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SL substancias psicotropicas

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Substâncias Psicotrópicas 
 
Silas Varella Fraiz Junior 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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acordo com a licença 3.0 do Creative Commons. 
 
 
 
 
 
http://creativecommons.org.br 
http://creativecommons.org/licenses/by-sa/3.0/br/legalcode 
 
 
 
.  1 . 
Sala de Leitura 
Substâncias Psicotrópicas 
Substâncias Psicotrópicas 
Generalidades 
Substâncias psicotrópicas, ou agentes psicotrópicos, também conhecidos como psicofármacos, são 
substâncias que atuam no sistema nervoso central (SNC) e que são usadas no tratamento de distúrbios 
psíquicos. Tendo largo emprego na medicina clínica, a farmacoterapia dos transtornos mentais é uma 
das áreas de mais rápida evolução. 
A farmacoterapia, enquanto tratamento medicamentoso destes transtornos, pode ser definida como a 
tentativa de modificar ou corrigir comportamentos, pensamentos ou humores patológicos por meios 
químicos. Como ainda não se determinou de modo inequívoco a etiologia, ou seja, a origem ou a causa 
dos diversos distúrbios mentais, os agentes psicotrópicos não são curativos, apenas aliviam os sintomas 
através de mecanismos ainda não completamente elucidados. O comportamento normal ou anormal 
do ser humano, que está regulado por parâmetros, tais como o afeto, a percepção e a cognição, é 
profundamente afetado por mudanças físicas que ocorrem no SNC, que podem ser provocadas pela 
utilização destas substâncias, seja de forma lícita, durante o tratamento de distúrbios mentais, ou de 
forma ilícita, quando estas substâncias são usadas como o que popularmente se chama de “droga” 
(termo também empregado para definir substância biologicamente ativa, capaz de alterar determinada 
função física ou fisiológica no corpo humano). 
Com exceção dos sais de lítio e estrôncio, como os respectivos carbonatos, por exemplo, que são 
substâncias inorgânicas, a grande maioria das substâncias psicotrópicas são compostos orgânicos, que 
apresentam uma grande diversidade em sua estrutura molecular, tanto em relação às suas cadeias 
carbônicas, como também em seus grupamentos funcionais, e, por conseguinte, em suas funções 
orgânicas. Por isso mesmo, dentre outras razões, uma classificação adequada destas substâncias baseia-
se em sua ação farmacológica (ação sobre o organismo vivo de um modo geral) e em sua ação 
terapêutica (ação específica indicada para o tratamento de determinada enfermidade). Neste sentido, 
as substâncias psicotrópicas podem ser convenientemente classificadas em: 
A) ANSIOLÍTICOS 
B) ANTIDEPRESSIVOS 
C) ANTIPSICÓTICOS 
D) ALUCINÓGENOS 
 
 
 
 
 
.  2 . 
Sala de Leitura 
Substâncias Psicotrópicas 
Ansiolíticos 
Os agentes ansiolíticos, que antigamente eram conhecidos como tranqüilizantes menores, são 
substâncias empregadas, principalmente, no tratamento da ansiedade, como também em 
determinadas neuroses e tensões. As principais formas de ansiedade são: fobias (por exemplo: 
agorafobia, que se caracteriza pelo medo de sair de casa para espaços amplos e abertos; fobia social, de 
desempenho e de falar em público), ataques de pânico, pensamentos obsessivos, ímpetos compulsivos 
para executar atos específicos ou ansiedade generalizada (intensa e persistente). 
Muitas são as substâncias empregadas como ansiolíticos, mas aquelas consideradas mais eficazes no 
tratamento da ansiedade são os compostos benzodiazepínicos. As benzodiazepinas, como são 
comumente chamadas, foram introduzidas na clínica médica a partir de 1964 e o clordiazepóxido foi o 
primeiro membro desta classe. De lá para cá, foram desenvolvidas várias substâncias deste mesmo 
grupo (Figura 1). 
 
N
N
+
NH
O
-
Cl
CH3
N
NCl
CH3 O
N
NBr
H
N
O
N
H
N
O
O2N
Cl
N
H
NCl
O
Cl
OH
N
NCl
N
N
CH3
clordiazepóxido (Librium R ) diazepam ( Valium 
R ) lorazepam (Lorax R)
bromazepam ( Lexotan R ) clonazepam (Rivotril R ) alprazolam ( Frontal R )
 
Figura 1: Benzodiazepínicos amplamente empregados na clínica médica 
 
 
 
 
.  3 . 
Sala de Leitura 
Substâncias Psicotrópicas 
Relacionando a estrutura química à atividade biológica, observa-se que todos apresentam uma 
estrutura molecular básica, que apresenta um anel benzênico fundido a um anel heterocíclico 
(diazepínico), podendo ter as seguintes características estruturais, para apresentar uma maior atividade 
ansiolítica: 
 
9
6
8
7
N
H
1
2
5
N
4
3
 
Figura 2: Anel benzodiazepínico 
 
(a) grupo metila ligado ao átomo de nitrogênio na posição 1; 
(b) grupo “retirador de elétrons” (efeito eletrônico causado por átomo ou grupo de átomos 
ligado à cadeia carbônica, que provoca diminuição da densidade eletrônica em 
determinada região da estrutura molecular) na posição 7 (ex.: -Cl, -Br , -NO2 ) 
(c) grupo fenila (ou grupo fenila com um substituinte eletronegativo, como o 
–Cl na posição orto) na posição 5 . 
 
Antidepressivos 
A depressão - tida como uma das manifestações clínicas mais comuns nos transtornos mentais – 
caracteriza-se por alteração severa do humor, com lentificação mental e motora, desânimo, 
desinteresse, inquietação emocional, sentimentos de culpa, apreensão, que são, em geral, recorrentes e 
que podem conduzir a idéias suicidas. 
Encontra-se um grande número de compostos estruturalmente diversos, que já foram ou ainda são 
utilizados para conduzir à melhora dos transtornos depressivos, conduzindo pacientes mentalmente 
deprimidos a um estado mental melhorado. Destacam-se, entre estes, empregando-se uma 
classificação que considera tanto a estrutura química (primeiro, segundo e terceiro grupo), como o seu 
 
 
 
.  4 . 
Sala de Leitura 
Substâncias Psicotrópicas 
mecanismo de ação (quarto e quinto grupo) – assunto que será abordado mais adiante –, os seguintes 
grupos de substâncias: 
(a) sais de lítio; 
(b) anfetamina e derivados, agindo principalmente como estimulantes do SNC; 
(c) compostos tricíclicos; 
(d) inibidores da enzima monoamino-oxidase (MAO), comumente identificados 
como IMAOs; 
(e) inibidores seletivos da recaptação da serotonina (5-HT), identificados como ISRSs. 
 
Atualmente, entretanto, este último grupo reúne os antidepressivos mais comumente empregados. Os 
inibidores seletivos de recaptação de serotonina tornaram-se a classe dominante de antidepressivos 
por sua facilidade de uso, versatilidade e segurança, utilizados tanto na clínica psiquiátrica como na 
prática clínica em geral. Abaixo, são apresentados alguns exemplos de antidepressivos destes diversos 
grupos (Figura 3). 
 
 
 
 
.  5 . 
Sala de Leitura 
Substâncias Psicotrópicas 
Li2CO3 
Carbonato de Lítio 
 (grupo a)
 
N
N
CH3
CH3
N
CH3
CH3
imipramina (Tofranil R)
Amitriptilina (Tryptanol R)
(grupo c)
NH
NH2
NH2
fenelzina (Nardil R )
tranilcipromina (Parnate R )
O
NH CH3
Cl
Cl
NH
CH3
sertralina (Zoloft R )
fluoxetina (Prozac R )
(grupo d)
(grupo e)
CH3
NH2
CH3
NH
CH3
anfetamina metanfetamina
(grupo b)
 
Figura 3: Antidepressivos diversos 
 
Antipsicóticos 
As substâncias psicotrópicas enquadradas nesta classe, anteriormente conhecidas como tranqüilizantes 
maiores, são empregadas como principal tratamento para alguns dos pacientes mais perturbados, 
estando em condições mais graves do que as observadas anteriormente, e que são acompanhados em 
psiquiatria: tratamento de episódios esquizofrênicos agudos, prevenção da recorrência de sintomas 
psicóticos em pacientes esquizofrênicos (psicoses agudas), bem como outras condições psiquiátricas 
como mania e transtornos psicóticos. Sãosintomas característicos nestes casos: alucinações, delírios, 
falta de cooperação, embotamento afetivo, apatia e retraimento social, dentre outros. Entretanto, os 
agentes antipsicóticos não curam a esquizofrenia, apenas controlam as manifestações psicóticas, 
acelerando a remissão dos sintomas. Não são curativos, sendo sua ação primariamente paliativa. 
 
 
 
.  6 . 
Sala de Leitura 
Substâncias Psicotrópicas 
Semelhantemente ao observado em relação aos antidepressivos, os antipsicóticos comumente 
empregados não apresentam um padrão estrutural determinado, mostrando significativas diferenças 
em suas estruturas químicas. O primeiro antipsicótico empregado com relativo sucesso foi a 
clorpromazina, na década de 50, do século XX. Desde então, muitos outros agentes com ação 
antipsicótica foram empregados na clínica psiquiátrica –com destaque para alguns –, que podem ser 
classificados de acordo com sua estrutura química, como se segue: 
a) derivados fenotiazínicos, onde se inclui a clorpromazina; 
b) derivados tioxantênicos; 
c) butirofenonas ; 
d) derivados dibenzodiazepínicos; 
e) derivados benzioxazólicos. 
 
Algumas substâncias de cada uma destas classes são apresentadas abaixo (Figura 4). 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
.  7 . 
Sala de Leitura 
Substâncias Psicotrópicas 
S
N Cl
N
CH3
CH3
S
N CF3
N
N
CH3
clorpromazina (Amplictil R ) trifluoperazina (Stelazine R )
a)derivados fenotiazínicos
S
Cl
N
CH3
CH3
clorprotixeno (Taractan R )
b)derivado tioxantênico
F
O
N
Cl
OH
haloperidol (Haldol R )
c) uma butirofenona
N
N
H
N
N
CH3
Cl
clozapina (Leponex R )
d) um dibenzodiazepínico
N
N
N
N
O
F
O
CH3
risperidona (Risperdal R )
e)derivado benzisoxazólico
 
Figura 4: Alguns antipsicóticos mais comumente empregados 
 
As substâncias antipsicóticas produzem uma larga faixa de efeitos colaterais, que geram reações 
adversas muito incômodas, desconfortáveis ou mesmo perigosas. Por essa razão, o conhecimento 
detalhado destes efeitos deve ser considerado quando se seleciona determinada substância com fins 
terapêuticos. 
 
 
 
 
.  8 . 
Sala de Leitura 
Substâncias Psicotrópicas 
Alucinógenos 
Alucinógenos são substâncias psicotrópicas que causam sensibilidade perceptiva aumentada, ilusões 
nítidas, fantasias e alucinações visuais. Estas alterações perceptivas associam-se ocasionalmente a uma 
franca reação de pânico, designada popularmente como “bad trip” (viagem ruim, em inglês). Os 
alucinógenos mais comuns, obtidos de fontes naturais, são: a mescalina, que é obtido do Peiote, uma 
planta cactácea (cactus) nativa no México (América Central); o LSD (dietilamida do ácido lisérgico), que 
é preparado a partir de uma das substâncias (o ácido lisérgico) encontrado no Ergot, fungo que se 
desenvolve no esporão do centeio; a psilocibina e a psilocina, encontrados em cogumelos (fungos 
superiores) do gênero Psylocibe, dentre outros, largamente distribuídos na América do Sul e Central e o 
DMT (N,N-dimetil-triptamina), que se encontra em espécies de plantas de vários gêneros e é 
componente importante da mistura denominada ayahuasca, o chá sagrado de religiões como o Santo 
Daime e de rituais indígenas brasileiros. Estão enquadradas nesta classe, também, substâncias 
sintéticas, que são derivadas da anfetamina (vide Figura 3), como a 2,5-dimetoxi-4-metil-anfetamina 
(DOM / STP) e a 3,4-metilenodioxi-metanfetamina (MDMA), popularmente conhecida como “Ecstasy” 
(Figura 5). 
Os agentes alucinogênicos são de escassa aplicação terapêutica e apenas alguns apresentam interesse 
prático, pois produzem psicoses, normalmente intensas. É o caso do LSD, da mescalina e da psilocibina, 
que podem ser usados, até certo ponto, na medicina, para produzir psicoses-modelo na investigação da 
relação entre a mente, o cérebro e os mecanismos bioquímicos, com o objetivo de elucidar a origem e a 
causa de doenças mentais, auxiliando na psicoterapia. 
Entretanto, a autoadministração dessas drogas é altamente perigosa, pois reações graves são 
observadas: pânico agudo, alucinações recorrentes (“flashbacks”, em inglês), estados depressivos e 
ansiedade crônica, podendo, até, conduzir à morte acidental ou ao suicídio. Tendo amplo consumo 
ilegal, constitui grave problema em vários países, porque o uso ilícito está aumentando. Organismos 
governamentais e não-governamentais, nacionais e supranacionais, que atuam na área da saúde e da 
segurança pública, estão envidando esforços no sentido de promover campanhas em massa para 
restringir esta tendência. 
 
 
 
 
.  9 . 
Sala de Leitura 
Substâncias Psicotrópicas 
N
H
N
CH3
H
O
N
CH3CH3
N
H
OH
N
CH3 CH3
NH2O
O
O
CH3
CH3
CH3
NH2
O
CH3
CH3
O
CH3
dietilamida do ácido
lisérgico (LSD)
psilocinamescalina
NO
O
CH3
CH3
H
N
H
O
N
+
CH3 CH3
P
O
OH
O
-
H
psilocibina
3,4-metilenodioxi-metanfetamina 
(MDMA / Ecstasy)
2,5-dimetoxi-4-metil-anfetamina
(DOM / STP)
N
H
N
CH3 CH3
N,N-dimetil-triptamina (DMT)
 
Figura 5: Alucinógenos de origem natural e sintética mais conhecidos 
 
Observa-se, quanto à estrutura química, que estão presentes substâncias contendo dois núcleos 
básicos, a saber : 
a) o anel indólico, presente no LSD, na psilocibina, na psilocina e no DMT; 
b) o anel benzênico (fenilalquilamínico ), presente na mescalina e nas anfetaminas sintéticas ( 
DOM / STP e MDMA / “Ecstasy”). 
 
 
4
7
5
6
3
2
N
H
1
R
1
6
2
5
3
4
R
anel indólico anel benzênico
R= -CH2-CH2-N(CH3)2
 ou cicloalquila (LSD)
R= -CH2-CH2-NH2 ou
 -CH2-CH2(CH3)-NH(CH3)
 (MDMA)
 
Figura 6 
 
 
 
.  10 . 
Sala de Leitura 
Substâncias Psicotrópicas 
Modos de Ação 
Tudo o que fazemos é controlado por sinais nervosos que percorrem rapidamente o nosso cérebro e as 
várias partes de nosso sistema nervoso. O cérebro e a medula espinhal compõem o sistema nervoso 
central (SNC). Outras partes do sistema nervoso correspondem ao sistema nervoso periférico (SNP) e 
estão distribuídas pelo organismo. O cérebro recebe, processa e age por informação originada no SNC 
ou trazida até ele pelo SNP. Ele controla ambas as nossas ações voluntárias (como andar, comer, falar) e 
involuntárias, executadas por vários órgãos e sistemas do nosso corpo (como, por exemplo, o controle 
do batimento cardíaco, a ação muscular automática dos vasos sanguíneos do sistema circulatório e as 
secreções endócrinas das diversas glândulas). 
São conhecidas como neurônios as principais células nervosas que compõem os tecidos do sistema 
nervoso, exercendo funções de transmissão e processamento dos sinais que levam mensagens para 
todo o conjunto do sistema. Estas células nervosas variam muito, tanto na forma como no tamanho, e 
apresentam-se com três partes essenciais: o axônio, o corpo celular e os dendritos. O cérebro funciona 
através de seus bilhões de neurônios envolvidos em milhões de redes neuronais. Os neurônios se 
assemelham a pequenos circuitos que passam impulsos elétricos, como mensagens, ao longo de uma 
rede com muitos outros neurônios, resultando em uma ação específica. Este estímulo elétrico está 
fundamentado em mudanças nas concentrações de íons positivos, os cátions sódio (Na+) e potássio (K+), 
tanto dentro como fora do neurônio. 
É importante observar que nestas redes os neurônios não estão fisicamente conectados, não havendo 
um caminho contínuo que vai do SNC a determinado órgão e vice-versa. O impulso elétrico é 
transmitido em menosde um milionésimo de segundo pelo axônio de um neurônio, através de uma 
pequena fenda, denominada sinapse, para um dendrito de um neurônio adjacente. A sinapse consiste 
em uma zona de contato entre dois neurônios, sendo capaz não só de transmitir mensagens entre duas 
células, mas também de bloqueá-las ou modificá-las. Quando um impulso elétrico que vem do cérebro 
alcança a terminação de um axônio, substâncias químicas específicas, conhecidas como 
neurotransmissores, são liberadas e, atravessando a sinapse, ligam-se aos dendritos do neurônio 
adjacente, desencadeando o fluxo de íons Na+ e K+, o que permite que o impulso elétrico atinja o 
próximo neurônio. 
Alguns dos neurotransmissores mais conhecidos são apresentados abaixo (Figura 7). 
 
 
 
 
 
 
.  11 . 
Sala de Leitura 
Substâncias Psicotrópicas 
 
NH2
OH
OH
OH
NH
OH
OH
OH
CH3
NH2OH
OH
NH
N
NH2
CH3 O
N
+
O
CH3
CH3
CH3
NH2 OH
O
NH2 COOH
Norepinefrina(Noradrenalina) Epinefrina (Adrenalina)
Dopamina Serotonina
Histamina Acetilcolina
Ácido g-aminobutírico(GABA) Glicina
N
H
NH2
OH
 
Figura 7: Alguns neurotransmissores mais importantes 
 
Diferentes neurônios empregam neurotransmissores distintos. Cada um tem uma função específica e 
liga-se a um sítio receptor definido existente na célula nervosa receptora. Este sítio receptor (ou apenas 
receptor) é um componente celular, podendo ser, provavelmente, uma porção limitada de uma 
macromolécula, em geral de natureza protéica, que interage com as substâncias químicas endógenas, 
ou seja, produzidas no próprio organismo, como são os neurotransmissores. Alguns estimulam o 
neurônio receptor a enviar o impulso elétrico enquanto outros interrompem este estímulo. 
As substâncias psicotrópicas (psicofármacos), bem como outras drogas que atuam no SNC, o fazem por 
interação com os neurotransmissores ou com os locais em que eles atuam diretamente, os seus 
 
 
 
.  12 . 
Sala de Leitura 
Substâncias Psicotrópicas 
receptores. Estas substâncias são de dois tipos principais: agonistas e antagonistas. As agonistas agem 
“mimetizando” ou aumentando a ação de determinado neurotransmissor. As antagonistas agem 
bloqueando o receptor, por exemplo, prevenindo ou impedindo a ação do neurotransmissor sobre ele. 
Dessa forma, podem afetar a biossíntese, o armazenamento e a recaptação destas aminas biógenas, os 
neurotransmissores. 
Estas interações ocorrem, principalmente, porque os psicofármacos, de uma maneira geral, apresentam 
uma semelhança estrutural significativa com os neurotransmissores, podendo provocar um estímulo ou 
inibição da ação destes, por competição pelo mesmo receptor. São substâncias químicas que contém, 
em geral, cadeias carbônicas acíclicas e/ou cíclicas, apresentando anel aromático e/ou heterocíclico 
(não raro, fundidos ou condensados), contendo grupamentos funcionais como a hidroxila alcoólica 
e/ou fenólica, de funções orgânicas como éter, amida, por exemplo, mas, principalmente, sustentando 
átomo de nitrogênio de natureza básica, que caracteriza a função amina, comumente encontrada nos 
neurotransmissores. Cabe ressaltar que diversas substâncias psicotrópicas também se apresentam com 
um arranjo espacial de seus átomos dispostos na estrutura molecular de maneira análoga àquela 
encontrada nas substâncias químicas endógenas, os neurotransmissores. 
Os antidepressivos, por exemplo, aumentam a concentração de neurotransmissores, como a 
norepinefrina e a serotonina, no cérebro. Os mais bem conhecidos são as anfetaminas e seus derivados. 
Observa-se uma semelhança estrutural entre a anfetamina e a metanfetamina com a norepinefrina 
(noradrenalina), que quando formada em excesso, provoca entusiasmo e excitação, e, provavelmente 
até hiperatividade. Em grandes excessos ela pode conduzir a estados maníacos e sua deficiência pode 
causar depressão. Esta semelhança ajuda na compreensão da atividade estimulante (antidepressiva) 
das anfetaminas. 
Diferentes neurônios empregam neurotransmissores distintos. Cada um tem uma função específica e 
liga-se a um sítio receptor definido existente na célula nervosa receptora. Este sítio receptor (ou apenas 
receptor) é um componente celular, podendo ser, provavelmente, uma porção limitada de uma 
macromolécula, em geral de natureza protéica, que interage com as substâncias químicas endógenas, 
ou seja, produzidas no próprio organismo, como são os neurotransmissores. Alguns estimulam o 
neurônio receptor a enviar o impulso elétrico enquanto outros interrompem este estímulo. 
As substâncias psicotrópicas (psicofármacos), bem como outras drogas que atuam no SNC, o fazem por 
interação com os neurotransmissores ou com os locais em que eles atuam diretamente, os seus 
receptores. Estas substâncias são de dois tipos principais: agonistas e antagonistas. As agonistas agem 
“mimetizando” ou aumentando a ação de determinado neurotransmissor. As antagonistas agem 
bloqueando o receptor, por exemplo, prevenindo ou impedindo a ação do neurotransmissor sobre ele. 
Dessa forma, podem afetar a biossíntese, o armazenamento e a recaptação destas aminas biógenas, os 
neurotransmissores. 
 
 
 
.  13 . 
Sala de Leitura 
Substâncias Psicotrópicas 
Estas interações ocorrem, principalmente, porque os psicofármacos, de uma maneira geral, apresentam 
uma semelhança estrutural significativa com os neurotransmissores, podendo provocar um estímulo ou 
inibição da ação destes, por competição pelo mesmo receptor. São substâncias químicas que contém, 
em geral, cadeias carbônicas acíclicas e/ou cíclicas, apresentando anel aromático e/ou heterocíclico 
(não raro, fundidos ou condensados), contendo grupamentos funcionais como a hidroxila alcoólica 
e/ou fenólica, de funções orgânicas como éter, amida, por exemplo, mas, principalmente, sustentando 
átomo de nitrogênio de natureza básica, que caracteriza a função amina, comumente encontrada nos 
neurotransmissores. Cabe ressaltar que diversas substâncias psicotrópicas também se apresentam com 
um arranjo espacial de seus átomos dispostos na estrutura molecular de maneira análoga àquela 
encontrada nas substâncias químicas endógenas, os neurotransmissores. 
Os antidepressivos, por exemplo, aumentam a concentração de neurotransmissores, como a 
norepinefrina e a serotonina, no cérebro. Os mais bem conhecidos são as anfetaminas e seus derivados. 
Observa-se uma semelhança estrutural entre a anfetamina e a metanfetamina com a norepinefrina 
(noradrenalina), que quando formada em excesso, provoca entusiasmo e excitação, e, provavelmente 
até hiperatividade. Em grandes excessos ela pode conduzir a estados maníacos e sua deficiência pode 
causar depressão. Esta semelhança ajuda na compreensão da atividade estimulante (antidepressiva) 
das anfetaminas. 
 
NH2
OH
OH
OH
Norepinefrina(Noradrenalina)
NH2
CH3
Anfetamina
 
Figura 8 
 
Já os antipsicóticos, acredita-se, atuam bloqueando especificamente receptores da dopamina, que é um 
neurotransmissor com efeito estimulante no cérebro e está envolvida com a ação e a integração do 
movimento muscular, bem como no controle da memória e da emoção. É o caso das fenotiazinas, que 
atuam como antagonistas da dopamina. A esquizofrenia tem sido relacionada com excesso de 
dopamina e os psicofármacos que bloqueiam seu sítio receptor são empregados para o tratamento 
desta condição. 
 
 
 
.  14 . 
Sala de Leitura 
Substâncias Psicotrópicas 
Os agentes alucinogênicos (alucinógenos) atuam por competição com a serotonina pelos mesmos 
receptores. Há semelhanças estruturais entre os alucinógenos mais potentes e a serotonina (análogos 
estruturais totais ou parciais). 
 
NH
NH2
OH
Serotonina
N
H
N
CH3
H
N
CH3
CH3
N
H
OH
N
CH3 CH3
LSD
Psilocina
 
Figura 9 
A serotonina é um neurotransmissor que parece desempenhar um papel importante nos transtornos 
mentais. Está envolvida no sono, na percepção sensorial, na regulação da temperatura corporal, 
podendo afetar também o humor. O seu exato papel, entretanto, não está totalmente esclarecido. 
Para finalizar, é necessário alertar para uma questão importante em relação ao uso de substâncias 
psicotrópicas: o fenômeno da dependência. Entende-se por dependência a necessidade psicológica ou 
física de continuar consumindo determinada substância química. Ela pode ser psicológica, física ou 
ambas. A dependência psicológica, também conhecida como habituação, é caracterizada por uma 
avidez contínua ou intermitente pela substância. A dependência física (fisiológica) é caracterizada pela 
tolerância, ou seja, a necessidade de consumir a substância para evitar a ocorrência de uma crise de 
abstinência. A abstinência é um transtorno composto por vários sintomas que se manifestam quando o 
indivíduo deixa ou está impedido de usar a substância a qual está habituado. A abstinência de 
anfetaminas, por exemplo, causa instabilidade emocional e de humor, fadiga, distúrbios do sono, 
grande agitação e avidez pela droga. 
 
 
 
 
 
.  15 . 
Sala de Leitura 
Substâncias Psicotrópicas 
Conclusão 
Pelo exposto acima, pode-se observar a extrema importância das substâncias psicotrópicas, por conta 
do papel que desempenham no tratamento auxiliar da doença mental. A esta enfermidade muito 
grave, soma-se, ainda, a marginalização das pessoas que a possuem. A discriminação torna-se maior 
quando acomete pessoas de baixo poder aquisitivo que, sem possibilidade de receber tratamento 
adequado, são conduzidas ao total abandono. 
As substâncias psicotrópicas só devem ser administradas sob prescrição e acompanhamento médico, 
prevenindo-se, assim, o uso inadequado e o abuso que podem trazer graves danos para a saúde.

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