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774 Einstein Suplemento v6n1 pS40 47

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einstein. 2008; 6 (Supl 1):S40-S7
Lúpus eritematoso sistêmico de início tardio
Late onset systemic lupus erythematosus
Ivone Minhoto Meinão1, Emília Inoue Sato2
RESUMO
Pacientes com lúpus eritematoso sistêmico, doença com início aos 
50 anos ou mais, perfazem um subgrupo com algumas caracterís-
ticas demográfi cas, clínicas e laboratoriais próprias. Neste artigo, 
apresentamos uma revisão, buscando no PubMed as palavras-chave 
constantes do título acima, com pesquisa incluindo publicações dos 
últimos dez anos, além de bibliografi a mais antiga, constantes em li-
vros textos. Desde a década de 1960 havia o conceito que o lúpus 
eritematoso sistêmico, após os 50 anos, teria um curso benigno e 
com menor diferença na prevalência entre os sexos. Publicações mais 
recentes continuam confi rmando o menor predomínio no sexo femini-
no em relação ao masculino, em comparação à doença em pacientes 
mais jovens. Mas, atualmente, diversos estudos realizados em po-
pulações etnicamente diferentes, mostram que pacientes com lúpus 
eritematoso sistêmico tardio têm menor sobrevida, em decorrência 
de comorbidades freqüentes nessa faixa etária e que infl uenciam o 
estado de saúde já comprometido. A causa mais freqüente de morta-
lidade é a infecção, seguida de doenças pulmonares e doença arterial 
coronariana. A menor freqüência de hipocomplementemia no lúpus 
eritematoso sistêmico tardio continua sendo encontrada em diversos 
estudos, porém, o envolvimento renal é considerado semelhante ao de 
pacientes adultos jovens. Há concordância de que o lúpus eritematoso 
sistêmico tardio acomete menos a pele, especialmente considerando 
o eritema malar e a fotossensibilidade, mas parece não ter um curso 
tão benigno quanto havia sido demonstrado em estudos realizados 
em décadas passadas. Diferenças nos métodos de avaliação podem 
justifi car em parte os resultados discrepantes.
Descritores: Lúpus eritematoso sistêmico; Grupos etários; Caracte-
rísticas da população; Idade de início; Meia-idade; Prevalência; Fato-
res etários; Distribuição por sexo; Estudos retrospectivos
ABSTRACT
Systemic lupus erythematosus starting beyond the age of 50 years 
is considerate as a late onset disease, and constitutes a subgroup 
with some demographic, clinical and laboratory characteristics, in 
agreement with former studies. We performed a review searching on 
PubMed using key words present in the title. In this review articles 
published in the last ten years were included besides older ones in-
cluded in the rheumatology textbooks. Since the decade of the 1960s 
there was the concept that late onset systemic lupus erythematosus 
had a benign course with less gender difference comparing to the 
young adult onset disease. More recent studies continue confi rm-
ing the lower predominance in female than male as compared to the 
younger onset disease. However, several more recent studies evaluat-
ing ethnically different populations showed that the late onset disease 
had worst prognosis than published previously, due to comorbidities 
frequent in this age group that can infl uence their healthy status. The 
most frequent causes of mortality are infection followed by pulmonary 
and coronary diseases. The lower frequency of hypocomplementemia 
in late onset disease continues to be found, however, renal involve-
ment is now considered similar to that found in young adult disease. 
There is consensus that late onset disease affects less frequently the 
skin, especially malar rash and photosensitivity, however it seems 
that the course is not as benign as reported in previous studies. 
Keywords: Lupus erythematosus, systemic; Age groups; Population 
characteristics; Age of onset; Middle age; Prevalence; Age factors; 
Sex distribution; Retrospective studies 
INTRODUÇÃO
O lúpus eritematoso sistêmico (LES) é uma doença au-
to-imune, crônica, infl amatória do tecido conjuntivo e 
que acomete múltiplos órgãos e sistemas. De etiologia 
multifatorial, evolui em surtos de atividade variada, en-
tremeados por períodos de remissão e pode apresentar 
manifestações clínicas e laboratoriais bastante pleiomór-
fi cas. Fatores genéticos, ambientais e hormonais partici-
pam do desequilíbrio do sistema imune, com produção 
de auto-anticorpos dirigidos contra proteínas nucleares, 
alguns dos quais comprovadamente participam da lesão 
tecidual. A doença acomete, preferencialmente, mulhe-
res na idade reprodutiva, sendo mais incidente entre os 
15 e 45 anos. No entanto, nenhuma faixa etária está isen-
ta do acometimento dessa doença, que pode incidir tanto 
na infância quanto em idade mais avançada(1).
Para avaliar as características demográfi cas, clínicas e 
laboratoriais do subgrupo de pacientes com início do LES 
a partir dos 50 anos, denominado de lúpus de início tar-
dio, incluímos nesta revisão, os dois artigos nacionais(2-3) 
1 Doutora, Assistente da Disciplina de Reumatologia da Universidade Federal de São Paulo – UNIFESP, São Paulo (SP), Brasil.
2 Professora Titular da Disciplina de Reumatologia da Universidade Federal de São Paulo – UNIFESP, São Paulo (SP), Brasil.
 Autor correspondente: Ivone Minhoto Meinão – Rua Agostinho Rodrigues Filho, 57 – apto. 124 – Vila Clementino – CEP 04026-040 – São Paulo (SP), Brasil – Tel.: 11 5549-3939 – e-mail: meinao@uol.com.br
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Lúpus eritematoso sistêmico de início tardio S41
que abordam o tema, embora sejam anteriores à última 
década. Na revisão da literatura, foram encontrados dez 
estudos(4-13) no banco de dados do PubMed, publicados 
entre 1998 e 2007. Foram incluídos também dois artigos 
mais antigos: um deles(14) por ter sido multicêntrico e en-
volvendo um total de 1.000 pacientes com LES e uma 
metanálise(15) dos artigos publicados entre 1966 e 1988 
sobre LES de início tardio.
Dados de literatura mostram que o LES tardio cons-
titui, em média, 26% do total de indivíduos com LES, 
mas em contraste com o lúpus infantil, são escassos os 
estudos sobre lúpus tardio(4,6).
INCIDÊNCIA
Estudos realizados no Reino Unido e nos Estados Uni-
dos mostram uma incidência do LES de 3,7 a 5,5/100.000 
habitantes por ano, respectivamente. O único estudo de 
incidência de LES realizado no Brasil, na cidade de Na-
tal, Rio Grande do Norte, indicava uma estimativa de 
8,7 casos novos por 100.000 habitantes, no ano de 2000. 
Essa incidência tão alta pode ser devida às diferen-
ças genéticas ou ambientais, como a maior exposição 
solar(16-17). Não foram encontrados estudos específi cos 
quanto à incidência de LES de início tardio. 
PREVALÊNCIA
A prevalência do LES varia de acordo com a etnia do 
grupo estudado. Embora a doença afete todas as raças, 
estudos norte-americanos mostram prevalência de três 
a quatro vezes maior em mulheres negras que brancas. 
De maneira geral a prevalência é estimada em um a 
cinco pacientes para cada 10.000 habitantes. Quanto ao 
sexo, é mais prevalente no sexo feminino, acometendo 
entre nove a 12 mulheres para cada homem. Na faixa 
etária igual e acima de 50 anos, há menor predomínio 
do sexo feminino, variando de 3,2 a nove mulheres para 
cada homem acometido(17). Em diferentes estudos, a 
porcentagem de lúpus de início tardio variou de 3,5 a 
21,6% e a participação das diferentes raças variou de 
acordo com a população estudada. O Quadro 1 mos-
tra os dados demográfi cos dos estudos que avaliaram o 
subgrupo de pacientes com início tardio da doença. 
ETIOLOGIA E ETIOPATOGENIA
A maior prevalência da doença em familiares de pa-
cientes com LES, bem como a maior concordância da 
doença em gêmeos monozigóticos, em relação aos dizi-
góticos e o encontro de associação da doença com cer-
tos antígenos de histocompatibilidade, tais como DR2, 
DR3, DQA1 e DQB1 evidenciam a importância de fa-
tores genéticos(20).
A alta prevalência no sexo feminino na idade repro-
dutiva, com um declínio após a menopausa
e a freqüen-
te exacerbação durante a gravidez, sugere que a maior 
relação da taxa de hormônios femininos (estrógenos) 
e masculinos (testosterona) participa da patogênese da 
doença. Em relação à infl uência ambiental, reconhece-
se que raios ultravioletas, alguns medicamentos e agen-
tes infecciosos, especialmente vírus Epstein-Barr, são 
fatores considerados desencadeantes da doença(21).
A agregação de alguns desses fatores concorre para 
a perda da tolerância imunológica, com ativação poli-
clonal de linfócitos B e produção de auto-anticorpos 
antinucleares. Para isso, contribui a falha de meca-
nismos supressores e de regulação imunológica. Mais 
recentemente, encontrou-se uma subpopulação de lin-
fócitos T CD4+ (CD4+CD25+), com características 
supressoras, cuja função pode ser inibida na presença 
de determinadas moléculas Toll-like receptors (TLR), 
especialmente TLR-7/8, com capacidade de se ligar aos 
peptídeos como o DNA e o RNA(18).
São encontradas ainda, falta de equilíbrio entre a 
produção de citocinas pró-infl amatórias e antiinfl ama-
tórias, bem como alterações no mecanismo de apopto-
se e defi ciência nos mecanismos de depuração de ma-
terial apoptótico e de imunecomplexos(19). Expressão 
anormal de moléculas co-estimulatórias nas interações 
entre célula apresentadoras de antígeno e célula T e en-
tre linfócitos B e T também favorecem a ativação de 
células imunologicamente competentes levando à auto-
imunidade(1). Os mecanismos patogenéticos envolvidos 
na lesão tecidual do LES são devidos, principalmente, 
à formação de imunocomplexos e ativação do sistema 
de complemento, ou, a formação de anticorpos contra 
antígenos específi cos de membranas de determinadas 
células (mecanismo da anemia hemolítica, plaquetope-
nia etc). Outro mecanismo que também pode contribuir 
para a patogênese do LES é a trombose vascular secun-
dária à presença de anticorpos antifosfolípides.
MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS
O acometimento de diversos órgãos e/ou sistemas pode 
ocorrer de forma simultânea ou seqüencial. A freqü-
ência dos diversos acometimentos varia conforme a 
composição étnica e o tempo de evolução da doença. 
Quadro 1. Dados demográfi cos referentes ao subgrupo de lúpus de início tardio
Prevalência 3,5 a 21,6%
Relação quanto ao sexo (F/M) 2,3: 1 a 9:1
Raça
100% asiáticos (4, 5, 7, 11,13)
100% brancos (3, 6,9)
49 a 97% brancos (2, 8, 10, 12,14)
Índice de mortalidade de LES tardio 8,5 a 60,8%
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S42 Meinão IM, Sato EI
Essa porcentagem, evidentemente, depende se o estudo 
considera as manifestações ocorridas no início da doen-
ça ou ao longo da evolução da mesma. Muitos estudos 
sugerem que a idade de início do LES é um importante 
fator que infl uencia sua apresentação e evolução. Os 
estudos realizados na década de 1960 e 1970 concluí-
ram que o lúpus de início tardio tinha um curso menos 
agressivo e com bom prognóstico, com menor freqüên-
cia de acometimento de órgãos vitais.
Sintomas gerais 
A freqüência de fadiga, adinamia, febre, anorexia e ema-
grecimento variam de 51 a 90% no LES de uma forma 
geral. Com relação ao lúpus de início tardio, as queixas 
gerais foram avaliadas em dois estudos realizados no 
Brasil. Um deles(2) encontrou maior freqüência de fra-
queza muscular, com ou sem alterações enzimáticas, em 
sete pacientes com LES tardio em comparação a 192 pa-
cientes adultos jovens. O outro estudo(3) não encontrou 
diferenças signifi cativas entre o grupo de 223 pacientes 
jovens e dez pacientes com início do lúpus acima de 50 
anos, quanto aos sintomas gerais. Dois estudos realiza-
dos na China(4-5) tiveram resultados semelhantes quan-
to à prevalência de sintomas gerais. Em outro estudo(6), 
conduzido na Espanha com 100 pacientes caucasóides, 
sendo 12 de início tardio também, não foram encontra-
das diferenças signifi cantes. Pesquisas realizadas entre 
pacientes chineses(11), sendo 22 indivíduos com lúpus tar-
dio, 213 com LES em adultos jovens e 50 em crianças, 
assim como o projeto LUMINA(12) com 73 pacientes com 
lúpus tardio, de diversas raças, também não relataram di-
ferenças nas queixas gerais, em relação aos 144 pacien-
tes jovens. Apenas um estudo na Turquia(9), comparando 
20 pacientes com LES tardio com 100 pacientes adultos 
jovens, encontrou menor freqüência de febre no grupo 
mais idoso. O estudo multicêntrico(14), observando 90 
pacientes com lúpus tardio dentre 1.000 indivíduos com 
LES, também não encontrou diferenças entre os grupos 
em relação a sintomas gerais. Concluímos que de uma 
forma geral, o lúpus de início tardio não apresenta ca-
racterísticas diferentes do LES de uma forma geral, em 
relação aos sintomas gerais. 
Lesões cutâneas 
As lesões agudas são caracterizadas por fotossensibi-
lidade e eritema malar, com freqüência de 45 e 53%, 
respectivamente. Há também lesões subagudas que se 
apresentam como pápulas eritematosas ou placas de 
aspecto anular ou descamativas, cuja prevalência varia 
de 7 a 27%. As lesões discóides são lesões crônicas que 
evoluem com cicatrizes e atrofi a na área central e ocor-
rem em 10 a 29%. Outras lesões cutâneas e mucosas 
também podem ocorrer como as úlceras orais (9 a 40%)
e alopecia (21 a 70%), podendo ser difusa, areata ou 
decorrente de cicatrizes por lesões discóides(22). Com re-
lação às manifestações no idoso, apenas dois estudos(2-3) 
encontraram menor freqüência de alopecia nos mais 
idosos.
Dentre os 15 artigos revisados, dois não avaliaram 
lesões cutâneas(8,13). Quatro(2,4,6,14) relatam menor fre-
qüência de lesões mucocutâneas entre os mais idosos. 
Outros quatros(2-4,15) referiram menor porcentagem 
de alopecia entre os mais idosos. Em três estudos foi 
referido menos eritema malar em pacientes com lú-
pus tardio(5,7,10), mas em outros dois estudos, não hou-
ve diferença signifi cativa entre grupos(9,11). Apenas em 
um estudo(7) foi encontrada maior freqüência de lesão 
discóide no lúpus tardio. Em resumo, manifestações 
mucocutâneas, de um modo geral, parecem ser menos 
freqüentes no lúpus tardio.
Acometimento articular 
A artrite geralmente se localiza em articulações das 
mãos, punhos e joelhos, sendo de caráter simétrico e in-
termitente, e, caracteristicamente, não apresentam ero-
sões ósseas. Mais raramente, a artropatia pode cursar 
com deformidades redutíveis (artropatia de Jaccoud), 
decorrentes de subluxações, em razão do acometimen-
to de tendões e cápsulas. A freqüência da artrite varia 
de 69 a 95%. A necrose avascular acomete, geralmente, 
a cabeça e côndilos femorais, tubérculo umeral e platô 
tibial e ocorre em cerca de 10% dos pacientes, podendo 
ser causada pela doença em atividade, anticorpos anti-
fosfolípides ou uso de corticosteróides(22). 
Com relação ao lúpus de início tardio, apenas um 
estudo notou maior freqüência de artrite em idosos(8), 
três estudos(10,12,14) relataram menor freqüência e os de-
mais não observaram diferenças signifi cativas entre os 
grupos. Somente um estudo(13) não avaliou essa mani-
festação e apenas um artigo(10) faz referência à necrose 
avascular, não encontrando diferença entre os grupos 
de idosos e jovens.
Acometimento hematológico 
Pode haver depleção das três séries (plaquetopenia 
menor que 100.000 células/mm3, leucopenia menor 
que 4.000 leucócitos/mm3 ou linfopenia menor 1.500 
linfócitos/mm3). A anemia no LES geralmente é nor-
mocrômica e normocítica, típica de doença crônica. A 
anemia hemolítica auto-imune é encontrada apenas em 
14% dos casos. A trombocitopenia, menor que 50.000 
plaquetas/mm3, ocorre em torno de 10% dos casos. A 
leucopenia e/ou linfopenia ocorrem em cerca de 50% 
dos casos, ao longo da evolução da doença. Já linfade-
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Lúpus eritematoso sistêmico de início tardio S43
nopatia é mais comum em crianças, sendo encontrada 
em até 69% dos pacientes com início
antes dos 16 anos. 
Nos adultos, 35% dos pacientes com LES se apresen-
tam com linfadenopatia nas fases ativas da doença, po-
rém, em apenas 1% está presente no primeiro surto da 
doença. Nessas situações, é necessário um diagnóstico 
diferencial com doenças infecciosas, linfoproliferação 
maligna e doenças linfoproliferativas benignas como 
doença de Kikuchi e Castleman.
Os trabalhos da literatura não referiram diferenças 
na freqüência de comprometimento hematológico entre 
pacientes com lúpus tardio e adultos jovens. Apenas um 
estudo(10), com revisão da literatura e uma metanálise(15) 
referiram menor freqüência de lindadenopatia entre os 
mais idosos.
Acometimento renal 
O envolvimento renal ocorre em 30 a 65% dos pacien-
tes ao longo da evolução da doença. É caracterizado 
por proteinúria ≥ 0,5 g a cada 24 horas e presença de 
cilindrúria anormal. No entanto, quando realizado es-
tudo histológico à microscopia eletrônica ou imunofl u-
orescência, praticamente todos os pacientes apresen-
tam algum depósito de imunoglobulinas ou de material 
elétron-denso, que corresponde aos depósitos de imu-
necomplexos. A sintomatologia nem sempre está pre-
sente, especialmente no início do envolvimento renal e 
o diagnóstico muitas vezes é feito por meio do exame 
do sedimento urinário. Cerca de 10% dos pacientes 
com nefrite evoluem para insufi ciência renal e o pior 
prognóstico está relacionado à forma proliferativa da 
doença. A hipertensão arterial é manifestação freqüen-
te, ocorrendo em cerca de 40% dos pacientes. Além do 
tipo histológico, a biópsia permite avaliar se as altera-
ções são agudas e, portanto, reversíveis ou crônicas e 
irreversíveis e auxiliam na avaliação quanto ao melhor 
tratamento e prognóstico (22). 
Com relação ao lúpus tardio, alguns estudos(3,5-6,10,12,14)
relataram menor ocorrência de envolvimento renal 
nesse subgrupo, enquanto outros não encontraram di-
ferenças signifi cativas quando comparados a pacientes 
adultos jovens(2,4,7-9,11,15). Recentemente, foi realizado 
um estudo(13) avaliando o envolvimento renal em pa-
cientes com LES de diversas faixas etárias, concluindo 
que apesar de não haver diferenças signifi cativas na fre-
qüência de acometimento renal entre as diferentes fai-
xas etárias, houve maior acúmulo de danos renais entre 
os mais idosos. Os autores também encontraram maior 
freqüência de hipertensão arterial no LES tardio, assim 
como o tipo histológico IV foi o predominante. Em re-
sumo, embora o envolvimento renal em lúpus de início 
tardio possa não ter diferenças com relação aos jovens, 
a hipertensão arterial é mais freqüente.
Acometimento de serosas 
A pleura, pericárdio e peritônio podem ser envolvidos 
no processo infl amatório com freqüências de 45, 15 e 
23%, respectivamente. Entretanto, essa freqüência 
é muito maior nos estudos com necropsia ou exames 
ultrassonográfi cos. O tamponamento cardíaco é raro, 
sendo relatado em menos de 1% dos casos. O acometi-
mento do peritônio além da dor pode causar ascite as-
séptica e raramente evolui para peritonite crônica(22).
Em nove estudos não foi encontrada diferença sig-
nifi cativa nas freqüências de serosites entre LES de iní-
cio em jovens e idosos(2,5-7,9-12,14). Em um estudo(10), em-
bora não se tenha encontrado diferença signifi cativa na 
amostra dos autores, na revisão de dados da literatura 
houve maior freqüência de serosites na faixa etária mais 
tardia. Em outro estudo foi encontrada maior freqüên-
cia de pericardite(3) e, em outro, de pleuris(4) no lúpus 
de inicio tardio. A metanálise(15) também relatou maior 
prevalência de serosites no LES tardio. Concluímos que 
a serosite é mais freqüente em lúpus de início tardio. 
Acometimento neurológico
Pode haver envolvimento de sistema nervoso central, 
manifestando-se como convulsões ou distúrbios psiqui-
átricos, com freqüência, respectivamente, de 20 e 15%. 
O envolvimento do sistema nervoso periférico ocorre 
em torno de 18% e pode se manifestar como mononeu-
rites simples ou múltiplas(22).
Diferenças signifi cativas quanto ao acometimento 
neurológico foram encontrados apenas em três estudos. 
Dois(10,15) observaram menor acometimento nos pacien-
tes com LES tardio e apenas um estudo, que incluiu 
manifestações neurocognitivas e cefaléias, encontrou 
maior freqüência nessa faixa etária(12). Em resumo, ma-
nifestações neuropsiquiátricas como convulsões e psi-
coses são menos freqüentes em lúpus tardio.
Acometimento cardiopulmonar
Além do comprometimento das serosas, o coração e o 
pulmão podem apresentar outros comprometimentos, 
decorrentes do envolvimento do miocárdio, endocárdio 
e do parênquima pulmonar. Miocardite clínica é refe-
rida em aproximadamente em 10% dos pacientes, mas 
por meio de exames como ecocardiograma e cintilogra-
fi a miocárdica, observa-se disfunção miocárdica em um 
número maior de pacientes. A endocardite asséptica de 
Libman-Sacks também é mais diagnosticada pelo eco-
cardiograma. O acometimento do parênquima pulmo-
nar pode causar pneumonite aguda, pneumopatia crôni-
ca fi brosante, que têm uma incidência entre 0 a 11% de 
acordo com diversos estudos. A hemorragia pulmonar 
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ocorre pelo comprometimento dos capilares alveolares 
e, embora seja de baixa incidência, tem alta mortalidade. 
A hipertensão pulmonar pode ocorrer no LES devida à 
vasoconstrição pulmonar, por conta de um território vas-
cular hiperesponsivo ou a microtrombos, e secundária à 
síndrome do anticorpo antifosfolípide(23-24). 
Em dois estudos(2,12) houve tendência de maior aco-
metimento pulmonar no LES tardio, porém sem espe-
cifi car o tipo e adcometimento. Outros estudos(3-8,10-11,14) 
não encontraram diferenças signifi cativas de envolvi-
mento pulmonar entre LES tardio e nos mais jovens. 
Em dois outros estudos(9,15) foi referida maior incidên-
cia de fi brose pulmonar nos mais idosos. A revisão de 
dados da literatura no estudo francês(10), com 714 pa-
cientes com lúpus tardio, encontrou mais envolvimen-
to pulmonar em comparação aos 4.700 pacientes mais 
jovens. O envolvimento cardíaco não foi diferente en-
tre os grupos em diversos estudos(2-7,9-10). Apenas em um 
estudo(12) houve tendência de maior acometimento car-
díaco nos mais idosos. Embora uma pesquisa(8) apontas-
se maior envolvimento cardiovascular nos mais idosos, 
esse achado foi devido à doença arterial coronariana. 
Em outro trabalho(11) foi verifi cada menor incidência de 
acometimento cardíaco no primeiro surto da doença, 
em pacientes com lúpus de início tardio, mas essa foi 
uma causa importante de mortalidade durante o segui-
mento deste subgrupo.
Concluímos que o envolvimento pulmonar é mais 
freqüente no lúpus do idoso e que doença cardiovas-
cular é um importante fator prognóstico no lúpus no 
idoso.
Acometimento vascular
O envolvimento vascular no LES é representado por vas-
culites, púrpuras, fenômeno de Raynaud e fenômenos 
tromboembólicos. As isquemias cutâneas ou viscerais, 
secundárias à vasculite são encontradas em 25% dos pa-
cientes e o fenômeno de Raynaud em 20 a 40%(25).
No LES tardio, um estudo(3) encontrou maior 
e outro(15) menor prevalência de fenômeno de Ray-
naud. Outros estudos não encontraram diferenças 
signifi cativas(2,4-10). Na revisão da literatura feita por 
Boddaert et al.(10), foi encontrada menor freqüência 
de fenômeno de Raynaud, bem como menos púrpu-
ra e vasculites cutâneas nos 714 pacientes com LES 
tardio, em relação aos 4.700 pacientes jovens. Outro 
estudo(11) também observou menos vasculites cutâne-
as nos mais idosos. Quanto a fenômenos tromboem-
bólicos, a maioria dos estudos também não encontrou 
diferenças entre lúpus tardio e o de pacientes jovens(2-
11,15). Entretanto, em estudo recente(12), os autores 
observaram maior freqüência de fenômenos trom-
boembólicos no LES tardio, opondo-se
ao resultado 
anterior(14), que observou menor freqüência de trom-
boembolismo entre idosos. Em resumo, parece haver 
menor freqüência de comprometimento vascular no 
lúpus no idoso, mas não há consenso quanto a fenô-
menos tromboembólicos. 
Acometimento do sistema digestivo
Costuma ser pouco freqüente o envolvimento desse sis-
tema no LES, sendo representado por vasculites mesen-
téricas, com isquemia intestinal, hepatoesplenomegalia e 
pancreatite. Os sintomas digestivos mais comuns, como 
náuseas que podem ocorrer em 53% dos casos, geral-
mente são devidos a efeitos colaterais de medicamentos. 
A hepatomegalia que ocorre em 10 a 30% dos pacientes, 
também pode ser decorrente do uso de corticosteróides. 
O diagnóstico diferencial deve ser feito com hepatite crô-
nica ativa, de origem auto-imune e que tem nos anticor-
pos antimicrossomais a sua diferenciação característica. 
A cirrose biliar primária, embora mais freqüentemente 
associada à esclerodermia, pode estar presente conco-
mitantemente ao LES. A esplenomegalia tem sido asso-
ciada ao lúpus em 20% dos pacientes e a incidência de 
pancreatite varia de 1 a 23%(25-26).
Muitos estudos com lúpus tardio não fazem referên-
cia ao envolvimento gastrintestinal(2,5-7,11-15). Dentre os 
que citam esse sistema, a maioria não encontrou dife-
rença signifi cativa quanto à freqüência de acometimen-
to, em relação à faixa etária mais jovem(4,8-10). Apenas 
dois estudos(4,9) fazem referência à hepatite crônica ati-
va, que não foi encontrada no grupo de pacientes mais 
idosos e uma das pesquisas(3) relata maior acometimen-
to gastrintestinal entre lúpus tardio, sem especifi car o 
tipo de acometimento.
Em resumo, envolvimento gastrintestinal não pare-
ce ser importante em lúpus de início tardio.
Acometimento ocular 
Processo infl amatório asséptico da conjuntiva pode 
ocorrer em 10% dos pacientes e a vasculite de retina 
em 9%, com presença de exsudatos algodonosos e he-
morragias retinianas ao exame de fundo de olho(25).
A maioria das pesquisas em LES tardio não relata 
acometimento ocular(2-7,9-11,14-15). Um estudo(8) encontrou 
maior freqüência de catarata no grupo dos pacientes 
mais idosos, como era de se esperar, associado à idade e 
uso de corticoesteróides. Este estudo observou presen-
ça de retinopatia em porcentagem igual entre os mais 
idosos e os mais jovens. Outra pesquisa(12) relata maior 
acometimento ocular nos mais idosos, mas não comen-
ta o tipo de lesão.
Evidentemente, a freqüência de determinadas ma-
nifestações como a catarata está associada à idade mais 
einstein. 2008; 6 (Supl 1):S40-S7
Lúpus eritematoso sistêmico de início tardio S45
avançada, mas comprometimento ocular não parece ser 
diferente nos pacientes mais idosos, comparando com 
os jovens. 
O lúpus tardio em alguns estudos se mostrou ser de 
início insidioso(2,4-7,10), com maior tempo entre o início de 
sintomas e o diagnóstico (variando de cinco a 39 meses),
quando comparado aos pacientes de faixa etária mais 
jovem, cujo início de doença costuma ser mais agudo. 
Como a maioria dos estudos encontrou menor freqü-
ência de lesões cutâneas nos mais idosos, talvez esse 
seja um dos motivos do retardo no reconhecimento da 
doença (a falta de manifestação característica e conhe-
cida, como o eritema malar). 
ALTERAÇÕES LABORATORIAIS
Os testes laboratoriais são importantes para o diagnós-
tico e também para o dimensionamento do envolvimen-
to sistêmico.
Os testes imunológicos trazem alterações caracterís-
ticas ou sugestivas para o diagnóstico e monitoramento 
dos pacientes. As avaliações bioquímicas também são 
relevantes, pois permitem avaliar o órgão acometido, 
sendo úteis para o acompanhamento da atividade de 
doença.
Testes imunológicos
Compreendem auto-anticorpos, imunecomplexos cir-
culantes, crioglobulinas e dosagem de complemento 
sérico: 
 Auto-anticorpos: com o uso da técnica de imunofl uo-
rescência indireta e células HEp2, anticorpos antinu-
cleares são detectados em mais de 95% dos pacientes 
com LES em atividade. Outros auto-anticorpos po-
dem estar presentes nesta doença, como por exem-
plo, fator reumatóide, presente em 30% dos pacien-
tes com LES e anticorpos antifosfolípides. A técnica 
de imunofl uorescência indireta permite a detecção 
de anticorpos antinúcleo (AAN), anticorpos antici-
toplasma, antinucléolo e anti-aparelho mitótico. Os 
resultados são fornecidos em título e padrão de fl uo-
rescência. O título representa a mais alta diluição, na 
qual o soro apresentou reatividade indiscutível. São 
considerados positivos os soros com reatividade na 
diluição mínima de 1/80. O padrão da fl uorescência 
fornece informações sobre a natureza do auto-antíge-
no, pois antígenos cromossômicos como DNA, histo-
na, Scl-70, Ku e nucleossomo têm padrão de fl uores-
cência diferente de outros auto-anticorpos, dirigidos 
contra antígenos nucleares, porém, não cromossô-
micos, como o anticorpo anti-Sm, U1-RNP, SSA-Ro, 
SSB-La. Estes últimos se diferenciam por não cora-
rem a placa metafi sária, habitualmente corados nos 
casos de anticorpos contra antígenos cromossômicos. 
Padrões de fl uorescência como o nuclear homogêneo 
com placa metafi sária corada correspondem aos anti-
corpos anti-DNA ou anti-nucleossomo, a fl uorescên-
cia nuclear pontilhado grosso aos anticorpos anti-Sm 
e anti-U1-RNP, e, nuclear pontilhado fi no aos anti-
corpos anti-SSA-Ro e anti-SSB-LA(27). Os anticorpos 
antifosfolípides são responsáveis pelos fenômenos 
trombóticos vasculares da síndrome antifosfolípide 
que pode ocorrer aproximadamente em 30% dos pa-
cientes com LES. Nessa síndrome podemos encon-
trar também o anticoagulante lúpico, detectado em 
testes funcionais da coagulação.
 Complemento sérico: a dosagem de componentes 
do sistema de complemento ou do complemento 
hemolítico total traz informações sobre o consumo 
dos mesmos, na formação de complexos imunes, ob-
servado, principalmente, em fases ativas da doença, 
ou quando houver defi ciência congênita de algum 
dos componentes(27).
Testes não imunológicos
São aqueles rotineiros, mas importantes na avaliação 
inicial e no seguimento do paciente, como provas de 
fase aguda, hemograma completo, exame do sedimento 
urinário (urina I), dosagem de creatinina e proteinúria 
de 24 horas.
No estudo multicêntrico europeu, avaliando 90 pa-
cientes com lúpus tardio em uma coorte de 1.000 in-
divíduos com LES, foi encontrada maior freqüência 
de anticorpo anti-La/SSB nos mais idosos. Não foi ob-
servada diferença signifi cativa quanto aos demais anti-
corpos. Outros estudos não encontraram diferenças na 
freqüência de nenhum dos auto-anticorpos entre grupo 
de lúpus tardio e de adultos jovens(2-4,9,11). Mak, Lam e 
Wong(4) observaram apenas uma tendência de maior 
freqüência do anti-La/SB em lúpus tardio, sem diferen-
ças signifi cativas quanto a outros auto-anticorpos.
Ho et al.(5) observou maior prevalência de fator 
reumatóide em lúpus de início tardio e sem diferenças 
quanto aos outros auto-anticorpos.
Formiga et al.(6) encontraram menor incidência ape-
nas de anti-DNA e hipocomplementemia no lúpus de 
início tardio. O estudo de Boddaert et al.(10), observou 
maior freqüência de fator reumatóide e menor preva-
lência de hipocomplementemia no lúpus de início tar-
dio, quando avaliou a sua amostra. Entretanto, na re-
visão da literatura, encontrou-se menor freqüência de 
anti-RNP, anti-Sm e hipocomplementemia no lúpus de 
início tardio. No estudo LUMINA(12) também foi en-
contrada menor prevalência de anti-Sm no LES tardio.
Ward e Polisson(15), em sua metanálise, encontraram 
maior freqüência de anti-SSB-La e menos hipocomple-
einstein. 2008; 6 (Supl 1):S40-S7
S46 Meinão IM, Sato EI
mentemia no LES tardio. No entanto, comentam que 
dados dos estudos integrantes dessa metanálise podem 
ter falhas, bem como viés de seleção
de pacientes e sus-
peita da existência de variáveis não controladas e que 
infl uenciaram os resultados. 
Apesar desses resultados terem sido coletados de 
estudos avaliando pacientes de diversas etnias e com di-
ferentes desenhos, a maior prevalência de fator reuma-
tóide, anticorpo anti-SS-B/La e a menor prevalência de 
hipocomplementemia e anticorpo anti-Sm parecem ser 
reais no subgrupo de pacientes com lúpus tardio.
TRATAMENTO
Em todos os estudos, o tratamento dos pacientes mais 
idosos foi efetuado com as mesmas medicações empre-
gadas nos pacientes adultos jovens. Além de antimalá-
ricos e corticosteróides, os imunossupressores mais uti-
lizados foram: azatioprina, ciclosporina e pulsoterapia 
com ciclofosfamida. Nesse subgrupo a maior causa de 
morte foi septicemia relacionada ao tratamento da ne-
fropatia com imunosupressores. Os autores recomen-
dam cuidado na prescrição de imunossupressores entre 
os mais idosos, para minimizar os efeitos colaterais(7,13).
CONCLUSÕES
Pesquisas realizadas em décadas passadas traçaram um 
perfi l clínico e laboratorial diferenciado para o sub-
grupo de LES com início tardio. Estudos com grande 
número de pacientes também indicaram ser o LES de 
início tardio, um subgrupo de pacientes cujo curso da 
doença seria mais benigno, por acometerem menos fre-
qüentemente órgãos vitais.
No entanto, esses resultados são criticáveis, pois vá-
rios estudos apresentavam vícios e erros de métodos, 
como o não controle de possíveis variáveis que podem 
ter infl uenciado os resultados, a exemplo das diferenças 
demográfi cas entre as amostras em comparação. Outra 
falha é o uso de outros estudos para comparar a fre-
qüência de manifestações encontradas em um determi-
nado estudo. Uma difi culdade encontrada é que alguns 
estudos incluíram pacientes que não preenchiam os cri-
térios para classifi cação do LES, de acordo com o Ame-
rican College of Rheumatology (ACR) e nem todos os 
estudos avaliaram todas as manifestações clínicas que 
esses pacientes poderiam ter apresentado.
Na presente revisão, foram incluídos os estudos que 
abordaram lúpus de início tardio publicado nos últimos 
dez anos. Observamos que a menor freqüência, nessa 
faixa etária, de manifestações cutâneas mais caracte-
rísticas da doença pode ser explicada, em parte, pelo 
maior tempo entre o início das manifestações clínicas 
e o diagnóstico, quando comparado aos pacientes com 
LES em faixa etária mais jovem. Outros comprome-
timentos como o articular, hematológico, de serosas, 
neurológico, do sistema digestivo, ocular, pulmonar e 
de sintomas gerais não apresentaram diferenças sig-
nifi cativas entre lúpus de início tardio e em jovens, na 
maioria destes estudos.
Embora seis entre os recentes estudos avaliados te-
nham relatado acometimento renal menos freqüente, ou 
no caso de envolvimento renal, uma evolução mais be-
nigna, um outro estudo, que avaliou especifi camente o 
acometimento renal no LES, por meio de índice de dano 
renal, concluiu que os mais idosos tinham maior acúmulo 
de danos renais associados a maior mortalidade.
Quanto à evolução, três estudos utilizando o Índi-
ce de Danos Acumulados (SDI), encontraram menor 
freqüência de dano no grupo de LES tardio. As cau-
sas mais freqüentes de dano foram as cardiovasculares, 
como os fenômenos tromboembólicos e doença arterial 
coronariana, acidentes cérebrovasculares e renais. Nes-
ses estudos não foram encontradas associações com an-
ticorpos antifosfolípides. Dois estudos relataram menor 
sobrevida no lúpus tardio, sendo a infecção e o choque 
séptico as mais freqüentes causas de mortes e estavam 
relacionados a altas doses de imunossupressores ou 
corticosteróides. A infecção associada à insufi ciência 
renal foi mais freqüente no LES tardio, pois em análi-
se multivariada à sobrevida mostrou ser dependente de 
danos orgânicos precoces no curso da moléstia e não 
necessariamente ao fator idade. A segunda causa de 
morte foi o envolvimento pulmonar, representada por 
pneumonias, neoplasias, derrame pleural e pneumonite 
lúpica. Outros estudos não fi zeram referência à sobre-
vida dos pacientes idosos. 
Portanto, concluímos que o lúpus de início tardio 
não deve ser considerado tão benigno em comparação 
ao lúpus no adulto jovem. Provavelmente, os diferen-
tes resultados dos estudos mais recentes se devem ao 
maior cuidado no desenho das pesquisas, bem como 
o emprego de índices capazes de avaliar o acúmulo de 
danos, assim como o uso de testes estatísticos mais ade-
quados, como as análises de regressão múltipla, capazes 
de identifi car a variável mais importante para um deter-
minado desfecho.
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