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MERCADO FINANCEIRO E DE CAPITAIS
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7 MERCADOS FINANCEIROS
Os mercados financeiros constituem-se em fóruns onde os 
fornecedores e demandantes de recursos podem transacionar 
os títulos. Conforme citado no início, os mercados financeiros 
estão divididos em quatro subgrupos de mercados: o monetário, 
o de crédito, o cambial e o de capitais.
Inicialmente os títulos são emitidos e negociados no mercado 
primário, no qual o emissor transaciona diretamente com o 
comprador dos títulos. As demais transações, ou renegociações, 
realizadas entre os poupadores e investidores acontecem no 
mercado secundário, que pode ser visto como um mercado de 
negociação de títulos anteriormente possuídos por alguém.
7.1 Mercado monetário
Caracteriza-se pelas transações de curtíssimo e curto 
prazo, visando ao controle da liquidez monetária da 
economia. Os papéis que lastreiam as operações do mercado 
monetário se concentram em papéis emitidos pelo Banco 
Central do Brasil, com o objetivo de execução da política 
monetária, e pelo Tesouro Nacional, com o objetivo de 
financiar o orçamento público, os BBC – Bônus do Banco 
Central e as NTN – Notas do Tesouro Nacional ou as LTN 
– Letras do Tesouro Nacional. Outros títulos emitidos pelos 
estados ou municípios também fazem parte do mercado 
monetário. O Certificado de Depósito Interfinanceiro (CDI), 
o Certificado de Depósito Bancário (CDB) e as debêntures 
também são negociados nesse mercado.
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A maioria dos títulos públicos e privados do mercado 
monetário é escritural. O controle das negociações, a liquidação 
e a transferência desses valores são efetuados por dois sistemas 
especiais chamados de Selic e Cetip.
O Sistema Especial de Liquidação e Custódia (Selic) 
corresponde ao sistema que controla, liquida financeiramente 
e custodia física e escrituralmente os títulos públicos 
transacionados no mercado monetário. As transações com 
esses títulos são efetuadas em dinheiro, diretamente entre os 
operadores das instituições financeiras (autorizadas a operar 
no mercado monetário), e as informações são repassadas por 
sistema informatizado (terminal). 
A Central de Custódia e de Liquidação Financeira de Títulos 
Privados (Cetip) exerce a mesma função do Selic, mas está 
direcionada aos títulos privados, como CDB, RDB, Debêntures, 
CDI, entre outros. As operações dessa central são processadas 
por transferência bancária e liquidadas após compensação dos 
cheques ou equivalentes.
O volume de transações realizadas entre os dois sistemas é 
elevado, motivo pelo qual divulgam periodicamente duas taxas 
de juros utilizadas pelos agentes econômicos: a taxa Selic e a taxa 
Cetip. Com base na primeira, as instituições financeiras adquirem 
e vendem títulos diariamente. Isso originou a conhecida taxa 
overnight, que corresponde à taxa de um dia útil de transação.
Ainda com relação ao Selic: por concentrar títulos de grande 
liquidez e teoricamente de risco mínimo – títulos públicos – diz-
se que é uma taxa livre de risco e de grande relevância para a 
formação dos juros de mercado.
A taxa Cetip, também chamada de D1 ou ADM, por causa do 
tempo de compensação da transação – geralmente um dia após 
a transação –, é ligeiramente mais elevada que a taxa Selic, por 
embutir maior risco decorrente desse tempo de liquidação.
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Os títulos públicos negociados no mercado monetário são:
A. Títulos do Tesouro Nacional
a. LTN – Letras do Tesouro Nacional
b. LFT – Letras Financeiras do Tesouro
c. NTN – Notas do Tesouro Nacional
d. CTN – Certificado do Tesouro Nacional
e. CFT – Certificado Financeiro do Tesouro
B. Títulos do Banco Central
a. BBC – Bônus do Banco Central
b. LBC – Letras do Banco Central
c. NBC – Notas do Banco Central
Primeiramente, os títulos são emitidos e transacionados 
no mercado primário, entre o Banco Central e as instituições 
financeiras, por meio dos dealers, instituições representantes do 
Bacen no mercado.
As instituições financeiras, após a aquisição dos títulos no 
leilão primário, renegociam os ativos no mercado secundário, 
mediante instrumento de operação chamado open market 
(mercado aberto). Neste, as instituições financeiras vendem o 
título com o compromisso de recomprá-lo em uma data futura, 
financiando sua posição e obtendo, pelo diferencial acima 
citado, sua receita financeira (spread).
A diferença de ganhos entre as transações de compra e 
venda do título denomina-se spread da instituição, ou seja, sua 
receita financeira.
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7.2 Mercado de crédito
Corresponde às transações de empréstimos e financiamentos, 
realizadas pelas instituições financeiras bancárias, às pessoas 
físicas ou jurídicas, por períodos curtos ou médios. 
Os financiamentos de bens de consumo duráveis, feitos pelas 
sociedades financeiras não bancárias, de médio prazo, também 
fazem parte desse mercado.
As operações de empréstimos de curto e longo prazo, 
realizadas no mercado de crédito, são:
a. Desconto de títulos = operação de crédito do sistema 
bancário envolvendo duplicatas, notas promissórias, 
descontos de cheques, entre outros O responsável pela 
liquidação final do título negociado é o tomador de 
recursos. Se na data do vencimento do título o sacado 
não pagar, o cedente (tomador dos recursos) deverá 
pagar. Nesta operação os encargos financeiros são pagos 
antecipadamente, já descontados do valor nominal da 
operação;
b. Contas garantidas = contas com limite de crédito 
garantido pela instituição bancária utilizadas para saldar 
compromissos imediatos. Os encargos são debitados na 
conta, no final do mês;
c. Crédito rotativo = empréstimos de curto prazo para 
financiar necessidade de capital de giro das empresas. 
Operação semelhante a conta garantida, só que neste 
caso, a operação é garantida com duplicatas (duplicatas 
caucionadas). O limite de crédito corresponde a um 
percentual do valor caucionado. À medida que as duplicatas 
vencem e são resgatadas, o tomador de recursos deve 
substituí�las;
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d. Operações de hot�money = empréstimos que variam de 
1 a 7 dias. O custo dessas operações tem como base o 
CDI;
e. Empréstimo para capital de giro = contrato por tempo 
e condições determinadas, como, prazo, ser duplicatas, 
aval, notas promissórias, entre outras. Operações de 
vendor = a instituição bancária paga à vista os direitos 
da empresa relativos às duplicatas de vendas. Nesse 
caso o responsável pelo pagamento do título ao banco 
é o comprador. O valor do crédito é liberado à empresa 
que vendeu o título pelo valor líquido, já descontados 
os encargos da operação;
f. Resolução 63 – repasse de recursos externos = 
operações de empréstimos com base no repasse de 
recursos captados em moeda estrangeira pelos bancos 
às empresas nacionais. Os encargos nesta operação são: 
comissão de repasse, variação cambial e o LIBOR que 
corresponde à taxa de juros interbancária do mercado 
de Londres;
g. Crédito direto ao consumidor = financiamento para 
aquisição de bens e serviços, diretamente ao consumidor, 
cuja garantiageralmente é a alienação fiduciária do 
próprio bem adquirido. Como o risco é mais elevado, 
geralmente os juros também o são;
h. Adiantamento de contrato de câmbio – ACC = 
corresponde à antecipação de valores a serem recebidos pela 
empresa relativos à exportação futura, geralmente na fase 
de produção dos produtos a serem exportados. É liberado 
mediante comprovação da exportação, confirmação do 
pedido por parte do importador. O custo corresponde ao 
LIBOR, mais a margem de risco do país, mais o lucro do 
banco.
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7.3 Mercado de câmbio
É o ercado no qual são realizadas as trocas de moedas nacional 
e estrangeira para a realização de transações internacionais. É 
utilizado pelo Banco Central para controle das reservas cambiais 
e para manter o valor da moeda nacional em relação às moedas 
internacionais. No Brasil, somente as autoridades monetárias 
podem realizar as operações de compra e venda de moedas 
estrangeiras.
7.4 Mercado de capitais
Assume papel de grande importância porque é nele 
que se realizam as transações de médio e longo prazo para 
financiamentos de capital de giro e capital fixo. Nesse mercado 
também são realizados financiamentos com prazo indeterminado, 
como o das operações que envolvem a emissão e subscrição de 
ações, assim como de emissões de títulos de empresas e órgãos 
governamentais. As bolsas de valores correspondem à base desse 
mercado, pois oferecem um local para a realização de negócios 
com obrigações e ações.
Os principais títulos negociados são as obrigações de dívida de 
longo prazo, emitidas por empresas ou órgãos governamentais, 
e as ações ordinárias e preferenciais, títulos de participação 
acionária.
a. Financiamento de capital de giro: operações com prazos 
de 6 a 24 meses. As instituições financeiras utilizam-
se de recursos próprios ou provenientes de depósitos a 
prazo fixo (CDB e RDB). As empresas podem emitir títulos 
denominados commercial paper, que correspondem 
basicamente a uma nota promissória com resgate máximo 
de 9 meses;
b. Operações de repasses: conforme estudado, 
correspondem a empréstimos contratados por instituições 
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financeiras no mercado de capitais e são repassados para 
empresas com o objetivo de financiar investimentos de 
longo prazo;
c. Arrendamento mercantil: operação na qual o arrendante 
(empresa de arrendamento) adquire o bem e o arrenda 
(aluga) ao cliente, por meio de contrato de arrendamento, 
por prazo determinado. Ao final do contrato é assegurada 
ao arrendatário a aquisição do bem por um valor residual 
determinado no contrato. Esses são os contratos de 
leasing. Os tipos são:
a. Leasing financeiro. O mais comum é aquele em que as 
prestações de aluguel são mensais, iguais e sucessivas;
b. Lease-back. Operações nas quais o proprietário do 
bem, por meio de um único contrato, vende e arrenda 
um bem;
c. Leasing operacional. Operação cujo valor residual, no 
final do contrato, é definido pelo valor de mercado.
d. Securitização de recebíveis: operações de captação 
financeira, por meio de títulos emitidos pela própria 
empresa, que negocia seus recebíveis com empresa 
criada especialmente para essa finalidade, “sociedade de 
especiais”. Esses títulos são geralmente debêntures;
e. Oferta pública de ações e debêntures: operações 
realizadas por empresas sociedades anônimas, que 
emitem e colocam novas ações no mercado visando captar 
recursos, obedecendo à legislação controlada pela CVM. 
As debêntures são classificadas como títulos privados de 
crédito e também são emitidas por empresas sociedades 
anônimas. 
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7.4.1 Subscrição de ações
Por tratar-se de um dos principais títulos negociados 
no mercado de capitais, as ações e respectivos processos de 
subscrição destas devem ser mais bem detalhados.
7.4.1.1 Ações
Ação corresponde a uma parcela do capital social de uma 
companhia. A soma de todas as ações forma o capital social 
da empresa. O detentor de uma ou mais ações possui direito 
de participação no capital social e nos resultados da empresa, 
proporcionalmente ao número de ações que detém.
As ações são emitidas pelas empresas visando captar 
recursos em operações chamadas de subscrição de ações; 
são vendidas aos investidores dispostos a comprá-las por um 
preço de lançamento (mercado primário); depois poderão 
ser vendidas a qualquer momento, pois geralmente não 
possuem prazo de resgate e os preços oscilam de acordo 
com o interesse dos investidores dispostos a recomprá-las 
(mercado secundário). 
As negociações são efetuadas em bolsas de valores 
diariamente. Seu preço pode variar de acordo com o interesse 
dos investidores e é divulgado nos meios de comunicação em 
geral. As ações podem ser:
a. ordinárias: aquelas que têm direito a voto na assembleia 
de acionistas e, portanto, determinam o destino da 
empresa. Se o acionista possuir 50% das ações ordinárias 
mais uma, tem o controle acionário da empresa;
b. preferenciais: aquelas que não têm direito a voto, mas 
tem prioridade na distribuição de resultados (recebimento 
de dividendos) e no reembolso de capital.
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As ações podem assumir forma nominativa ou escritural. 
Na primeira, a propriedade é definida e as ações são emitidas 
em títulos de propriedade. Na segunda, as ações circulam 
nos mercados de capitais sem a emissão de cautela (emissão 
dos títulos de propriedade), são escrituradas e registradas 
por meio eletrônico no qual os valores são lançados a débito 
ou a crédito dos acionistas por um banco, o fiel depositário 
das ações da companhia.
7.4.2 Emissão e subscrição de ações
A emissão e colocação de novas ações no mercado pelas 
empresas são aprovadas em assembléia geral, pelo somatório 
dos acionistas ordinários que detêm o controle acionário. 
A operação de subscrição de ações é efetuada com a 
intermediação de uma instituição financeira, com garantia 
de colocação, ou não, pela instituição, underwriting. Nessa 
operação, a instituição garante a colocação de todas as 
ações no mercado ou a compra do saldo não vendido. Na 
subscrição de ações, os acionistas sempre terão o privilégio 
de compra das ações lançadas.
Após autorização da operação pela CVM, a instituição 
financeira efetuará o lançamento no mercado primário, 
constituído por investidores que subscrevem esses valores 
mobiliários pela primeira vez. As ações são vendidas pelos 
preços preestabelecidos, por período definido em contrato. 
As ações não vendidas pelo prazo estipulado deverão ser 
adquiridas pela instituição financeira, em caso de operações de 
underwriting. Nos casos em que a operação não é garantida, 
poderão ocorrer leilões das ações em bolsa de valores, ou a 
empresa emitente permanecerá com as ações remanescentes, 
em tesouraria. Nesse caso, a empresa não capta o total dos 
recursos, pois as ações não vendidas não são revertidas em 
dinheiro.
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Após subscritas, os novos investidores poderão transacionar 
as ações no mercado secundário, pelo valor da cotação do dia 
da venda,nas bolsas de valores.
Bibliografia básica
 
ASSAF NETO, Alexandre. Mercado Financeiro. 8. ed. São Paulo: 
Atlas, 2008.
 
ANDRESO, Andrea F.; LIMA, Iran Siqueira. Mercado financeiro 
– aspectos conceituais e históricos. 3. ed. São Paulo: Atlas, 
2007.
 
PINHEIRO, Juliano Lima. Mercado de capitais – fundamentos e 
técnicas. 4. ed. São Paulo: Atlas, 2007.
 
Bibliografia complementar
 
LIMA, Gernando A.; SAMPAIO, Franco de Lima; LIMA, Iran 
Siqueira; PIMENTEL, Renê Coppi. Curso de mercado financeiro: 
tópicos especiais. 1. ed. São Paulo: Atlas, 2006.
 
LAGIOIA, Umbelina Cravo Teixeira. Fundamentos do Mercado 
de Capitais. 1. ed. São Paulo: Atlas, 2007.

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