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ENGENHARIA DE CONFIABILIDADE ANEXO 8 – RCFA / ANÁLISE DAS CAUSAS RAÍZES DE FALHA Eduardo de Santana Seixas Pág: Anx. VIII.1 Análise estruturada que auxilia na identificação da causa verdadeira de um problema e das ações necessárias para elimina-la. As causas raízes de falha podem ser visualizadas sob três pontos básicos: Problemas físicos: elementos tangíveis (observados e mensuráveis). Problemas humanos: erros humanos (omissão e comissão). Problemas latentes: conseqüências adversas que podem ficar dormentes por muito tempo, somente tornando-se evidente quando se combinam com outros fatores para quebrar a defesa de um sistema. Problema: “desvio negativo de um desempenho normal” ou “um estado de dificulda- de que precisa ser resolvido”. A RCFA utiliza as técnicas FMEA (falhas observadas somente, não considera as fa- lhas potenciais) e FTA para apoiar a análise. Considerações básicas da análise: As hipóteses levantadas devem estar baseadas em fatos. As perdas devem ser calculadas para cada modo de falha. Os “gaps” de produção devem ser analisados (demonstrar onde nós estamos e onde poderíamos estar). O Conceito dos 5 P’s Peças: o que falhou ? Transformador, disjuntor, isolador, chave, ... . Posição: onde e quando a falha ocorreu ? Posição onde o item falhou, posição física do componente que falhou, ponto no tempo da ocorrência e ocorrências passadas, posição dos instrumentos de leitura, posição do pessoal na hora da ocorrência, condições ambientais relacionadas à ocorrência, ... . Pessoa: quem pode fornecer informações acerca do evento ? Pessoal de manu- tenção, fabricante, pessoal de operação, pessoal da área de laboratório, área de projeto, ... . Papel: documentos existentes, tais como: relatórios de laboratórios, especifi- cações, normas e procedimentos operacionais e de manutenção, histórico de falhas, ... . Paradigmas: tomada de decisão (quando uma população compartilha o mes- mo conhecimento, torna-se um paradigma). Mostra o efeito que os paradigmas tem na tomada de decisão dos elementos humanos, tais como: não tenho tem- po para desenvolver uma análise de falhas, este problema não tem solução, nós temos tentado resolver por mais de 10 anos, o equipamento falha por que é muito antigo, este é um outro programa do mês, falhas acontecem e o melhor que podemos fazer é melhorar nossa resposta, ... . ENGENHARIA DE CONFIABILIDADE ANEXO 8 – RCFA / ANÁLISE DAS CAUSAS RAÍZES DE FALHA Eduardo de Santana Seixas Pág: Anx. VIII.2 Árvore Lógica A partir de um evento observado (fato) á árvore é montada e dependendo das respos- tas, o usuário será direcionado para um determinado caminho lógico. Algumas considerações da FRCA: As hipóteses são adivinhações educadas. Um caso sólido é construído com base em fatos, não em suposições. Hipóteses que são aceitas sem validação são apenas suposições. As hipóteses que são provadas verdadeiras tornam-se fatos. Quando um sistema é inadequado ou obsoleto as pessoas acabam tomando de- cisões erradas baseadas em informações falhas. Eventos crônicos (mais fáceis de analisar devido a sua alta freqüência) e espo- rádicos (necessário investigar os fatos no local da ocorrência). Falha da Bomba Falha do Eixo Falha do Selo Falha do Rolamento Falha do Motor Sobrecarga ErosãoFadigaCorrosão 1 2 3 4 5 6 7 F H L F H L F H L F H L 1 – Descrever o evento (última ligação da cadeia de erros). 2 – Descrever os modos de falha (fatos observados) 3 – Hipóteses levantadas 4 – Verificar as hipóteses (5 P’s: peças, posição, pessoas, papéis e paradigmas). 5 – Determinar as raízes físicas e verificar 6 – Determinar as raízes humanas e verificar (omissões e comissões). Instalação ina- dequada, erro de projeto, excesso de lubrificação, falta de lubrificação, erro de especi- ficação, ... . 7 – Determinar as raízes latentes e verificar (sistema organizacional que as pessoas utilizam para tomar decisões). ENGENHARIA DE CONFIABILIDADE ANEXO 8 – RCFA / ANÁLISE DAS CAUSAS RAÍZES DE FALHA Eduardo de Santana Seixas Pág: Anx. VIII.3 Exemplo: Problemas constantes estão ocorrendo com a rede LAN (Local Area Network) em nossos escritórios. Este é um problema universal que observamos em nossas viagens. Se observarmos pelo lado da RCFA, perguntaríamos: “Qual o evento neste caso ? O efeito final da cadeia de erros é que a LAN não está funcionado como esperado. Por- tanto, podemos dizer que “falhas repetitivas de rede” estão ocorrendo, e este é o efei- to final da cadeia “causa e efeito”. Falhas Repetitivas de Rede Agora vamos ver todos os fatos que ocorreram no passado, ou seja, os modos de fa- lha, ou seja: muito tempo para acessar o banco de dados, falha de disco (whinchester), falha de impressora e sem conexão de rede. Estes são os fatos observados no passado pelos usuários do sistema. O fato mais observado está relacionado com as impressoras, ou seja, não imprime quando um trabalho é enviado. Essa reclamação absorve cerca de 80% do tempo dos técnicos de manutenção. Logo podemos iniciar a construção de nossa árvore lógica. Falhas Repetitivas de Rede Sem Conexão com a Rede Impressora Não Imprime Falha de Disco Muito Tempo para Acessar o BD Neste ponto podemos começar o nosso questionamento hipotético sobre o que pode estar provocando este problema, ou seja: impressora não imprime. O processo natural seria responder com respostas do tipo “sem tinta”, “sem energia”, “erro de configura- ção”, “erro do operador”, “sem papel”, etc. Todas estas hipóteses são válidas mas elas não vão ao encontro do critério “amplo e completo ?”. Esta é a parte mais difícil de construção da árvore lógica, pensar amplamente ! Aqui podemos começar a estabelecer algumas possibilidades: é problema da impres- sora, do computador ou do cabo ? Estas três possibilidades nos fornecem um senso amplo e completo do problema. Logo podemos construir a primeira “perna” da árvore lógica. ENGENHARIA DE CONFIABILIDADE ANEXO 8 – RCFA / ANÁLISE DAS CAUSAS RAÍZES DE FALHA Eduardo de Santana Seixas Pág: Anx. VIII.4 Falhas Repetitivas de Rede Sem Conexão com a Rede Impressora Não Imprime Falha de Disco Muito Tempo para Acessar o BD Falha do Cabo da Impressora Falha do Computador Falha da Impressora Agora, vamos iniciar as atividades que vão nos dizer quais são as hipóteses verdadei- ras e quais não são. Vamos agora testar a primeira hipótese, ou seja, pegar um “laptop” e conecta-lo a impressora com o mesmo cabo e o operador para testar a sua funcionalidade. Neste caso a impressora e o cabo funcionaram perfeitamente, assim como, as atividades conduzidas pelo operador. Aqui, não podemos selecionar o computador pelo processo de eliminação. O compu- tador deve também ter um teste para validá-lo. Neste caso nós podemos ligar outra impressora (pré-testada) ao mesmo computador para testar sua funcionalidade com o mesmo operador. Concluiu-se do teste que a nova impressora também não funcionou com o mesmo computador, Logo: Falhas Repetitivas de Rede Sem Conexão com a Rede Impressora Não Imprime Falha de Disco Muito Tempo para Acessar o BD Falha do Cabo da Impressora Falha do Computador Falha da Impressora Vamos continuar fazendo nosso questionamento procurandoo próximo nível e per- guntando como um mau funcionamento do computador poderia provocar a não im- pressão pela impressora. ENGENHARIA DE CONFIABILIDADE ANEXO 8 – RCFA / ANÁLISE DAS CAUSAS RAÍZES DE FALHA Eduardo de Santana Seixas Pág: Anx. VIII.5 Falha do Cabo da Impressora Falha do Computador Falha da Impressora Falha de Software Falha de Hardware Agora, testes devem ser desenvolvidos para provar ou não essas hipóteses. Utilizando um software de diagnóstico observou-se que o sistema não estava reconhecendo a placa de porta paralela e não foi identificada qualquer indicação de falha de software. Logo: Falha do Cabo da Impressora Falha do Computador Falha da Impressora Falha de Software Falha de Hardware Falha de Placa Mãe Falha da Placa Porta Paralela Neste ponto nós removemos a placa, limpamos a área de contato e recolocamos a pla- ca no slot, assegurando que a instalação e fixação foram bem feitas. Mesmo assim a impressora não operou confirmando-se o problema da placa. Aqui nós colocamos um círculo no diagrama para identificarmos uma causa raiz de falha. Falha do Cabo da Impressora Falha do Computador Falha da Impressora Falha de Software Falha de Hardware Falha de Placa Mãe Falha da Placa de Porta Paralela ENGENHARIA DE CONFIABILIDADE ANEXO 8 – RCFA / ANÁLISE DAS CAUSAS RAÍZES DE FALHA Eduardo de Santana Seixas Pág: Anx. VIII.6 Dado que identificamos a causa raiz de falha agora precisamos determinar as raízes latentes. Nosso questionamento continua com: “Como nós podemos ter uma falha de placa de porta paralela que está causando um mau funcionamento de hardware que está causando um mau funcionamento do computador que está causando a não im- pressão por parte da impressora ? ”. Neste caso, temos três hipóteses: “instalada de modo impróprio” e/ou “adquirida com problema” e/ou “tornou-se defeituosa em uso”. Nós já concluímos que a prática de instalação é adequada. Também eliminamos a hipótese que o cartão tornou-se defeituoso durante o uso pois as entrevistas revelaram que a impressora foi instalada na rede (antes operava sem impressora) e desde quando foi instalada esta não operou sendo desviada para outro computador. Isto nos conduz para a situação que provavelmente a placa já veio com problema de fábrica. Agora nós devemos rever as nossas práticas de compra e determinar se os procedi- mentos de compra estão permitindo que componentes com defeito entrem na organi- zação. Das informações coletadas pelo 5-P´s identificamos que não há lista de fornecedores qualificados e que há especificações inadequadas para aquisição. Foi identificado que as compras são feitas com base no menor preço. Por isso, foi adquirida uma placa de baixa qualidade, isto envolve o elemento humano quando da decisão que resulta em ações a serem tomadas, isto é, causa de raiz humana. Lembrar que, para o nível de raiz humana, a nossa pergunta deveria ser: “Por que nós escolhemos comprar a placa deste fornecedor em vez de adquirirmos em outro forne- cedor ?” Nossa resposta: “Não há uma lista de fornecedores qualificados”, “não há especificações para o item” e há “uma mentalidade de baixo custo”. Essas são as ra- zões por trás da decisão e desse modo são raízes latentes. Falha de Placa Mãe Falha da Placa de Porta Paralela Falha de Instalação Adquirida Placa de Baixa Qualidade Mentalidade de Compra pelo Menor Preço Falta de Especificação dos Itens Falta de Lista de Fornecedores Qualificados ENGENHARIA DE CONFIABILIDADE ANEXO 8 – RCFA / ANÁLISE DAS CAUSAS RAÍZES DE FALHA Eduardo de Santana Seixas Pág: Anx. VIII.7 Na figura acima estão identificadas as raízes humana e latente. Quando olhamos para este exemplo, embora acadêmico, poderíamos relacionar com nosso próprio ambiente onde rompimentos são causados em nossos processos devido à infiltração de compo- nentes defeituosos dentro de nossas organizações.
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