Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Definições de algumas grandezas e conceitos termodinâmicos Calor latente Calor absorvido ou cedido por uma substância quando ela muda de estado. Não há variação de temperatura. Calor sensível Calor absorvido ou cedido por uma substância sem mudança de estado físico. Há variação de temperatura. Condições normais Temperatura igual a 0ºC e pressão igual a 1 atmosfera (101 325 Pa). Estado estacionário Situação de um sistema na qual o comportamento observado em um instante é mantido no futuro. Em muitos sistemas práticos, esse estado só é atingido após um período inicial não estacionário ou estado transiente. Estado termodinâmico Um conjunto de propriedades mensuráveis que definem a condição térmica de uma determinada porção de uma substância. Exemplo: pressão, temperatura, energia interna, entalpia, entropia, massa específica. Massa atômica Massa de um átomo expressa em relação a 1/12 da massa do átomo de carbono 12. Massa específica É a massa de um corpo por unidade de volume. Se o corpo tem m kg e V m3, então a massa específica é Massa molecular A soma das massas atômicas de todos os átomos da molécula. Massa molar Massa por mol de uma substância simbolizado por M (kg/kmol ou g/mol). Ver próximo item. Mol Quantidade em gramas de uma substância igual à sua massa molecular. O número de moléculas em 1 mol de qualquer substância é constante e é denominado constante de Avogadro: NA ≈ 6,022 1023. Peso específico Peso de um corpo por unidade de volume. Se o corpo tem G newtons e V m3, então o peso específico é Relação com massa específica: γ = μ g , onde g ≈ 9,81 m/s2 (aceleração da gravidade). Propriedade (ou grandeza) específica Propriedade intensiva obtida pela divisão de uma propriedade extensiva por outra. Exemplos: massa específica, volume específico, energia interna específica, etc. Propriedade extensiva Uma grandeza física que é proporcional ao tamanho do sistema ou volume de controle considerado. Equivale à soma das mesmas propriedades dos sub- sistemas que compõem o sistema principal. Exemplos: massa, volume, etc. Propriedade intensiva Grandeza física que não depende do tamanho do sistema. Exemplos (em algumas situações): pressão, temperatura, etc Sistema aberto Sistema que troca energia e/ou massa com a vizinhança. Uma fronteira de sistema que permite a passagem de massa é comumente qualificada como permeável. Sistema fechado Sistema termodinâmico que pode trocar calor ou trabalho com a vizinhança, mas não troca massa. Sistema isolado Sistema sem nenhuma interação com a vizinhança, isto é, não há troca de energia nem de massa. Assim, um sistema isolado obedece às leis da conservação: a energia e a massa permanecem constantes. Sistema termodinâmico A parte do ambiente ou do Universo que é objeto de estudo. O sistema é limitado por uma fronteira, real ou imaginária, que o separa da vizinhança, isto é, o restante do ambiente ou Universo. Exemplos de sistemas termodinâmicos: um motor, um planeta, um organismo vivo, etc. Temperatura absoluta Temperatura em Kelvin (K). É usualmente representada pela letra T (maiúscula). Se a temperatura é indicada por t (minúsculo), significa normalmente grau Celsius (ºC). Intervalos de temperatura podem ser dados em K ou ºC sem distinções porque as escalas só diferem nos pontos de referência. Volume de controle Um volume fixo no espaço, através do qual um fluido escoa. A superfície que envolve o volume de controle é denominada superfície de controle. Volume específico É o volume de 1 kg de massa de um corpo. Se o corpo tem m kg e V m3, então o volume específico é Volume molar Volume ocupado por 1 kmol de uma substância em determinada temperatura e pressão. Assim, Observação sobre símbolos em letras maiúsculas e minúsculas: não é norma rígida, mas em geral grandezas representadas por letras minúsculas significam específicas por unidade de massa. Exemplos: se o volume (em metros cúbicos, m3) de uma determinada porção de substância é V (maiúsculo), v (minúsculo) significa volume específico ou volume por massa (m3/kg). A letra U é usada para energia interna (joule, J) e u (minúsculo), para energia interna específica (joule por quilograma, J/kg). E vários outros casos que poderão ser vistos nos textos. Lei zero da termodinâmica Este tópico começa com uma explicação simplificada dos conceitos de trabalho e energia, que são grandezas da mesma espécie, mas conceitualmente diferentes. • Trabalho é produto da força pelo deslocamento na sua direção. Exemplo: se um corpo de peso igual a 10 newtons foi levado, por uma pessoa, a uma altura de 2 metros, o trabalho executado nessa tarefa foi 10 x 2 = 20 joules. • Energia é a capacidade de produzir trabalho. Pode ser imaginada como a moeda de troca para o trabalho. No exemplo anterior, para produzir os 20 joules de trabalho, o organismo daquela pessoa gastou 20 joules de energia. Naturalmente, a energia acumulada nesse organismo é muito maior. Mas, desse valor acumulado, 20 joules foram gastos no mencionado trabalho. Assim, pode-se dizer que a execução de um certo trabalho sempre implica uma variação da energia de alguma coisa. Aqui cabe também lembrar o conceito de potência, que é a relação entre o trabalho executado (ou variação correspondente de energia) e o tempo gasto. Se, no exemplo anterior, foram gastos 2 segundos, a potência desenvolvida foi 20 J / 2 s = 10 watts. Visto, portanto, que a execução de um trabalho corresponde a uma variação de energia. Mas nem toda variação de energia tem a contrapartida de um trabalho realizado. Um corpo pode transferir energia para outro devido a diferenças de energia cinética média das suas moléculas, ou seja, diferenças de temperaturas. Essa transferência de energia sem trabalho físico visível é denominada calor. Por esse conceito, é possível concluir que dois corpos na mesma temperatura estão em equilíbrio térmico, isto é, não há transferência de calor entre eles. E, se dois corpos distintos estão em equilíbrio térmico com um terceiro, eles estão em equilíbrio térmico entre si. Esse princípio é também conhecido como lei zero da Termodinâmica. Portanto, calor e energia são a mesma grandeza física, mas, em outras épocas, isso não era perfeitamente claro. A caloria foi uma unidade criada especialmente para o calor e corresponde à quantidade de calor necessária para aquecer um grama de água de 14,5 até 15,5ºC Diagrama pressão x entalpia Na série termodinâmica, é dado exemplo de diagrama temperatura x entropia para mudanças de estado líquido/gás. É mais comum o uso do diagrama pressão x entalpia para o estudo do ciclo de refrigeração. A Figura 01 dá um exemplo típico. Aqui são considerados somente estados abaixo do ponto crítico (ver definição na série citada). É importante observar as linhas de propriedades termodinâmicas constantes, pois isso facilita a análise do ciclo. As linhas de pressão e entalpia constantes são obviamente retas perpendiculares aos respectivos eixos. Figura 01 A linha de líquido saturado marca o início da vaporização, ou seja, nela ainda há 100% de líquido e 0% de vapor. E pontos à sua esquerda significam líquidos abaixo da temperatura de vaporização ou sub-resfriados. A linha de vapor saturado marca o fim da vaporização enela há 100% de vapor e 0% de líquido. Pontos à direita são vapores acima da temperatura de evaporação, ou vapores superaquecidos. Entre as duas linhas, há misturas de líquido e vapor e as proporções de cada são tanto maiores quanto mais próximas das respectivas linhas de saturação. Considerando o vapor, as linhas verdes indicam proporções constantes (a da esquerda, 10% de vapor e a da direita, 90% de vapor). Notar que as linhas de temperatura constante são diferentes de acordo com a região do diagrama. Na área do líquido, é uma reta praticamente vertical, devido à sua incompressibilidade. Na vaporização (ou no processo inverso da condensação), é uma linha horizontal, uma vez que, sob pressão constante, há somente troca de calor latente. Na parte gasosa, uma curva próxima do formato indicado. O circuito de refrigeração A Figura 02 abaixo dá o esquema do circuito clássico de refrigeração. Figura 02 Recebendo um trabalho externo, o compressor aumenta a pressão do gás, que se condensa pela troca de calor com o ambiente. Ao chegar à válvula de expansão, o gás está na fase líquida e a perda de carga devido ao estrangulamento reduz a pressão e o líquido é evaporado, retirando calor do meio que se deseja refrigerar e reiniciando o ciclo ao retornar para o compressor. O ciclo no diagrama A Figura 01 mostra o ciclo de refrigeração no diagrama pressão x entalpia. É uma aproximação da situação real, uma vez que, por exemplo, não são consideradas perdas de carga e trocas de calor nas tubulações que ligam os dispositivos. A compressão se dá teoricamente de forma adiabática. Portanto a linha AB é uma isentrópica (isso não é indicado no gráfico da Figura 01 do Tópico Diagrama pressão x entalpia por questão de clareza). Figura 01 A condensação é isobárica e ocorre sob temperatura constante, com redução da entalpia do fluido pela troca de calor com o ambiente (notar que, no diagrama mencionado, linhas isobáricas e isotérmicas, para condensação e evaporação, são coincidentes). A expansão é isentálpica, com redução da pressão do fluido, que passa para a região líquido + vapor (ponto D). Na evaporação isotérmica e isobárica, o aumento de entalpia corresponde ao calor removido do refrigerador. Na saída do compressor, o vapor está superaquecido e o resfriamento para o início da condensação (BB') é também dado pelo condensador. Na saída do condensador, é comum o líquido estar sub-resfriado (C) e não na saturação (C'). Valores do ciclo de refrigeração A Figura 01 deste tópico contém o mesmo ciclo anterior, sem a representação gráfica dos dispositivos. Desde que é um processo de fluxo contínuo, os valores de entalpia são específicos, isto é, por unidade de massa de fluido (kJ/kg, kcal/kg, etc). O efeito de refrigeração é a quantidade de calor removida do refrigerador, o que corresponde à variação de entalpia no processo de evaporação. Assim, qref = hA − hD (A.1). O trabalho de compressão é dado por: wcomp = hB − hA (B.1). O calor cedido pelo condensador é calculado por: qcond = hC − hB (C.1). Figura 01 Notar que o valor é negativo, significando sentido contrário ao do efeito de refrigeração. O coeficiente de eficiência é a relação entre o efeito de refrigeração e o trabalho de compressão: cef = hA − hD (D.1). hB − hA A capacidade de um refrigerador Q é normalmente dada pela quantidade de calor removida por unidade de tempo (watt, kcal/h, etc). Assim, o fluxo de massa do fluido é calculado por: Qm = Q (E.1). qref Portanto, a vazão volumétrica na entrada do compressor é V = Qm vA, onde vA é o volume específico em A. Substituindo os valores, V = Q vA (F.1 ). hA − hD A relação de compressão é dada por: rcomp = pB (G.1) . pA Com as igualdades informadas, é perfeitamente possível o projeto e cálculo de um ciclo de refrigeração para uma determinada capacidade do refrigerador, se disponível um diagrama pressão x entalpia com as curvas de volume específico e temperatura para o fluido a ser usado. Os ciclos reais, é claro, são um pouco diferente dos ideais. Além do sub- resfriamento do líquido (C'C), o vapor na entrada do compressor está superaquecido, isto é, o ponto A não está exatamente na linha de saturação. E os processos de condensação e evaporação não são perfeitamente isotérmicos, ou seja, as linhas BC e DA são ligeiramente inclinadas.
Compartilhar