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Documentos Odontolegais Definição: - Do latim, documentum – derivado de docere = “ensinar, demonstrar”. - Qualquer meio, sobretudo gráfico, que comprove a existência de um fato, a exatidão ou a verdade de uma afirmação etc. - No meio jurídico, documentos são frequentemente sinônimos de atos, cartas ou escritos que carregam um valor probatório. - “Qualquer base de conhecimento, fixada materialmente e disposta de maneira que se possa utilizar para consulta, estudo, prova, etc...” Tipos e modelos de Documentos odontolegais Conceito e finalidade: Compreende o conjunto das declarações, orais ou escritas, firmadas por Cirurgião Dentista (CD), no exercício da profissão, para servir como prova, que podem ser utilizadas com finalidade jurídica. Classificação: Quanto à sua procedência: Oficial Oficioso Quanto à sua finalidade: Administrativo Judicial Quanto ao seu conteúdo: Verdadeiro Falso Procedência: Oficial: É aquele oriundo de uma repartição ou dependência oficial (CS, IML) ou de um profissional que no momento de expedi-lo esteja em uso e gozo de cargo ou função pública. Oficioso: É todo documento promanado de CD, em consultório particular ou em qualquer local ou instituição, desde que não esteja submetido ao vínculo do cargo ou função pública. Finalidade: Administrativo: É o documento produzido por CD e que se destina a ser apresentado perante qualquer pessoa, empresa, instituição ou repartição, mesmo que dependa direta ou indiretamente do Poder Judiciário, mas desde que venha a ser entranhado em processo judicial. Judicial: É qualquer documento da lavra de CD que se destina a ser utilizado nos autos de processo judicial. Conteúdo: Verdadeiro: Documento emitido por CD cujo texto é a mera expressão da verdade, isto é, contém dados técnicos de fatos que realmente foram constatados no paciente. Falso: É todo documento cujo conteúdo difere da realidade ou não é a expressão da verdade. Seu autor está sujeito às penas que a lei impõe para tanto. Reconhecem-se seis tipos de Documentos Odontolegais, a saber: Notificação Compulsória Atestado Relatório Parecer Depoimento Oral Consulta Notificação Compulsória: É um documento que relata fatos, de índole odontológica ou não, observados ou constatados no exercício da profissão, e que, por força de lei, o CD tem obrigação de comunicar. Inclui a comunicação, por escrito, à autoridade competente de: -Acidente de trabalho (acidentes-tipo) e acidentes de percurso (de trajeto ou “in itinere”) -Doenças profissionais (tecnopatias) e doenças do trabalho (mesopatias) -Moléstias infecto-contagiosas de notificação compulsória -Crimes de ação pública -Morte encefálica comprovada, em estabelecimento de saúde. Acidentes de trabalho (acidentes-tipo) e acidentes de percurso (de trajeto ou “In itinere”) Acidente de trabalho: aquele vinculado ao exercício da atividade profissional Acidente de percurso: aquele que ocorre no percurso da residência ao trabalho e vice-versa. Notificação de acidentes de trabalho: CAT (Comunicação de Acidentes de Trabalho); Encaminhamento da 1ª via à Agência local do Instituto Previdenciário (INSS). Doenças Profissionais (tecnopatias) e Doenças do Trabalho (mesopatias) Doença Profissional: produzida ou desencadeada pelo exercício de um trabalho peculiar (nexo causal) Ex: LER (Lesões por esforços repetitivos) DORT (Distúrbios osteomusculares relacionados ao trabalho) Acidentes biológicos, relacionados ao trabalho. Doença do trabalho: desencadeada ou adquirida em função das condições do meio ambiente de trabalho. Para fins previdenciários e securitários as doenças profissionais e as doenças do trabalho equiparam-se aos acidentes de trabalho (Decreto nº. 357/91 Anexo II) • Decreto - lei 5452, de 1º de maio de 1943. Consolidação das Leis do Trabalho - CLT , art. 169 Art. 169. Será obrigatória a notificação das doenças profissionais e as produzidas em virtude de condições especiais de trabalho, comprovadas ou objeto de suspeita, de conformidade com as instruções expedidas pelo Ministério do Trabalho. Notificações: § Delegacia do Trabalho (Ministério do Trabalho) § CAT (Comunicação de Acidente de Trabalho); Encaminhamento da 1ª via à Agencia local do Instituto Previdenciário (INSS). Moléstias infecto-contagiosas de Notificação compulsória: • CP, art. 269 (Omissão de notificação de doença por extensão ou analogia) Art. 269. Deixar o médico de denunciar à autoridade pública doença cuja notificação é compulsória. Pena - detenção, de 6 meses a 2 anos, e multa. Notificações: § Autoridade Sanitária (Diretor do Centro de Saúde ou da jurisdição correspondente) Portaria 993 de 04/09/2000 (Ministério da Saúde). Art1.° Para os efeitos da aplicação da Lei n° 6.259, de 30 de outubro de 1975, e de sua regulamentação, constituem objeto de notificação compulsória, em todo o território nacinal, as doenças e os agravos a seguir relacionados: Cólera Coqueluche Dengue Difteria Doenças de Chagas (casos agudos Doenças Meningocócica e outras Meninges Febre Amarela Febre Tifóide Hanseníase Hantaviroses Hepatite B Hepatite C Infecção pelo HIV em gestantes e crianças expostas ao risco de transmissão vertical Leishmaniose Visceral Leptospirose Malária (em área não endêmica) Meningite por Haemophilus Influenzae Peste Poliomielite Paralisia Flácida Aguda Raiva humana Rubéola Síndrome da Rubéola Congênita Sarampo Sífilis Congênita AIDS Tétano Tuberculose Crimes de ação pública – Maus-tratos: Define-se o abuso ou maus-tratos pela existência de um sujeito em condições superiores (idade, força, posição social ou econômica, inteligência, autoridade) que comete um dano físico, psicológico ou sexual, contrariamente à vontade da vítima ou por consentimento obtido a partir de indução ou sedução enganosa. CP, art. 136 - Expor a perigo a vida ou a saúde de pessoa sob sua autoridade, guarda ou vigilância, para fim de educação, ensino, tratamento ou custódia, quer privando-a de alimentação ou cuidados indispensáveis, quer sujeitandoa a trabalho excessivo ou inadequado, quer abusando de meios de correção ou disciplina. CP, art. 66 (Omissão de Comunicação de Crime) Art. 66 – Deixar de comunicar à autoridade competente: Crime de ação pública, de que teve conhecimento no exercício de função pública, desde que a não dependa ação penal de representação. Crime de ação pública, de que teve conhecimento no exercício da medicina ou de outra profissão sanitária, desde que a ação penal não dependa de representação e a comunicação não exponha o cliente a procedimento criminal. PENA. Multa. • CEO, ( Deveres Fundamentais do CD) “III - zelar pela saúde e dignidade do paciente” Crimes de ação pública – Maus-tratos ou agressões à criança: Notificações: Conselho Tutelar da Infância, adolescência e juventude da região respectiva. Na ausência deste, ao Ministério Público (Promotoria ou Juizado da infância, Adolescência e Juventude) ou Autoridade Policial (Delegacia da Polícia). Crimes de ação Pública – Maus-tratos ou agressões à mulher: Notificações: Autoridade Policial (Delegacia de Defesa da Mulher ou Delegacia da Polícia Local). Crimes de ação Pública – Maus-tratos ou agressões ao idoso: Notificações: Quaisquer dos seguintes órgãos: Autoridade policial Ministério Público Conselho Municipal do Idoso Conselho Estadual do Idoso Conselho Nacional do Idoso Síndrome da criança maltratada/Síndrome de Caffey/Síndrome do bebê espancado (SIBE) Papel do CD: 65% das lesões associadas ao abuso ocorrem nas áreas da face, cabeça e pescoço. 1 de cada 3 crianças são maltratadas, apresentam lesões na região cefálica. Para que cumpra suas finalidades legais, e fim de que o CD tenha sua responsabilidade resguardada, a notificação odontológica deverá conter os seguintes dados: ELEMENTOS CONSTITUINTES ► a identificaçãodo paciente: nome, R.G. e endereço; ► a finalidade para a qual foi expedido; ► horário e a data que o paciente foi atendido; ► Conseqüência do tratamento (se for recomendado repouso, indicá- lo em horas); ► Quando houver necessidade de revelação do diagnóstico ou da intervenção praticada, utilizar a C.I.D-10 (o paciente deverá assinar a rodapé do atestado anuindo com a publicidade do diagnóstico); ► local e data da expedição; ► assinatura do CD responsável; ► carimbo esclarecedor do CD, com nome e número do CRO, mesmo quando for utilizado o impresso do receituário. Atestado Odontológico Definição: É uma declaração particular sucinta em que se afirma a veracidade de certo fato odontológico e as consequências deste que implicam em providências administrativas, judiciárias ou oficiosas, relacionadas com o cliente. O Atestado Odontológico é a simples descrição de um fato Odontológico e suas consequências. Lei 5081/666 Art. 6° Compete ao Cirurgião-Dentista: II- Atestar, no setor de sua atividade profissional, estados mórbidos e outros, inclusive para justificação de faltas ao emprego. Elementos constituintes: A identificação do paciente: nome, RG e endereço; A finalidade para a qual foi expedido; Horário e a data que o paciente foi atendido; Consequência do tratamento (se for recomendado repouso, indica-lo em horas); Quando houver necessidade de revelação do diagnóstico ou da intervenção praticada, utilizar a C.I.D-10 (o paciente deverá assinar a rodapé do atestado anuindo com a publicidade do diagnóstico); Local e data da expedição; Assinatura do CD responsável; Carimbo esclarecedor do CD, com nome e número do CRO, mesmo quando for utilizado o impresso do receituário. MUITA ATENÇÃO: A inclusão do tratamento realizado no atestado, sem anuência do paciente é quebra de sigilo profissional, infração ética prevista no C.E.O. No Art. 9 $1°. “A elaboração do atestado odontológico em duas vias assegura ao CD o resguardo legal do ônus da prova”. A emissão de atestado odontológico falso avilta a classe e infringe normas do C.E.O. (Art. 22) Código Penal Brasileiro Falsidade de Atestado Médico: Art. 302 – Dar o médico*, no exercício da sua profissão, atestado falso. Para detenção, de 01 mês a 01 ano. Parágrafo único: Se o crime é cometido com fim de lucro, aplica-se também multa. *Crime próprio quanto ao sujeito Falsidade ideológica: Art. 299 – Omitir, em documento público ou particular, declaração que devia constar, ou nele inserir ou fazer inserir declaração falsa ou diversa da que devia ser escrita, com fim de prejudicar direito, criar obrigação ou alterar verdade sobre fato juridicamente relevante. Pena: Reclusão, de 01 a 05 anos, e multa, se o documento é público, e reclusão de 01 a 03 anos, e multa, se o documento é particular. Destaca três modalidades de conduta do autor do delito: Omitir (Dados obrigatórios) Inserir (Dados não verdadeiros) Fazer inserir (Não se enquadra ao prof.) Ainda sobre o Art. 299. Se funcionário público: Parágrafo único: O funcionário público que cometer este crime prevalecendo-se do cargo, têm sua pena aumentada de sexta parte. Parágrafo único: Obtendo qualquer vantagem de forma indevida, será enquadrado no art. 317 do CP (Corrupção passiva). Pena: 1 a 8 anos de reclusão e multa. Relatório ou Laudo É um documento que relata para a Autoridade Requisitante fatos ocorridos, constatados pelo perito, minucioso, redigido formalmente e que deve contribuir para o esclarecimento de um ou mais fatos de ordem odontológica. É a descrição minuciosa de um fato médico ou odontológico, requisitado por autoridade competente. Do laudo devem constar, necessariamente, as seguintes partes: Preâmbulo Histórico ou Comemorativo Descrição (“visum et repertum”) Discussão Conclusão Quesitos Respostas aos Quesitos Preâmbulo: Do latim, preambulare = antes de andar, caminhar É a introdução, que se refere: Ao local À data e hora da perícia A autoridade requisitante (Juiz, Delegado de Polícia, Comandante Militar e Presidente de Comissão Parlamentar de Inquérito – CPI) Aos peritos designados A identificação da pessoa a ser periciada Ao exame a ser realizado e Os quesitos a serem respondidos Histórico ou Comemorativo: Relato sucinto, ainda que completo, do fato justificador do pedido de perícia. Descrição: “visum et repertum” = visto e registrado Parte que contém o relato minucioso, eventualmente acompanhado de diagramas, fotografias demonstrativas, com todos os detalhes, todos os achados objetivos e subjetivos dos exames realizados. Discussão: É o debate, a confrontação de hipóteses, a análise das controvérsias possíveis de cada caso, que os peritos devem esmiuçar para encerrar a perícia. Conclusão: É (São) a(s) ilação(ções) ou dedução(ções) tirada(s) com a análise dos dados descritos e discutidos, isto é, trata-se da posição final. “Do exposto, concluímos que a vítima sofreu lesões corporais de natureza grave, com incapacidade para as funções habituais por mais de 30 dias.” Resposta aos Quesitos: São as que permitem a formação de juízos de valor, ora pelas partes, ora pelo Magistrado. A fraude processual: Pode se apresentar de diversas formas... A mais frequente é a... Falsa Perícia Consequências de uma falsa perícia: Art. 342, CP ... Fazer afirmação falsa, ou negar ou calar a verdade, como testemunha, perito, tradutor ou intérprete em processo judicial, policial ou administrativo, ou em juízo arbitral... Pena – Reclusão de 1 a 3 anos, e multa Parecer: Via de regra, a consulta é endereçada a um profissional que tenha competência especial sobre o assunto, quem dará a sua opinião pessoal sobre a matéria, sendo este parecer juntado nos autos do processo judicial. O valor e credibilidade do Parecer dependerá do prestígio, bom conceito, renome científico e moral usufruído por aquele que o emite (parecerista). Trata-se de documento particular, unilateral, que não exige compromisso legal do parecerista, donde que nunca se possa enquadrar como falsa perícia. O parecer não tem forma fixa, seguindo aproximadamente, a mesma sequência do laudo, com estas partes: Preâmbulo Exposição de Motivos Discussão Conclusão Respostas aos Quesitos Depoimento Oral: Tecnicamente, não é um documento (por não ser escrito). É uma informação prestada, de viva voz, “coram judice”, pelo perito, perante a autoridade policial ou judiciária, que o registra por termo, em assentada (papel escrito ou arquivo digital). Só a partir de então, torna-se um documento. Consulta: Opinião de um profissional diretamente a alguma autoridade judicial e/ou policial. Encaminhamento para outro especialista: Encaminhamento (para cirurgião BMF) Encaminho o paciente (identificação) para que sejam extraídos os elementos dentais 18, 28, 38 e 48 para realizar (dar prosseguimento a) tratamento ortodôntico. Atensiosamente, Data CD. Dr. José Luiz da Silva CROP-SP 5536 Recibo do paciente: Eu, (identificação do paciente), recebi do cirurgião-dentista Dr. José Luiz da Silva, um encaminhamento que deverá ser entregue às mãos de um especialista em Periodontia num prazo máximo de 15 dias. O documento em questão está inserido em um envelope lacrado e somente o profissional acima citado deverá abri-lo, visando garantir o sigilo do seu conteúdo. DATA.
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