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Objetos de Desejo, Adrian Forty.

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UNIVERSIDADE ESTADUAL DE SANTA CATARINA
CENTRO DE ARTES — (CEART)
RESENHA — “OBJETOS DE DESEJO”, ADRIAN FORTY.
Aluno(a): Maria Eduarda de Souza Marcelino.
Disciplina: Introdução ao Design Gráfico.
Docente: Gabriela Botelho Mager.
Ao longo dos anos, o design tornou-se um componente vital da economia moderna. Concomitantemente a isso, durante tal processo histórico, grande parte da mídia e da literatura diria que a principal função do design é tornar os objetos belos. Entretanto, Adrian Forty, no livro “Objetos de Desejo”, tenta esclarecer que a programação visual vai além do plano estético, introduzindo as diferenças entre arte e design, bem como seus aspectos econômicos, ideológicos e sociais.
Surpreendentemente, o livro foge dos padrões do qual o design é imposto cotidianamente, conseguindo demonstrar sua história analogamente à história das sociedades, tornando possível visualizar a forma com que a evolução do design se contextualiza diretamente com os processos das economias modernas.
A discussão entre arte e design se destrói ao longo do texto, já que Forty descreve minuciosamente todas as questões sociais que são necessárias na produção de qualquer peça de design, fazendo com que o mesmo deixe de ser uma atividade artística inofensiva, já que, por sua natureza, “provoca efeitos mais duradouros do que os produtos efêmeros da mídia, pois pode conceder formas tangíveis e permanentes às idéias sobre quem somos e como devemos nos comportar.” (FORTY, 2007, pág. 12).
Paradoxalmente a isso, sua distinção faz-se crucial, já que a arte e seus objetos, neste contexto, estão extremamente ligados com a pessoa e/ou artista responsável por seu desenvolvimento. No entanto, no cenário do capitalismo, o principal objetivo da produção de bens manufaturados — categoria onde o design se inclui — é modificar os produtos, para que os mesmos tornem-se lucrativos.
No livro, também diferencia-se a linguagem cotidiana do design em diferentes aspectos, sejam eles estéticos, referindo-se à aparência do produto, ou no sentido mais amplo, referindo-se a preparação de instruções para a produção de bens manufaturados. Chamar tal preparação de “arte” sugere que “os designers desempenham o principal papel na produção, uma concepção errônea, que corta efetivamente a maioria das conexões entre design e os processos da sociedade.” (FORTY, 2007, pág. 13).
Dentro do contexto histórico da Revolução Industrial, marca-se a transição de novos processos de produção. Simultaneamente, o capitalismo desenvolvia sua necessidade de inovar, usando o design com o fim de alterar o modo como os indivíduos viam suas mercadorias. Entretanto, as sociedades mostraram resistência aos novos produtos, fazendo com que fosse necessário o desenvolvimento de três tipos de solução — arcaica, supressiva e utópica — , das quais cada uma era responsável por apresentar uma mercadoria, de maneiras diferentes. Por exemplo, segundo Forty, a solução arcaica era introduzir o aparelho em uma caixa que imitava uma mobília antiga, referindo-se assim ao passado.
“O design foi empregado habitualmente para disfarçar ou mudar sua verdadeira natureza e enganar nosso senso cronológico.” (FORTY, 2007, pág. 22).
Por esse motivo que, visando a comodidade de seus consumidores, produtores da época somente expressavam suas mercadorias no estilo das antiguidades clássicas ou inglesas. Entretanto, as técnicas usadas e o embasamento teórico que alguns dos pequenos empreendedores possuíam, os destacavam positivamente.
Por exemplo, Josiah Wedgwood foi um dos ceramistas mais inovadores e criativos do século XVIII. Sua fama saiu do plano da criação de produtos, envolvendo pesquisas experimentais geniais e soluções para todos os processos por quais sua cerâmica teria de passar - desde o transporte, até a embalagem e sua função. “Ele não somente estava decidido a produzir objetos de qualidade muito superior à dos outros ceramistas, como também dava grande importância à aparência de seus artigos.” (FORTY, 2007, pág. 28).
O terceiro capítulo surge com o propósito de fornecer uma forte convicção de que o futuro nunca será como o passado novamente. A evolução do design e o progresso das sociedades industriais modernas não teriam sido efetivadas caso os desenhos simplesmente apelassem para o gosto único do século, muito menos caso os artesãos continuassem repetindo processos sem coerência. Com isso, surgem as máquinas, com o propósito de revolucionar um mercado saturado, a fim de distinguir e inovar mercadorias.
A introdução das máquinas, não necessariamente, “pioram” ou têm alguma influência independente sobre o design. A maioria dos indivíduos da época garantiam que a mecanização era sinônimo de má qualidade, mais um fruto que a produção capitalista fosse responsável por sua deterioração.
“Creio que a tentativa de substituir o trabalho da mente e da mão por processos mecânicos em nome da economia terá sempre o efeito de degradar e, em última análise, arruinar a arte.” (COCKERELL apud FORTY, 2007, p. 62).
Por fim, conclui-se que a necessidade de talento provinda dos artesãos já não era mais necessária, uma vez que a função deles era executar os designs que recebiam. Com isso, o design continua com sua natureza essencial, progredindo e criando forma ao longo dos anos, com ajuda de tecnologias e máquinas que surgem para sua melhoria, sempre evoluindo de acordo com a história das sociedades, como cita Forty no início da obra.

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