro, mediante difusão facilitada (caso da frutose); (c) passagem através poros aquosos 
situados nas junções intercelulares e nos enterócitos (caso da uréia e outras substâncias de 
baixo peso molecular). 
O transporte ativo - o segundo modo - envolve consumo de oxigênio e é abolido pelo 
bloqueio dos processos energéticos da célula. A energia metabólica requerida para o transporte 
ativo deriva da ativação de ATP-ases específicas, as quais correspondem aos transportadores 
que medeiam a translação das substâncias na membrana em alguns casos. O transporte ativo - 
por canal seletivo, transportadores ou „bombas celulares‟ - é essencial para absorção eficiente 
de diferentes substâncias: ácidos biliares, eletrólitos, minerais, vitaminas, monossarídeos, 
aminoácidos e dipeptídeos. 
A pinocitose - forma de endocitose - é um terceiro processo de transporte, envolvendo a 
absorção de proteínas intactas, especialmente na infância. No adulto, quantidades “antigênicas” 
de proteínas podem ser absorvidas mediante esse processo. 
c) Fatores que influenciam a capacidade absortiva. A eficiência da absorção varia de 
uma substância para outra, na dependência destes elementos: 
1. Concentração da substância no conteúdo intestinal, por conta da ingestão alimentar 
(qualquer nutriente) ou da secreção no trato digestório (colesterol, por exemplo). 
2. Tempo de contato com a mucosa, determinado pelo fluxo do conteúdo intestinal a partir da 
vazão do estômago e da atividade motora intestinal. 
3. Característica físico-química da substância, quanto à solubilidade, ao peso molecular e à 
carga elétrica. A membrana epitelial é permeável às substâncias lipossolúveis. A 
permeabilidade para substâncias hidrossolúveis varia ao longo do trato. Quanto à carga 
elétrica, os iontes bivalentes têm absorção limitada e os trivalentes são absorvidos em 
quantidade mínima. 
4. Atividade metabólica celular, quanto à presença de transportadores seletivos para translação 
molecular e de enzimas específicas associadas ao transporte ativo. 
FM2 – Módulo do Aparelho Digestório (Unidade 12) 4 
5. Fluxos esplâncnicos de sangue e de linfa; o fluxo sanguíneo, da ordem de 1.000 ml/min., 
raramente constitui fator limitante; o fluxo de linfa, de 1 a 3 ml/min., condiciona a absorção 
de lipídios. 
A reserva funcional na capacidade absortiva supera amplamente (50-100%) a taxa 
absortiva média dos nutrientes. O quadro abaixo identifica os principais nutrientes. 
Macronutrientes Minerais e Vitaminas 
Carboidratos Oligoelementos: Na, K, Mg, Ca, P 
Proteínas Microelementos: Fe, Zn, I, Cu, Co, Se, Cr, Mn 
Lipídios Vitaminas lipossolúveis: A, D, E, K 
 Vitaminas hidrossolúveis: B1, B2, B3, B5, B6, B7, B9, B12, C 
Quais são as peculiaridades da absorção de nutrientes? 
O sítio, a magnitude e o modo de absorção dos nutrientes têm aspectos específicos. 
Seguem exemplos de elementos que determinam a capacidade absortiva em relação a sete 
grupos de substâncias. O caso particular dos sais biliares consta da Unidade 11. 
a. Água e Eletrólitos 
Os intestinos do indivíduo adulto absorvem 6 a 10 L de fluidos diariamente e a parcela 
do delgado representa 85% do total. A taxa de absorção de fluidos varia de 3 a 20 ml/min., 
superando, no limite superior, a taxa máxima de excreção urinária por minuto, o que poderia 
levar à retenção hídrica no organismo. Os fluidos absorvidos se distribuem normalmente entre 
a circulação esplâncnica (90%) e a linfática (10%).Em virtude da ampla reserva funcional na absorção, realçada acima, a excreção fecal 
normal de água pouco varia em função do volume de ingestão de fluidos e constitui percentual 
da ordem de 1-2% (60-160 ml) do total de fluidos aportando ao trato intestinal cada dia. 
A permeabilidade relativa do epitélio é fator importante no movimento de fluidos. A 
parte mais proximal do delgado tem epitélio muito permeável (poros de 7 a 15 A), permitindo 
um rápido equilíbrio osmótico. No duodeno, o fluxo predominante de água ocorre no sentido 
do lúmen para tornar o conteúdo isosmótico. Já no cólon distal (poros de 4 A, tal qual no 
estômago), existe maior restrição à difusão passiva de iontes e osmose da água. O fluxo normal 
de fluido é quase restritamente no sentido da absorção. 
A força motriz principal na absorção de água e eletrólitos é a absorção intestinal de 
sódio. O transporte ativo de sódio está vinculado a quatro mecanismos de translação do 
cationte na membrana apical do enterócito, em acoplamento ou troca com outros iontes ou 
solutos. Os diversos mecanismos de transporte situam-se em segmentos distintos do trato, de 
que resultam efeitos especiais na conservação de fluidos e na absorção de nutrientes. No 
delgado proximal, aonde ocorre a maior parte da absorção da água, o movimento de sódio se 
FM2 – Módulo do Aparelho Digestório (Unidade 12) 5 
faz por troca iônica com hidrogênio e, particularmente, em cotransporte com solutos 
específicos, tais quais os monossacarídeos e aminoácidos. A entrada de sódio na célula 
depende da remoção ativa do cationte pela (Na+, K
+
) ATP-ase da membrana látero-basal do 
enterócito. O gradiente osmótico gerado pelo transporte ativo determina a osmose do solvente: 
fluxo passivo de água e eletrólitos monovalentes por via paracelular. 
No íleo distal e no cólon, o transporte de sódio está acoplado ao transporte de cloreto. No 
cólon distal e reto ocorre também absorção de sódio por canal seletivo, importante no sequestro 
final de fluido fecal, principalmente em condições de depleção hidro-eletrolítica. O transporte 
de sódio, sensível a aldosterona, gera movimento oposto de potássio para o lúmen. 
Outros mecanismos de transporte, tais como a troca iônica de cloreto por bicarbonato, 
ajudam a conservar os eletrólitos secretados no trato digestivo ou ingeridos na alimentação. O 
potássio, sujeito a transferência passiva ao longo do trato, pode ser absorvido ou secretado 
ativamente pelo cólon, que assim contribui para a homeostase do cationte no organismo. 
O resíduo habitual da absorção de eletrólitos no cólon - eliminado no fluido fecal - 
consiste de menos de 10, 20 e 50 mEq/L de Na
+
, Cl
-
 e K
+
, respectivamente, por dia. Portanto, 
em contraste com a excreção urinária desses eletrólitos monovalentes, a excreção fecal é 
restrita e pouco varia com o nível de ingestão alimentar. 
b. Cálcio e Ferro 
Distintamente dos eletrólitos monovalentes, a regulação do balanço do cálcio e do ferro 
tem alça de controle intestinal: a taxa de absorção desses cationtes varia em função do estado 
do balanço no organismo, por influência de mecanismos celulares. 
Cálcio. Ingestão e absorção adequadas de cálcio são fatores críticos para a manutenção 
do sistema ósseo. A absorção ocorre por dois mecanismos: transporte transcelular (ativo), no 
duodeno, especialmente quando a ingestão recente foi baixa; e transporte paracelular (passivo) 
ao longo do intestino delgado, mas apenas a parcela de 20-30% da ingestão adequada (1-1,2 
g/dia, para o adulto) é absorvida. A secreção ácida tem papel na ionização e solubilização do 
cálcio alimentar e a presença de lactose favorece a absorção. 
O transporte transcelular do cálcio envolve três etapas: difusão facilitada do cálcio por 
canais seletivos (TRPV6) na membrana apical; combinação com a proteína calbindina, que faz 
o transporte do cálcio no citoplasma: e, por fim, extrusão do cálcio na membrana látero-basal 
mediante Ca
++
- ATP-ase específica. Esses processos são regulados pela forma hormonal da 
vitamina D3: a 1,25-dihidroxivitamina D3 e seu receptor (VDR). Esta forma ativa, denominada 
calcitriol, é sintetizada no rim a partir do metabolito precursor 25-hidroxivitamina D3 que é 
O transporte iônico é regulado por sistema complexo: 
parácrino/ imuno/ neuro/ endócrino (pine). 
FM2 – Módulo do Aparelho Digestório (Unidade 12) 6 
formado no fígado. A síntese renal está sob controle do hormônio paratireoideu, secretado em 
resposta à queda da calcemia. A elevação da calcemia promove uma reversão dessa resposta e 
consequente diminuição da absorção intestinal. 
Ferro. A absorção intestinal constitui uma das alças críticas do sistema fisiológico que 
regula níveis adequados de ferro, ligado à glicoproteína transferrina, no plasma. O ferro é 
absorvido em forma inorgânica ou orgânica (heme), no duodeno e jejuno proximal. Ácido 
clorídrico aumenta a biodisponibilidade da forma inorgânica pela solubilização dos compostos 
férricos dos alimentos, mas a absorção destes requer prévia redução (Fe
+++Fe++) por ferro-
redutases da borda em escova duodenal, ativadas por ascorbato intracelular. 
A absorção intestinal repõe a perda fisiológica por descamação celular ou menstruação, 
de 1-2 mg/dia, a qual representa 5-10% da reciclagem diária de ferro no organismo. Há relação 
entre a taxa de absorção e o balanço do ferro - refletido no grau de saturação de transferrina e 
de armazenamento da substância, combinada à ferritina, nos hepatócitos e nos enterócitos do 
duodeno. O balanço negativo gera aumento da proteína-transporte de metal divalente (DMT1) 
na membrana apical, o que favorece o ingresso de ferro inorgânico no enterócito e seu egresso 
- via ferroportina - na membrana látero-basal. A exportação e transporte no plasma por 
transferrina requer re-oxidação do ferro por hefestina – ferro-oxidase da membrana do 
enterócito. 
A expressão de ferroportina na membrana - do enterócito duodenal, hepatócito e 
macrófago esplênico - é regulada por hepcidina, peptídeo de origem hepática. Essa molécula 
induz endocitose e degradação da ferroportina e, assim, controla o grau de saturação da 
transferrina e a homeostase de ferro no plasma. Por sua vez, a síntese de hepcidina tem 
regulação complexa, envolvendo a disponibilidade de ferro, sinais da eritropoese e de 
mediadores inflamatórios. Normalmente - quando o balanço é positivo - o ferro absorvido 
acumula-se no enterócito combinado a ferritina, por que a exportação via ferroportina é 
desativada por hepcidina. A saturação do armazenamento no enterócito reduz a absorção 
intestinal. A rápida renovação do epitélio intestinal assegura a resposta dinâmica desse 
mecanismo de controle no atendimento das necessidades do organismo em distintas situações 
fisiológicas, tais quais menstruação e gestação. A síntese de hepcidina é inibida por deficiência 
de ferro e hipoxia, o que libera a absorção e consequente exportação do ferro pela articulação 
de ferroportina com hefestina. 
c. Carboidratos 
Aproximadamente metade, em média, do dispêndio energético total do organismo deriva 
da assimilação de carboidratos dos alimentos, especialmente polissacarídeos (e.g, amido) e 
dissacarídeos (e.g., lactose). Ainda que inexista requerimento essencial de carboidratos na 
FM2 – Módulo do Aparelho Digestório (Unidade 12) 7 
dieta, a ingestão do equivalente a 150 g/dia de glicose evita o catabolismo de proteínas para 
sustentar a gliconeogênese, tendo em vista a dependência de diferentes células do organismo, 
especialmente os neurônios, por glicose. 
A alimentação normal também contém polissacarídeos indisponíveis para hidrólise no 
intestino delgado - fibras, genericamente - provenientes de alimentos vegetais(cereais, 
legumes, tubérculos, folhas e frutos) e que incluem celulose, hemicelulose, pectina e goma. 
Apenas monossacarídeos são absorvidos eficientemente na mucosa do delgado. Na 
variável dieta humana, isso envolve a necessidade de hidrólise dos precursores (amido, 
glicogênio, lactose, sacarose, manose, trehalose) por enzimas específicas na luz intestinal e/ou 
na membrana do enterócito. O tipo de alimento influencia a extensão da hidrólise no intestino 
delgado; a extensão é menor, por exemplo, quando a fonte do nutriente é o trigo, por conta da 
associação dos grânulos do amido ao glúten, nesse cereal. Havendo deficiência de hidrolases - 
lactase, por exemplo - o substrato (lactose) passa para o cólon levando água em quantidade 
proporcional ao seu equivalente osmótico. Bactérias no cólon degradam parte substancial dos 
resíduos da digestão, especialmente fibras, em produtos passíveis de absorção e que servem de 
fonte de energia para os colonócitos, no caso dos ácidos graxos de cadeia curta. 
A absorção dos monossacarídeos (glicose, galactose e frutose) é rápida e associada a 
transportadores; na membrana apical, a glicose e a galactose são transportadas ativamente e, a 
frutose, por difusão facilitada. O transporte ativo de glicose e galactose se faz de forma 
acoplada ao sódio do conteúdo intestinal; por consequência, a presença de glicose amplia o 
transporte de sódio. O acoplamento na translação dessas substâncias na membrana tem uso 
prático na composição da solução de reidratação oral da OMS, registrada na Unidade 9. A 
absorção predomina no terço proximal do delgado, sendo a remoção por via porta. Apenas o 
álcool, dentre as fontes energéticas, tem absorção mais rápida do que monossacarídeos. 
d. Proteínas 
Proteínas constituem 10 a 15% da ingestão energética, sendo o requerimento alimentar da 
ordem de 0,7 a 1 g/kg de peso corporal. O requerimento se relaciona com a incapacidade de 
síntese no organismo de nove ou dez aminoácidos, ditos essenciais. 
A digestão das proteínas é necessária, na fase inicial do processo absortivo, uma vez que 
somente aminoácidos e dipeptídeos podem ser transportados na membrana em quantidade 
significativa, do ponto de vista nutritivo. Isso inclui tanto as proteínas de origem exógena 
(dieta) quanto às de origem endógena (na descamação da mucosa, secreção de enzimas e 
transudação de proteínas plasmáticas). Fração mínima das proteínas é absorvida intacta, por 
pinocitose (e.g., gamaglobulina do colostro). 
FM2 – Módulo do Aparelho Digestório (Unidade 12) 8 
A digestão intestinal é quase total, mas pequena fração protéica escapa à ação das 
proteases sendo degradada pela microbiota do cólon. Apenas 3 a 5% do nitrogênio protéico 
sofrem excreção fecal. No decorrer da digestão cavitária - isto é, no lúmen - são liberados 
aminoácidos e oligopeptídeos - na proporção de 30 e 70%, respectivamente - envolvendo ação 
cooperativa de endopeptidases e exopeptidases. O processo se continua pela ação das 
oligopeptidases da membrana apical. Aminoácidos, di e tripeptídeos liberados pela hidrólise 
sequencial são absorvidos por transporte ativo principalmente no jejuno, mediante grupos de 
transportadores distintos para aminoácidos (em cotransporte com sódio) e dipeptídeos (em 
cotransporte com próton). Os oligopeptídeos absorvidos são hidrolisados por peptidases 
intracelulares. Cerca de 90% dos aminoácidos liberados são removidos via circulação porta, 
sendo o restante aproveitado em síntese protéica no enterócito. Dois aminoácidos (glutâmico e 
aspártico) têm metabolismo significativo no enterócito, pois são precursores de glutamina, a 
qual é a principal fonte energética dessa célula. 
e. Lipídios 
A ingestão diária de lipídios (triglicérides, fosfolipídios e ésteres de colesterol) varia de 
35 a 150 g/dia entre diferentes populações. As triglicérides, incluindo ácidos graxos essenciais, 
representam 95% do total. Os eventos da assimilação dos lipídios são complexos. Na primeira 
etapa, a eficácia da hidrólise das triglicérides pela lipase pancreática é grandemente aumentada 
pelo emulsionamento das gotículas de gordura do quimo - promovido por sais biliares e 
fosfolipídios - e pela assistência da colipase (polipeptídio presente no suco pancreático) na 
aposição entre a enzima e o substrato. Os produtos da hidrólise de triglicérides, fosfolipídios e 
ésteres de colesterol - monoglicérides, ácidos graxos, lisolecitina, colesterol - são solubilizados 
no meio aquoso intestinal pela incorporação em micelas mistas. A solubilização é fator crítico 
para o contato com a membrana absortiva, pela difusão das micelas através da barreira de 
“água parada” que recobre as microvilosidades do enterócito. A translação na membrana 
absortiva ocorre supostamente por difusão simples, no caso dos produtos da hidrólise lipídica e 
das vitaminas lipossolúveis. 
No enterócito, ocorre ressíntese de triglicérides a partir de monoglicérides e ácidos 
graxos absorvidos, o que mantém gradiente favorável à difusão. A extrusão das triglicérides da 
célula requer a formação de quilomicra, partículas que incorporam triglicérides, revestidos por 
fosfolipídios, ésteres de colesterol e proteínas específicas (apoA, apoB) sintetizadas no 
enterócito. Os quilomicra passam para os vasos linfáticos, daí para o conduto torácico esquerdo 
de onde ingressam na circulação sistêmica. As contrações das vilosidades facilitam o fluxo da 
linfa e absorção dos lipídios. 
FM2 – Módulo do Aparelho Digestório (Unidade 12) 9 
No caso de triglicérides contendo ácidos graxos de cadeia curta (C4 a C8), ou média (C10 a 
C14), o processo absortivo é simplificado. Em virtude de maior solubilidade no meio aquoso, a 
hidrólise e a dispersão molecular independem dos ácidos biliares. As triglicérides de cadeia 
curta são parcialmente absorvidas sem hidrólise, sendo desdobrados por lipase intracelular no 
intestino delgado. Os ácidos graxos liberados difundem para os vasos sanguíneos. Esses 
triglicérides são pouco significantes na dieta habitual, mas importantes em dieta terapêutica, 
quando há deficiência na digestão ou na absorção dos lipídios mais comuns. 
f. Vitaminas 
Vitaminas constituem famílias distintas de substâncias orgânicas que são essenciais para 
o metabolismo normal. Não sendo sintetizadas pelo organismo humano, devem ser ingeridas 
em quantidades diárias que variam de 2-3 g para cobalamina (B12), 100 g para vitamina D 
(colecalciferol), a 50 mg para vitamina C (ácido ascórbico). A absorção das vitaminas 
lipossolúveis (A, D, E, K) se faz por difusão, mas a incorporação nas micelas mistas é 
necessária no caso da vitamina K1 (fitomenadiona). Pequena parte do requerimento de vitamina 
K no organismo deriva da síntese de menaquinona (vitamina K2,) pela microbiota intestinal. A 
remoção das vitaminas lipossolúveis se faz em parte por incorporação nos quilomicra e trânsito 
linfático. 
Quanto às vitaminas hidrossolúveis, algumas são absorvidas no intestino delgado por 
difusão simples ou difusão facilitada (piridoxina, niacina), outras por transporte ativo (ácido 
ascórbico, tiamina, riboflavina e biotina). Vitaminas sintetizadas por bactérias no cólon (ácido 
fólico, biotina, riboflavina e tiamina) podem ser absorvidas por sistemas de transporte dos 
colonócitos, possivelmente para atender às necessidades das próprias células. A absorção de 
ácido fólico no jejuno proximal, por transporte ativo e passivo, requer desdobramento da forma 
de poliglutamato encontrada nos alimentos por hidrolase de membrana. A vitamina B12 é 
requerida para a conversão intracelular do ácido fólico numa forma ativa da substância. 
A absorção da cobalamina (B12) requer sua liberação de complexos com R proteínas no 
delgado proximal - por açãode proteases pancreáticas - e a combinação subsequente com o 
fator intrínseco, produzido pelas células oxínticas. A absorção ativa ocorre no íleo distal, onde 
existe receptor específico para o complexo B12-fator intrínseco. O transporte de B12 no sangue 
é feito por transcobalamina II e o armazenamento cumulativo da vitamina ocorre no fígado, em 
quantidade equivalente a dois ou três anos do requerimento diário de 2-3 g. 
g. Álcool 
A absorção do álcool (etanol) se faz rapidamente no delgado proximal, mas a substância 
pode ser absorvida moderadamente no estômago, principalmente na ausência de alimentos. A 
velocidade de absorção aumenta quando o esvaziamento gástrico é rápido e diminui na 
FM2 – Módulo do Aparelho Digestório (Unidade 12) 10 
presença de alimentos que reduzam a vazão gástrica e prolonguem o tempo de permanência do 
álcool no estômago. A velocidade máxima de transporte na mucosa ocorre quando a proporção 
volumétrica de álcool na bebida é da ordem de 20%. 
Que métodos são usados no estudo funcional da absorção? 
Várias técnicas têm sido utilizadas na investigação de processos de transporte, tanto in 
vivo quanto in vitro, mas poucas têm uso clínico. As provas de sobrecarga ou tolerância 
exemplificam técnicas usadas no estudo da absorção in vivo. Após ingestão de dose oral única 
se faz a dosagem seriada no sangue e/ou a medida da excreção cumulativa na urina - conforme 
a substância - como indicador da quantidade absorvida em tempo determinado. Dentre as 
substâncias usadas nas provas de sobrecarga incluem-se xilose, lactose, triglicérides ou ácidos 
graxos marcados, e as vitaminas A, B12 e B9 (ácido fólico). As provas da xilose e da lactose 
são descritas nas unidades 13 e 14, respectivamente. 
Deficiências nutritivas, resultantes de ingestão inadequada ou absorção deficiente de 
nutrientes, se expressam por alterações bioquímicas antes mesmo do aparecimento de sinais 
típicos (na língua, pele, mucosa, unha, ou no cabelo). Em muitos casos, o nutriente ou seu 
produto metabólico pode ser dosado no sangue, na urina ou nas fezes. A rapidez da alteração 
bioquímica depende do nível da reserva e da taxa metabólica do nutriente no organismo, entre 
outros fatores. O quadro abaixo mostra exemplos de nutrientes, requerimentos para o adulto e 
testes de deficiência nutritiva. 
Nutriente Requerimento Teste clínico Orientação? 
Cálcio 0,8-1,2 g/dia Cálcio urinário (24 h)+ 
 
Veja, por exemplo, 
o portal 
ChooseMyplate.gov 
Ferro 10-15 mg/dia Ferro sérico# 
Potássio 2-5 g/dia Potássio sérico* 
Sódio 0,5-5 g/dia Sódio urinário* 
Ácido fólico 400 g/dia Folato sérico+ 
Cobalamina 3 g/dia Cobalamina sérica+ 
Vitamina D 100 g/dia 25-OH Vit. D plasma 
+
 Reflete a ingestão recente. 
* Não reflete necessariamente a reserva corporal. 
# Medida inadequada da reserva corporal, mas indicador específico de deficiência se o nível é 
baixo. Reflete a ingestão recente e a reserva corporal. 
Retornando ao paciente (vinheta, no Guia de Estudo): 
(a) Que alterações são esperadas no hemograma? 
(b) Que distúrbios podem causar tais alterações? 
(c) Como distinguir tais distúrbios?

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