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Arritmias cardíacas Parte 2 Prof. RH Heinisch www.hu.ufsc.br/~cardiologia 1. Goldman, L; Ausiello, D. Cecil’s textbook of medicine. 22a.ed. Philadelphia: W.B. Saunders Company, 2004. 2. Kasper DL, Fauci, AS (eds.) Harrison's principles of internal medicine. 15a.ed. New York: McGraw-Hill,2001. 3. Porto, CC Doenças do coração. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 1998. 4. Lopes AC, Pachón JCM. Arritmias cardíacas. São Paulo: Atheneu, 2004. Arritmias cardíacas Diagnóstico e tratamento de Arritmias específicas = Extra-sístoles Síndromes de Pré-excitação Taquiarritmias Fibrilação atrial Bradiarritmias Taquiarritmias: T.S.; T.A.; T.V. Flütter atrial T.J. F.C. > 100 b.p.m. Bradiarritmias B.S.; Bloqueios atrioventricul. F.C. < 60 b.p.m. Ritmo normal Flütter atrial 60 < F.C.< 100 REGULAR Extra-sístoles Arritmia sinusal Irregularidade esporádica ou rítmica Fibrilação atrial; Flütter atrial c/ BAV variável Irregularmente irregular IRREGULAR RITMO ARRITMIAS EXTRA-SÍSTOLES Extra-sístoles atriais ● Mecanismos: 1) Hiperautomatismo, 2) Reentrada ● Causas: primário, valvopatia mitral, CIA, cirurgia cardíaca, cardiomiopatias, ICC, estresse, cafeína, álcool, tabaco, betaagonistas. ● Quadro clínico: palpitação, pós-prandial, à noite, antes de dormir. ● ECG: onda P morfologia alterada, Pri longo, QRS igual, pausa não-compensatória. ● Tratamento: fator desencadeante, cardiopatia associada, betabloqueador. 1. Onda P alterada 2. Complexo QRS com morfologia igual ao do ritmo sinusal precedente 3. Repolarização ventricular igual ao do ritmo sinusal precedente 4. Pausa compensadora incompleta 1. Ausência de onda P 2. Complexo QRS com morfologia alterada, aberrante, diferente do ritmo sinusal precedente 3. Repolarização ventricular alterada, polaridade contrária a do QRS 4. Pausa compensadora completa Extra-sístole atrial Extra-sístole ventricular Extra-sístoles ventriculares ● Mecanismos: 1) Automatismo alterado, 2) Reentrada, 3) atividade deflagrada. ● Causas: 1)Catecolaminas, 2)fibrose, isquemia, 3)drogas. ● Quadro clínico: palpitação, risco de arritmia mais grave. ● ECG: monomórficas, polimórficas, fenômeno R/T, bigeminismo, pareadas, classificação de Lown. ● Tratamento: (ver diretriz arritmias// www.cardiol.br) − Assintomático, sem cardiopatia: sem tratamento. − Assintomático, com cardiopatia: tratamento (B2) − Sintomático, sem cardiopatia: betabloqueador (B1) − Sintomático, com cardiopatia: betabloqueador, amiodarona (B1) Síndromes de Pré-excitação ● Síndrome do PR curto ● Síndrome de Wolff-Parkinson-White (WPW) Vias acessórias AA VV Síndrome de Wolff- Parkinson-White: Intervalo P-R curto, Presença de onda delta QRS alargado Alterações da repolarização ventricular Síndrome de Lown- Ganong-Levine: Intervalo P-R curto, QRS e repolarização ventricular inalterados. TAQUIARRITMIAS Efeito da compressão do seio carotídeo sobre as taquiarritmias Arritmia Resposta a compressão Taquicardia sinusal 1)diminuição da F.C. Taq. Parox. Suprav. 1)nenhuma; 2)reversão; 3) diminue Flütter atrial 1)Bloqueio AV; 2)nenhuma; 3)f.a. Fibrilação atrial 1)Diminue a F.C.; 2)nenhuma Taq. ventricular 1)nenhum; 2)dissociação A.V. Goldman, L; Bennett, C. Cecil’s textbook of medicine. 21a.ed. Philadelphia: W.B. Saunders Company, 1999. Sinais e sintomas de instabilidade hemodinâmica ● Dor precordial ● Dispnéia ● Diminuição do nível de consciência ● Hipotensão arterial ● Choque ● Congestão pulmonar ● Infarto agudo do miocárdio ARRITMIAS TAQUIARRITMIAS ● Mecanismos: 1) Reentrada, 2) Hiperautomatismo. ● Causas: Catecolaminas, fibrose, isquemia, drogas. ● Quadro clínico: palpitação, repercussão hemodinâmica. ● ECG: regulares, irregulares, QRS estreito ou alargado, sustentadas, não-sustentadas, atriais, juncionais, ventriculares. ● Diagnóstico eletrocardiográfico (verificar): − Freqüência atrial X freqüência ventricular. − Morfologia e Posição da onda P − Relação P-QRS (1:1; 2:1; 4:1...) − Morfologia do QRS Taquiarritmias – avaliação inicial ● Verificar ventilação, pulso, sinais vitais. ● Assegurar vias aéreas. ● História clínica, exame físico. ● Oxigênio, acesso venoso, ECG 12d, monitor. ● Verificar estabilidade hemodinâmica: − Estável? Instável? − Se instável, considerar cardioversão elétrica (CVE) Taquiarritmia regular de complexo QRS estreito (duração normal) ● Se instável: considerar CVE. ● Se estável: − 1) Manobra vagal − 2) Adenosina − 3) ou Verapamil Taquicardia Sinusal ● Ritmo sinusal com freqüência > 100 b.p.m. ● Causas: − aumento do tônus adrenérgico, − drogas, isquemia, miocardites, exercício, − ansiedade, hipertireoidismo, etilismo, hipertermia, − hipotensão arterial, infecções, anemia, − insuficiência respiratória, insuficiência cardíaca, − estados hipercinéticos, febre reumática. Registro do ECG, D2, de um paciente com FC: 150 bpm e hipertireoidismo. Taquiarritmia regular de complexo QRS alargado (duração>0,12 seg) ● Se instável: considerar CVE. ● Se estável: qual taquicardia? − 1) Taquicardia supraventricular ● Bloqueio de ramo prévio ● Condução aberrante ● Bloqueio pela taquicardia − 2) Taquicardia indeterminada − 3) Taquicardia ventricular Diagnóstico diferencial eletrocardiográfico de Taquicardias com QRS alargado 1) Existem complexos RS nas derivações precordiais? Não T.V. 2) O intervalo RS é > 100 ms (0,10 seg)? Sim T.V. (Intervalo RS: início da onda R e nadir da onda S) 3) Existe dissociação atrioventricular? Sim T.V. 4) Critérios morfológicos em V1, V2 e V6? Sim T.V. - morfologia de BRD (R/S > 1 em V1) - morfologia de BRD (R/S < 1 em V6) TAQUICARDIA VENTRICULAR MONOMÓRFICA POLIMÓRFICA Ver FUNÇÃO VENTRICULAR ESQUERDA (FE) Ver Duração Intervalo QT FE: normal - Procainamida - Sotalol - (Amiodarona, Lidocaína). FE: diminuída - Amiodarona - Lidocaína - CVE QT: normal - Betabloq. - Amiodarona - Procainamida - Sotalol QT: aumentado - Corrigir eletrólitos - Supressão c/ MPA - Isoproterenol - Fenitoína - Lidocaína Torsades de pointes Taquicardia ventricular em que há diminuição e aumento progressivo das voltagens dos complexos QRS (movimento serpentiforme) Taquicardia irregular ● Fibrilação atrial ● Flütter atrial com BAV variável ● Taquicardia atrial multifocal Taquicardia irregular ● Como está a função cardíaca? ● Tem Síndrome de Wolf Parkinson White (WPW)? ● Qual a duração da arritmia? Maior ou menor do que 48h? Uso de anticoagulante? ● Risco de tromboembolismo? ● A freqüência cardíaca está alta? Fibrilação atrial ● Intervalos R-R variáveis, ausência de onda P; várias ondas P modificadas (ondas “f”); atividade atrial irregular na freqüência de 350 a 600 por min. ● Causas: isolada, doença reumática, doença arterial coronária, cardiomiopatia, tireotoxicose, alcoolismo, pericardite, alteração eletrolítica ● Tratamento: depende do tipo, da repercussão hemodinâmica Objetivos do Tratamento da FA ● 1. Controle da freqüência cardíaca ● 2. Restauração e manutenção do ritmo sinusal: − A- FA < 48h − B- FA > 48h − C- FA de tempo indeterminado ● 3. Prevenção de recorrências ● 4. Prevenção de tromboembolismo Razões para restabelecer o ritmo sinusal em pacientes com fibrilação atrial ● Controle fisiológico da freqüência cardíaca ● Regularização do ritmo cardíaco ● Participação da contração atrial no D.C. ● Melhora na hemodinâmica ● Prevenção da dilataçãoatrial esquerda ● Prevenção da disfunção ventricular esq. ● Alívio dos sintomas e melhor qualidade de vida ● Redução do tromboembolismo Fatores de Risco para eventos tromboembólicos em pacientes com FA não reumática ● Idade > 65 anos ● Hipertensão Arterial Sistêmica ● Diabetes Mellitus ● Passado de ataque isquêmico transitório ● Passado de acidente vascular cerebral ● Passado de eventos tromboembólicos ● Presença de disfunção ventricular esquerda ● Átrio esquerdo > 5cm, trombo atrial Controle da freqüência cardíaca na fibrilação atrial. § CVE Ou Amiodarona § CVE Ou Agentes antiarrítmicos primários: usar apenas 1 dos agentes abaixo. Amiodarona; Procainamida; Propafenona; Sotalol. ------------------------------------ Não utilizar: Adenosina; Betabloqueadores; Bloqueadores dos canais de cálcio; Digoxina; Síndrome de WPW § Usar apenas 1 dos agentes abaixo: Digoxina; Diltiazem; Amiodarona. § Usar apenas 1 dos agentes abaixo: Bloqueadores dos canais de cálcio; Betabloqueadores. FA ou FLA Função cardíaca alterada, FE < 40% ou ICCFunção Cardíaca Preservada Fibrilação Atrial/ Flutter Atrial: Função cardíaca WPW. Conversão do ritmo cardíaco na fibrilação atrial/flutter atrial. Anticoagulação como descrito acima seguido de Cardioversão CVE Ou Agentes antiarrítmicos primários: usar apenas 1 dos agentes abaixo. Amiodarona ; Procainamida; Propafenona; Sotalol. ----------------------------------- Não utilizar: Adenosina; Beta-bloqueadores; Bloqueadores dos canais de cálcio; Digoxina; Presença da síndrome de WPW Anticoagulação como descrito acima seguido de Cardioversão Considerar: CVE Ou Amiodarona. Função cardíaca alterada (FE < 40% ou CHF) Não cardioversão § Usar agentes antiarritmicos com cuidado Ou Cardioversão tardia: 1. Anticoagulação por 3 semanas em niveis proporcionais; 2. Cardioversão, então 3. Anticoagulação por mais 4 semanas Ou Cardioversão precoce: 1.Começar com Heparina IV 2. Ecocargiograma transesofágioco para verificar presença de trombo atrial, caso ausente, então 3. Cardioversão em 24 horas 4. Anticoagulação por mais 4 semanas Considerar: CVE Usar apenas 1 dos agentes abaixo: Amiodarona; Propafenona; Procainamida. Função cardíaca normal Duração > 48 horas ou desconhecidaDuração < 48 horas Fibrilação Atrial/ Flutter Atrial Função cardíaca WPW. Tratamento não farmacológico na Fibrilação Atrial ● Desfibrilador atrial implantável ● Marcapasso bicameral ou multi-sítio com sensor de resposta (DDDR) ● Cirurgia de Maze ● Ablação por radiofreqüência transcateter FLÜTTER ATRIAL ● Característica clínicas: − doença cardíaca intrínseca: febre reumática, DAC, miocardiopatia, CIA, valvopatia atrioventricular, ICC crônica. − Influência adversas extrínsecas: tireotoxicose, alcoolismo, beriberi, pericárdio inflamado ou infiltrado (pneumonia, CA brônquico) − tende a ser instável, evolue para fa ou RS ● Manejo: − cardioversão elétrica − Prevenção: classe I e/ou digital Taquicardia atrial multifocal (ritmo atrial caótico, ritmo atrial multifocal, marcapasso atrial migratório) ● Intervalos P-P e R-R variáveis, morfologia da onda P é variável ● Causas: doença pulmonar obstrutiva crônica descompensada; com alterações nos eletrólitos e na gasimetria arterial; os pacientes estão sendo tratados agressivamente com teofilina e/ou betagonistas. ● Tratamento: Tratar a doença pulmonar. Verapamil BRADIARRITMIAS e Bloqueios na condução do estímulo elétrico Bradiarritmias ● Bradicardia sinusal ● Bloqueio sinoatrial ● Parada sinusal ● Síndrome taqui-bradi ● Bloqueio atrioventricular Bradiarritmias - manejo 1) O quadro clínico é decorrente da bradicardia? 2) Considerar colocação de MPA? 3) Atropina? 4) Não suprimir ritmos de escape ventricular. Bradicardia sinusal ● Ritmo sinusal com freqüência < 60 b.p.m. ● Causas: aumento do tônus vagal, drogas, isquemia, miocardites, hipotiroidismo, treinamento físico intenso, hipertensão intracraniana, icterícia obstrutiva, infecções por gram-negativos, depressão mental, hipotermia, vômitos, durante o sono. Registro do ECG, D2, de um paciente com FC: 43 bpm e hipotireoidismo. Bloqueio atrioventricular do 1o. grau 1. CONCEITO: No bloqueio Átrio-ventricular a condução do estímulo é dada de forma mais lenta no local do bloqueio, ou seja, há um retardo na condução do estímulo. 2. ETIOLOGIA: - Por aumento do tônus vagal (manobra vagal, prostigmine, digital); - Uso de propranolol; - Hipopotassemia; - Doença coronariana; - Cardiopatias congênitas (Doença de Ebstein, Comunicação Interatrial); - Estenose tricúspide; - Cardite reumática. 3. CARACTERÍSTICAS ELETROCARDIOGRÁFICAS: - Aumento do intervalo PR (> 0,20 segundos). Bloqueio atrioventricular do 2o. grau Bloqueio Atrioventricular do 2o. Grau - Mobitz tipo I Prolongamento progressivo do intervalo PR até que um estímulo atrial não seja conduzido (fenômeno de Wenckebach). Bloqueio atrioventricular do 2o. grau Bloqueio Atrioventricular do 2o. Grau - Mobitz tipo II Ocorre quando alguns, mas não todos estímulos atriais são conduzidos aos ventrículos. Alteração no QRS. Intervalo PR fixo. Bloqueio atrioventricular do 3o. grau Bloqueio Atrioventricular do 3o. Grau - BAVT Caracteriza-se pela não passagem de estímulos aos ventrículos. As ondas P não têm relação fixa com os complexos QRS e usualmente a freqüência atrial é maior do que a ventricular. Bloqueio do ramo direito (BRD) do feixe de His ● Processos do septo interventricular na parte mais superior (calcificação, infecção); Lesão valvular aórtica; Lesão valvular tricúspide; Hipertensão arterial sistêmica; Doença arterial coronariana; Miocardiopatias; Defeitos congênitos do septo interventricular; Comunicação interventricular; Doença de Chagas; Como complicação de um infarto agudo do miocárdio, indicando mau prognóstico. ● ECG: Presença de complexos rsr’ (fig.1), rsR’ ou rSR’ em V1 ou V2. Sendo a onda R’ habitualmente maior que r; QRS com duração igual ou superior a 0,12s; Onda S alargada em V6 e D1, com duração maior que a onda R ou maior que 40 ms em adultos. Bloqueio do ramo direito Registro eletrocardiográfico, derivação V2, de um paciente de 23 anos, sexo masculino, assintomático. A alteração morfológica no complexo QRS é de padrão rsr’, que é observado no bloqueio de ramo direito. Bloqueio do ramo esquerdo Causas: - Hipertensão arterial sistêmica; - Doença das artérias coronárias; - Doença valvular; - Isquemia; - Esclerose; - Calcificação; - Fatores mecânicos; - Hipertrofia ventricular esquerda Eletrocardiograma: - Duração do QRS de 0,12 segundos ou mais; - Presença de ondas R alargadas ou com entalhes em V5, V6, D1 e aVL; - Ausência de Q em V5, V6 e D1; - Aumento do tempo de ativação ventricular superior a 0,06 segundos em V5 e V6; - Desnível de ST no sentido opo sto ao da principal deflexão do QRS e onda T também oposta ao QRS. Bloqueio do ramo esquerdo Quando considerar MPA? 1) Doença do nó sinusal sintomática. 2) BAV 1o. grau, irreversível, com sintomas, intra ou infra-HIS. 3) BAV 2o. grau, tipo I, sintomático, necessidade de medicações. 4) BAV 2o. grau, tipo II, QRS largo, pós-IAM, pós-cirurgia cardíaca. 5) fa. C/ resposta ventricular baixa, sintomático. 6) BAVT 7) Bloqueio de ramo alternante com síncopes. 8) Bloqueio bifascicular associado ou não a BAV 1o. grau, sintomático Arritmias cardíacas Fim da segunda parte Síntese:Síntese: Arritmias cardíacasespecíficas Extra-sístoles Síndromes de pré-excitação Taquiarritmias Bradiarritmias e Bloqueios
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