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Movimento Ondulatório Notas de Aulas Prof. Antonio F Fortes II Semestre de 2008 1 Ondas As ondas são oscilações que se propagam no espaço. Em uma estação fixa xo, a passagem de um trem de ondas pode produzir tanto oscilações transversais como longitudinais à direção do deslocamento do trem. A velocidade de propagação v destas ondas depende das propriedades materiais do meio. Associado à velocidade de propagação, uma onda transporta momento linear, mas não transfere massa. v u(x,t) xo λ y m Figura 1: Uma onda transversal: Onda senoidal em uma corda elástica. v u(x,t) xo λ Figura 2: Uma onda longitudinal: Onda compressiva (sonora) em um tubo de ar. Em um tempo t qualquer, a onda na corda elás- tica mostrada na figura(uma foto da corda e de um tubo de som no tempo t) tem comprimento λ e amplitude ym. Atribuindo à onda a forma senoidal, a oscilação transversal está definida por y(x, t) = ymsen(kx− ωt), onde ω é a frequência angular e k é o número de onda. À frequência angular está associada a frequência ν = 1/T = 2pi/ω onde T é o período. Ao comprimento de onda λ corresponde um período, de modo que, por definição, v = λν Para a onda senoidal acima, a velocidade de oscilação transversal é u(t) = ∂y(x, t) ∂t = −ωym cos(kx− ωt) Na propagação em uma corda elástica isolada, a forma original de uma onda se preserva. Sendo assim, assumindo v constante, se na estação xo em t = 0 o valor de y é yo, este mesmo valor de y se repetirá em um instante t > 0, na estação x = xo + vt, de modo que yo = ymsen(kxo) = ymsen[k(xo + vt)− ωt] = ymsen[kxo + (kv − ω)t] v v vt y o t = 0 t = t xo Como a expressão acima calcula a ordenada yo em qualquer t, então, necessariamente, kv − ω = 0 ∴ v = ω k = λ T = λν, como já definido anteriormente. Logo, o movimento da onda senoidal ao longo de x ocorre de tal forma que y(x, t) = ymsen(kx− ωt) = ymsen[k(x− vt)]. De forma geral, pode-se então afirmar que uma onda y = f(x, t) propagando-se com velocidade v constante ao longo de x depende de x e t na forma (x− vt), i.e, y(x, t) = f(x− vt), ou, se a velocidade v está orientada no sentido negativo do eixo dos x, y(xt) = f(x+ vt). 2 Velocidade de propagação É possível determinar experimentalmente que a velocidade da onda em uma corda elástica tensionada com uma força τ depende da densidade linear µ e da força τ , i.e, v = f(µ, τ). Dimensionalmente, portanto, é possível escrever, de acordo com o Teorema dos Π′s, de Buckingham, LT−1 = Mpi1L−pi1Mpi2Lpi2T−2pi2, que resulta em um sistema de equações algébricas para determinar os expoentes Π′s que tornam dimensi- onalmente homogênea a equação v = f(µ, τ): pi1 + pi2 = 0 −pi1 + pi2 = 1 −2pi2 = −1, 2 cuja solução é pi2 = 1/2 = −pi1. Logo, v = f (√ τ µ ) . A curva de ajuste dos dados experimentais mostra que a função f apenas multiplica √ τ/µ por 1, i.e, v = √ τ/µ. O mesmo resultado pode ser obtido aplicando-se a segunda lei de Newton a um segmento ds da corda. 3 Energia no movimento ondulatório A energia cinética de um elemento de corda dm de densidade linear µ é dK = u2 2 dm = u2 2 µdx = 1 2 µ ( ω2y2m cos 2(kx− ωt) ) dx. Dividindo a equação por dt, dK dt = 1 2 vµ ( ω2y2m cos 2(kx− ωt) ) . Em um comprimento de onda, o valor médio desta potência cinética será, pelo teorema do valor médio, λ dK dt = 1 2 vµω2y2m ∫ λ 0 cos2(kx− ωt)dx. Logo, dK dt = 1 4 vµω2y2m é a energia cinética média carregada pela onda. Da mesma forma, uma dedução semelhante resulta no mesmo valor para a energia potencial média da onda. A potência total, portanto, será P = dK dt + dU dt = 1 2 vµω2y2m = 2pi 2µvν2y2m. O fato da potência média depender do quadrado da amplitude da onda é um resultado geral para o movimento ondulatório, ainda que mostrado aqui apenas para uma onda elástica em uma corda. 3 4 A equação da onda Sobre uma corda elástica sujeita a um movimento ondulatório, a tensão T em um ponto da corda tem a componente H = constante porque não há aceleração na direção x. T y x H V dx α v Neste ponto, V (x, t) = −H(x, t) tanα = −H ∂y(x, t) ∂x . Assumindo que o peso de um elemento dm = µdx da corda é desprezível quando comparado à componente vertical V , a segunda lei de Newton aplicada a dm na direção y resulta em µdx ∂2y(x, t) ∂t2 = −H ∂y(x, t) ∂x +H ∂y(x+ dx, t) ∂x = H ∂ ∂x [y(x+ dx, t)− y(x, t)] . Em aproximação de primeira ordem, y(x+ dx, t) ≈ y(x, t) + ∂y(x, t) ∂x dx. Substituindo esta aproximação na última equação, obtem-se, finalmente, µdx ∂2y(x, t) ∂t2 = H ∂ ∂x ( ∂y(x, t) ∂x ) dx, ou ∂2y(x, t) ∂t2 = ( H µ ) ∂2y(x, t) ∂x2 . Nesta equação, a constante √ H/µ é precisamente a velocidade de propagação obtida anteriormente pela análise dimensional. Além disso, esta equação admite soluções do tipo y(x± vt), o que pode ser verificado substituindo esta solução na equação. Ainda que deduzida para a propagação de uma onda elástica em uma corda, este é um resultado de caráter geral que descreve a propagação de uma onda ao longo de x em um meio onde não há dissipação de energia. 5 Interferência e superposição de ondas Se y1 e y2 são soluções da equação da onda, é fácil verificar que y1 + y2 também será uma solução. Exatamente como ocorreria com a propagação de ondas circulares que se cruzam na superfície da água, a superposição de duas cristas ou duas calhas resulta em uma onda cuja amplitude é a soma das amplitu- des(interferência construtiva, ou em fase), e a superposição de uma crista e de uma calha resulta em uma onda de amplitude menor, igual à diferença das amplitudes(interferência destrutiva, ou fora de fase). Este é princípio da superposição, ou de interferência, de ondas. 4 A superposição de duas ondas pode resultar em uma onda estacionária, isto é, uma onda que não se desloca. Por exemplo, a onda resultante da superposicão de y1 = ymsen(kx−ωt) e y2 = ymsen(kx+ωt) é y = y1 + y2 = 2ymsen(kx) cos(ωt), o que pode ser facilmente verificado pela identidade trigonométrica sen(a− b) + sen(a+ b) = 2sen(a) cos (b). A soma y1 + y2 é estacionária porque 2ymsen(kx) representa a amplitude da onda y, com um valor para cada x, que oscila com frequência angular igual a ω. Ver a animação gráfica desta superposição no enedereço http://www.geocities.com/fundamentos04. Uma outra situação que ilustra a superposição de ondas é o da batida sonora, exemplificada aqui pela interferência de duas ondas de mesma amplitude e frequências ligeiramente diferentes, mostrada na figura. 0.5 1 1.5 2 2.5 −1 0 1 I 0.5 1 1.5 2 2.5 −1 0 1 II 0.5 1 1.5 2 2.5 −2 0 2 II I Figura 3: Onda III = Onda I + Onda II, onde νI = 1, 25νII e νEnvoltória = (νI − νII)/2. O resultado é uma modulação de frequência, representada pela onda verde tracejada, a envoltória(carrier wave, em inglês), cuja frequência é muito menor que a frequência da onda resultante da superposição. Os conceitos básicos da teoria do movimento ondulatório expostos nestas notas podem ser também encontrados no endereço http://electron.physics.buffalo.edu/claw/. ⊎ ⊎ ⊎ ⊎ 5
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