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Determinantes sociais da saúde PROFa. ANA KARINE MOREIRA Determinantes sociais da saúde HISTÓRICO Início do século XIX: teoria miasmática. Saúde Pública com foco político-social. Nas últimas décadas do século XIX, com o trabalho de bacteriologistas como Koch e Pasteur, afirma-se um novo paradigma para a explicação do processo saúde-doença. “Paradigma bacteriológico”. Determinantes sociais da saúde Período de ênfase para uma Saúde Pública mais voltada para doenças específicas (Universidade Johns Hopkins, Fundação Rockfeller, campanhas de combate a doenças específicas, . década de 50: erradicação da varíola) A Conferência de Alma-Ata (anos 70) e as atividades inspiradas no lema “Saúde para todos no ano 2000” recolocam em destaque o tema dos determinantes sociais. Na década de 80, o predomínio do enfoque da saúde como um bem privado desloca novamente o pêndulo para uma concepção centrada na assistência médica individual. Década de 90, nova ênfase nos determinantes sociais que se afirma com a criação da Comissão sobre Determinantes Sociais da Saúde da OMS, em 2005. Determinantes sociais da saúde CONCEITO DSS são os fatores sociais, econômicos, culturais, étnicos/raciais, psicológicos e comportamentais que influenciam a ocorrência de problemas de saúde e seus fatores de risco na população (Comissão Nacional sobre os Determinantes Sociais da Saúde - CNDSS). Determinantes sociais da saúde São as condições sociais em que as pessoas vivem e trabalham ou "as características sociais dentro das quais a vida transcorre” Determinantes sociais da saúde Determinantes da saúde: Alguns são biológicos ou estão sob maior controle do indivíduo (ex: certas condutas individuais); outros, de abrangência coletiva, são dependentes de políticas públicas e das condições políticas, econômicas, sociais, culturais e ambientais existentes Determinantes sociais da saúde Determinantes sociais da saúde Para promover saúde: atuar sobre o universo dos determinantes da saúde (pessoais e não-pessoais) O principal problema de saúde no Brasil são as iniqüidades nas condições sociais e de saúde e no acesso aos serviços sociais e de saúde Desigualdades: diferenças sistemáticas na situação de saúde de grupos populacionais. Iniqüidades: as desigualdades na saúde evitáveis, injustas e desnecessárias. Ex. de iniqüidade: probabilidade 5x maior de uma criança morrer antes de alcançar o primeiro ano de vida pelo fato de ter nascido no nordeste e não no sudeste. Ex. a chance de uma criança morrer antes de chegar aos 5 anos de idade é 3x maior pelo fato de sua mãe ter 4 anos de estudo e não 8. Mortalidade Infantil segundo raça e escolaridade da mãe Entender a lógica das iniqüidades contribui para superá-las, principalmente com políticas públicas sociais e de saúde, mas sem prescindir do esforço de toda a sociedade A eqüidade na saúde pode ser definida como ausência de diferenças injustas, evitáveis ou remediáveis na saúde de populações ou grupos definidos com critérios sociais, econômicos, demográficos ou geográficos Por que enfatizar os determinantes sociais? Os determinantes sociais tem um impacto direto na saúde Estruturam outros determinantes da saúde: Ambiente Comportamento Serviços São as ‘causas das causas’ Modelos de determinação social da saúde Existem diversos modelos explicativos que analisam as relações entre a forma como se organiza e se desenvolve uma determinada sociedade e a situação de saúde de sua população O modelo de Dahlgren e Whitehead inclui os DSS dispostos em diferentes camadas, desde uma camada mais próxima dos determinantes individuais até uma camada distal, onde se situam os macrodeterminantes. Determinantes sociais da saúde Não há uma correlação constante entre os macro-indicadores da riqueza de uma sociedade, como o PIB, com os indicadores de saúde Existem países com um PIB total ou PIB per capita muito superior a outros que, no entanto, possuem indicadores de saúde muito mais satisfatórios. A relação de determinação não é uma simples relação direta de causa-efeito. Determinantes sociais da saúde As relações entre os determinantes e aquilo que determinam é mais complexa do que as relações de causa e efeito. Daí a denominação de 'determinantes sociais da saúde' e não 'causas sociais da saúde'. Por exemplo, o bacilo de Koch causa a tuberculose, mas são os determinantes sociais que explicam porque determinados grupos da população são mais susceptíveis do que outros para contrair a tuberculose. PIB X Expectativa de vida Determinantes sociais da saúde Uma vez superado um determinado limite de crescimento econômico de um país, um crescimento adicional da riqueza não se traduz em melhorias significativas das condições de saúde. A partir desse nível, o fator mais importante para explicar a situação geral de saúde de um país não é sua riqueza total, mas a maneira como ela se distribui. Iniquidades em Saúde por Região Campo da saúde Saúde Biologia humana Ambiente Serviços de saúde Estilos de vida Campo da saúde Biologia humana: idade, gênero, ciclo de vida (infância, adolescência, maturidade, velhice), herança genética Ambiente, incluindo o físico e o sócio- econômico e cultural Estilo de vida: higiene pessoal, dieta, atividade física, adições, comportamento sexual e outros Serviços de saúde Qualidade de vida Habitação Cultura, esporte e lazer Transporte Saneamento e meio ambiente Saúde Educação Trabalho e renda Alimentação e nutrição Outros COMPLEXO DA QUALIDADE DE VIDA PESQUISA DE OPINIÃO Conass/Funasa, Ibope, fev/1998 Principais problemas Desemprego – 48% Saúde – 37% Salários – 37% Água e esgoto – 32% Segurança – 21% Falta de lazer – 13% Educação – 12% Drogas – 12% Observações A população estabelece forte vínculo positivo entre a saúde ou uma condição saudável e o trabalho ou a situação financeira Quanto menor o município, mais as pessoas vêem a saúde como problema Quanto menor a escolaridade, mais as pessoas vêm a saúde como problema Determinantes sociais da saúde no Brasil Dinâmica populacional I Queda expressiva da natalidade e da fecundidade até 2025 Redução na velocidade do crescimento populacional: diferente no território e em classes sociais Aumento significativo na população de idosos (65 e +): cerca de 9 % Urbanização da população: periferias de regiões metropolitanas e cidades médias do interior Redução no número absoluto da população rural Dinâmica populacional II Gravidez na adolescência: 1 parto em 5 ocorre entre adolescentes (menores de 20 anos) Razão entre os sexos: sobre-mortalidade masculina na adolescência - aos 60 anos, mulheres são 58% e homens 42% da população Aspectos da dinâmica social Pobreza irredutível, embora com melhora Concentração da renda, idem Baixa mobilidade social Desemprego e sub-emprego não cedem Educação melhor na idade escolar, mas a evasão continua elevada Prevalência muito alta e inaceitável de analfabetismo na população adultaOs 10 países com maiores desigualdades de renda 0 20 40 60 80 Paraguay South Africa Brazil Guatemala Swaziland Central African Republic Sierra Leone Botswana Lesotho Namibia Evolução da mortalidade infantil no Brasil Iniqüidades em saúde e renda Epidemia moderna: as mortes violentas Saneamento básico no Brasil 83% dos domicílios urbanos e apenas 25% dos domicílios rurais recebem água da rede geral 70% dos domicílios tem esgoto, mas apenas 35% do esgoto coletado é tratado 80% dos domicílios tem lixo coletado, mas 60% deste lixo tem destino final inadequado Desigualdade entre Regiões IBGE, PNAD 2004 Saneamento básico: quem não tem água Saneamento básico: quem não tem esgoto TABELA 4 TAXAS DE MORTALIDADE NA INFÂNCIA POR CONDIÇÃO DE SANEAMENTO, SEGUNDO AS GRANDES REGIÕES 1988/1992 E 1995/1999 Região Condições de Saneamento Adequad o Água adequada e Esgoto inadequado Inadequado 1988/1992 Brasil 39,1 62,6 77,7 Nordeste 55,3 85,3 110,1 Sudeste 39,8 52,0 62,4 Sul 33,0 47,7 55,5 Centro Oeste 31,8 53,4 56,1 1995/1999 Brasil 32,5 53,3 66,5 Nordeste 54,7 71,9 95,0 Sudeste 27,8 37,4 54,2 Sul 23,7 41,5 43,5 Centro Oeste 23,2 32,9 40,1 Fonte: IBGE. Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios. Utilização de serviços de saúde 79,3% (139,5 milhões de habitantes) tem serviço de saúde de uso regular, contra 71,2% em 1998 A utilização de postos ou centros de saúde cresceu entre 1998 e 2003 (41,8% > 52,4%) e é maior entre menores de 19 anos, sexo feminino e renda baixa Postos ou Centros de Saúde 52,4% Consultórios particulares 18% Ambulatórios de hospitais 16,9% Pronto socorro ou emergência - 5,8% Ambulatório ou consultório de clínicas - 4,4% Farmácia - 1,4% Fonte: IBGE, Suplemento Saúde PNAD 2003 Utilização de serviços de saúde Entre 1998 e 2003, a proporção de pessoas com pelo menos uma consulta médica no ano aumentou de 54,7% para 62,8% Aumento nas áreas urbanas e rurais, mas uso continua maior entre residentes das áreas urbanas Aumento também em todas as classes de rendimento, mas diferencial entre as classes extremas manteve-se alto Fonte: IBGE,Suplemento Saúde PNAD 2003 Iniqüidades na distribuição da oferta O enfrentamento dos determinantes sociais Políticas sociais inter-setoriais Identificar e desenvolver estratégias para enfrentar os determinantes sociais da saúde Implementar políticas inter-setoriais coerentes e articuladas, visando a redução das iniqüidades sociais e em saúde: ação governamental das três esferas de governo, modulada localmente Pactuação intra e inter-governamental Mobilização da sociedade civil Políticas sociais inter-setoriais Geração de trabalho e renda Saúde Previdência e assistência social Educação Habitação Saneamento Ciência e tecnologia Agenda Nacional de Desenvolvimento Educação Pleno emprego Focalização e atuação global e integrada nas áreas mais pobres Universalização do PSF Reformas agrária; agricultura familiar Reforma urbana Políticas de saúde PSF para cidades de pequeno/ médio porte Modelo urbano: policlínicas Micro-regiões de saúde para superar o sub-dimensionamento de serviços Promoção da saúde: políticas públicas inter-setoriais Estrategia de Saúde da Família 6,6 8,8 17,4 25,4 31,9 35,7 39,7 0,0 5,0 10,0 15,0 20,0 25,0 30,0 35,0 40,0 45,0 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 ANO % Cobertura populacional do Programa Saúde da Família Brasil, 1998 – 2004 73,7 76,1 83,4 52,4 55,6 79,8 85,7 59,9 68,2 64,6 82,6 84,3 90,786,2 89,0 40,0 50,0 60,0 70,0 80,0 90,0 1999 (2.318 Mun) 2000 (3.268 Mun) 2001 (3.865 Mun) 2002 (4.493 Mun) 2003 (4.780 Mun) % pré-natal na unidade pré-natal no 1º trimestre vacina em dia Font e: Si st ema de I nf or mação da At enção Bási ca - SI AB Proporção de gestantes acompanhadas pelos ACS nas áreas cobertas pela SF Brasil, 1999 - 2003 Taxa de mortalidade infantil nas áreas cobertas pela SF - Brasil, 1999 - 2003 40,8 36,1 33,0 31,3 29,5 6,1 3,5 5,5 5,1 4,0 27,2 25,2 23,9 23,6 22,9 5,1 4,4 8,0 3,13,3- 5,0 10,0 15,0 20,0 25,0 30,0 35,0 40,0 45,0 50,0 1999 (2.317 Mun) 2000 (3.270 mun) 2001 (3.364 Mun) 2002 (4.496 Mun) 2003 (4.781 Mun) p/ 1000NV TMI TMI por diarréia TMI por IRA TMIpor outras causas Font e: Si st ema de I nf or mação da At enção Bási ca - SI AB - Base l i mpa * Dados r ef er i dos. Prevalência de aleitamento materno exclusivo e desnutrição infantil, nas áreas cobertas pela SF - Brasil, 1999 - 2003 10,1 63,3 67,2 4,8 57,4 8,1 60,8 7,0 65,8 6,1 - 10 20 30 40 50 60 70 80 % cças até 4 meses aleitamento materno exclusivo % de crianças menores de 1 ano desnutridas % 1999 (2.218 mum) 2000 (2.964 Mun) 2001 (3.864 Mun) 2002 (4.496 Mun) 2003 (4.780 Mun) Fonte: Sistema de Informação da Atenção Básica - SIAB - Base limpa ESF: redução da desnutrição Comissão Mundial sobre Determinantes Sociais da Saúde Comissão Mundial sobre Determinantes Sociais da Saúde Assembléia Mundial da Saúde de 2004: anúncio da instalação da Comissão Mundial sobre Determinantes Sociais da Saúde (CMDTS) Março de 2005: Lançamento da CMDTS em Santiago, Chile Assembléia Mundial da Saúde de 2005: apresentação da Comissão pelo Diretor Geral Processo de difusão em diversos países do mundo Comissão sobre Determinantes Sociais da Saúde da OMS Composta de 20 membros, destacados líderes mundiais do mundo político, de governos, da sociedade civil e da academia Lidera iniciativa mundial para criar Comissões Nacionais em todo o mundo Criada pela Assembléia Mundial da Saúde de 2004 Implantada em março de 2005, com mandato até março de 2008 Comissão sobre Determinantes Sociais da Saúde da OMS Michael Marmot (Chair) (UK) Frances Baum (Austrália) Monique Bégin (Canadá) Giovanni Berlinguer (UE) Mirai Chatterjee (Índia) William Foege (US) Yan Guo (China) Kivoshi Kurokawa (Japão) Pres. Ricardo Lagos (Chile) Stephen Lewis (UN, África) Alireza Marandi (Iran) Pascoal Mocumbi (Moçambique) Ndioro Ndiave (UM, IOM) Charity Ngilu (Quênia) Hoda Rashad (Egito) Amartya Sem (US) David Satcher (US) Anna Tibaijuka (HABITAT, UN) Denny Vagerö (Suécia) Gail Wilensky (US) 1978 1993 2000 2001 2002 1982 Social dimensions of health affirmed in WHO Constitution (1948), downplayed during 1950s era of disease campaigns. Determinants re-emerge under Health for All agenda (1970s), action falters in 1980s. 1990s: paradigm of health as private issue dominant; some exceptions. 2000s: “step-up" and new chance for action. History: trends and opportunities 1948 2005 2005 Commission on social Determinants of Health Social determinants incorporated into national policyprocesses. Knowledge consolidated, gaps clarified for action. Working with selected country towards improving health and reducing inequities. Establishing a WHO reference Group to incorporate social determinants of health . SDH inform WHO policy, country work. CSDH Outcomes Poverty and painting: representations in 19th century Europe Philippa Howden-Chapman, Johan Mackenbach BMJ VOLUME 325 21– 28 DECEMBER 2002 Poverty and painting: representations in 19th century Europe Philippa Howden-Chapman, Johan Mackenbach BMJ VOLUME 325 21–28 DECEMBER 2002 Comissão Nacional sobre Determinantes Sociais da Saúde Processo de constituição da CNDSS Decreto presidencial cria a CNDSS, em março de 2005 Grupo de dezessete especialistas e personalidades da vida social, econômica, cultural e científica do país, nomeado pelo Ministro da Saúde Sua constituição expressa o reconhecimento que a saúde é um bem público a ser construído com a participação solidária de todos os setores da sociedade brasileira Comissão Nacional sobre Determinantes Sociais da Saúde Iniciativa de grande importância ética e humanitária, que visa: Identificar com maior precisão as causas de natureza social, econômica e cultural da situação de saúde da nossa população Comissão Nacional sobre Determinantes Sociais da Saúde Iniciativa que visa: Identificar políticas públicas de saúde e extra-setoriais, assim como iniciativas da sociedade, que ajudem a enfrentá-las, buscando garantir maior eqüidade e melhores condições de saúde e qualidade de vida para os brasileiros A CNDSS e a Constituição “A saúde é direito de todos e dever do Estado, garantido mediante políticas sociais e econômicas que visem à redução do risco de doença e de outros agravos e ao acesso universal e igualitário às ações e serviços para sua promoção, proteção e recuperação” Constituição Federal, art.196 Objetivos da CNDSS Decreto de 13 de março, art. 1o: I - apoiar e articular a atuação do Poder Público, instituições de pesquisa e da sociedade civil sobre determinantes sociais relacionados à melhoria da saúde e redução das iniqüidades sanitárias; II - promover modelos e práticas efetivas relacionadas aos determinantes sociais da saúde e voltados à inserção da eqüidade em saúde nas políticas de governo; Objetivos da CNDSS III contribuir para a formulação e implementação de políticas e programas de saúde baseados em intervenções sobre os determinantes sociais que condicionam o nível de saúde IV organizar e gerar informações e conhecimentos voltados a informar políticas e ações sobre os DSS. Objetivos da CNDSS IV - mobilizar setores de governo e a sociedade civil para atuar na prevenção e solução dos efeitos negativos de determinantes sociais da saúde. Grupo intersetorial da CNDSS Casa Civil Ministério da Fazenda Ministério do Planejamento Ministério da Saúde Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome Ministério da Educação Ministério da Ciência e Tecnologia Ministério da Cultura Ministério do Esporte Ministério das Cidades Ministério do Meio Ambiente Ministério do Trabalho e Emprego Ministério da Previdência Social Ministério do Desenvolvimento Agrário Secretaria de Políticas de Promoção da Igualdade Racial Secretaria de Políticas para as Mulheres CONASS CONASEMS Conselho Nacional Saúde OPAS/OMS
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