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Resenha: “Coronelismo, enxada e voto” O autor Victor Nunes busca analisar, através de textos documentados e pesquisas provenientes da década de 1940, os chefes políticos municipais da época e o fenômeno conhecido como “Coronelismo”. O Coronelismo pode ser tido como resultado da superposição de formas desenvolvidas do regime representativo a uma estrutura econômica e social inadequada. Ele pode ser considerado como um compromisso, ou seja, uma troca de proveitos entre o poder público, nesse caso progressivamente fortalecido, e a decadente influência social dos chefes locais especialmente dos senhores de terra. Ele tem como elemento primário a presença da figura do Coronel, que tem como representação do seu poder as suas grandes propriedades. Ele é tido por seus empregados, que vivem em uma situação de pobreza, como uma espécie de benfeitor e por isso acabam muitas vezes no plano político lutando com ele e por ele, aumentando assim seu prestígio e poder. Por ser dono de grandes terras e por ter um certo controle sobre seus empregados o coronel é eleito muitas vezes pelo voto de cabresto. A grande problemática naquela época que ainda se estende até os dias atuais é a concentração de terra na mão de poucos. As grandes propriedades ficavam na mão de poucos e a maioria das pessoas que habitavam o campo viviam em uma situação de imensa pobreza. Como a maioria do eleitorado brasileiro residia ou votava no interior, o elemento rural, predominava sobre o urbano. Sendo assim, os fazendeiros e chefes locais eram os responsáveis de custear as despesas tanto do alistamento quanto da eleição. Além disso, eles pagavam desde os documentos necessários para o voto, até roupas para os roceiros para que esses pudessem votar. Isso torna compreensível o fato do eleitor da roça obedecer às instruções dadas por eles e fazer algo que para esses roceiros era indiferente. Porém, durante as eleições realizadas em 1945 e 1947, se pode verificar que alguns empregados não obedeceram às ordens dos fazendeiros e não votaram no candidato em que foi mandado votar. Isso se deve ao fato de se haver uma maior facilidade de se arrumar emprego nas cidades, o que diminuiu a dependência em relação aos donos de terra, além disso, deve se levar em consideração as propagandas radiofônicas. O texto ainda analisa outros fenômenos, como por exemplo o paternalismo, onde o chefe local nega os serviços a seus adversários para oferecer vantagens a seus aliados, e o mandonismo, que consiste na perseguição aos adversários. Apesar do texto de se tratar de uma análise relacionada a década de 1940, alguns hábitos permanecem até os dias atuais. Em alguns lugares mais afastados ainda existem pessoas que praticam o voto de cabresto, em outros lugares pessoas vendem seus votos ou os trocam por favores. Esses hábitos na minha concepção deveriam ser fiscalizados a fim de que se possa um dia erradica-los.
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