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HISTÓRIA NATURAL DA DOENÇA Unidade I - INTRODUÇÃO À EPIDEMIOLOGIA. 1.1 - Histórico: evolução do conceito de epidemiologia segundo os modelos biologicista, ecológico e social. 1.2 - Fundamentos 1.3 - Aplicações Saúde e doença. Saúde: simples ausência de doença?? Clínica: presença ou ausência de anormalidades. “bem-estar”; “normal”; “equilíbrio” Conceito da OMS “Saúde é um completo bem-estar físico, mental e social e não meramente ausência de doença” (1948). Conceito de Saúde – Mais abrangente Saúde é a resultante das condições de alimentação, educação, renda, meio ambiente, trabalho, transporte, emprego, lazer, liberdade, acesso e posse da terra, acesso a serviços de saúde.... resultado de formas de organização social de produção, as quais podem gerar profundas desigualdades no níveis de saúde. 8a. Conferência Nacional de Saúde, 1986 Conceitos de Doença A doença é um desajustamento ou uma falha nos mecanismos de adaptação do organismo ou uma ausência de reação aos estímulos a cuja ação está exposto. O processo conduz a uma perturbação da estrutura ou da função de um órgão, ou de um sistema ou de todo o organismo ou de suas funções vitais (Jenicek & Clérox, 1982) Doença é uma alteração ou desvio do estado de equilíbrio de um indivíduo com o meio ambiente (MS, 1987). História natural da doença Ambiente biopsicossocial Meio interno História natural da doença “as inter-relações do agente, do suscetível e do meio ambiente que afetam o processo global e seu desenvolvimento, desde as primeiras forças que criam o estímulo processo patológico no meio ambiente, ou em qualquer outro lugar; passando pela resposta do homem ao estímulo, até as alterações que levam a um defeito, invalidez, recuperação ou morte” (Leavell & Clark, 1976) Modelo de Leavell & Clark, 1976 História natural da doença - Períodos Período Pré-patogênico (epidemiológico) Interação susceptível – ambiente Período Patogênico Pré-condições internas DUPLA ECOLÓGICA: HOSPEDEIRO E MEIO AMBIENTE Ambiente Físico Ambiente Biológico Ambiente Social Interação complexa com o ambiente HOMEM Estilo de Vida Herança Genética Anatomia Fisiologia ESCALA DO ESTADO DE SAÚDE 100 50 0 P R E S E N ç A D E S A Ú D E Saúde ótima Saúde sub- ótima Doença ou incapacidade declarada Próximo da morte Morte 100 50 0 A U S Ê N C I A D E S A Ú D E HISTÓRIA NATURAL DE UMA DOENÇA NO HOMEM Etapa Sub-clínica Doença ou incapacidade declarada Próximo da morte Saúde ótima Morte Ambiente Período pré-patogênese Período de patogênese Saúde sub-ótima Produção de estímulos Horizonte clínico Interação Período pré-patogênese Fatores sociais: Fatores socioeconômicos Fatores sociopolíticos Fatores socioculturais Fatores psicossociais Fatores socioeconômicos Capacidade econômica e probabilidade em adquirir doença; Fatores sociopolíticos Instrumentalização jurídico-legal; Decisão política; Higidez política; Participação consentida e valorização da cidadania; Participação comunitária efetivamente exercida; Transparência das ações e acesso à informação. Fatores socioculturais •Preconceitos e hábitos culturais; •Crendices; •Comportamentos e valores: Transferência de responsabilidade; Participação passiva (paternalismo); Desorganização Passividade diante do poder exercido com incompetência ou má fé; Alienação em relação aos direitos e deveres da cidadania; Fatores Psicossociais Marginalidade Ausência de relações parentais Desconexão em relação a cultura de origem Falta de apoio no contexto social Condições de trabalho Promiscuidade Transtornos econômicos, sociais e pessoais Carência afetiva Desemprego etc FATORES DETERMINANTES DA DOENÇA Endógenos: Fatores determinantes que, no quadro geral da ecologia da doença, são inerentes ao organismo e estabelecem a receptividade do indivíduo. Herança genética. Anatomia e fisiologia do organismo humano. Estilo de vida. Exógenos: Fatores determinantes que dizem respeito ao ambiente. Ambiente biológico: determinantes biológicos. Ambiente físico: determinantes físico-químicos. Ambiente social: determinantes sócio-culturais. FATORES DETERMINANTES ENDÓGENOS Genéticos: • Determinam maior ou menor suscetibilidade das pessoas em adquirir doenças. FATORES DETERMINANTES BIOLÓGICOS Exógenos Infecções Varias espécies Âmbito da Microbiologia e Entomologia médicas O resultado do relacionamento da população humana com uma ou mais espécie com conseqüente advento de diversos agravos à saúde. FATORES DETERMINANTES FÍSICOS E QUÍMICOS Naturais: Previsíveis: pode ser de certa maneira prevista, permitindo estimar as possíveis conseqüências e, desta forma, adotar medidas que possibilitem reduzir seus efeitos . Atmosfera: Clima. Hidrosfera e litosfera: Carência de elementos essenciais ou presença de agentes indesejados. FATORES DETERMINANTES FÍSICOS E QUÍMICOS Naturais: Imprevisíveis: Acidentes naturais. Desastres ou calamidades naturais. Mortalidade Morbidade Desabilidades psicológicas FATORES DETERMINANTES FÍSICOS E QUÍMICOS Artificiais: Acidentais: Acidentes ou desastres antrópicos. Ambiente natural: “Efeito estufa”, “buraco na camada de ozônio”. Ambiente antrópico: Impacto de tecnologias sofisticadas que, fora de controle, atingem o próprio ambiente antrópico (energia nuclear, acidentes com produtos químicos perigosos). FATORES DETERMINANTES FÍSICOS E QUÍMICOS Artificiais: Produzidos: De uso programado e continuado (riscos antrópicos) Poluição. Poluição conseqüente (desenvolvimento industrial): Gases e partículas na atmosfera, substâncias químicas no meio hídrico e resíduos sólidos no meio terrestre. Poluição pressentida (consecução de certa finalidade): Defensivos agrícolas, medicamentos, agentes tóxicos e nocivos usados em conflitos armados. Definições de Determinantes Sociais de Saúde Conceito atualmente bastante generalizado de que as condições de vida e trabalho dos indivíduos e de grupos da população estão relacionadas com sua situação de saúde. Comissão Nacional sobre os Determinantes Sociais da Saúde (CNDSS): os DSS são os fatores sociais, econômicos, culturais, étnicos/raciais, psicológicos e comportamentais que influenciam a ocorrência de problemas de saúde e seus fatores de risco na população. A comissão da Organização Mundial da Saúde (OMS) adota uma definição mais curta, segundo a qual os DSS são as condições sociais em que as pessoas vivem e trabalham. Outras. O modelo de Dahlgren e Whitehead O Modelo de Dahlgren e Whitehead O primeiro nível relacionado aos fatorescomportamentais e de estilos de vida indica que estes estão fortemente influenciados pelos DSS, pois é muito difícil mudar comportamentos de risco sem mudar as normas culturais que os influenciam; O segundo nível corresponde às comunidades e suas redes de relações. Os laços de coesão social e as relações de solidariedade e confiança entre pessoas e grupos são fundamentais para a promoção e proteção da saúde individual e coletiva O terceiro nível se refere à atuação das políticas sobre as condições materiais e psicossociais nas quais as pessoas vivem e trabalham, buscando assegurar melhor acesso à água limpa, esgoto, habitação adequada, alimentos saudáveis e nutritivos, emprego seguro e realizador, ambientes de trabalho saudáveis, serviços de saúde e de educação de qualidade e outros. no último nível estão situados os macrodeterminantes relacionados às condições econômicas, culturais e ambientais da sociedade e que possuem grande influência sobre as demais camadas FATORES DETERMINANTES SOCIAIS A aquisição de conhecimentos sobre os determinantes sociais parte do estudo da desigualdade social, tida como geradora de agravos à saúde, traduzidos em morbidade e mortalidade. Categorias gerais desses determinantes: Comportamentais Psicossociais Relacionados à personalidade do indivíduo. Hábitos e estilos de vida: sexualidade, étnicos (relacionados à cultura), adquiridos. Organizacionais Estruturais Ocupação Família Nível socioeconômico Evolutivos Relacionados ao Desenvolvimento Intrasociais: convivência (mobilidade social); produção e desenvolvimento (apropriação dos recursos sociais); e competição. Intersociais: agressões ao meio ambiente, migrações populacionais, intercâmbio social e conflitos. MEDIDAS PREVENTIVAS NÍVEIS DE PREVENÇÃO Autores Primária Secundária Terciária Leavel y Clark Promoção da Saúde Diagnóstico precoce e Tratamento adequado Reabilitação Proteção específica Limitação da incapacidade prevenção cura reabilitação Promoção Proteção recuperação recuperação ATENCÃO INTEGRAL DE SAÚDE Prevenção Primária Promoção de Saúde Moradia adequada Alimentação adequada Áreas de lazer Escolas Educação em todos os níveis Prevenção Primária Proteção Específica Imunização Saúde ocupacional Higiene pessoal e do lar Proteção contra acidentes Aconselhamento genético Controle dos vetores Prevenção Secundária Diagnóstico Precoce Inquéritos para descoberta de casos na comunidade Exames periódicos, individuais, para detecção precoce de casos Isolamento para evitar a propagação de doenças Tratamento para evitar a progressão da doença Prevenção Secundária Limitação da Incapacidade Evitar futuras complicações Evitar seqüelas Prevenção Terciária Reabilitação (impedir a incapacidade total) Fisioterapia Terapia ocupacional Emprego para o reabilitado Referências bibliográficas MINAYO M.C.S. Saúde – doença: uma concepção popular da etiologia. Cadernos de Saúde Pública, RJ. 4(4):363-381, 1988. PEREIRA, M. G. Epidemiologia: teoria e prática. Ed. Guanabara Koogan. 1995. Capítulo 3: Saúde e Doença. ROUQUAYROL, M.Z. Epidemiologia e Saúde. 6º edição. MEDSI, Rio de Janeiro, 2003, Capítulo 2: Epidemiologia, História Natural e Prevenção de Doenças. KNAUTH D.R; de OLIVEIRA F.A. Capítulo 15 - Antropologia e atenção Primária à Saúde. Em: Medicina Ambulatorial. Fundamentos e Práticas em Atenção Primária à Saúde.
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