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seção 1, 2, 3 e 4 e seus respectivos questionários - EAD-SOCIOAMBIENTAL - UCSAL - 2018

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Seção 1 – A Educação Ambiental: seus objetivos e fundamentos
A Educação Ambiental
... a terra lhe é preciosa e feri-la é desprezar o seu Criador. Os brancos também passarão: talvez mais cedo do que todas as outras tribos. Contaminam suas camas e uma noite serão sufocados pelos próprios dejetos. (Seattle, 1854, p. 335).
Entende-se por Educação Ambiental (EA) os processos por meio dos quais o indivíduo e a coletividade constroem valores sociais, conhecimentos, habilidades, atitudes e competências voltadas para a conservação do meio ambiente, bem de uso comum do povo, essencial à sadia qualidade de vida e a sua sustentabilidade (LEI 9795, 1999). Para Vasconcelos (1994, apud PEDRINI, 1997, p.268), a Educação Ambiental á um processo individual e coletivo. 
Como objetivo central da Educação Ambiental, Tanner (1978) alerta para a necessidade de se fixar a manutenção, para as gerações futuras, das condições de sobrevivência “em nossa Espaçonave Terra”. Nesse contexto, a Política Nacional de Educação Ambiental, determina como princípios e objetivos da Educação Ambiental:
Princípios
enfoque humanista, holístico, democrático e participativo;
concepção do meio ambiente em sua totalidade, considerando a interdependência entre o meio natural, o sócio-econômico e o cultural, sob o enfoque da sustentabilidade;
pluralismo de idéias e concepções pedagógicas, na perspectiva da inter, multi e transdisciplinaridade;
vinculação entre a ética, a educação, o trabalho e as práticas sociais;
garantia de continuidade e permanência do processo educativo;
permanente avaliação crítica do processo educativo;
abordagem articulada das questões ambientais locais, regionais, nacionais e globais;
Objetivos
o desenvolvimento de uma compreensão integrada do meio ambiente em suas múltiplas e complexas relações, envolvendo aspectos ecológicos, psicológicos, legais, políticos, sociais, econômicos, científicos, culturais e éticos;
a garantia de democratização das informações ambientais;
o estímulo e o fortalecimento de uma consciência crítica sobre a problemática ambiental e social;
o incentivo à participação individual e coletiva, permanente e responsável, na preservação do equilíbrio do meio ambiente, entendendo-se a defesa da qualidade ambiental como um valor inseparável do exercício da cidadania;
o estímulo à cooperação entre as diversas regiões do País, em níveis micro e macrorregionais, com vistas à construção de uma sociedade ambientalmente equilibrada, fundada nos princípios da liberdade, igualdade, solidariedade, democracia, justiça social, responsabilidade e sustentabilidade;
o fomento e o fortalecimento da integração com a ciência e a tecnologia;
o fortalecimento da cidadania, autodeterminação dos povos e solidariedade como fundamentos para o futuro da humanidade.
A importância dos princípios e objetivos
É preciso que entendamos a importância do cumprimento desses princípios e objetivos para a evolução do planeta Terra, pois sem os quais a vida em sua plenitude estará comprometida. Dias (1998, p.83), assegura que os objetivos da EA não podem ser definidos sem que se leve em conta as realidades econômica, social e ecológica de uma sociedade, ou os objetivos determinados para o seu desenvolvimento.
No entendimento de Vasconcelos (1994, apud PEDRINI, 1997, p.269), a característica interdisciplinar da Educação Ambiental é facilmente relacionada à práticas específicas (como a coleta de lixo ou a organização de hortas) ou, ainda, considerar que o desenvolvimento da Educação Ambiental se resume a qualquer observação do cotidiano ou regra de civilidade. Dessa forma, a autora alerta que, distanciando-se dessa visão meramente conservacionista, a Educação Ambiental baseia-se em uma nova visão de mundo, em que cada parte tem seu valor em si próprio e como parte do conjunto.
Nesse pensar, Vasconcelos (1994) conclui:
Não há Educação Ambiental se a reflexão sobre as relações dos seres entre si, do ser humano com ele mesmo e do ser humano com seus semelhantes não estiver presente em todas as práticas educativas. A própria interdisciplinaridade é um desafio a ser enfrentado, tão grande quanto à visão holística em nossa civilização cartesiana, e o desperdício/carência, da nossa sociedade de consumo. (VASCONCELOS,1994, apud PEDRINI, 1997, p.269-270).
A Educação Ambiental apresenta um posicionamento crítico frente às questões político-econômicas como a produção de excedentes que alimenta a sociedade industrial e, em consequência, com as sociedades de consumo e, de forma mais veemente, com o “comprismo” que compra o que sequer chega a consumir, pressionada pelo bombardeamento da propaganda. (VASCONCELOS, 1994, apud PEDRINI, 1997, p.269).
Nesse contexto, Vasconcelos (1994, p. 2) acrescenta que, ao se desenvolver a Educação Ambiental, a direção tomada vai no sentido de converter a competição em cooperação, a visão do particular em visão interdisciplinar, desperdício em otimização do uso, irresponsabilidade social e ambiental em participação consciente do cidadão que reconhece os seus direitos e deveres, exercitando ambos para o seu bem e de todos sobre o planeta Terra.
De acordo com Medina (1994), as atividades de Educação Ambiental, podem ser classificadas segundo duas grandes vertentes de abordagem: a ecológico-preservacionista e a socioambiental.
Na vertente ecológico-preservacionista, a Educação Ambiental é voltada somente para a preservação e conservação da natureza sem uma análise das causas econômicas e sociais dos problemas ambientais. Ainda afirma que o centro de desarmonia homem/natureza consiste na forma do homem relacionar-se, individualmente, com a natureza. Nesse sentido, a Educação Ambiental deve centrar-se nas mudanças de comportamento individual do homem, transformando a relação homem/natureza e solucionando, assim, os problemas ambientais.
Segundo Medina (1994), a concepção de mundo expressa nessa vertente supõe uma separação entre o mundo construído e o mundo natural, não atentando para a complexidade das inter-relações dialéticas entre ambos, excluindo o homem e suas relações sócio-históricas da natureza. Dessa forma o homem aparece como um observador externo e afastado.
As décadas de 60 e 70 foram marcadas pela atuação dessa vertente, cujo enfoque se respaldou na educação ecológica que se baseou nas questões naturais e na separação do mundo construído do mundo natural, defendendo a paralisação do desenvolvimento e concebendo a natureza como um valor supremo, o que implicou na manutenção da situação e em uma visão catastrófica do futuro da humanidade e dos problemas ambientais.
Nessa perspectiva, a saída para a sociedade de consumo é voltar a viver em contato com a natureza, como as comunidades naturais e primitivas, num modo de vida pré capitalista, numa visão mistificada dessas comunidades e em uma negação dos próprios processos históricos, como se essa atitude resolvesse os complexos problemas que a sociedade enfrenta hoje. (SALVADOR-2006)
Esse tipo de abordagem da Educação Ambiental, cujo enfoque é fortemente ecológico, reforça o dualismo sociedade/natureza não contextualiza social, econômica e culturalmente as questões ambientais e possui um foco nas questões meramente comportamentais, torna-se, portanto, superficial e despolitizada. (NASCIMENTO, 2010).
A abordagem socioambiental defende uma educação de caráter permanente, preocupada com o presente e o futuro e em elaborar valores éticos contextualizando historicamente os problemas. Da mesma forma que a vertente ecológico preservacionista, propõe uma educação para a preservação e a conservação da natureza, acrescentando os aspectos socioeconômicos e históricos, fazendo uma análise das inter-relações entre sociedade e natureza a partir do conceito do estilo de desenvolvimento. Dessa forma, a ênfase está nos problemas ambientais, analisando histórica e socialmente, levando em conta as alternativas de solução. (SALVADOR, 2006).
Nessa vertente o ambiente é analisado como processo histórico de relações mútuas entre sociedades humanas e osecossistemas naturais valorizando a pluralidade cultural nas sociedades. Dessa forma, os problemas socioambientais não são catástrofes inevitáveis, mas desafios ao conhecimento científico, e limites ao próprio homem, à medida que ameaça a sua sobrevivência como espécie. Essa vertente postula uma confiança na potencialidade real das sociedades humanas para construir soluções criativas baseadas no esforço coletivo. (SALVADOR, 2006).
Do ponto de visa histórico, a vertente socioambiental, considera que o modelo econômico dominante produz o esgotamento dos recursos naturais e a exploração do ser humano pelo ser humano e, diante disso, preconiza a construção de novas formas sociais de aproveitamento dos recursos naturais (desenvolvimento sustentável) e o estabelecimento de novas relações sociais entre os seres humanos. (SALVADOR, 2006)
QUANTO SE ESPERA DA EDUCAÇÃO AMBIENTAL! 
Por Claudison Rodrigues de Vasconcelos
Ela tem que dar conta da transformação necessária à transição para uma sociedade mais sustentável, em que prevalecerão padrões de produção e consumo adequados, sem miséria, guerras e discriminações, com homens e mulheres juntos na construção dessa utopia possível, mais a universalização da produção e do acesso à informação, à aproximação sinérgica dos saberes acadêmicos e tradicionais, à recuperação da degradação provocada pelas atividades humanas e a saúde ampliada para todos (inclusive, e principalmente, a mental). 
Mais poderia ser dito sobre tanto que precisa ser mudado e transformado em nós e nos outros para que, de fato, a humanidade possa alcançar um patamar mais maduro (o novo paradigma?) nesse longo processo de evolução, no qual, apesar da criatividade ininterrupta e das inovações maravilhosas obtidas, às vezes parece que mantemos um pé na barbárie, com atuações que expõem nossa precariedade psíquica e a fragilidade dos sistemas que temos criado para viabilizar a vida em sociedade. 
E nesse cenário hipercomplexo de um mundo globalizado para o bem e o mal, agravado pela emergência de problemas planetários, como as mudanças climáticas e os terrorismos fundamentalistas, a Educação Ambiental tem que desenvolver teorias e práticas para ser crítica, transformadora e emancipatória; construir conhecimentos, habilidades, valores e atitudes, além de preparar pessoas para a participação efetiva na formulação e condução de seus destinos. O tremendo desafio que está colocado a todos nós, em especial aos educadores ambientais, potencializado pela urgência e gravidade dos impactos decorrentes das profundas mudanças socioambientais em curso, sinaliza enfaticamente a importância de reunirmos os recursos de todas as categorias de que dispomos no enfrentamento de eventos que ameaçam a existência da vida na Terra, num prazo talvez curto demais para a implantação das medidas mitigatórias, preventivas e de adaptação recomendadas pelo melhor conhecimento científico disponível.

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