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6 INTERTEXTUALIDADE 
A intertextualidade é uma forma de diálogo entre os textos. 
Para que o leitor possa interpretar esse diálogo, é necessário 
que ele tenha conhecimentos culturais extratextuais. Para 
exemplifi car o recurso da intertextualidade, leia com atenção o 
poema de Camões:
Amor é fogo que arde sem se ver
Amor é fogo que arde sem se ver;
É ferida que dói e não se sente;
É um contentamento descontente;
É dor que desatina sem doer;
É um não querer mais que bem querer;
É solitário andar por entre a gente;
É nunca contentar-se de contente;
É cuidar que se ganha em se perder;
É querer estar preso por vontade;
É servir a quem vence, o vencedor;
É ter com quem nos mata lealdade.
Mas como causar pode seu favor
Nos corações humanos amizade,
Se tão contrário a si é o mesmo Amor?
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Veja a letra da música de Renato Russo:
Monte Castelo
Ainda que eu falasse a língua dos homens.
E falasse a língua do anjos, sem amor eu nada seria.
É só o amor, é só o amor.
Que conhece o que é verdade.
O amor é bom, não quer o mal.
Não sente inveja ou se envaidece.
O amor é o fogo que arde sem se ver.
É ferida que dói e não se sente.
É um contentamento descontente.
É dor que desatina sem doer.
Ainda que eu falasse a língua dos homens.
E falasse a língua dos anjos, sem amor eu nada seria.
É um não querer mais que bem querer.
É solitário andar por entre a gente.
É um não contentar-se de contente.
É cuidar que se ganha em se perder.
É um estar-se preso por vontade.
É servir a quem vence, o vencedor;
É um ter com quem nos mata a lealdade.
Tão contrário a si é o mesmo amor.
Estou acordado e todos dormem todos dormem todos 
dormem.
Agora vejo em parte. Mas então veremos face a face.
É só o amor, é só o amor.
Que conhece o que é verdade.
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Ainda que eu falasse a língua dos homens.
E falasse a língua do anjos, sem amor eu nada seria.
Verifica-se que o músico estabelece um diálogo com o 
poeta Camões, ao utilizar uma das estrofes de seu poema. Caso 
o leitor não tenha esse conhecimento, a intertextualidade não 
será reconhecida e, portanto, também não será reconhecida 
a essência da mensagem sobre o tema “amor”. A escolha 
de uma mesma caracterização os une no papel de poetas, 
cuja proposta é difundir um valor ou ponto de vista sobre o 
amor.
6.1 Tipos de intertextualidade
São ocorrências cujo principal objetivo é apresentar 
referências de outros textos para diversas fi nalidades:
• citação: ocorre quando, em um texto, aparece a refl exão 
ou ponto de vista de um determinado autor ou autoridade 
no assunto;
• paráfrase: quando, no texto, ocorre a alusão de um outro 
texto, com o objetivo de reafi rmar a mensagem ou parte 
dela. A paráfrase de Carlos Drumond de Andrade, a partir 
do poema de Gonçalves Dias, é um exemplo clássico, 
encontrado em vários livros de literatura:
Canção do Exílio
Minha terra tem palmeiras
Onde canto o sabiá
As aves que aqui gorjeiam,
“Não gorjeiam como lá”
(Fragmento do poema de Gonçalves Dias: “Canção do Exílio”)
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Paráfrase
Meus olhos brasileiros se fecham saudosos 
Minha boca procura a “canção do Exílio”
Como era mesmo a “canção do Exílio”?
Eu tão esquecido de minha terra...
Ai terra que tem palmeiras
Onde canta o sabiá!
(Carlos Drummond de Andrade, “Europa, França e Bahia”)
• paródia: ocorre ao se contestar ou ridicularizar outro texto. 
A ironia é uma fi gura de linguagem muito utilizada para 
esse fi m. A paródia de Mario de Andrade ao poema de 
Gonçalves Dias também é um exemplo clássico encontrado 
nos livros de literatura:
Cantos de Regresso à Pátria
Minha terra tem palmares 
Onde gorjeia o mar
Os passarinhos daqui
“Não cantam como os de lá.”
(Oswald de Andrade: “Canto de regresso à pátria”)
Na paródia, é possível constatar, pelo uso da palavra 
“palmares”, uma crítica à escravidão no Brasil. As paródias 
levam o leitor a uma refl exão crítica e oferece a possibilidade de 
contestação aos dogmas de diversas naturezas.
• Epígrafe: é um recurso utilizado para fazer referência o 
alguém. A dedicatória, observada nas páginas dos livros, é 
um exemplo de epígrafe;
• tradução: é um procedimento que implica a 
intertextualidade.
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A intertextualidade é um dos procedimentos de construção 
textual que reorganiza a mensagem, e são utilizados pontos de 
referência em comum.
7 INFORMAÇÕES IMPLÍCITAS
Há produções textuais que só fazem sentido se o leitor tiver 
a habilidade e os conhecimentos necessários para desvendar 
a sua mensagem. As piadas são gêneros textuais desse tipo. 
Várias vezes, em uma roda de amigos, a graça de uma piada é 
motivo de chacota para aqueles que “viajaram”, sem encontrar 
nenhum sentido na mensagem. O problema provavelmente é 
não encontrar as informações implícitas. Platão e Fiorin (2001) 
discorrem sobre o assunto e apresentam alguns exemplos 
e considerações que serão utilizadas como ilustração para as 
nossas refl exões.
7.1 Pressupostos e subentendidos
Para os autores, há duas categorias de conteúdo implícito, 
comumente utilizadas nas situações de comunicação do nosso 
cotidiano: os pressupostos e os subentendidos. Ambos exigem 
do receptor/leitor o conhecimento e o reconhecimento de 
alguns índices no texto, que auxiliam na tarefa de interpretação 
de alguns tipos de mensagens.
7.1.1 Pressupostos
As ideias são expressas de maneira explícita. Observe o 
exemplo apresentado pelos autores:
André tornou-se um antitabagista convicto.
É possível pressupor que André deixou de fumar, por 
intermédio do verbo “tornar-se”, que signifi ca “vir a ser”. Como 
dito anteriormente, há palavras e expressões no enunciado 
que indicam um sentido, construído por uma informação 
pressuposta.
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7.1.2 Subentendidos
O subentendido não vem marcado por expressões 
linguísticas; é um processo de construção de sentido que se 
organiza a partir da percepção do ouvinte ou do receptor. O 
falante ou emissor pode negar a interpretação de seu ouvinte/
receptor. O subentendido é um recurso utilizado em situações 
de comunicação, nas quais o sujeito não quer se comprometer 
com o que disse.
Analise o conteúdo semântico da mensagem do cartum, 
apresentado por Platão e Fiorin (2001, p.310-11), camufl ado por 
insinuações ou subentendidos:
Neste cartum, o humorista Millôr Fernandes cria duas 
mensagens subentendidas, uma mais evideinte, outra mais 
camufl ada. A mais evidente é que a personagem masculina 
tem maior interesse pela mulher de biquini do que pela arte. 
A mensagem camufl ada é a depreciação do abstracionismo 
geométrico, pois os quadro expostos na galeria pertencem a 
essa tendência artística.
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8 ALTERAÇÃO DE SENTIDO DAS PALAVRAS
Para o estudo da alteração de sentido das palavras, é 
necessário observar dois conceitos implicados na sua elaboração:conotação e denotação. 
A denotação é o sentido literal das palavras, o sentido de 
dicionário. Por exemplo, em um livro de biologia, no capítulo em 
que se estuda o corpo humano, a palavra “cabeça” indicará uma 
parte do corpo e assim será defi nida no dicionário. 
A conotação envolve outras circunstâncias de sentido, que 
possibilitam outras interpretações que não a proposta pelo 
sentido literal. Por exemplo, no enunciado “João é o cabeça da 
sala”, o sentido da palavra “cabeça” não é o literal. No caso, 
indica que João é o aluno mais “inteligente” da sala.
Os processos de denotação e conotação é que garantem a 
elaboração do sentido das palavras. Quando o falante elabora 
a imagem abstrata (signifi cado) a partir da cadeia de sons 
(signifi cante) de uma palavra, é possível interpretar ou elaborar 
sentidos muito distintos. O contexto será fundamental para a 
sua instituição no texto, pois limita as tantas possibilidades que 
um signo linguístico oferece em termos de interpretação. 
No processo de conotação, há duas importantes fi guras de 
linguagem, utilizadas em vários tipos de texto, que provocam 
alterações no sentido literal das palavras e, muito exploradas 
poeticamente, seduzem nossa interpretação para outros 
universos de entendimento. Vale ressaltar, portanto, as defi nições 
de metáfora e metonímia.
8.1 Metáfora
Metáfora é uma fi gura de linguagem que altera o sentido 
das palavras por intermédio do acréscimo de um signifi cado 
que aproxima os termos por uma relação de semelhança. Ocorre 
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quando duas palavras possuem um traço de sentido semelhante. 
Observe como ocorre a metáfora, no trecho da poesia de Camões, 
utilizado como ilustração anteriormente:
O amor é o fogo que arde sem se ver.
É ferida que dói e não se sente.
É um contentamento descontente.
É dor que desatina sem doer. 
Ao defi nir amor por fogo ou ferida, o autor desloca o sentido 
literal da palavra amor para outro universo de interpretação: 
“quente” e “dolorido” são características que justapõem amor a 
fogo e a ferida.
A metáfora é uma espécie de comparação, porém, sem o 
conectivo que a estabelece: “Amor é como fogo“ (comparação); 
“amor é fogo” (metáfora).
8.2 Metonímia
A metonímia é o processo de alteração de sentido, por meio 
do acréscimo de um signifi cado que aproxima os termos por 
relação de contiguidade, inclusão, implicação, interdependência 
e coexistência entre dois termos. 
A sinédoque é um tipo de metonímia que ocorre quando 
se usa a parte de algo para designar seu todo; por exemplo, ao 
viajar, observa-se o uso de placas que sinalizam a proximidade 
de um restaurante, com fi guras de garfo, colher e faca. Essas 
fi guras são objetos que fazem parte do que se utiliza em um 
restaurante (todo). 
9 PROCESSO DE ARGUMENTAÇÃO
Falar em argumentação implica considerar que saber ler e 
escrever nos exige muito mais do que dominar técnicas e regras 
gramaticais. É necessário agir sobre o mundo e defender-se dele; 
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reconhecer a intencionalidade de seu texto e do texto do outro; 
interagir, para que a sua proposta comunicativa seja efi caz; saber 
utilizar textos de informação e textos de opinião; reconhecer os 
tipos de argumentos adequados para uma determinada situação 
de uso; reconhecer os tipos de discursos; saber elaborar textos 
argumentativos. 
Argumentação é um procedimento que tem por objetivo 
levar o indivíduo a reconhecer e aderir a uma determinada tese 
ou “verdade”. Para essa fi nalidade, são utilizados argumentos 
(proposições ou frases declarativas) para defesa de uma ideia ou 
ponto de vista. 
Como dito no parágrafo anterior, a informação é a base de 
uma boa argumentação, e a opinião transforma a informação 
em argumento. Vale ressaltar que opinião não signifi ca, nesse 
contexto, uma representação da visão de mundo meramente 
subjetiva: dizer se a cor azul é mais bonita que a rosa; o 
procedimento exige muito mais, pois implica “provar” que o 
seu ponto de vista sobre um determinado tema é pertinente 
e passível de adesão. As condições de argumentação e os 
procedimentos argumentativos nortearão o desenvolvimento 
de textos persuasivos.
9.1 Condições de argumentação
Segundo Abreu (2001), a primeira condição de argumentação 
é defi nir uma tese e saber para que tipo de problema essa tese é 
resposta. Por exemplo, um bom vendedor é aquele que identifi ca 
as necessidades de seu público e sabe aproveitá-las como 
informação para o desenvolvimento de seus argumentos.
Uma segunda condição é ter uma linguagem comum com 
o público para quem se dirige o texto. O uso da língua deve 
obedecer a níveis de formalidade, de acordo com o grau de 
escolaridade, formação e especialização profi ssional de seu 
público.
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A terceira condição é causar empatia, um contato positivo 
com o seu público, para garantir uma receptividade positiva em 
relação aos seus argumentos. Veja as sugestões propostas por 
Abreu (2001, p. 39):
(...) Nunca diga, por exemplo, que vai usar cinco minutos 
de alguém, se vai precisar de vinte minutos. É preferível 
dizer que vai usar uma meia hora.
(...)
Outra fonte de contato positivo com o outro é saber 
ouvi-lo. (...) Devemos também aprender a ouvir como 
nossos olhos! A postura corporal do outro, suas expressões 
faciais, a maneira como anda, gesticula e até mesmo a 
maneira como se veste nos dão informações preciosas.
A quarta condição é agir de forma ética, para que a 
argumentação não se torne uma manipulação.
9.2 Procedimentos argumentativos
Procedimentos argumentativos são recursos utilizados para 
justifi car uma opinião. Segundo Andrade e Medeiros (2001, 
p.165), os recursos argumentativos são:
• exemplifi cação: busca justifi car os pontos de vista 
exarados por meio de exemplos. São marcadores sintáticos 
principalmente: mais importante que, superior a, de maior 
relevância que, por exemplo, considerando, analisando os 
dados, pelos dados, segundo;
• explicitação: o objetivo do texto é explicar, esclarecer 
os pontos de vista apresentados. São seus principais 
marcadores sintáticos: isto é, haja vista, quer dizer, na 
verdade, considera-se, denomina-se, chama-se, segundo, 
consoante, do ponto de vista, no pensamento de, parece-
me, a meu ver, em meu entender;
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• enumeração: o autor do texto tem em vista apresentar uma 
sequência de elementos que provem a sua opinião. São 
seus principais marcadores sintáticos: primeiro, segundo, 
um, outro, por último, sucessivamente, respectivamente, 
antes, depois, ainda, em seguida, então, presentemente, 
outrora, atualmente, antes de, depois de, no passado, 
hoje, ontem, ao lado de, adiante (...);
• comparação: texto que procura, mediante comparação, 
provar o que é apresentado como opinião do autor. São 
seus principais marcadores sintáticos: da mesma forma, 
tal como, tanto quanto, assim como, igualmente, em 
contraste, em oposição, ao contrário, por um lado, por 
outro lado, de outro lado, mais que, menos que, pior 
que. A comparação nem sempre é explícita; ela pode 
transformar-se em metáfora.
A conclusão de uma argumentação deve apresentar a 
fi nalização da linha de raciocínio do autor e pode ser elaborada 
pelos seguintes formatos:
• síntese: retomada do que já foi dito anteriormente.Por 
exemplo, ao defender a ideia de que é necessária uma 
política de preservação do meio ambiente para garantir 
a sobrevivência de gerações futuras e desenvolver 
argumentos que demonstrem a pertinência dessa 
defesa, pode-se retomar essa ideia no fi nal do texto 
argumentativo;
• dedução: com base na defesa de uma ideia, é possível 
deduzir uma conclusão. São utilizadas expressões do tipo: 
de acordo com, logo, deduzindo, etc.;
• relação de causa e consequência: as causas e as 
consequências relacionadas à defesa de ideia são 
apontadas por expressões do tipo: por causa de; graças 
a; em virtude de (causa), de forma que, de modo que, 
consequentemente (consequência); 
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• por interrogação: recurso utilizado quando se deseja 
gerar uma dúvida que se transforma em tema para a 
refl exão; por exemplo, é possível transformar a afi rmação 
da necessidade de uma política para preservação do meio 
ambiente em um questionamento como Sem política 
de preservação do meio ambiente, as gerações futuras 
sobreviverão?;
• citação direta, parafraseada ou parodiada: recurso 
que traz ao texto o ponto de vista de outro, muitas vezes 
uma autoridade no assunto. Esse recurso também é 
reconhecido como um recurso de autoridade. Observe o 
exemplo citado por Andrade e Medeiros (2001, p.168)1:
Dizia Oscar Wilde que nosso único dever para com a história 
é reescrevê-la. Estou fazendo a minha parte... 
9.3 A estrutura do texto argumentativo
As partes de um texto argumentativo são organizadas 
segundo a função de cada uma delas no texto:
• introdução: apresenta a defesa de uma ideia ou anuncia 
o assunto;
• desenvolvimento: apresenta os argumentos apropriados 
para a defesa de ideia;
• conclusão: enfatiza a pertinência da defesa de ideia e fecha 
todo o processo de raciocínio desenvolvido no texto.
As partes de um texto argumentativo poderão ser 
reconhecidas nos exemplos de artigo, editorial e crônica
9.4 Artigo, editorial e crônica 
As mídias constantemente nos trazem temas polêmicos 
que exigem um posicionamento. O desejo ou a necessidade de 
1Folha de São Paulo, São Paulo, 22 dez.1996, p.1-4.
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apresentar refl exões desafi am leitores, estudantes e profi ssionais 
de diferentes áreas a escolher o gênero adequado. Vários 
tipos de textos argumentativos poderiam ser utilizados como 
exemplo. Foram escolhidos o artigo, o editorial, e a crônica 
para essa fi nalidade. O critério para a seleção desses gêneros 
é a facilidade de se encontrar exemplos nos jornais e revistas 
e o tipo de linguagem acessível à maioria dos leitores de nível 
universitário.
Observe como se estrutura cada um dos tipos, com base 
na intencionalidade, fi nalidade, tipos de argumento e 
contexto. Esse último bloco de conteúdos serve para avaliar 
todos os conhecimentos adquiridos até esse momento. Veja 
como cada gênero desempenhará uma função especial para os 
desafi os implicados na relação entre comunicação e expressão.
9.4.1 Artigo
Conceito
O artigo veicula a opinião sobre determinado tema, 
geralmente relacionado a um universo de conhecimento a ser 
apresentado. A política e a sociologia representam universos 
bastante explorados pelos artigos de jornais.
Características
Tem caráter opinativo; linguagem adequada ao perfi l do 
público-alvo; apresenta título; utiliza recursos argumentativos; 
apresenta assinatura; utiliza temas variados.
Estruturação
Na introdução, o autor apresenta o assunto relacionado a 
um determinado contexto (político, sociológico, etc.), com uma 
proposta de refl exão ou problematização do tema escolhido. No 
desenvolvimento, o autor apresenta argumentos apropriados 
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para a sua defesa. Na conclusão, geralmente o autor propõe 
soluções para a problematização.
Exemplo de artigo de opinião2
Artigo publicado no jornal O Estado de São Paulo 
pede que governo e setor privado apoiem projetos 
comunitários que tentam conter ingresso de 
adolescentes no tráfi co
Marie-Pierre Poirier*
No domingo, 19 de março, os jovens personagens que 
havíamos conhecido no fi lme Cidade de Deus saltaram de 
seu mundo de fi cção para o mundo real e se apresentaram 
a todos os brasileiros no documentário Falcão - Meninos 
do Tráfi co, de MW Bill e Celso Ataíde. Já se passou um 
mês desde então, mas os gritos de socorro dos falcões 
continuam a reverberar em nossa consciência. Os debates 
que se seguiram apontaram para múltiplos aspectos de 
análise. Gostaríamos de destacar dois deles. 
Ao refl etir sobre o documentário, é importante lembrar 
que as crianças e as famílias moradoras das favelas ou 
de bairros periféricos das metrópoles brasileiras - assim 
como as de todos os países com economias em transição 
e integrados às rotas internacionais do comércio ilegal de 
drogas e de armas de fogo - vivem expostas cotidianamente 
a situações de alta violência, diretamente relacionadas 
a formas extremamente agudas de desigualdade 
socioeconômica. Impossível deixar de perguntar: quem 
lucra com o engajamento – e, conseqüentemente, com a 
morte – de crianças e adolescentes no mercado ilegal da 
droga e das armas? Sabemos que por trás dessas mortes 
há uma complexa rede de comércio ilegal cuja lógica, bem 
organizada, se alimenta da vulnerabilidade de famílias 
pobres. 
2O exemplo foi retirado do site www.coav.org.br. Publicado em: 
24/04/2006, às 12:00.
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Mas, além de refl etir sobre a lógica econômica que 
está por trás da violência contra essas crianças, temos 
de dar atenção ao recorte racial dos assassinatos de 
crianças e adolescentes nas grandes cidades brasileiras. 
O documentário expõe contundentemente uma das mais 
graves violências sofridas por crianças e adolescentes 
negros moradores das áreas pobres e periféricas dos 
centros urbanos. Dos 17 adolescentes do documentário, 
apenas um sobreviveu. Todos eram afro-descendentes. 
O documentário sinaliza para o crime e para a morte, 
mas sinaliza também para o preconceito. Expõe a forma 
violenta como crianças pretas e pardas estão morrendo 
nas cidades. Seria este um dos temas centrais a ser 
destacado na Conferência Regional das Américas, a ser 
realizada em julho, que deverá avaliar, após cinco anos, os 
avanços ocorridos nas Américas no combate ao racismo, 
à discriminação racial, à xenofobia e a intolerâncias 
correlatas? 
Os programas sociais dedicados ao fenômeno do 
aliciamento de crianças e adolescentes por grupos 
criminosos, bem como os resultados dos poucos estudos 
disponíveis, estimam que não deva passar de 1% o total 
de moradores envolvidos com o tráfi co nas comunidades 
onde o comércio ilegal de drogas se instalou. Estimam 
também que crianças e adolescentes com menos de 18 
anos constituiriam não mais que metade deste porcentual 
(Souza; Silva, 2002; Dowdney, 2003). 
Trata-se de um indicador importante, que contrasta com 
o levantamento produzido pelo Núcleo de Estudos da 
Violência, da USP, a ser publicado em breve pelo Unicef, que 
aponta para um crescimento linear de 417% do número 
absoluto de homicídios de adolescentes brasileiros de 15 
a 19 anos, desde 1980. Só em 2002 foram assassinados no 
Brasil 7.961 meninos e meninas. 
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Estes números contrariam os preconceitos e estereótipos 
que, estimulados pelo medo, têm o poder de transformar 
vítimas em culpados e de fazer com que, aos olhos de 
muitos cidadãos, qualquer criança negra e pobre que 
caminha pela rua se constitua em ameaça e em símbolo de 
violência. É este mesmo medo, gerador de discriminação 
e preconceitos, que serve para legitimar táticas de 
‘guerra’ e de ‘combate’ ao crime que não fazem diferença 
entre moradores e criminosos e já levaram à morte um 
número enorme de crianças – quase sempre negras – que 
brincavam na porta de suas casas. 
Como começar a reverter esta situação sem atuar 
exclusivamente sobre os sintomas? A idéia é intervir antes 
da chamada ‘idade da morte’. Estudos do Unicef revelam 
que entre os 11 e os 14 anos de idade crianças e adolescentes 
vivem o seu período de maior vulnerabilidade. É nessa 
fase que são registrados os maiores índices de evasão 
escolar, de ingresso nas redes de trabalho infantil, de uso 
de drogas, de exploração sexual, de abandono da casa e de 
ingresso no tráfi co de drogas. Trata-se de uma idade que 
deve ser percebida como uma ‘janela de oportunidades’ 
para programas e projetos de prevenção e redução dos 
homicídios, que têm maior incidência entre os 15 e os 19 
anos. 
Já faz 20 anos que o Brasil convive com assassinatos de 
crianças nos grandes centros urbanos. No ano passado, 
o Unicef ajudou o governo brasileiro a organizar, em 
São Paulo, uma consulta nacional sobre a violência 
contra a criança, que faz parte do Estudo Global que 
será lançado pela ONU em outubro. Além disso, assim 
como muitas outras organizações e agências, temos 
acompanhado e apoiado projetos comunitários que 
reconhecem esses fatos e tentam conter o ingresso 
de adolescentes no tráfico, mas também resgatar 
aqueles que já ingressaram. São projetos que fazem 
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dos adolescentes os protagonistas da reconstrução de 
sua própria identidade. 
Algumas dessas iniciativas são baseadas em tecnologias e 
práticas de comunicação e têm assumido papel relevante 
na valorização, pelo adolescente, do meio em que vive com 
sua família. Têm ajudado os adolescentes a se posicionar 
melhor tanto ante as dores e os preconceitos que sofrem, 
quanto no respeito pela alegria e vitalidade cultural de 
suas comunidades.
Para o Unicef, as organizações comunitárias que 
implementam esses projetos constituem a maior força 
que o País tem para enfrentar o problema, reduzir 
violências e valorizar a diversidade. Cabe aos governos e 
ao setor privado reconhecer urgente e defi nitivamente 
a importância dessas iniciativas, articular-se com elas, 
fortalecê-las e contribuir - de forma efetiva - para que 
possam proteger os direitos das crianças e dos adolescentes, 
negros e brancos. Temos todos a obrigação de contribuir. 
* Marie-Pierre Poirier é representante do Unicef no Brasil.
9.4.2 Editorial
Conceito 
O editorial apresenta a opinião do jornal, portanto, a linha 
de entendimento dos temas a serem explorados. Geralmente é 
apresentado em forma de comentário sobre o mais importante 
fato noticiado.
Características
Tem caráter opinativo, geralmente não traz assinatura, para 
que possa representar o jornal como um grupo de sujeitos que 
compartilham de uma mesma linha de pensamento.
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Estruturação
A introdução não deve ser longa e deve chamar a atenção do 
leitor para a linha de pensamento do jornal. O desenvolvimento 
deve apresentar argumentos que a comprovem, e a conclusão 
deve reforçá-la.
Exemplo de editorial3
O crime e o jornalista
A comissão encarregada pelo Ministério da Justiça 
de reformar o Código Penal que defi nir como crime a 
publicação, em qualquer meio de comunicação, de material 
com o fi m de exercer infl uência sobre testemunhas ou 
constranger autoridade judicial, antes da decisão defi nitiva 
em processo judicial.
Assim, aumentaria desmesuradamente a ameaça de 
pena para jornalistas e articulistas que relatassem ou 
investigassem crimes, ações da polícia, de promotores 
e juízes. Qualquer informação publicada pela mídia a 
respeito de uma enorme esfera da vida pública, de grande 
interesse social, fi caria sujeita à inquisição judicial. 
Além de autoritária, pelo fato mesmo de praticamente 
estipular o que pode ou não ser dito, a redação do artigo 
emprega critérios, se é que se pode usar o termo,vagos e 
abstratos, sujeitos à interpretação arbitrária, para defi nir 
tal delito.
Ao procurar defender juízes desse inefável constrangimento, 
a comissão que revisa o Código Penal na verdade vai 
constranger a liberdade de autonomia da esfera pública. 
Vai limitar a liberdade de informar, de opinar e de obter 
informações.
3 Folha de São Paulo, 20 mar. 1998. Caderno 1, p. 2. In: Andrade; 
Henriques, 1999, p.132.
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É evidente que a imprensa erra; que comete abusos 
implicando inocentes em crimes, por exemplo. A lei 
da imprensa já estabelece punições para esses casos, 
e também para aqueles em que ocorra injúria e 
difamação.
Mas quem defi nirá o constrangimento a não ser o 
constrangido? 
Criticar decisões de juízes antes do último recurso 
cabível poderia ser tomado como constrangimento? Um 
levantamento de opiniões sobre uma sentença teria o fi m 
de constranger um juiz? E o que dizer das informações 
que alterariam o curso de um processo contra um 
presidente da República? Os responsáveis pela redação 
desse possível novo artigo do Código Penal parecem crer 
que o correto juízo sobre os fatos depende apenas de 
carimbos e assinaturas de um trâmite legal. As demais 
esferas da sociedade merecem apenas tutela, sem direito 
de opinião.
9.4.3 Crônica
Conceito
É o relato de fatos do cotidiano, determinados por um 
contexto sócio-histórico. A etimologia da palavra nos remete 
a crónos, que em latim signifi ca “tempo”. Basicamente, o que 
a difere dos gêneros apresentados é a apresentação de fatos 
diversos, identifi cados pelos leitores como parte do cotidiano.
Características
Apresenta extensão limitada; narrativa relativamente leve; 
a ironia é um recurso prestigiado; uso da linguagem coloquial, 
sentimental ou emotiva; visão mais subjetiva, pessoal e 
crítica.
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Estruturação
Há três formas de crônicas: comentário, lírica e narrativa:
• comentário: foco narrativo em primeira pessoa; linguagem 
direta e simples; presença de fatos que irão gerar a história 
e a refl exão;
• lírica: foco narrativo em primeira pessoa; linguagem 
sentimental e coloquial; sem presença de fatos geradores 
da refl exão; visão sentimental da realidade interna ou 
externa;
• narrativa: foco em primeira ou terceira pessoa; linguagem 
humorística, irônica; predomínio do diálogo; predomínio 
de uma história leve, divertida; geralmente apresenta fi nal 
inesperado.
Exemplo de crônica4
O Pessoal
Chega o velho carteiro e me deixa uma carta. Quando se 
vai afastando eu o chamo: a carta não é para mim. Aqui 
não mora ninguém com este nome, explico-lhe. Ele guarda 
o envelope e coça a cabeça um instante, pensativo:
- O senhor pode me dizer uma coisa? Por que agora há 
tanta carta com endereço errado? Antigamente isso 
acontecia uma vez ou outra. Agora nãosei o que houve...
E abana a cabeça, em um gesto de censura para a 
humanidade que não se encontra mais, que envia 
mensagens inúteis para endereços errados. Sugiro-lhe que 
a cidade cresce muito depressa, que há edifícios onde havia 
casinhas, as pessoas se mudam mais que antigamente. Ele 
passa o lenço pela testa suada:
4Braga,1987,p. 40 In: Andrade; Henriques, 1999, p.132.
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- É, isso é verdade... Mas reparando em o senhor vê que o 
pessoal anda muito desorientado...
E se foi com seu maço de cartas, abanando a cabeça. Fiquei 
na janela, olhando a rua à toa numa tristeza indefi nível. 
Um amigo me telefona, pergunta como vão as coisas. E 
não consigo resistir:
- Vão bem, mas o pessoal anda muito desorientado. (O 
que, aliás, é verdade).” 
Considerações fi nais
Foram apresentados conteúdos valiosos para a refl exão e a 
elaboração de textos utilizados em nosso cotidiano e que, se 
bem estruturados, valorizam a nossa forma de compreender o 
mundo. Veja que interessante observar as especifi cidades do 
artigo, da crônica e do edital na maneira de apresentar ideias. 
No artigo utilizado como exemplo, é possível identifi car 
uma proposta de refl exão para um tema social bastante forte, 
enfatizada no seguinte trecho: 
É importante lembrar que as crianças e as famílias 
moradoras das favelas ou de bairros periféricos das 
metrópoles brasileiras - assim como as de todos os 
países com economias em transição e integrados às 
rotas internacionais do comércio ilegal de drogas e 
de armas de fogo - vivem expostas cotidianamente a 
situações de alta violência, diretamente relacionadas 
a formas extremamente agudas de desigualdade 
socioeconômica.
A linguagem é carregada de expressões cujo sentido está 
na dolorosa relação entre os jovens, as drogas e sua condição 
social. Os argumentos são baseados na exemplifi cação e em 
dados retirados da realidade, muito próximos do leitor. 
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No editorial utilizado como exemplo é notável a indignação 
do jornal diante de uma pretensa lei para cercear a liberdade 
de imprensa. Veja como essa indignação é explicitada neste 
trecho: 
Ao procurar defender juízes desse inefável 
constrangimento, a comissão que revisa o Código 
Penal na verdade vai constranger a liberdade de 
autonomia da esfera pública. Vai limitar a liberdade 
de informar, de opinar e de obter informações.
O propósito do editorial segue uma linha muito diferente 
do artigo, pois indica o posicionamento de um grupo e procura 
explorar a defesa de sua ideia com argumentos que, no caso 
do exemplo, sugerem questionamento. Para essa tarefa, utiliza 
várias vezes perguntas sobre o tema, para sensibilizar o leitor e 
seduzi-lo a compartilhar de sua defesa.
Na crônica utilizada como exemplo, o tom sentimentalista 
e emocionado do narrador esconde uma crítica social bastante 
severa sobre a transformação desmedida e nada organizada das 
grandes cidades, que se desumanizam, gerando uma população 
totalmente desorientada: 
E abana a cabeça, em um gesto de censura para a 
humanidade que não se encontra mais, que envia 
mensagens inúteis para endereços errados. Sugiro-lhe 
que a cidade cresce muito depressa, que há edifícios 
onde havia casinhas, as pessoas se mudam mais que 
antigamente.
Os atos de comunicação nos permitem vencer um dos 
desafi os mais instigantes e misteriosos: a relação com o outro, 
em uma sociedade que se transforma assustadoramente e nos 
mobiliza para a necessidade do novo, do já consagrado e da 
expressão que ainda nos cabe encontrar.
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Para fi nalizar, Paulo Freire (1997, p. 20) nos serve de inspiração 
para a compreensão da importância do ato de ler:
Refi ro-me a que a leitura do mundo precede sempre a leitura 
da palavra e a leitura desta implica a continuidade da leitura 
daquele. Na proposta a que me referi acima, este movimento do 
mundo à palavra e da palavra ao mundo está sempre presente. 
Movimento em que a palavra dita fl ui do mundo mesmo através 
da leitura que dele fazemos. De alguma maneira, porém, podemos 
ir mais longe e dizer que a leitura da palavra não é apenas 
precedida pela leitura do mundo, mas por uma certa forma de 
“escrevê-lo” ou de “reescrevê-lo”, quer dizer, de transformá-lo 
por meio de de nossa prática consciente.
Referências bibliográfi cas
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Outros materiais