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Universidade de Brasília Instituto de Biologia -Departamento de Biologia Celular HPV Papiloma Vírus Humano Brasília/2009 A sigla HPV significa vírus do papiloma humano e se refere a um vírus de DNA que cria papilomas em humanos, preferencialmente em tecidos de revestimento como pele e mucosas, causando geralmente lesões por crescimento celular irregular. Essas lesões são comumente chamadas de “verrugas” ou “crista de galo”. Existem mais de 200 variações do vírus sendo a genital a mais importante e estudada. O vírus hoje está disseminado universalmente e ataca homens e mulheres indistintamente assim como todas as raças e idades, embora os sintomas da doença sejam mais vistos em mulheres. Atualmente, estima-se que o número de infecções está aumentando em quase todo o mundo. Estudos comprovam que 50% a 80% das mulheres contraiam algum tipo do vírus em ao menos uma época de sua vida. Na maioria das vezes essa condição não é percebida porque o sistema imunológico é capaz de combater naturalmente a infecção. Os jovens são a faixa com maior número de infectados. Estruturalmente, trata-se de um vírus de DNA fita dupla, cujo capsídeo é uma estrutura formada por 72 capsômeros, sendo cada um deles formado por duas proteínas L1 e L2. A transmissão do vírus é feita por contato direto com a pele infectada, sendo que o HPV genital é transmitido por relação sexual, podendo também haver contágio não sexual, como o compartilhamento de toalhas ou roupas de outra pessoa. O contágio sexual geralmente causa lesões no pênis, colo do útero, vagina e ânus. Por esse motivo a doença é considerada uma DST. Já foram encontrados vírus em outras partes do corpo como cordas vocais e esôfago. O vírus HPV pode infectar de 3 formas diferentes: - Infecção Subclínica: Não existe lesão visível. O diagnóstico é feito por colposcopia ou peniscopia que são exames que verificam microlesões nos órgãos genitais. - Infecção Clínica: Quando a infecção se manifesta por erupções cutâneas como verrugas. - Infecção latente. Quando não há sintomas, mas a presença do vírus pode ser comprovada por meio de testes moleculares. Há outra classificação quanto ao tipo de oncogenicidade do vírus. Essa divisão é feita em 3 grupos (baixo risco, risco intermediário e alto risco) Como dito anteriormente, a maioria das infecções são assintomáticas, mas alguns tipos de vírus, em especial os que atacam a região genital podem causar desde lesões benignas a câncer, o que configura um dos maiores riscos da infecção por HPV. Estudos recentes mostram a íntima relação entre o câncer de colo uterino e a infecção por HPV. Demonstrou-se que o vírus papiloma humano está relacionado com a formação de displasias no epitélio do cérvix e na transformação dessas células em células cancerosas. Foi constatada a presença do vírus em mais de 95% dos casos desse tipo de câncer. A fim de diminuir a incidência do câncer do colo de útero, visto que ele é o segundo tipo de câncer mais comum em mulheres, é necessário que se divulgue a importância dos exames preventivos, como o papanicolau. Alguns outros fatores também então relacionados com a capacidade de formação de um tumor, como o histórico sexual da paciente, o número de filhos e se há o hábito de fumar. Além do câncer de colo de útero, o papiloma vírus também pode causar outras neoplasias como o câncer de pênis. O mecanismo de formação do câncer pelo vírus se dá a partir de alguns genes do vírus, chamados de “early” genes. Os principais são os genes E6 e E7, os quais codificam proteínas que inibem apoptose e ao mesmo tempo induzem a divisão celular. Já o mecanismo de infecção em si tem algumas fases: 1- Entrada no hospedeiro (ataque): HPV se liga ao receptor específico de alguma célula da camada basal ou para basal do epitélio. 2- Replicação primária(penetração): vírus replica nas células basais e parabasais. 3- Abertura e dispersão no hospedeiro: Após penetração no citoplasma, a cápsula é total ou parcialmente removida e o genoma viral é exposto. Espalha-se de célula para célula. 4- Tropismo celular e tecidual: Transcrição do DNA em RNA 5- Resposta imunológica do hospedeiro (tradução). O RNA é traduzido em proteínas “early” E ou “late” L. 6- Replicação secundária (replicação) 7- Montagem das partículas virais 8- Maturação e liberação. Maturação: fase na qual o vírus se torna infeccioso. Liberação: fase em que o vírus é eliminado da célula, ocorrendo uma ruptura celular O diagnóstico de infecção por HPV geralmente é feito por exames clínicos e, se necessário, exames laboratoriais. Por rotina, procura-se as lesões características causadas pelo vírus em exames físicos. A biópsia, a colposcopia, a peniscopia e a análise de material genético são outros exames feitos a fim de identificar a presença do vírus. O tratamento do HPV é feito pela destruição química e/ou física das células infectadas e fortalecimento do sistema imunológico, este que será o responsável pelo controlo do vírus no corpo. É importante ressaltar que não há cura definitiva, portanto deve-se fazer o acompanhamento do paciente e se possível, do parceiro a fim de evitar nova contaminação. Atualmente existem vacinas contra o HPV a fim de evitar a contaminação por determinados tipos do vírus. Os tipos 6 e 11 só responsáveis por 90% das infecções por HPV que formam verrugas genitais. Já os tipos 16 e 18 são os tipos de vírus mais presentes no câncer de colo de útero. Essas vacinas estimulam o sistema imunológico a criar anticorpos contra os vírus. As vacinas podem ser combinadas (sensibilizando contra verrugas e câncer) ou simples (sensibilizando o corpo contra um dos dois tipos de infecção). Melhor que se livrar do vírus é evitar o contágio dele com o corpo. Para evitar contaminação recomenda-se não usar objetos íntimos de outra pessoa, usar preservativo em todas as relações sexuais (o uso do preservativo não tem 100% de eficácia, embora diminua as chances de contágio.), manter hábitos de higiene e diminuir o número de parceiros sexuais, além de fazer exames periodicamente. 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