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Bizu do Vitiligo 2º Ciclo - Matéria – Legislação Especial Penal I Esta lei cuida do direito de representação e do processo para responsabilidade administrativa, civil e penal diante do abuso de autoridade. O ato de abuso de autoridade enseja uma tríplice responsabilidade (Art. 1ª) Responsabilidade Administrativa, Responsabilidade Civil, Responsabilidade Criminal. O direito de representação e o processo de responsabilidade administrativa civil e penal, contra as autoridades que, no exercício de suas funções, cometerem abusos, são regulados pela presente lei. Os crimes estão previstos nos artigos 3º e 4º. O artigo 3º estabelece crimes de atentado ou empreendimento diante de abusos contra alguns direitos fundamentais: Abuso contra a liberdade de locomoção: Atos legítimos da autoridade, de restrição da liberdade não configuram abuso de autoridade. Ex: Abordagem a pessoas em atitudes suspeitas (P.O.P) Abuso contra a inviolabilidade do domicilio: Domicilio é qualquer lugar não aberto ao publico, em que alguém utilize como espaço de moradia. Ex: A polícia entra em uma residência, mas por sorte encontra cocaína na casa, neste caso dispensa a ordem judicial. Abuso conta o sigilo da correspondência: Carta escrita e fechada Liberdade de Consciência e de Crença: Não é um direito absoluto, excessos podem ser proibidos pela autoridade. Livre Culto Religioso: Não é um direito absoluto, excessos podem ser proibidos pela autoridade. Liberdade de Associação: É plena, mas a CF proíbe dois tipos de associações: As associações ilícitas. As associações paramilitares. Exercício ao Voto: é um crime subsidiário, ou seja, é um crime que só se aplica se o fato configurar algum tipo previsto no Código Eleitoral. Constitui também abuso de autoridade a) ordenar ou executar medida privativa da liberdade individual, sem as formalidades legais ou com abuso de poder; b) submeter pessoa sob sua guarda ou custódia a vexame ou a constrangimento não autorizado em lei; c) deixar de comunicar, imediatamente, ao juiz competente a prisão ou detenção de qualquer pessoa; d) deixar o Juiz de ordenar o relaxamento de prisão ou detenção ilegal que lhe seja comunicada; e) levar à prisão e nela deter quem quer que se proponha a prestar fiança, permitida em lei; f) cobrar o carcereiro ou agente de autoridade policial carceragem, custas, emolumentos ou qualquer outra despesa, desde que a cobrança não tenha apoio em lei, quer quanto à espécie quer quanto ao seu valor; g) recusar o carcereiro ou agente de autoridade policial recibo de importância recebida a título de carceragem, custas, emolumentos ou de qualquer outra despesa; h) o ato lesivo da honra ou do patrimônio de pessoa natural ou jurídica, quando praticado com abuso ou desvio de poder ou sem competência legal; i) prolongar a execução de prisão temporária, de pena ou de medida de segurança, deixando de expedir em tempo oportuno ou de cumprir imediatamente ordem de liberdade. j) a Execução ou ordem de medida privativa de liberdade sem as formalidades legais ou com abuso das concedidas. l) prolongar a execução de prisão temporária ou de qualquer outra prisão ou medida de segurança indevidamente. m) deixar de comunicar imediatamente ao juiz competente qualquer forma de prisão. Art. 230. Privar a criança ou o adolescente de sua liberdade, procedendo à sua apreensão sem estar em flagrante de ato infracional ou inexistindo ordem escrita da autoridade judiciária competente. MUITO IMPORTANTE !!!! QUESTÃO POTENCIAL DE PROVA !!!! Autoridade é toda pessoa que exerce cargo, emprego ou função pública civil ou militar, ainda que transitoriamente e sem remuneração. A Lei tem como objetivo principal: proteção dos direitos e garantias fundamentais das pessoas físicas e jurídicas, e em segundo plano a proteção da regularidade dos serviços públicos. Se a autoridade na justa intenção de cumprir seu dever ou proteger o interesse publico acaba cometendo excesso, haverá neste caso a ilegalidade no ato mas não crime de abuso de autoridade. Formas de conduta Ação intenção e querer de praticar o abuso, Omissão o crime é doloso é necessário à intenção de se omitir abusivamente, Omissão culposa por negligencia não houve o abuso de autoridade. Todos os crimes desta Lei são de ação pública incondicionada O MP tem 48 horas para oferecer ou não a denúncia. As partes podem arrolar até 3 (três) testemunhas. O juiz, ao receber a denúncia deve designar audiência em 5 (cinco) dias. COMPETÊNCIA Regra: Justiça comum Estadual. Exceção: Justiça Federal. A Justiça Militar não julga o crime de abuso de autoridade, ainda que praticado em serviço. (Súmula 172 do STJ). STJ, Súmula 172. Compete à justiça comum processar e julgar militar por crime de abuso de autoridade, ainda que praticado em serviço. Quando houver abuso de autoridade e crime militar simultâneo, ocorrerá a cisão do processo e a Justiça comum julga o primeiro (abuso de autoridade) enquanto que a Justiça Militar julgará o último (o crime militar) (Súmula 90 STJ). STJ, Súmula 90. Compete à justiça estadual militar processar e julgar o policial militar pela pratica do crime militar, e a comum pela pratica do crime comum simultâneo aquele. Ex: abuso de autoridade e lesão corporal praticado por policial militar. CP - DECRETO LEI Nº 2.848 DE 07 DE DEZEMBRO DE 1940 Art. 49 - A pena de multa consiste no pagamento ao fundo penitenciário da quantia fixada na sentença e calculada em dias-multa. Será, no mínimo, de 10 (dez) e, no máximo, de 360 (trezentos e sessenta) dias-multa. § 1º - O valor do dia-multa será fixado pelo juiz não podendo ser inferior a um trigésimo do maior salário mínimo mensal vigente ao tempo do fato, nem superior a 5 (cinco) vezes esse salário. LEI DE DROGAS (LEI 11.343/06) O STF entender ser desnecessária a prova caso a caso, de que a substância é entorpecente ou gera dependência, basta que a substância conste da lista editada pelo Ministério da Saúde. A Lei 11.343/06 cria o Sistema Nacional de Políticas Públicas sobre Drogas – SISNAD. Esse sistema tem como objetivo organizar e coordenar: - a prevenção do uso indevido e reinserção social do usuário e do dependente; CRIMES EM ESPÉCIE Porte de drogas (art. 28): É pacífica a orientação do Supremo que o porte de drogas continua com a natureza de crime. (extinguindo somente a pena privativa de liberdade) É um Crime contra a Saúde Pública, pois ainda que a intenção seja o consumo, enquanto o sujeito traz consigo a droga, existe o risco que ela retorne a circulação. As penas previstas no porte de drogas: - advertência; - prestação de serviços à comunidade; e - medida educativa. Art. 28. Quem adquirir, guardar, tiver em depósito, transportar ou trouxer consigo, para consumo pessoal, drogas sem autorização ou em desacordo com determinação legal ou regulamentar será submetido às seguintes penas: I - advertência sobre os efeitos das drogas; II - prestação de serviços à comunidade; III - medida educativa de comparecimento a programa ou curso educativo. Duração das penas: A prestação de serviço e a medida educativa tem duração máxima de 5 (cinco) meses aos primários e, de 10 (dez) meses aos reincidentes. Não há prazo mínimo previsto em lei. Mas para a doutrina prevalece o prazo mínimo é de 1 (um) dia, com base no artigo 10, CP. Para garantia do cumprimento das medidas educativas que injustificadamente se recuse o agente,poderá o juiz submetê-lo, sucessivamente a: I - admoestação verbal; II - multa. A pena de multa não segue as regras do Código Penal, vejamos: Princípio da insignificância: A posição do STJ é pelo descabimento (não cabe), pois outro entender negaria efetividade à criminalização. Além disso, abranda a apenação é proporcional à mínima quantidade de droga. Mas para militar é inviável MUITO IMPORTANTE !!!!! QUESTÃO POTENCIAL !!! Critérios Para Distinção Entre o Tráfico e o Porte: - natureza e quantidade da droga; - local; - condições da ação; - circunstâncias pessoais e sociais; - condutas e antecedentes. Para determinar se a droga destinava-se a consumo pessoal, o juiz atenderá à natureza e à quantidade da substância apreendida, ao local e às condições em que se desenvolveu a ação, às circunstâncias sociais e pessoais, bem como à conduta e aos antecedentes do agente. TRÁFICO DE DROGAS (ART. 33). Determinar a perda de toda propriedade se localizada. A cultura ilegal de plantas psicotrópicas, nesse caso as glebas, deve ser destinada ao assentamento de colonos para o cultivo de produtos alimentícios e medicamentosos. Parágrafo único: Todo e qualquer bem de valor econômico apreendido em decorrência do tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins será confiscado e reverterá em benefício de instituições e pessoal especializados no tratamento e recuperação de viciados e no aparelhamento e custeio de atividades de fiscalização, controle, prevenção e repressão do crime de tráfico dessas substâncias. Art. 33. Importar, exportar, remeter, preparar, produzir, fabricar, adquirir, vender, expor à venda, oferecer, ter em depósito, transportar, trazer consigo, guardar, prescrever, ministrar, entregar a consumo ou fornecer drogas, ainda que gratuitamente, sem autorização ou em desacordo com determinação legal ou regulamentar: Pena - reclusão de 5 (cinco) a 15 (quinze) anos e pagamento de 500 (quinhentos) a 1.500 (mil e quinhentos) dias-multa. § 1o Nas mesmas penas incorre quem: I - importa, exporta, remete, produz, fabrica, adquire, vende, expõe à venda, oferece, fornece, tem em depósito, transporta, traz consigo ou guarda, ainda que gratuitamente, sem autorização ou em desacordo com determinação legal ou regulamentar, matéria prima, insumo ou produto químico destinado à preparação de drogas; II - semeia, cultiva ou faz a colheita, sem autorização ou em desacordo com determinação legal ou regulamentar, de plantas que se constituam em matéria-prima para a preparação de drogas. III - utiliza local ou bem de qualquer natureza de que tem a propriedade, posse, administração, guarda ou vigilância, ou consente que outrem dele se utilize, ainda que gratuitamente, sem autorização ou em desacordo com determinação legal ou regulamentar, para o tráfico ilícito de drogas. § 2º Induzir, instigar ou auxiliar alguém ao uso indevido de droga. § 3º Oferecer droga, eventualmente e sem objetivo de lucro, a pessoa de seu relacionamento, para juntos a consumirem. § 4º As penas poderão ser reduzidas de um sexto a dois terços, desde que o agente seja primário, de bons antecedentes, não se dedique às atividades criminosas nem integre organização criminosa. Dos verbos típicos são já os consumados antes da atividade policial (guardar, ter em depósito). CONDUTAS EQUIPARADAS Quem usa o determinado local para o tráfico de drogas, como exemplo, guarda propriedade, vigilância, posse etc. Trata-se de crime instantâneo. Não importa se a posse ou a detenção são precárias, sendo desnecessário o fim de lucro. Exemplo: A expressão “local” engloba: bar, cinema, veículo, armário, praça. USO COMPARTILHADO O uso compartilhado ou conjunto. É infração de menor potencial ofensivo e não equiparada a crime hediondo. Oferecer droga, eventualmente e sem objetivo de lucro, a pessoa de seu relacionamento, para juntos a consumirem. Os requisitos são: - oferecer drogas; - eventualmente; - sem intenção de lucro; - a pessoa de seu relacionamento; - para juntos consumirem. Circulação de Instrumentos Conforme o artigo 34, Lei 11.343/06, prevê a circulação de: - Maquinário; - Aparelho; - Instrumento; - Objeto. ASSOCIAÇÃO PARA O TRÁFICO (ART. 35) Vejamos o quadro a seguir: A pena aumenta-se até a metade se a associação é armada ou se houver a participação de criança ou adolescente. FINANCIAR OU CUSTEAR (ART. 36) Financiar ou custear o tráfico de drogas Art. 40. As penas previstas nos arts. 33 a 37 desta Lei são aumentadas de um sexto a dois terços, se: VII - o agente financiar ou custear a prática do crime. O consumidor não é considerado financiador, pois esse crime consuma- se com a entrega de valores, a princípio o financiamento envolve moeda, enquanto o custeio pode abranger outros bens. COLABORAÇÃO AO TRÁFICO ( ART. 37) Colaborar, como informante, com grupo, organização ou associação destinados à prática de qualquer dos crimes previstos nos arts. 33. O STJ entendeu que esse crime não é equiparado a hediondo. Caso o informante for policial, incide a causa de aumento do artigo 40, II, da lei. E para caracterizar esse crime, basta somente uma vez, pois o crime é instantâneo. O agente praticar o crime prevalecendo-se de função pública ou no desempenho de missão de educação, poder familiar, guarda ou vigilância; O STJ entendeu que configura o crime, a conduta da mãe que alerta o filho sobre a chegada da polícia. Esse crime não é equiparado a hediondo. PRESCREVER OU MINISTRAR DROGAS (ART. 38) Art. 38. Prescrever ou ministrar, culposamente, drogas, sem que delas necessite o paciente, ou fazê-lo em doses excessivas ou em desacordo com determinação legal ou regulamentar. Parágrafo único. O juiz comunicará a condenação ao Conselho Federal da categoria profissional a que pertença o agente. Na modalidade “prescrever” entende-se que é crime próprio daqueles profissionais com autorização para prescrever drogas, por exemplo, médico, dentista, veterinário (farmacêutico prescreve medicamentos de médio grau de perigo, diferentemente do médico que prescreve remédio controlado). CONDUZIR (ART. 39) Conduzir a embarcação ou aeronave, após o consumo de drogas, gerando o perigo de dano, sendo a necessária a condução anormal. Não alcança o álcool. Art. 39. Conduzir embarcação ou aeronave após o consumo de drogas, expondo a dano potencial a incolumidade de outrem. Esse tipo na forma simples desse crime admite-se suspensão condicional do processo (artigo 89, Lei 9.099/95). Já a qualificadora incide se o veículo for de transporte coletivo de passageiro. CAUSAS DE AUMENTO DE PENA (ART. 40) São aumentadas de um sexto a dois terços, se: I - a natureza, a procedência da substância ou do produto apreendido e as circunstâncias do fato evidenciarem a transnacionalidade do delito; II - o agente praticar o crime prevalecendo-se de função pública ou no desempenho de missão de educação, poder familiar, guarda ou vigilância; III - a infração tiver sido cometida nas dependências ou imediações de estabelecimentos prisionais, de ensino ou hospitalares, de sedes de entidades estudantis, sociais, culturais, recreativas, esportivas, ou beneficentes, de locais de trabalho coletivo, de recintos onde se realizem espetáculos ou diversões de qualquer natureza, de serviços de tratamento de dependentes de drogas ou de reinserção social, de unidades militares ou policiais ou em transportes públicos; IV - o crime tiver sido praticado com violência, grave ameaça, emprego de arma de fogo, ou qualquer processode intimidação difusa ou coletiva; V - caracterizado o tráfico entre Estados da Federação ou entre estes e o Distrito Federal; VI - sua prática envolver ou visar a atingir criança ou adolescente ou a quem tenha, por qualquer motivo, diminuída ou suprimida a capacidade de entendimento e determinação; VII - o agente financiar ou custear a prática do crime. O conceito de transnacionalidade pode ser encontrado: a) Se o crime é cometido em mais de um Estado; b) Se o crime é cometido em um Estado, e ao menos parcialmente preparado, planejado e controlado em outro Estado; c) Cometido em um Estado, mas envolve grupo organizado que tem atividade em outro; d) Cometido em um Estado, mas com efeito em outro. LEI CONTRA A TORTURA Nº 9.455/97 O Brasil aderiu a convenção da O.N.U de 1984 contra tortura e outros tratamentos ou penas cruéis, desumanos ou degradantes. Art. 5º III -CF - ninguém será submetido a tortura nem a tratamento desumano ou degradante; A lei prevê cinco espécies de tortura comissiva que estão separadas em dois verbos núcleo do tipo, quais sejam CONSTRANGER e SUBMETER. MUITO IMPORTANTE !!!! QUESTÃO DE PROVA !!! No verbo constranger estão previstas três espécies e todas elas exigem emprego de violência ou grave ameaça à pessoa: Tortura Confissão: cuja finalidade do agente é obter declaração, informação ou confissão da vitima ou terceira pessoa; Tortura ao Crime: cuja finalidade do agente é provocar ação ou omissão de natureza criminosa; Tortura Discriminatória: cuja motivação do agente é o preconceito de raça ou religião. No verbo submeter que significa sujeitar ou subjugar estão previstas duas espécies de tortura comissiva: Tortura Castigo: cuja finalidade do agente é impor castigo ou medida preventiva; Entre o sujeito ativo e o sujeito há uma relação de autoridade, poder ou guarda, por exemplo, professor em relação ao aluno, pai em relação ao filho. Esta tortura exige emprego de violência ou grave ameaça a pessoa; É a única tortura que exige intenso sofrimento físico ou metal. Tortura de Preso ou Pessoa Sujeita a Medida de Segurança: Entre sujeito ativo e o sujeito passivo há uma relação de custódia; É a única tortura comissiva que não exige emprego de violência ou grave ameaça a pessoa, pois é praticada mediante ato não previsto em lei ou não resultante de medida legal, por exemplo, colocar o louco em uma cela escura ouvindo música sertaneja para que sofra mentalmente. TORTURA QUALIFICADA A lei prevê duas espécies: Tortura Seguida de Lesão Grave ou Gravíssima: a pena é de reclusão de 4 a 10 anos; Tortura Seguida de Morte: a pena é de reclusão de 8 a 16 anos. Nesta última hipótese o crime é sempre preterdoloso. Caso o agente queira matar a vítima haverá homicídio qualificado pela tortura. Constituição Federal prevê agente que toma conhecimento de tortura e tendo o dever não faz nada para evitá-la, responderá por tortura comissiva por omissão. CAUSAS DE AUMENTO DE PENA NOS CRIMES DE TORTURA OBSERVAÇÃO O aumento é de 1/6 a 1/3. Crime Praticado por Agente Público; Crime Praticado Contra Criança, Adolescente, Gestante, Portador de Deficiência e maior de 60 anos; Crime Praticado Mediante Sequestro. A lei prevê a sua extraterritorialidade, isto é a sua aplicação aos crimes de tortura praticados no estrangeiro em duas hipóteses: Quando a vítima for brasileira; Quando o agente estiver em local sob a jurisdição brasileira. ESTATUTO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE (LEI Nº 8.069 DE 1990) E CONVENÇÃO SOBRE OS DIREITOS DA CRIANÇA A Assembleia Geral das Nações Unidas adotou por unanimidade, em 20 de novembro de 1989, a Convenção sobre os Direitos da Criança, que reconhece a necessidade de cuidados e proteção especiais, incluindo a proteção jurídica adequada para a criança, tanto antes como após o nascimento. A convenção define como criança, para os seus fins, a pessoa com menos de 18 anos de idade. Criança: até 12 (doze) anos de idade incompletos. Adolescente: 12 anos completos a 18 anos incompletos. Art. 5º. Nenhuma criança ou adolescente será objeto de qualquer forma de negligência, discriminação, exploração, violência, crueldade e opressão punido na forma da lei qualquer atentado, por ação ou omissão, aos seus direitos fundamentais. DA PRÁTICA DE ATO INFRACIONAL Medida Protetiva: São medidas que o Estatuto da Criança e do Adolescente prevê e que podem ser aplicadas tanto às crianças quanto aos adolescentes. São, portanto, medidas aplicadas aos menores que tenham praticado algum desrespeito as legislações vigentes, aos direitos do cidadão ou ao patrimônio. Medida Socioeducativa: É uma imposição estatal (sanção) em que o Estado (Juiz) irá impor ao adolescente que vier a transgredir uma Norma Penal (ato infracional) tem como objetivo a ressocialização. Possui uma dimensão coercitiva, pois o adolescente é obrigado a cumpri-la como sanção da sociedade, e outra educativa, pois seu objetivo não se reduz a punir o adolescente, mas a prepará-lo para o convívio social. Assim, apesar de possuir um caráter sancionatório, não pode ser considerada uma pena. Considera ato infracional a conduta descrita como crime ou contravenção penal, o Estatuto estabelece que nenhum adolescente será privado de sua liberdade sem o devido processo legal. O menor de 18 anos (dezoito) anos é inimputável, porém capaz, inclusive a criança, de cometer ato infracional, passíveis então de aplicação de medidas socioeducativas quais sejam: advertência; obrigação de reparar o dano; prestação de serviços à comunidade; liberdade assistida; inserção em regime de semiliberdade; internação em estabelecimento educacional. “Art. 104. São penalmente inimputáveis os menores de dezoito anos, sujeitos às medidas previstas nesta Lei”. Art. 112. Verificada a prática de ato infracional, a autoridade competente poderá aplicar ao adolescente as seguintes medidas: I - advertência; II - obrigação de reparar o dano; III - prestação de serviços à comunidade; IV - liberdade assistida; V - inserção em regime de semi-liberdade; VI - internação em estabelecimento educacional; Dos Produtos e Serviços: Art. 81. É proibida a venda à criança ou ao adolescente de: I - armas, munições e explosivos; II - bebidas alcoólicas; III - produtos cujos componentes possam causar dependência física ou psíquica ainda que por utilização indevida; IV - fogos de estampido e de artifício, exceto aqueles que pelo seu reduzido potencial sejam incapazes de provocar qualquer dano físico em caso de utilização indevida; V - revistas e publicações a que alude o art. 78; VI - bilhetes lotéricos e equivalentes. É proibida a hospedagem de criança ou adolescente em hotel, motel, pensão ou estabelecimento congênere, salvo se autorizado ou acompanhado pelos pais ou responsável. Da Autorização para Viajar: Art. 83. Nenhuma criança poderá viajar para fora da comarca onde reside, desacompanhada dos pais ou responsável, sem expressa autorização judicial. § 1º A autorização não será exigida quando: a) tratar-se de comarca contígua à da residência da criança, se na mesma unidade da Federação, ou incluída na mesma região metropolitana; b) a criança estiver acompanhada: 1) de ascendente ou colateral maior, até o terceiro grau, comprovado documentalmente o parentesco; 2) de pessoa maior, expressamente autorizada pelo pai, mãe ou responsável. § 2º A autoridade judiciária poderá, a pedidodos pais ou responsável, conceder autorização válida por dois anos. Art. 84. Quando se tratar de viagem ao exterior, a autorização é dispensável, se a criança ou adolescente: I - estiver acompanhado de ambos os pais ou responsável; II - viajar na companhia de um dos pais, autorizado expressamente pelo outro através de documento com firma reconhecida. Sem prévia e expressa autorização judicial, nenhuma criança ou adolescente nascido em território nacional poderá sair do País em companhia de estrangeiro residente ou domiciliado no exterior. Direito de visitas: É possível a suspensão temporária desse direito, quando houver motivos sérios e fundados de que tais visitas são prejudiciais ao adolescente. Para a suspensão do direito de visitas, somente por decisão judicial. Uma vez constatada por parte das autoridades a prática de ato infracional, as medidas a seguir elencadas deverão ser adotadas: Distinção da gravidade do ato infracional; Avaliação da necessidade de internação; Encaminhamento ao MP Oitiva (deve ser informal e sempre acompanhada pelo defensor do menor) Providências: Após a oitiva informal o MP pode: 1. Arquivar os autos 2. conceder a remissão 3. representar junto a autoridade judiciária para aplicação de medida socioeducativa No caso de internação provisória, essa poderá ser no máximo de 45 dias. Conselho Tutelar O Conselho Tutelar é um órgão permanente e autônomo, não jurisdicional, responsável de zelar pelo cumprimento dos direitos da criança e do adolescente. Determina o ECA que deve haver pelo menos um Conselho Tutelar por município, composto de cinco membros, escolhidos pela população local para mandato de quatro anos, permitida uma recondução, mediante novo processo de escolha. Atribuições do Conselho: Atender as crianças e adolescentes nas hipóteses de situação irregular; Atender e aconselhar os pais ou responsável; Promover a execução de suas decisões; Encaminhar ao Ministério Público notícia de fato que constitua infração administrativa ou penal contra os direitos da criança ou adolescente; Encaminhar a autoridade judiciária os casos de sua competência; Providenciar a medida de proteção estabelecida pela autoridade judiciária, para o adolescente autor de ato infracional; Expedir notificações; Requisitar certidões de nascimento e de Óbito de criança ou adolescente quando necessário; Assessorar o Poder Executivo local na elaboração da proposta orçamentária para planos e programas de atendimento dos direitos da criança e do adolescente; Representar, em nome da pessoa e da família, contra a violação dos direitos de menores; ESTATUTO DO IDOSO (LEI Nº 10.741/2003). Art. 1º. É instituído o Estatuto do Idoso, destinado a regular os direitos assegurados às pessoas com idade igual ou superior a 60 (sessenta) anos. Art. 3º. É obrigação da família, da comunidade, da sociedade e do Poder Público assegurar ao idoso, com absoluta prioridade, a efetivação do direito à vida, à saúde, à alimentação, à educação, à cultura, ao esporte, ao lazer, ao trabalho, à cidadania, à liberdade, à dignidade, ao respeito e à convivência familiar e comunitária. A prioridade que deve ser concedida a pessoas com idade igual ou superior a sessenta anos em diversos serviços, inclusive aqueles da área da saúde. Prioridade especial aos maiores de 80 anos. A garantia de prioridade compreende: I – atendimento preferencial imediato e individualizado junto aos órgãos públicos e privados prestadores de serviços à população; II – preferência na formulação e na execução de políticas sociais públicas específicas; III – destinação privilegiada de recursos públicos nas áreas relacionadas com a proteção ao idoso; IV – viabilização de formas alternativas de participação, ocupação e convívio do idoso com as demais gerações; V – priorização do atendimento do idoso por sua própria família, em detrimento do atendimento asilar, exceto dos que não a possuam ou careçam de condições de manutenção da própria sobrevivência; VI – capacitação e reciclagem dos recursos humanos nas áreas de geriatria e gerontologia e na prestação de serviços aos idosos; VII – estabelecimento de mecanismos que favoreçam a divulgação de informações de caráter educativo sobre os aspectos biopsicossociais de envelhecimento; VIII – garantia de acesso à rede de serviços de saúde e de assistência social locais. IX – prioridade no recebimento da restituição do Imposto de Renda. Nenhum idoso será objeto de qualquer tipo de negligência, discriminação, violência, crueldade ou opressão, e todo atentado aos seus direitos, por ação ou omissão, será punido na forma da lei. O direito ao respeito consiste na inviolabilidade da integridade física, psíquica e moral, abrangendo a preservação da imagem, da identidade, da autonomia, de valores, idéias e crenças, dos espaços e dos objetos pessoais. preferência especial para os maiores de 80 anos sobre os demais idosos em todo atendimento de saúde, exceto em casos de emergências. OBS: É vedada a discriminação do idoso nos planos de saúde pela cobrança de valores diferenciados em razão da idade. Os casos de suspeita ou confirmação de maus-tratos contra idoso serão obrigatoriamente comunicados pelos profissionais de saúde a quaisquer dos seguintes órgãos: I – autoridade policial; II – Ministério Público; III – Conselho Municipal do Idoso; IV – Conselho Estadual do Idoso; V – Conselho Nacional do Idoso. Aos maiores de 65 (sessenta e cinco) anos fica assegurada a gratuidade dos transportes coletivos públicos urbanos e semiurbanos, exceto nos serviços seletivos e especiais, quando prestados paralelamente aos serviços regulares. § 1º Para ter acesso à gratuidade, basta que o idoso apresente qualquer documento pessoal que faça prova de sua idade. § 2º Nos veículos de transporte coletivo de que trata este artigo, serão reservados 10% (dez por cento) dos assentos para os idosos, devidamente identificados com a placa de reservado preferencialmente para idosos. DISCRIMINAÇÃO POR MOTIVO DE IDADE Discriminar pessoa idosa, impedindo ou dificultando seu acesso a operações bancárias, aos meios de transporte, ao direito de contratar ou por qualquer outro meio ou instrumento necessário ao exercício da cidadania, por motivo de idade. OMISSÃO DE SOCORRO Deixar de prestar assistência ao idoso, quando possível fazê-lo sem risco pessoal, em situação de iminente perigo, ou recusar, retardar ou dificultar sua assistência à saúde, sem justa causa, ou não pedir, nesses casos, o socorro de autoridade pública. Parágrafo único. A pena é aumentada de metade, se da omissão resulta lesão corporal de natureza grave, e triplicada, se resulta a morte. Tutela o direito da pessoa idosa no tocante à proteção de sua vida ou saúde. Consuma-se com a mera omissão do agente. ABANDONO DE IDOSO Abandonar o idoso em hospitais, casas de saúde, entidades de longa permanência, ou congêneres, ou não prover suas necessidades básicas, quando obrigado por lei ou mandado. Tutela o direito da pessoa idosa no tocante à proteção de sua vida ou saúde. Consuma-se com o efetivo abandono ou com o não provimento das necessidades básicas do idoso. MAUS-TRATOS A IDOSO Expor a perigo a integridade e a saúde, física ou psíquica, do idoso, submetendo- o a condições desumanas ou degradantes ou privando-o de alimentos e cuidados indispensáveis,quando obrigado a fazê-lo, ou sujeitando-o a trabalho excessivo ou inadequado APROPRIAÇÃO INDÉBITA Apropriar-se de ou desviar bens, proventos, pensão ou qualquer outro rendimento do idoso, dando-lhes aplicação diversa da de sua finalidade: Tutela o patrimônio da pessoa idosa, representado por seus bens, proventos, pensão ou qualquer outro rendimento. Consuma-se com a efetiva apropriação ou desvio, devendo haver a inversão do animus da posse da coisa por parte do agente. É necessário que o sujeito ativo tenha a posse ou detenção do bem, provento, pensão ou qualquer outra renda do idoso. OBS: Reter o cartão magnético de conta bancária relativa a benefícios, proventos ou pensão do idoso, bem como qualquer outro documento com objetivo de assegurar recebimento ou ressarcimento de dívida. OBS: Induzir pessoa idosa sem discernimento de seus atos a outorgar procuração para fins de administração de bens ou deles dispor livremente Tutela o patrimônio do idoso. Consuma-se com a indução do idoso sem discernimento de seus atos e efetiva outorga de procuração. Não se exige prejuízo ao patrimônio do idoso.
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