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Primeiro Módulo Imuno Médica

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Diogo Araujo – Med 92 
Imunologia Médica 
 
Primeiro Módulo 
 
 
Por que aprender imunologia?! 
Prof. Eduardo Tosta 
 
Imunologia = 'immunitas' e 'immunis' eram aqueles aristocratas que usufruiam da isenção de 
deveres, taxas e serviços. Ou seja, o povo pagava tudo, mas os privilegiados não. Eles eram 
imunes. 
 
Os primeiros relatos da história sobre a imunologia surgiram com Tucídides, em 460 a.C. Ele era 
um historiador ateniense. Segundo ele, o contato com uma doença faz com que, caso o indivíduo 
não morra, esteja, no futuro, mais bem preparado para conviver com essa doença. 
 
Em 1478, Girolamo Fracastoro (médico e poeta italiano) relata que havia pessoas que eram 
imunes à peste da época. 
 
A imunologia nasceu como uma ciência no fim do século XIX e início do século XX. Louis Pasteur 
(químico francês) foi o primeiro a criar uma espécie de imunização de aves contra a bactéria que 
causava a cólera aviária. A inoculação de bactérias mortas em galinhas fez com que, quando 
bactérias vivas fossem injetadas posteriormente, essas galinhas não sofressem da doença. 
 
Metchnikoff descobriu que, no nosso organismo, há células com capacidade fagocítica. Essa foi a 
primeira explicação para o funcionamento de vacinas. 
 
Émile Roux e Alexadre Yersin isolaram toxinas que causavam a difteria. Em seguida, Emil von 
Behring e Shibasauburo Kitasato produziram anticorpos antitoxina e, com isso, conseguiam 
conferir proteção a um organismo. 
 
O médico alemão Robert Koch descobriu o bacilo causador da tuberculose. Ele descobriu também 
que a inoculação dérmica de toxinas causava a formação de um sinal na pele em virtude da reação 
celular e humoral. 
 
Richard Pfeiffer concluiu que havia componentes no organismo, que não eram anticorpos, que 
auxiliavam o organismo na destruição de bactérias, através da bacteriólise. Era o sistema 
complemento. 
 
No final do século XIX, Charles Richet e Paul Portier descobriram que havia uma doença causada 
Diogo Araujo – Med 92 
pelo sistema imunitário. Extrato de anêmonas do mar inoculado em cães causavam reação tóxica. 
Se inoculassem pela segunda vez, havia uma reação imune intensa, o choque anafilático. 
 
Fim do século XIX: estudo da imunidade contra agentes infecciosos e vacinas, mediada por 
anticorpos e por células (fagócitos). 
 
Início do século XX: a resposta imune pode também agredir (alergia). 
 
Década de 50: outra categoria de agressão imunologica: as doenças autoimunes e a importância 
das imunodeficiências. 
 
Década de 60: sistema imune como o conjunto de órgãos e estruturas lifóides com função de 
defesa. Além disso, os linfócitos foram descobertos como as células-chave da defesa. 
 
Decada de 70: descobriu-se sobre o sistema neuro-imuno-endócrino. 
 
O sistema imune passou a ser compreendido como um sistema formado por órgãos, sejam eles 
primários e secundários. 
 
Os órgãos linfóides e o sangue correspondem a 20% do sistema imunitário. Os 80% restantes 
estão presentes na pele, mucosa respiratória e mucosa gastrointestinal. 
As principais células do sistema são os lifócitos T e B e linfócitos CN (citotóxicos naturais; ou NK). 
 
A marca do sistema imune é a especificidade. Cada linfócito reconhece um determinado antígeno 
de maneira muito específica. 
 
Há uma complementariedade entre os componentes químicos dos antígenos e dos receptores, o 
que faz com que a resposta seja específica. 
 
O contato do antígeno com o receptor desencadeia uma resposta intracelular, uma transdução de 
sinais que modulam a expressão gênica no núcleo da célula e podem levar à produção de 
imunoglobulinas específicas para aquele antígeno. 
 
Há moléculas acessórias que também auxiliam na formação de uma resposta a partir do contato 
do antígeno com o receptor, modulando a expressão gênica. 
 
São aplicações da especificidade da resposta imunitária: 
- Técnicas de imunodiagnóstico 
 - Testes imunoenzimáticos 
 - Radioimunoensaios 
Diogo Araujo – Med 92 
 - Immunoblots 
 - Testes intradérmicos 
 
- Imunoterapia 
 - Dessensibilização a alérgenos 
 - anticorpos monoclonais 
 
- Transplantes 
 
A aplicação mais espetacular da imunologia é a vacinação. Varíola já não existe mais. Poliomielite 
já foi erradicada no Brasil, e, em outros países, está próximo disso acontecer também. Caxumba, 
sarampo, rubéola, varicela, hepatites A e B, gripe, coqueluche, difteria, tétano, papiloma e 
pneumonia são exemplos de doenças que podem ser previnidas com o uso de vacinas. 
 
A saúde depende do equilíbrio do sistema imunitário. Se ele não funciona adequadademente, 
surgem doenças alérgicas, autoimunes, imunodeficiências, doenças hematológicas, 
reumatológicas, endócrinas, vasculares, gastroentéricas, hepáticas, dentais, renais, dérmicas, 
neurológicas, oftalmológicas, pulmonares, ginecológicas, oncológicas, infecciosas, cardiológicas e 
psiquiátricas. 
 
"O sistema imunitário constitui um eficiente exército planejado para combater os agentes 
infecciosos e invasores e o desenvolvimento de tumores. Assim, o objetivo primário do sistema 
imunitário é a destruição." 
 
Essa definição está correta?! 
 
- se o sistema imunitário cumprisse a função que a ele é atribuída - manter o indivíduo livre de 
agentes infecciosos - ele o mataria. Isso porque todo ser vivo é um consórcio de seres vivos. Nós 
não vivemos isoladamente. Homem-microbiota é um consórcio essencial. 
 
Microbiota é um conjunto de agentes infecciosos que convivem em perfeita harmonia com o 
hospedeiro. Somente na boca, podemos ter mais de 700 espécies de micróbios. 
 
São outros exemplos de sítios onde se localiza a microbióta: esôfago, estômago (H. pylori), 
intestino, vagina (Lactobacillus), pele (actinobactérias). 
 
A microbiota se instala a partir do nascimento e permanece até a morte. 
Diogo Araujo – Med 92 
 
O vírus da varicela-zoster é um parceiro adormecido. Uma vez contraído, permanece adormecido 
em equilíbrio com o sistema imune até a nossa morte. 
 
A microbiota possui atividades antimicrobianas, competindo pelo sítio, produzindo toxinas. 
Também possuem influências sobre o sistema imunitário. Toda a microbiota induz uma resposta 
imunitária. A resposta imunitária pode ser de dois tipos: de expulsão ou de permissão. 
 
A microbiota é reconhecida pelo sistema imune, gera imunidade (restritiva ou permissiva). A 
resposta permissiva é que delineia o repertório da nossa microbiota e acaba regulando várias 
atividades no nosso organismo. 
 
O H. pylori se liga ao seu receptor, desencadeia uma respostra intracelular que, em última análise, 
acaba por ativar linfócitos T. Esses linfócitos produzem citocinas que acabam aumentando a 
expressão de receptores para o H. pylori na célula mucosa. Assim, trata-se de uma resposta imune 
permissiva. 
 
A microbiota influencia o metabolismo (digestão absorção de nutrientes, produção de nutrientes) 
e a nutrição da mucosa intestinal. Além disso, pode participar do cresimento e desenvolvimento 
do indivíduo. 
 
A microbiota causa um aumento do tônus parassimpático e da produção de substâncias 
angiogênicas. Isso aumenta o fluxo sanguíneo e pode melhorar o crescimento de órgãos. 
 
Há interações do genoma da microbiota com o nosso. Isso leva a redução das diferenças entre os 
genomas, leva à tolerância imunológica e aumenta a nossa sobrevivência. Além disso, com esse 
aumento da complexidade genômica, há aumento da sobrevivência também. A coadaptação 
implica em coevolução. Estamos em constante evolução em conjunto com a nossa microbiota. 
 
Na interface homem-agente infeccioso, há uma série de fenômenos que levam à co-adaptação e 
co-evolução. 
 
Há, de fato, trocas gênicas, mutações. 
 
Qual a influência da nossa microbiota sobre a atração sexual? Os feromônios são aqueles que 
induzem estímulo. São moléculas de comunicação comuns a todos os seres vivos. São essenciaispara o processo de reprodução, manutenção da vida e aprimoramento das espécias. 
 
Apesar de serem frequentemente associados a substâncias voláteis, nem sempre os feromônios 
são substâncias odoríferas, o que impede que se tome consciência do estímulo. Atuam em 
concentrações minúsculas, na ordem de picogramas. 
Diogo Araujo – Med 92 
 
São produzidos por bactérias da microbiota da pele, a partir da degradação de componentes de 
secreções das glândulas sebáceas e sudoríparas. 
 
Os feromônios são derivados do colesterol e ativam as terminações olfativas do órgão vômero-
nasal, ligadas ao sistema límbico, modulando comportamentos e as relações entre indivíduos. 
 
A variação da atratibilidade sexual no curso da vida varia com a oferta de nutrientes hormonais 
para a microbiota feromonogênica (principalmente Corynebacterium). 
 
Atua na sincronização do ciclo menstrual entre mulheres coabitantes. 
 
Características genéticas de um indivíduo geram especificidade do sistema imunitário. Assim, há 
uma seleção do repertório de microbiota, que gera uma especificidade feromonal. Assim, há uma 
individualidade na atração sexual. 
 
Assinaturas genética influencia a assinatura imunológica, que influencia a assinatura microbiana, 
que influencia a assinatura química e, assim, há uma individualidade na atração sexual. 
 
E por que "os opostos se atraem"? 
 
- Quanto maior a semelhança genética, maior a semelhança da microbiota. Assim, o repertório 
feromonal seria parecido, com tolerância do outro aos feromônios e menor atração sexual. Isso 
poderia explicar a raridade de relações incestuosas, mesmo entre os animais. 
 
------------------------------------------------------------------------------------------------------------------- 
 
 
 
As Células do Sistema Imunitário 
Prof. Imaculada 
 
Imunidade inata = a imunidade inata é passiva também. É aquela que já existe prontinha para 
realizar a defesa antes mesmo do sistema ter sido exposto ao agente agressor. Fazem parte: 
neutrófilo, macrófago, eosinófilo, basófilo. Age de modo inespecífico independente do organismo 
agressor. 
 
Imunidade adiquirida = pode ser passiva ou não. Passiva é quando o anticorpo é recebido pronto. 
Diogo Araujo – Med 92 
Nesse tipo, houve uma exposição prévia para a a formação de defesa contra o agente agressor. 
Contato prévio sensibiliza os linfócitos, que produzem uma resposta para contatos futuros. 
Linfócitos formam esse tipo de imunidade. A imunidade adiquidida possui especificidade e 
memória. 
 
NEUTRÓFILO 
Do ponto de vista do núcleo (morfológico), o neutrófilo possui um núcleo polimorfonucleado, com 
várias lobulações. O citoplasma possui uma granulação discreta, ligeiramente róseo. A presença do 
corpúsculo de Barr (cromossoma X condensado) indica que o neutrófilo é de uma mulher. 
 
 
 
 
O neutrófilo nasce na medula óssea e é jogado no sangue circulante. Desse modo, ele fica 
procurando por organismos agressores e, quando os encontra, realiza fagocitose. Se não 
encontrar nenhum agente agressor, vive no máximo por 6 a 8 horas. Morre por apoptose após 
esse período. 
 
Utiliza a fagocitose como mecanismo de defesa. 
 
A atração dos neutrófilos para o local invadido se dá pela expressão de receptores (nos tecidos) e 
moléculas (pelo próprio agente agressor e pelas células de defesa). São substâncias quimiotáticas 
(que realizam a quimiotaxia dirigida - em direção ao microorganismo). As próprias substâncias da 
bactéria já são quimiotáticas. Os macrófagos teciduais, ativados pelas bactérias, também 
produzem substâncias quimiotáticas. Além disso, o sistema complemento também atua como 
atrativo. 
 
Normalmente, há um fluxo mais intenso de sangue no centro do vaso. Na periferia, os neutrófilos 
fazem um rolamento sobre a parede do vaso. Isso acontece até mesmo de maneira fisiológica. 
Quando há uma agressão, o endotélio expressa moléculas de adesão (ligantes das integrinas, 
Diogo Araujo – Med 92 
presentes na superfície dos neutrófilos), que fazem com que os neutrófilos fiquem aderidos à 
parede do vaso. Ali, ele se espraia e passa a procurar uma fenda entre duas células endoteliais, 
realizando a migração para o tecido subcutâneo (diapedese). 
 
 - Margeamento 
 - Rolamento 
 - Adesão 
 - Diapedese 
 
Como o neutrófilo saberia o que fagocitar, uma vez presente no local danificado? Isso se dá 
também através de receptores. Há receptores padrões (receptor Toll Like, por exemplo) nos 
neutrófilos que reconhecem moléculas comuns a patógenos (lipopolissacárides, etc). São dezenas 
de substâncias reconhecíveis e dezenas de receptores nos neutrófilos. São padrões moleculares de 
patógenos. 
 
Além disso, há moléculas que atuam como opsoninas. Ou seja, elas grudam na membrana do 
neutrófilo e na do agente agressor, de modo que, nesse meio líquido, os neutrófilos consigam se 
aproximar da bactéria para fagocitá-la. Anticorpos e moléculas do sistema complemento atuam 
como opsoninas. 
 
Adendo: Porque, após cerca de 120 dias na circulação sanguínea, as hemácias são degradadas? "A 
hemácia é fagocitada porque passa a expressar na sua superfície uma série de proteínas que, 
antes, estavam retidas em seu interior. Assim, os macrófagos as reconhecem como coisas 
estranhas e realizam fagocitose". 
 
Como que o neutrófilo consegue englobar o microorganismo?! Ela precisa abraçar a bactéria e 
fundir a sua membrana à dela. Depois, forma-se uma bolsa (que contém o microorganismo) no 
interior do citoplasma do neutrófilo. Essa bolsa é o fagossoma. 
 
No citoplasma da célula, vesículas contendo substâncias se fundem aos fagossomas, a fim de 
matarem os microorganismos e realizarem a sua digestão. 
 
A fagocitose é um processo ativo com gasto de energia. 
 
Após fagocitar a bactéria, o neutrófilo morre. No local, ficam restos da bactéria e do neutrófilo, 
que, clinicamente, se apresenta como pus. 
 
Então, quando se vê pus, é sinal de que ali ocorreram ataques de neutrófilos a microorganismos, 
com morte de ambos e permanência de seus restos. 
 
Fica uma lesão no local, com sintomatologia inflamatória (dor, rubor, calor, edema e relativa perda 
de função do local). 
Diogo Araujo – Med 92 
 
O neutrófilo pode morrer por apoptose ou por necrose. A apoptose acontece quando ele já está 
velhinho (com 6 a 8 horas de vida) e é programado para morrer. Na apoptose, a membrana da 
célula é preservada, sendo que o conteúdo do neutrófilo é repartido em pequenas vesículas 
(bolinhas), que são fagocitadas e eliminadas por outras células. Essa é a morte fisiológica. Não há 
lesão tecidual. 
 
Quando a morte do neutrófilo é por necrose, todo o seu conteúdo é jogado no tecido, o que 
estimula a resposta inflamatória, com lesão tecidual. É o que acontece quando ele encontra e 
fagocita uma bactéria, por exemplo. 
 
Algumas vezes, o neutrófilo pode ser atraído para locais em que há inflamação causada pela 
deposição de imunocomplexos. Lá, ele pode morrer e formar pus, mesmo sem haver fagocitado 
microorganismos. Ex: artrite reumatóide (doença reumática, em que há produção de anticorpos 
contra estruturas presentes em articulações, formação de imunocomplexos - antígeno/anticorpo, 
inflamação e ataque por células de defesa, como os neutrófilos). 
 
 
 
EOSINÓFILO 
Possui um núcleo com 2 lóbulos e citoplasma muito eosinofílico (obs: a coloração alaranjada 
ocorre quando o pH do tampão utilizado no processo de coloração da lâmina está por volta de 6,8; 
caso esteja fora dessa faixa, o eosinófilo poderá apresentar outras colorações). A característica 
marcante do eosinófilo é a presença de granulações grandes no citoplasma. Possui entre 12 a 14 
micrômetros (lembrando que uma hemácia tem em torno de 7 micrômetros). 
 
 
Diogo Araujo – Med 92 
 
Possui papel importante na regulação da resposta inflamatória e na defesa contra helmintos. 
 
Apesarde não conseguir matar o verme adulto no intestino, os eosinófilos tentam matar a larva 
do helminto ao fazer o ciclo pulmonar. 
 
A larva de Ascaris lumbricoides tem cerca de 200 micrômetros. Para matá-la, vários eosinófilos 
liberam seus produtos de defesa sobre a larva. Mas... Como se dá esse processo? 
 
Entre a larva e o eosinófilo, estão presentes anticorpos (cuja porção variável reconheceu os 
antígenos da larva e a porção constante está ligada à membrana do eosinófilo). Ou seja, a porção 
Fab (variável) do anticorpo se liga à superfície da larva. A porção Fc (constante) se liga à superfície 
do eosinófilo. E, assim, através desses estímulos, são liberadas substâncias do eosinófilo para 
matar a larva. Esse é o fenômeno ADCC (citotoxicidade dependente de anticorpo). 
 
 
 
 
A liberação dessas substâncias do eosinófilo leva à sintomatologia clínica de febre, cansaço, lesão 
tecidual, etc. Portanto, muitas vezes, os sinais e sintomas são causados pelo próprio sistema 
imunológico, e não pela presença do organismo estranho. 
Diogo Araujo – Med 92 
 
O eosinófilo tem papel muito importante na coordenaçao da resposta inflamatória. Por exemplo: 
faz vasodilatação no local de inflamação, coagulação na via de saída do sangue, etc. 
 
O eosinófilo ativado é bem diferente do não ativado: ele libera seus grânulos para o meio exterior, 
emite pseudópodes, se espraia, etc. 
 
O eosinófilo em repouso tem papel de manutenção da homeostasia do indivíduo (vasodilatação, 
por exemplo). 
 
 
MASTÓCITO 
Possui papel de inflamação, de controle, de regulação da resposta do sistema imunitário. 
 
 
 
 
Os mastócitos têm grânulos pré-formados em seu citoplasma. E, além disso, possuem receptores 
para o IgE. Quando há um contato secundário com o agente agressor, os IgE ligados à superfície do 
mastócito se ligam ao antígeno e promovem a degranulação imediata do mastócito. Essas IgE 
atuam como receptores de alta afinidade. E o mastócito acaba liberando uma grande quantidade 
de seu conteúdo, podendo levar, em poucos minutos, a reações alérgicas intensas, como no 
choque anafilático. 
 
Um dos constituintes de seus grânulos é a histamina (vasodilatadora). 
 
 
Diogo Araujo – Med 92 
MONÓCITO 
Núcleo único, com cromatina frouxa e citoplasma maior e azulado. 
 
 
 
Possui papel de fagocitose. Captura microorganismos e, assim, forma fagossomas no seu interior. 
Tem as mesmas funções qu e o neutrófilo. Contudo, o seu diferencial é a apresentação de 
antígeno. Ou seja, após digestão da bactéria, ele é capaz de apresentar os antígenos aos linfócitos, 
utilizando o complexo principal de histocompatibilidade (CPH; ou MHC - Major Histocompatibilty 
Complex; ou HLA - Antígeno Leucocitário Humano; é tudo a mesma coisa! :P ). 
 
Assim, o monócito atua como um indutor da imunidade adquirida. 
 
São células apresentadoras de antígenos: célula dendrítica e linfócito B. Essas outras células 
também terão um papel de induzir a imunidade adquirida. 
 
Para o monócito, o sangue é somente um local de passagem. Ou seja, uma vez levado pelo sangue 
para os mais diversos locais do corpo, o monócito pode entrar em outros tecidos e tornar a 
circular, se quiser. Ele possui mobilidade. (Já os polimorfonucleados não são assim: quando 
penetram em um tecido, não retornam para o sangue; morrem no local) 
 
 
 
LINFÓCITO 
Célula mononuclear, com cromatina bem densa e citoplasma praticamente inexistente. 
Diogo Araujo – Med 92 
 
 
Existem os linfócitos B, T e NK. Contudo, não conseguimos distingui-los a partir da morfologia. Isso 
só acontece quando utilizamos outros parâmetros. 
 
 
Linfócito B 
As imunoglobulinas são os receptores de sua superfície. Ou melhor, as imunoglobulinas estão 
ligadas a receptores na superfície do linfócito. E, assim, elas que atuam no reconhecimento de 
patógenos por essa célula. 
 
 
 
O anticorpo possui, em sua estrutura, uma parte constante e outra variável. A porção constante se 
liga ao linfócito e a variável, ao antígeno. 
 
Cada linfócito produzido é diferente porque é específico para um tipo de antígeno. Isso decorre 
das características da porção variável dos anticorpos ligados a ele. 
 
Uma vez em contato com o antígeno, o linfócito se multiplica e forma clones. Esses clones são 
Diogo Araujo – Med 92 
cópias resultantes de multiplicação. 
 
Existem dois tipos de CPH/MHC/HLA: 
 - de classe 1 = existe em todas as células nucleadas do organismo; 
 - de classe 2 = só está presente em células apresentadoras de antígeno 
 (monócito/macrófago, célula dendrítica e linfócito B). 
 
 
A memória imunológica se dá devido à parada de um linfócito em S1, uma vez que ela tenha sido 
exposta ao antígeno. Trata-se de um clone que permanece parado no ciclo celular e possui a 
função de perpetuar aquela resposta no organismo. 
 
Quando um linfócito não entra em contato com o antígeno, a sua tendência é morrer. Quando a 
defesa é realizada, forma-se um número muito grande de clones capazes de responder ao 
antígeno. Contudo, após o ataque, há um número de linfócitos que são mantidos, formando uma 
memória de defesa (imunológica). :) 
 
O plasmócito é um linfócito B que entrou em contato com um antígeno e se tornou especializado 
na produção de anticorpos. 
 
 
 
Linfócito T 
 
O linfócito T possui o Receptor do Antígeno do Linfócito T. É o TCR, ou RLT (receptor do linfócito 
T). Da mesma forma que as imunoglobulinas, esse receptor conta com uma parte variável (que 
confere especificidade) e outra constante. 
 
 
 
Existem os linfócitos T CD4 e linfócitos T CD8. O que os diferencia é a presença das moléculas CD4 
Diogo Araujo – Med 92 
ou CD8 na sua superfície. 
A molécula de CD tem função de fixar o linfócito à célula apresentadora de antígeno. Ela estabiliza 
essa ligação, forma uma ponte. Além disso, possui função de levar pra dentro do linfócito T as 
informações de ligação do antígeno à sua superfície, mandando a célula entrar em processo de 
multiplicação e de diferenciação, de modo que os seus receptores fiquem cada vez mais 
específicos. 
 
O linfócito T CD4 somente vê o antígeno que lhe é apresentado pelo CPH de classe II. 
O linfócito T CD8 somente vê o antígeno que lhe é apresentado pelo CPH de classe I. 
 
 
Linfócito T CD4 
 
Os clones de linfócitos T CD4 ativadospassam a produzir citocinas (como interferon gama, fator de 
necrose tumoral e interleucina 2). Essas citocinas atuam sobre o macrófago que apresentou o 
antígeno ao linfócito T CD4, tornando-o um super macrófago: ele produzirá mais enzimas, será 
maior e acabará com o agente agressor mais facilmente. 
 
Então: 
 
Macrófago fagocita o agente agressor --> apresenta para o linfócito T através de CPH de classe II --
> o linfócito se multiplica, se diferencia e passa a produzir citocinas --> elas atuam sobre o 
macrófago inicial --> macrófago se torna mais ativo, mais "forte" 
 
 
Costuma-se dizer que o agente celular EFETOR da resposta celular é o macrófago (já que ele 
combate o agente invasor diretamente). O controlador (regulador) dessa resposta seria o linfócito 
T CD4. 
 
Podemos separar os linfócitos T CD4 em quatro tipos: 
 - linfócito T CD4 auxiliar 1 (A1); 
 - linfócito T CD4 auxiliar 2 (A2); 
 - linfócito T CD4 auxiliar 17 (A17); 
 - linfócito T CD4 regulador (reg). 
 
 
Obs: auxiliar = helper. 
Diogo Araujo – Med 92 
 
 
O linfócito T CD4 A1 é justamente aquele que produz interferon gama, fator de necrose tumoral e 
il-2 para estimular macrófagos. Além disso, ele também auxilia o linfócito T CD8. 
 
O linfócito T CD4 A2 produz interleucinas 4, 5, 6, 10 e 13. Assim, esse linfócito estimulará o 
linfócito B a produzir IgE e IgA. 
 
 
As respostas de linfócitos T CD4 A1 e A2 são antagônicas. Se a resposta predomina de um lado, o 
outro é inibido. 
 
 
Comoque se dá a formação desses 4 tipos de linfócitos T CD4?! 
 
Isso ocorre dependendo do tipo de citocinas que atuam sobre o linfócito T CD4 inicial: 
 
 - na presença de IL-12 e IFN gama, a via de ativação intracelular T-bet passa a funcionar e, 
assim, a célula se torna um linfócito T CD4 A1; 
 - na presença de IL-4, a via de ativação intracelular GATA-3 passa a funcionar e, assim, a 
 célula se torna um linfócito T CD4 A2; 
 - na presença de IL-2 e TGF beta, a via de ativação intracelular FOXP3 passa a funcionar e, 
assim, a célula se torna um linfócito T CD4 reg; 
 - na presença de IL-6, IL-21, IL-1, IL-23 e TGF beta, a via de ativação intracelular STAT3 e 
 ROR gamaT passam a funcionar e, assim, a célula se torna um linfócito T CD4 A17; 
 
 
Obs: há dois tipos de resposta imune a um microorganismo, segundo a ordem de exposição: 
 - Resposta primária (primeiro contato com o antígeno): menos imediato, menos intensa e 
mais curta. 
 - Resposta secundária: resposta mais imediata, mais intensa e mais demorada. 
 Dependente de linfócitos de memória. 
 
Diogo Araujo – Med 92 
 
Linfócito T CD8 
 
O linfócito T CD8 reconhece antígenos apresentados por CPH de classe 1, presente em todas as 
células do organismo. Ele vê células normais do nosso organismo quando são infectadas. 
 
A molécula de CPH de classe 1 possui a função de dar identidade. Isso porque, fisiologicamente, 
utilizando esse tipo de CPH, as células ficam mostrando aos linfócitos T CD8 pedaços de proteínas 
próprias, normais. Com isso, ela mostra ao sistema imune que os "antígenos" que ela possui são 
próprios. 
O linfócito T CD8 age por contato célula-célula. Quando reconhece o antígeno não-próprio, 
transforma-se em um linfócito T citolítico e envia substâncias tóxicas que induzem a morte (por 
meio de apoptose ou necrose) da célula infectada. Em seguida, ele pode matar outras células 
infectadas. 
 
(No caso da hepatite, as células do fígado infectadas pelo vírus são reconhecidas pelo linfócito T 
CD8. Assim, ele induz a morte de várias delas, levando ao dano tecidual extenso, com 
possibilidade de insuficiência hepática aguda ou crônica) 
 
A vantagem de sua ação é que o linfócito T CD8 mata especificamente uma determinada célula. 
Não é algo que é jogado no sangue e pode agir sobre todas as células (como os anticorpos). 
 
Adendo: O CPH de classe 2 também apresenta antígenos próprios? Sim! O que acontece é que, no 
caso desse tipo de CPH, a sua produção ocorre em vesículas do citoplasma. Assim, a sua interação 
com proteínas advindas de fagossomas com bactérias lisadas é maior. E, portanto, esse tipo de 
CPH costuma apresentar ao sistema imune antígenos vindos de agentes externos ao organismo. 
Já no caso do CPH de classe 1, a sua produção se dá mais próxima do retículo endoplasmático. 
Assim, as proteínas que se ligam a ele, geralmente, são vindas da própria célula (em geral 
Diogo Araujo – Med 92 
antígenos próprios). 
 
 
DÚVIDAS 
 
- O linfócito NK é considerado do sistema imune inato ou adquirido?! Isso porque os linfócitos 
(como um todo) são, geralmente, enquadrados como células do sistema imune adquirido. 
 O linfócito NK fica na interface entre os dois grupos. Isso porque ele é um linfócito mas 
não possui o receptores característicos dos outros. 
 
 
- E o sistema complemento? 
 O complemento pertence ao sistema imune inato. 
 
 
- O sistema imune adquirido seria constituído por linfócitos, plasmócitos e anticorpos? 
 Sim. O sistema adquirido é caracterizado pelos linfócitos B, T e todos os seus 
"subprodutos" (seja celular ou humoral, como plasmócitos, citocinas e anticorpos, por exemplo). 
 
- Posso considerar basófilos e mastócitos como a mesma célula? Qual a diferença? Têm mesma 
origem? 
 "Essa questão é muito complexa e não será considerada." (sic) De maneira geral, pode-se 
considerar que os mastócitos são resultantes de migração de basófilos circulantes para os tecidos. 
Mas há estudos que indicam que os mastócitos podem ter outras origens (inclusive serem 
derivados de linfócitos B). :P 
 
 
- Os clones de um linfócito inicial expressam em sua superfície exatamente o mesmo anticorpo? 
 Sim! São clones com receptores exatamente iguais aos da célula inicial. Contudo, entre os 
linfócitos B, há uma pequena variação para aumento da especificidade pelo antígeno. Mas 
costuma se dizer que os clones são idênticos. 
 
 
- Isso também acontece com linfócitos T? 
 Nesse caso, não há variação alguma. Os receptores dos clones são exatamente os 
mesmos. 
 
 
- Os anticorpos presentes na superfície do linfócito B (que ainda não tenha sido exposto ao seu 
ligante; ou seja, linfócito virgem) foram produzidos por ele mesmo ou por outro linfócito B? 
Diogo Araujo – Med 92 
 É ele mesmo quem produz. : ) 
 
 
- É o linfócito B ou o T responsável pela memória imunológica? 
 Ambos. : ) 
 
 
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Órgãos linfóides primários e secundários 
Prof. Imaculation : ) 
 
Vendo alguns pontos no início da aula: 
 
- A molécula CD3 está presente segurando o receptor do linfócito T; 
 
- O linfócito T CD4 A1 tem papel de ativação de destruição de patógenos intracelulares. 
 
- O linfócito T CD4 A2 auxilia o linfócito B a produzir anticorpos. 
 
- O linfócito T CD4 A17 tem o papel de combate de bactérias extracelulares. 
 
- O linfócito T CD4 reg tem o papel de diminuir a resposta imune. Caso contrário, não haveria freio. 
 
(Ver no livro quais são as funções de cada uma desses linfócitos) 
 
 
O linfócito B tem duas imunoglobulinas que seguram o seu receptor, além de auxiliar na 
transdução de sinal: a Ig alfa e a Ig beta. 
 
Então: 
 
- Linfócito B possui sempre: Ig como receptor do linfócito B, Ig alfa e Ig beta; 
- Linfótico T possui sempre: receptor do linfócito T, CD3 e CD4 ou CD8. 
 
 
Além de órgaos, o sistema imune conta com o transporte das células e proteínas pelos vasos 
Diogo Araujo – Med 92 
linfáticos e sanguíneos. 
 
 
Um rapaz de 15 anos refere ter cortado o pé direito jogando futebol há uma semana. Ele informa 
que o machucado inflamou e agora está com pus. 
 
- O que aconteceu quando ele cortou o pé? 
 - Abertura da barreira cutâneo-mucosa, ou seja, eliminação do primeiro sistema de defesa 
inespecífica e entrada de microorganismos. Houve implantação de microorganismos no 
subcutâneo, com modificação do endotélio dos vasos da região, migração de neutrófilos até local 
em que estavam os microorganismos e destruição das bactérias. Isso se deu por fagocitose. A 
bactéria morre, mas os neutrófilos também. 
 
- O que sifnifica ter formado o pus? 
 - Resto de tecido morto e bactérias e neutrófilos lisados. Se o processo de formação de 
pus é muito grande, é necessária a remoção mecânica (drenagem). 
 
 
Ele refere que apareceu também uma íngua na virilha direita que está doendo. No exame do 
paciente, você observa que há um gânglio aumentado de tamanho e doloroso na região inguinal 
direita. 
 
- Por que o gânglio aumentou de tamanho? 
- Por que está doendo? 
- Porque na região inguinal direita? 
 
(Essas perguntas serão respondidas ao longo da aula) 
 
Um rapaz de 14 anos proveniente de área rural vem apresentando febre há 3 meses, com 
emagrecimento, fraqueza e uma sensação de peso no lado esquerdo do abdome, que vem 
piorando progressivamente. Informa também que está ficando muito pálido e tem apresentado 
sangramento na gengiva. Você examina o paciente e observa que ele tem sinais de anemia e 
apresenta esplenomegalia. No exame, você verifica que tem pneumonia. Você retira material da 
medula óssea e, no exame ao microscópio, observa macrófagos cheios de leishmania. 
- Porque o baço está aumentado detamanho? 
- Porque a palidez? 
- Porque o sangramento da gengiva? 
- Por que a pneumonia? 
- Porque os macrófagos estão cheios de leishmania? Ele não mata a leishmania? 
Diogo Araujo – Med 92 
 
(Essas perguntas serão respondidas ao longo da aula) 
 
 
Órgão linfóide primário: local de formação e maturação dos linfócitos. Eles determinam os 
receptores do linfócito B e T. São o timo e a medula óssea. 
 
Órgão linfóide secundário: linfócitos maduros e virgens vão para os órgãos linfóides secundários. 
São os gânglios linfáticos (linfonodos), baço, tecido linfóide associado à mucosa (respiratória, 
digestiva e genitourinária, que têm contato com o meio exterior) e pele. 
 
 
 
ÓRGÃOS LINFÓIDES PRIMÁRIOS 
 
Todas as células nascem da célula primordial, localizada na medula óssea. Essas células primordiais 
sofrem amadurecimento para formar os tipos de linfócitos. O que determina se vai ser linfócito T, 
linfócito B, um polimorfonucleado, etc., são os estímulos que ela vai receber, o que dirige a 
expressão gênica. São fatores de crescimento, citocinas, contatos célula-célula. 
 
Existe uma produção contínua para manutenção das células do sangue. 
 
Quando há infecção, a própria bactéria (com as citocinas que induz) leva ao aumento da produção 
de determinadas células do sistema imune. 
 
No caso dos linfócitos B, já ocorre amadurecimento na medula. Então, eles caem na circulação e 
vão para um órgão linfóide secundário. 
 
No caso dos linfócitos T, as células comprometidas com a formação de um linfócito T saem 
imaturas da medula. Não são linfócitos T ainda, mas precursores. São células primordiais 
comprometidas a serem linfócitos T. Acabam indo para o timo (por acaso ou por estímulo 
quimiotático). Lá, elas adquirem o RLT, o CD3 e o CD4/CD8. Quando saem do timo, caem no 
sangue circulante e vão ocupar um órgão linfóide periférico. 
 
O linfócito maduro (linfócito B que sai da medula ou linfócito T que sai do timo) está pronto, mas 
não tem indução imune ou algo do tipo. 
 
 
 
Medula óssea 
Diogo Araujo – Med 92 
 
As células primordiais se localizam na periferia da medula, próximos à tábua óssea. Contudo, os 
vasos sanguíneos que levam o sangue circulante para fora da medula ficam no seu centro. Com 
isso, as células que derivam das células progenitoras têm de sair da periferia e ir para o centro da 
medula para conseguir alcançar a circulação. Nesse caminho, elas vão se diferenciando segundo os 
estímulos que recebem. (Lembre-se: citocinas, contatos célula-célula, fatores de crescimento) 
 
O linfócito B maduro contém imunoglobulinas (Ig) como receptores em sua superfície. A formação 
de seu receptor começa pela cadeia pesada da Ig (que, nesse caso, é sempre IgM no início; ou seja, 
essa cadeia pesada é do tipo mi). Essas cadeias pesadas mi produzidas começam a irem para a 
superfície do linfócito B. Contudo, como a cadeia leve ainda não foi formada, há cadeias leves 
substitutas que se ligam e estabilizam as cadeias pesadas. 
 
Durante a sua formação, se o receptor for para reconhecimento de antígenos próprios, esse 
linfócito B em formação morre. E é justamente na caminhada dentro da medula óssea que esses 
receptores são testados. Essa é a seleção negativa: quem é específico para um antígeno próprio 
morre. 
 
De cada 100 linfócitos B formados, 75% são eliminados. Ou porque não formaram um receptor 
adequado ou porque formou um receptor que reconhecia antígenos próprios. Somente 25% dos 
linfócitos B formados ganham a circulação. 
Aparentemente, o linfócito NK também sai diretamente da medula. 
 
 
Respondendo as questões: 
 
- O paciente com calazar apresentou hemorragia e anemia porque a presença das leishmanias na 
medula levou a uma depleção da produção de células mielóides. As leishmanias ocuparam a 
medula e deprimiram a formação de células mielóides. 
 
- A pneunomia ocorreu devido à queda dos neutrófilos. Isso porque a pneumonia geralmente é 
causada por agentes externos. 
 
 
Obs: em acidentes nucleares, há muita destruição de células progenitoras mielóides. Uma 
plaqueta dura cerca de 10 dias. Por isso, esses pacientes passam a apresentar micro-hemorragias 
em poucos dias. Como os neutrófilos duram de 6 a 8 horas, no dia seguinte, esse paciente já está 
susceptível a infecções. Na mesma lógica, a anemia somente apareceria depois de 4 meses (já que 
as hemácias duram cerca de 120 dias). 
 
Diogo Araujo – Med 92 
(Com isso, deduz-se que o paciente com calazar já estava com a doença há 3 ou 4 meses, devido à 
presença da anemia). 
 
- Os macrófagos estavam repletos de leishmanias devido aos mecanismos de escape que esse 
protozoário tem das defesas. Quando é fagocitado pelos macrófagos, entram em ação proteínas 
de sua superfície que inibem a sua destruição (inibindo a fusão de lisossomas com os fagossomas). 
 
 
 
Timo 
 
O timo se localiza no mediastino, possuindo dois lobos. Dentro de cada lobo tem vários lóbulos, 
que contam com o córtex e a medula. As células que vem da circulação sanguínea entram nos 
lóbulos através de seios venosos que circundam o córtex. As células caminham da periferia do 
lóbulo para o seu centro, a fim de cair em vasos de saída. 
 
(Revisar a histologia do timo) 
 
Diogo Araujo – Med 92 
 
 
As células caem no estroma do timo, com células epiteliais tímicas e trabéculas. 
 
O timócito é um linfócito T que está passando temporariamente pelo timo (é um linfócito em 
amadurecimento). As células nurse possuem grandes prolongamentos que abraçam os linfócitos e 
facilitam a multiplicação dos timócitos (células primordiais). 
 
Depois de passar pelas células nurse, os timócitos continuam migrando até o centro. Nesse 
processo, há contatos dos timócitos com outras células, que são estímulos necessários para tornar 
essa célula em adulta. Ou seja, para se tornar adulto, o timócito precisa de citocinas e de contato 
célula-célula. São macrófagos e células dendríticas que saem apresentando antígenos para os 
timócitos. Essa apresentação se dá tanto pelo CPH de classe 2 quanto 1. 
 
Resumindo: 
 1) Timócito chega pela circulação sanguínea aos seios venosos na periferia dos lóbulos do 
timo; 
 2) Esse timócito tem de atravessar todo o lóbulo (córtex e medula) para conseguir alcançar 
o vaso de saída que está no centro da medula do lóbulo; 
 3) As primeiras células que eles encontram são as células nurse (no córtex do lóbulo), que 
possuem a função de abrigá-los e facilitar a sua multiplicação. Nesse processo, os timócitos 
entram em contato entre si e são alvos de citocinas. Com isso, eles vão se tornando adultos; 
 4) esses timócitos continuam caminhando em direção ao centro do lóbulo, passando pelas 
demais células (como os macrófagos e células dendríticas, que vão apresentando antígenos 
através de CPH de classe I e II). 
 5) A partir da apresentação de antígenos, ocorre o processo de seleção negativa: se o 
receptor do linfócito tiver uma alta afinidade pelo antígeno apresentado (que geralmente é 
próprio), ele morre. Para sobreviver, o receptor tem de reconhecer o CPH, mas fazer uma ligação 
frouxa, de afinidade baixa. 
 6) Além disso, também ocorre o processo de seleção positiva: se o linfócito for 
apresentado ao CPH de classe II, ele perderá o CD8 e ficará somente com o CD4; logo, se tornará 
um linfócito T CD4. Se ele for apresentado ao CPH de classe I, ele perderá o CD4 e ficará somente 
com o CD8; logo, se tornará um linfócito T CD8. 
 
 7) Então, o linfócito que conseguiu sobreviver cai na circulação sanguínea e vai ocupar um 
órgão linfóide secundário. 
 
Diogo Araujo – Med 92 
(Parênteses) Síndrome de Digeorge = caracteriza-se por uma série de malformações congênitas, 
classicamente incluindo defeitos cardíacos e dos grandes vasos, hipoplasia ou aplasiade timo e 
paratireóides e dismorfismos faciais. Ocorre por deleção em cromossomo 22. Como o timo é 
afetado, ocorre deficiência seletiva de linfócitos T. 
 
 
 
 
 
ÓRGÃOS LINFÓIDES SECUNDÁRIOS 
 
 
Linfonodo 
 
O primeiro mecanismo de captura do antígeno é através do sistema linfático. 
 
Esse sistema se organiza em dedo de luva em quase todos os órgãos (ele não está presente nos 
tecidos nervosos, por exemplo). 
 
As células dendríticas do subcutâneo capturam (fagocitam) os antígenos que entraram pela pele. 
Em seguida, elas clivam os seus próprios desmossomos (que as conectavam às células vizinhas) e 
conseguem migrar através dos vasos linfáticos. Assim, elas caminham para um órgão linfático, 
como os linfonodos. 
 
Existem linfonodos espalhados pelos diversos segmentos de nosso corpo. Às vezes, formam 
verdadeiras cadeias linfonodais. 
 
Ao chegar no linfonodo, a célula dendrítica é carregada para seios subcapsulares que ficam na 
periferia do órgão. 
 
Diogo Araujo – Med 92 
 
 
 
Diogo Araujo – Med 92 
 
 
 
(Rever a histologia do linfonodo) 
 
Contudo, as células dendríticas tem de atravessar diversas regiões do linfonodo. Assim, elas 
encontram linfócitos B e T. A região dos folículos é de linfócitos B. A região parafolicular é de 
linfócitos T. 
 
(Respondendo parte das perguntas iniciais da aula) 
 
Quando a célula dendrítica chega, ela procura por um linfócito que possua receptor específico 
para o seu antígeno. 
Se ocorrer esse encontro, esse linfócito que reconheceu o antígeno passa a se proliferar 
intensamente, formando vários clones. Então, o gânglio cresce e há expansão do local (com dor), 
aumento do metabolismo (com calor), etc. 
A dor em um gânglio linfático se dá por expansão abrupta da cápsula do linfonodo e por produção 
de substâncias que sensibilizam as terminações nervosas. 
 
Diogo Araujo – Med 92 
 
Obs: A invasão do linfonodo por células neoplásicas, geralmente, é indolor. 
 
 
O centro germinativo de um folículo é formado por plasmócitos (e como o plasmócito tem um 
citoplasma mais abundante, há uma coloração mais clara nessa região). Já a região periférica do 
folículo possui linfócitos B inativos ainda. Por isso a coloração é mais escura. 
 
Há uma particularidade nos linfonodos: existem vênulas de endotélio alto. São formadas por 
endotélio de células cuboides. Essas células têm receptores para linfócitos, de modo que esse 
endotélio consegue a capturá-los e jogá-los para dentro do estroma do órgão. Isso está de acordo 
com a necessidade que há de ampliar as chances de encontro do antígeno com o linfócito que 
possua o receptor específico. 
 
(Obs: fisiologicamente, somente existem vasos de endotélio alto nos linfonodos e nos tecidos 
linfóides associados a mucosas. No entanto, patologicamente, quando há um processo 
inflamatório em um determinado local, as células do endotélio do local se modificam e passam a 
ser de formato cubóide (endotélio alto). Justamente pela necessidade de ampliar o número de 
células de defesa no local de inflamação). : ) 
Parênteses : Agamaglobulinemia leva à imunodeficiência por ausência de linfócitos B. 
 
 
 
Baço 
 
Baço não possui vaso linfático aferente. Somente há vasos linfáticos que saem desse órgão. 
Portanto, é a circulação sanguínea a responsável por levar os antígenos para o seu interior. 
Na maioria dos casos, o aumento do tamanho do baço é um processo infeccioso. Isso porque o 
baço é repleto de células de defesa (como os linfócitos). Uma vez que o antígeno tenha sido 
levado por via hematogênica para o baço, ele pode se encontrar com o linfócito que possui 
receptor específico e, assim, promover a sua multiplicação intensa. Isso resulta em 
esplenomegalia. 
 
Quando entra um microorganismo no baço, através da circulação, há fagocitose por macrófago e 
apresentação para linfócito T. Então, esse linfócito T ativa linfócitos B. Esses linfócitos (tanto B 
quanto T) que se multiplicam intensamente. 
 
Contudo, há outras situações não-infecciosas em que o baço pode aumentar de tamanho, como 
Diogo Araujo – Med 92 
em um estreitamento da veia esplênica, por exemplo. 
 
Dentro do baço, há tanto circulação de sangue aberta quanto fechada. Na circulação fechada, o 
sangue entra pelas artérias, nutre o parêquima e sai pela veia. Na circulação aberta, o sangue que 
vem pelas artérias cai em um seio venoso (sinusóides) e passa entre células do parênquima do 
órgão. 
 
As artérias que chegam ao parênquima são rodeadas por um aglomerado de linfócitos T, a bainha 
linfocítica periarterial. Em seguida, ao chegar aos folículos linfóides, essa artéria está contida em 
uma região de linfócitos B. 
 
Ou seja: 
 - Bainha linfocítica periarterial = linfócitos T; 
 - Folículos linfóides e zona marginal = linfócitos B. 
Diogo Araujo – Med 92 
 
 
Diogo Araujo – Med 92 
 
 
Diogo Araujo – Med 92 
 
 
Diogo Araujo – Med 92 
 
(Respondendo pergunta inicial da aula) 
 
No calazar, o baço está aumentado pela presença do protozoário dentro do órgão e pela 
multiplicação de linfócitos. 
 
 
 
Outros órgãos linfóides secundários 
 
Na pele, há muito linfócito T CD8. 
 
O epitélio que recobre mucosas é dito "linfo-epitélio" devido à presença de muitos linfócitos. São 
linfócitos T CD8 com característica de impedir a resposta imunitária. (Whaaaaat?!) 
 
As Placas de Peyer, presentes na região ileal do intestino delgado, são áreas de folículo linfóide. 
No epitélio que recobre as regiões do tubo digestório em que estão presentes as Placas de Peyer, 
há células M, que possuem receptores para microorganismos patogênicos, fagocitando-os e 
levando-os para dentro da Placa de Peyer (que está logo abaixo). 
 
A Placa de Peyer é uma área de linfócitos B. Ao redor, há linfócitos T e macrófagos. 
 
O linfócito da Placa de Peyer que é estimulado sai por um vaso linfático e se encaminha para as 
cadeias de linfodos para-aórticos. Lá, ele se multiplica intensamente e se converte em plasmócito 
produtor de IgA. Então, por via sanguínea, volta para uma região de mucosa (como a própria 
mucosa ileal, por exemplo) e passa a secretar IgA a todo vapor. Esse IgA atravessa o epitélio e 
passa a combater os microorganismos que estejam na superfície, impedindo-os de entrar no 
organismo. 
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Complexo Principal de Histocompatibilidade (CPH) 
Prof. Imaculada 
 
Qual a diferença de HLA (antígeno leucocitário humano) para CPH? 
Diogo Araujo – Med 92 
O CPH se refere a todas as espécies. Quando se trata do humano, podemos falar de HLA. 
 
Como descobriram a existência do CPH? 
A partir da observação de que mulheres multíparas (que tiveram vários filhos) ou pessoas 
politransplantadas sofriam reações do seu soro contra os embriões/fetos ou órgãos doados. Ou 
seja, elas produziam anticorpos contra moléculas na superfície das células estranhas. 
 
O antígeno é a proteína que está na superfície da célula. Mas quem faz com que essas proteínas 
sejam produzidas? O gene, que está no interior da mesma sendo expresso. 
 
Existem várias classes de CPH. Muitas não são conhecidas ainda. As mais importantes são as 
classes I, II e III de CPH. Contudo, as classes I e II serão mais bem estudadas aqui. 
 
Durante a evolução, essas moléculas surgiram a fim de oferecer individualidade ao organismo. Isso 
porque, com a formação de seres multicelulares, deveria haver algum elemento que desse 
identidade ao organismo. Os CPHs são as estruturas que nos identificam molecularmente. 
 
(Parênteses) - O que são os CDs (CD4 ou CD8, por exemplo)?! 
 
"Grupamento de diferenciação ou do inglês cluster of differentiation (geralmente 
abreviado como CD) é o conjunto de moléculas marcadores da superfíciecelular usado 
para diferenciar variados tipos de células. Moléculas CD podem agir de diferentes modos, 
geralmente como receptores ou como ligantes (a molécula que ativa um receptor). Uma 
cascata de sinalização normalmente é iniciada, alterando o comportamento da célula . 
Algumas proteínas CD não têm papel na sinalização, desempenhando outras funções como 
adesão celular." (wikipedia) 
 
 
 
CPH de classe I 
 
O CPH de classe I fica na superfície de todas as células nucleadas do organismo, exceto nos 
espermatozóides. 
 
São os linfócitos T CD8 as células do sistema imune responsáveis pelo processo de 
reconhecimento do CPH de classe I. 
 
A molécula do CPH de classe I é formada de duas alças: 
 - uma alça alfa (com as regiões alfa 1, 2 e 3), com partes extracelular, intracelular e 
transmembrana. A cadeia alfa possui uma região constante (alfa 3) e duas regiões que variam (alfa 
1 e alfa 2, onde se encaixa o antígeno). Essa molécula deve ser variada para reconhecer antígenos 
Diogo Araujo – Med 92 
diferentes. 
 
 - e uma alça beta 2 microglobulina, que é constante e não-variável. 
 
 
 
 
Não existe uma só molécula de CPH de classe I no organismo: há vários tipos que formam um 
conjunto de CPHs de classe I. 
 
Em cada alelo que codifica para a cadeia alfa do CPH de classe I, há as regiões A, B e C. Logo, há os 
CPHs de classe I do tipo A, B e C, formando um conjunto de 6 CPHs de classe I característico para 
cada indivíduo. 
 
Na fenda variável do CPH de classe I, cabem peptídeos com 9 a 11 aminoácidos para serem 
apresentados. 
 
A estrutura morfológica, o tamanho e as cargas elétricas da fenda são os fatores que determinam 
quais antígenos poderão ser apresentados por aquele tipo de CPH de classe I. 
 
 As fendas dos CPHs A, B e C de classe I são promíscuas e capazes de apresentar vários tipos de 
antígenos. 
 
Contudo, se um determinado antígeno não conseguir se encaixar em nenhum desses CPHs de 
Diogo Araujo – Med 92 
classe I, não haverá apresentação de antígeno e, consequentemente, nenhum combate do imune 
contra a célula que tentou apresentar esse antígeno. 
 
Se houver, por exemplo, uma infecção por um vírus letal em toda a população, alguns invíduos 
conseguirão apresentar antígenos por meio do CPH de classe I e, assim, combater esse vírus. 
Poderão, portanto, sobreviver. Contudo, outros indivíduos não conseguirão apresentar esses 
antígenos em nenhum de seus CPHs de classe I e, portanto, morrerão. 
(Isso desconsiderando o fato de que o vírus possa ser reconhecido pelo sistema imune através da 
apresentação por outros tipos de CPH) 
 
Essa molécula, então, mostra a identidade do indivíduo e participa do processo de manutenção da 
espécie (já que está ligada à sobrevivência dos organismos). 
 
A beta 2 imunoglobulina confere estabilidade ao CPH. Isso porque tudo fica mais estável quando 
se forma o trio cadeia alfa + cadeia beta 2 microgl + antígeno (na fenda). 
O CD8 faz uma ligação química com a molécula de CPH de classe I. Com isso, essa molécula ancora 
a ligação. Além disso, exibe função de sinalização intracelular (o mesmo ocorre para o CD4 em 
relação ao CPH de classe II). 
 
As cadeias alfa são formadas no retículo endoplasmático rugoso. De modo que, nesse local, 
durante a sua formação, já se ligam a antígenos oriundos do interior da célula. Assim, o CPH de 
classe I geralmente apresenta antígenos próprios. 
 
Contudo, pode ser que o CPH de classe I apresente antígenos não próprios também. No caso de 
uma célula infectada por vírus, haverá expressão de proteínas virais pelo próprio maquinário 
celular, o que conduzirá à apresentação de antígenos virais pelo CPH de classe I. Haverá uma 
"competição" na apresentação de antígenos próprios e não-próprios. 
 
Diogo Araujo – Med 92 
 
 
O sistema chaperonina-proteassoma clivam as proteínas que serão apresentadas. As chaperoninas 
carreiam as proteínas até o proteassoma, que as cliva em pequenos peptídeos (com 9 a 11 
aminoácidos) para serem encaixados no CPH de classe I e serem apresentados. 
 
Obs: os antígenos são jogados para dentro do retículo endoplasmático por meio da proteína TAP. 
A ausência dessa proteína leva a doenças. 
Diogo Araujo – Med 92 
 
 
Lembrando que os peptídeos que são apresentados no CPH de classe I possuem uma estrutura 
linear. 
 
Uma vez que a molécula de CPH de classe I tenha se ligado ao antígeno, ela é colocada na 
superfície da célula. Então, o RLT (receptor do linfócito T CD8, nesse caso) chega e reconhece a 
molécula do CPH de classe I e o antígeno. Há um reconhecimento dos dois elementos, tanto do 
CPH de classe I (que se apresenta como um cálice, com suas bordas) quanto do antígeno (que está 
no interior do "cálice"). 
 
A borda inteira da molécula de CPH de classe I é fechada pelo receptor e, no centro, o antígeno é 
reconhecido. Como o espaço é pequeno, os antígenos têm de ser pequenos também (por isso que 
têm entre 9 a 11 aminoácidos). 
 
Lembrando: durante a formação do linfócito T, a seleção positiva é o reconhecimento perfeito do 
CPH pelo receptor do linfócito T. 
 
O RLT só reconhece antígenos proteicos. Há, contudo, outras moléculas na superfície do linfócito T 
que reconhecem antígenos não proteicos, de modo que, quando isso acontece, a resposta custa 
acontecer, com baixa capacidade de manutenção de memória. É por isso há demora no combate a 
alguns tipos de microorganismos. 
 
Antígenos lipídicos podem ser apresentados, desde que estejam associados a proteínas. Assim, a 
parte proteica do antígeno é apresentada (fica mais próxima das bordas do CPH) e a parte lipídica 
fica voltada para a estrutura interna. 
 
Existem CPHs de classe I dos tipos A, B e C que provêm da mãe e do pai. São, ao todo, seis tipos de 
CPH de classe I por indivíduo. Assim, há 6 tipos de fendas diferentes em um organismo, sendo que 
cada uma delas é capaz de apresentar centenas de antígenos diferentes. 
 
(Parênteses) - Quantos alelos diferentes existem para o gene que codifica os tipos A, B e C dentro 
da população? 
- Esse é o gene mais polimórfico que existe! Há mais de 200 alelos para cada gene. Isso reduz 
muito a chance de igualdade entre dois indivíduos quando se pretende fazer doação de medula ou 
órgãos, reduzindo muito a chance de compatibilidade entre dois indivíduos. 
 
 
 
 
Diogo Araujo – Med 92 
CPH de classe II 
 
 
O CPH de classe II possui também duas cadeias, sendo: 
 - uma cadeia alfa, com as regiões alfa 1 e alfa 2; 
 - uma cadeia beta, com as regiões beta 1 e beta 2. 
 
Ambas as cadeias possuem os domínios externo, transmembrana e intracelular. As regiões alfa 1 e 
beta 1 são variáveis e as alfa 2 e beta 2, constantes. 
 
 
 
 
Juntas, as duas cadeias formam a fenda do CPH de classe II. Com isso, há possibilidade de encaixe 
de moléculas maiores, com 28 a 35 aminoácidos. 
 
Os antígenos apresentados por esse CPH provêm de fagocitose. Uma vez fagocitados, são 
processados por enzimas lisossomais (há fusão do fagossomo com os lisossomos). Com isso, os 
antígenos são anexados ao CPH de classe II dentro dos fagolisossomas, e não no retículo 
endoplasmático. 
Obs: as moléculas do CPH de classe II não possuem áreas sensíveis à quebra pelas enzimas que 
atuam no fagolisossoma. 
 
Contudo, há a possibilidade do CPH de classe II apresentar antígenos próprios. Se um macrófago 
fagocita um corpo apoptótico de uma célula própria do organismo, ele apresentará antígenos 
Diogo Araujo – Med 92 
próprios no CPH de classe II. 
 
 
 
 
 
Na fenda em que se encaixa o antígeno, há pontos de ligação que são mais importantes. São eles 
que seguram e fazem o reconhecimento do antígeno. Então, o antígeno não se liga a toda a 
estrutura da fenda, mas a pontos específicos. 
 
 
O CD4 faz uma ligação química com a molécula de CPH de classe II. Com isso, essa moléculaancora 
a ligação. Além disso, exibe função de sinalização intracelular. 
 
Em cada alelo que codifica para as cadeias alfa e beta do CPH de classe II, há as regiões DP, DQ e 
DR. Logo, existem 3 tipos de cadeias alfa que provêm da mãe e 3 tipos de cadeias alfa que provêm 
Diogo Araujo – Med 92 
do pai. O mesmo acontece para as cadeias beta. 
 
Com isso, podem ser formados CPHs de classe II resultantes da combinação de diferentes cadeias 
provenientes da mãe ou do pai. Há, portanto, um número enorme de CPHs de classe II que podem 
ser formados. 
 
Além disso, mutações em um único aminoácido da fenda de um CPH pode levar ao encaixe de um 
pool diferente de antígenos. 
 
Obs: em cada alelo, existe também uma região que codifica para o proteassoma (mecanismo que 
cliva os antígenos). 
Com isso, o número de moléculas de CPH de classe II é bem maior do que no de classe I. 
 
 
(Parênteses) - Como o linfócito B consegue apresentar antígenos (se ele não fagocita)? 
 
Ele endocita antígenos reconhecidos pelo seu receptor (que é uma imunoglobulina). Ele afunda o 
complexo antígeno-receptor. Assim, ele forma um endossomo (vesícula dentro do citoplasma). 
Em seguida, a molécula de CPH de classe II é jogada dentro do endossoma, assim como enzimas 
lisossomais. Depois, os antígenos são apresentados aos linfócitos T CD4 pelo CPH de classe II. 
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Formação dos linfócitos T, B e células citotóxicas naturais 
Profª Érica Alessandra 
 
 
"Existem linfócitos da imunidade inata e adaptativa." (o que contraria um pouco a visão da 
professora Imaculada, que diz que os linfócitos pertencem à imunidade adaptativa; exceto os 
linfócitos NK, que estão na interface) 
 
Os linfócitos possuem, do ponto de vista morfológico, um núcleo que ocupa quase todo o volume 
da célula, além de pouco citoplasma. 
 
Independente do local em que se encontra no corpo, o linfócito tem sempre o mesmo aspecto 
morfológico. 
Diogo Araujo – Med 92 
 
A grande massa de linfócitos que temos é constituída por vários tipos que se distinguem do ponto 
de vista molecular, sendo que cada um dos tipos tem funções diferentes. 
 
Por que possuem funções diferentes? Porque a formação de cada uma dessas populações se dá de 
maneira diferente, preparando-a para um grupo de funções específicas. 
 
 
Linfócito T 
 
O linfócito T possui o receptor do linfócito T (RLT). Ele conta com duas cadeias protéicas, sejam 
elas alfa e beta OU gama e delta. 
Nas proximidades do receptor, há as moléculas CD3 e cadeias zeta . Ambas estão ligadas ao RLT e 
servem para sinalizar e levar o sinal para dentro da célula. 
 
Existem, basicamente, 4 tipos de linfócito T: linfócito T CD4, linfócito T CD8, linfócito NKT e 
linfócito T gama-delta. 
 
O linfócito T CD4 (ou linfócito T auxiliar) possui a função de ativar outras células do sistema 
Diogo Araujo – Med 92 
imunitário. Na sua superfície, estão presentes: 
 - RLT (com cadeias alfa e beta); 
 - CD3; 
 - cadeias zeta; 
 - CD4. 
 
 Esse linfócito somente reconhece antígenos apresentados por CPH de classe II. 
 
 
O linfócito T CD8 (citotóxico) possui em sua superfície: 
 - RLT (com cadeias alfa e beta); 
 - CD3; 
 - cadeias zeta; 
 - CD8. 
Ele reconhece antígenos apresentados por CPH de classe I. 
 
 
Os linfócitos NKT compartilham marcadores de superfície do linfócito T e do linfócito NK. 
 
Possuem RLT (e, assim, poderia ser classificado como pertencente ao sistema imune adaptativo) e 
grânulos e marcadores de superfície característicos de linfócito NK (que é do sistema imune inato). 
 
É, portanto, um intermediário entre a imunidade inata e adaptativa. 
Ele não se liga ao CPH de classe I nem ao de classe II. É o CD1 o responsável por apresentar 
antígenos lipídicos a ele. A resposta é mais rápida do que a dada pelos linfócitos T CD4 e T CD8. 
 
 
O linfócito T gama-delta detecta mudanças na superfícies da células. Essa mudanças podem 
ocorrer por infecção viral, mudanças metabólicas, etc. Também é uma célula intermediária entre a 
imunidade inata a adaptativa. A resposta é mais rápida. 
 
Diogo Araujo – Med 92 
Nessas duas últimas células, a diversidade de reconhecimento de antígenos é menor. Contudo, a 
especificidade de ligação é alta. 
 
 
Os linfócitos T começam o seu desenvolvimento na medula. Contudo, a maior parte da sua 
formação se dá no timo. 
 
Células tronco pluripotentes hematogênicas, que se localizam na medula, dão origem a todas as 
células sanguíneas (incluindo os linfócitos T). Esse processo de formação de linfócitos é lento e 
com vários pontos de checagem. 
 
A primeira etapa inclui a transformação da célula tronco hematopoiética em uma célula 
comprometida com a formação de linfócitos (em geral). Esse processo ocorre na medula óssea. 
 
Essa célula, então, cai na circulação sanguínea e vai para o timo. Lá, essa célula, que inicialmente 
estava comprometida com a formação de qualquer tipo de linfócito, encontra um ambiente 
adequado para a formação de linfócitos T. Assim, ela se converte em uma célula pro-T. Como? O 
receptor Notch-1 e GATA-3 são os responsáveis pela formação da célula pró-T. É uma célula que se 
prolifera muito (sobre a ação da interleucina 7). Além disso, essa célula não possui ainda RLT, CD4 
ou CD8 (é uma célula duplo negativa). 
 
 
 
Essa multiplicação é importante porque apenas 5% das células que estão sendo formadas no timo 
conseguem chegar à circulação. Portanto, é importante para aumentar o número de células filhas 
e, consequentemente, o número de células que formação receptores de linfócitos T que sejam 
adequados. Quanto maior for a progênie da célula T, maior a probabilidade de serem formados 
linfócitos com receptores adequados. 
 
Depois de ser pró-T, a célula passa a ser pré-T no momento em que começa a expressar um 
Diogo Araujo – Med 92 
precursor do RLT (denominado pré-T-alfa). 
 
Mas como isso acontece? 
 
A primeira cadeia do RLT a ser expressa é a cadeia beta. Portanto, ela é a primeira parte do RLT a 
aparecer na membrana. Só que, ao invés dela se combinar com a cadeia alfa (que ainda não foi 
expressa), ela se liga a uma cadeia chamada de pré-T-alfa. 
 
E qual a importância disso? Isso é importante porque, quando o receptor de pré-T-alfa que está na 
membrana, há uma série de sinais que são um estímulo de sobrevivência para a célula em 
formação. 
 
Então: 
 
Receptor pré-T-alfa = cadeia beta do RLT + cadeia pré-T-alfa 
 
 
 
Além de um estímulo de sobrevivência, a presença do receptor pré-T-alfa na membrana do 
linfócito em formação gera também um estímulo para a formação da cadeia alfa do RLT, bem 
como de CD4 e CD8. A célula pré-T passa, então, a ser duplo positiva. 
 
 
Obs: timócitos são os linfócitos em formação presentes no timo. 
Logo: 
 
- timócitos duplo negativos (sem CD4 ou CD8): células pró-T; 
- timócitos duplo positivos (com CD4 e CD8): células pré-T; 
Diogo Araujo – Med 92 
- timócitos unipositivos: maior parte dos linfócitos que saem do timo. 
 
 
A partir da formação de CD4 e CD8 em células pré-T, ocorrem dois processos no timo: a seleção 
positiva e a seleção negativa. 
 
 
Lóbulo tímico possui células epiteliais tímicas forrando o lóbulo por fora (formando uma espécie 
de barreira hemato-tímica) e no seu interior. No córtex, há timócitos em formação acolhidos pelas 
células nurse, além de timócitos e poucos macrófagos. Na medula desse lóbulo, há mais 
macrófagos e células dendríticas. 
 
No lóbulo do timo, o timócito pré-T é apresentado a antígenos pelas células dendríticas e pelos 
macrófagos (e pelas células epiteliais tímicas também? SIM! : ) ). Contudo, esses antígenos 
apresentados são próprios.Nesse processo, o timócito pode ser apresentado a antígenos através de CPH de classe I ou II. Se 
esse timócito consegue reconheceu o CPH de classe I, a célula é estimulada a sobreviver e passa a 
expressar somente o CD8, e não mais o CD4. Se reconheceu o CPH de classe II, a célula é 
estimulada a sobreviver e passa a expressar somente o CD4, e não mais o CD8. 
 
Se não houver reconhecimento de nenhum CPH, a célula morre. Essa é a seleção positiva. Ela 
serve para estabelecer a restrição ao CPH, ou seja, para selecionar linfócitos que são capazes de 
reconhecer CPH de classe I ou II. 
 
Se passar pela seleção positiva, o timócito selecionado para sobreviver vai para a medula do 
lóbulo. Lá, será analisada força que esse timócito tem de reconhecer os antígenos apresentados 
(próprios). 
Os linfócitos que possuem baixa afinidade pelos antígenos próprios apresentados são selecionados 
para sobreviver. Aqueles que se ligam muito fortemente são encaminhados para morte. Essa é a 
seleção negativa. 
 
Logo: 
 
- Seleção positiva: apresentação de antígenos próprios por CPH de classe I ou II. Se o reconhecer 
CPH de classe I, sobreviverá e passará a apresentar só CD8 na membrana. Se reconhecer CPH de 
classe II, sobreviverá e passará a apresentar só CD4 na membrana. Se não reconhecer nenhum 
CPH, irá morrer. A importância desse processo é a seleção de linfócitos que sejam capazes de 
Diogo Araujo – Med 92 
reconhecer o CPH (de classe I ou II) do indivíduo. 
 
- Seleção negativa: se o reconhecimento de antígenos próprios apresentados for fraco, a célula 
sobreviverá. Se o reconhecimento for muito intenso, a célula morre. A importância dessa etapa é a 
eliminação de linfócitos T com o potencial de reagirem contra o próprio. 
 
Obs: as células epiteliais tímicas expressam antígenos que estão presentes em vários órgãos do 
corpo. O objetivo é eliminar os timócitos que reconheçam com grande afinidade antígenos 
próprios, ou seja, linfócitos com potencial para reagirem contra o próprio organismo. 
 
Um processo infeccioso no timo leva à formação e à apresentação de antígenos do próprio 
patógeno. Assim, as os timócitos que forem específicos para aqueles antígenos, através da seleção 
negativa, vão morrer. E, com isso, o indivíduo pode deixar de produzir linfócitos T que realizariam 
a defesa contra aquele patógeno. 
 
Exemplo: o vírus da rubéola (não tenho certeza), quando presente em uma gestante, pode passar 
para o concepto e invadir o seu timo. Lá, os vírus seriam fagocitados e seus antígenos, 
apresentados aos timócitos em formação. Todos aqueles timócitos que tivessem receptores 
específicos para os antígenos do vírus morreriam, já que eles se ligariam aos antígenos com muita 
afinidade e, pela seleção negativa, seriam induzidos à morte. Logo, esse concepto seria incapaz de 
formar linfócitos T que tivessem receptores para combater o vírus. 
 
 
Depois de sobreviverem às seleções negativa e positiva, os linfócitos T virgens saem do timo e 
ganham a circulação. A maior parte deles são linfócitos unipositivos (CD4 ou CD8). Uma pequena 
parcela é duplo positiva (CD4 e CD8). 
 
 
Do timo, saem também células NKT e células T gama-delta. Contudo, não se sabe muito sobre o 
processo de maturação dessas células. 
 
 
 
Linfócito B 
 
O linfócito B possui uma molécula de imunoglobulina da classe IgM como receptor. Além disso, 
estão presentes em sua superfície as Ig alfa e Ig beta (outros tipos de imunoglobulinas que são 
responsáveis pela transdução de sinal para dentro da célula, uma vez que o receptor tenha sido 
ativado). 
Diogo Araujo – Med 92 
 
 
Há dois tipos de linfócito B: B1 e B2. 
 
O fígado fetal produz a população de linfócitos B1. São células que estão presentes na cavidade 
peritoneal e pleural. Lá, elas produzem anticorpos naturais. Ou seja, anticorpos que são 
produzidos sem que o linfócito B tenha sido apresentado ao antígeno previamente. A maior parte 
desses anticorpos é do tipo IgM. 
 
(Parênteses) No sistema sanguíneo ABO, quando um indivíduo é do tipo A ele possui em seu 
plasma anticorpos que combatem os antígenos B. E, se ele for do tipo B, possuirá anticorpos 
contra os antígenos A. Esses são exemplos de anticorpos naturais presentes no organismo do 
indivíduo adulto. : ) 
 
 
O linfócito B2 é aquele produzido na medula óssea. O linfócito B2 imaturo sai da medula, vai para 
o baço e, lá, sofre processo de amadurecimento. 
 
Depois, ele pode se tornar um linfócito B folicular (ou seja, que, depois do baço, irá para a região 
folicular de linfonodos, placas de Peyer, etc; esse linfócito possuirá IgM ou IgD como receptor) ou 
Diogo Araujo – Med 92 
linfócito B marginal (ou seja, que ficará na zona marginal do baço; o receptor desse linfócito é 
IgM). 
 
 
A primeira etapa de maturação na medula se dá com o compromentimento da célula pluripotente 
hematogênica com a formação de linfócitos (qualquer tipo de linfócito). 
 
Então, a célula progenitora comum de linfócitos, sobre as condições da medula (como os fatores 
de transcrição EBF, E2A e Pax-5), passa a ser um linfócito pró-B. A interleucina 7 estimula a 
proliferação do linfócito pró-B. Contudo, não é essencial (o que difere da formação de linfócitos T). 
Mesmo que o indivíduo não produza interleucina 7, ele possuirá uma população normal de 
linfócitos B. 
 
A célula pró-B não possui o receptor de linfócito B, nem Ig alfa, nem Ig beta. Logo, ela é duplo 
negativa. 
 
Diogo Araujo – Med 92 
Depois da proliferação, essa célula passa a começar a expressar o receptor pré-BCR. Esse receptor 
precursor possui apenas a cadeia pesada da IgM e, ligado a ela, uma cadeia invariável, a cadeia 
leve substituta. Quando ele passa a expressar esse receptor pré-BCR, há uma sinalização 
intracelular para que a célula sobreviva. Além do pré-BCR, haverá expressão de Ig alfa e Ig beta na 
superfície. Logo, a célula pré-B é duplo positiva. 
 
Logo: 
 
Receptor pré-BCR = cadeia pesada da IgM + cadeia leve substituta 
 
 
 
 
Se não ocorre a sinalização de sobrevivência pelo receptor pré-BCR, não haverá formação de 
linfócitos B. A agamaglobulinemia é um exemplo de doença que pode ter como origem falhas na 
sinalização durante a formação de linfócitos B. 
 
Em seguida, devido à sinalização, ele passa a expressar cadeias leves do tipo kappa ou lambda. 
Quando a imunoglobulina madura (completa) está expressa na membrana, esse linfócito passa a 
ser considerado linfócito B imaturo. 
A seleções positiva e negativa ocorrem na medula óssea para o linfócito B. 
 
Contudo, nesses processos de seleção, se o receptor do linfócito B reconhece um antígeno 
próprio, o linfócito pode fazer a reedição do BCR ou sofrer apoptose. 
 
Diogo Araujo – Med 92 
O que é a reedição do BCR? 
Nesse processo, o linfócito consegue trocar a cadeia leve do seu receptor e, com isso, ter a chance 
de sobreviver. A reedição do BCR pode acontecer quantas vezes quantas forem necessárias para a 
formação de um receptor adequado. 
Não se sabe quais são os fatores que decidem se um linfócito passará por reedição do BCR ou 
entrará em apoptose. 
 
 
 
Linfócito NK 
 
As células citotóxicas naturais (linfócitos NK) possuem a função de discriminar o próprio, através 
da falta do CPH na superfície das células ou o aumento de substâncias ativadoras de seus 
receptores. 
 
5 a 20% dos linfócitos sanguíneos e do baço são células citotóxicas naturais. Contudo, os linfócitos 
NK são raros em outros órgãos linfóides. 
Não expressam RCT, nem CD3, nem BCR. 
Entretanto, contam com um conjunto de: 
 
- receptores inibitórios: são os receptores KIR (inibidores da resposta citotóxica). São ativados ao 
se ligarem ao CPH de classeI; 
 
- receptores ativadores: são os receptores KAR (ativadores da resposta citotóxica). São ativados 
por moléculas produzidas por estresse metabólico, choque térmico, infecção, carginogênese. 
 
Se uma célula do organismo apresenta CPH de classe I em sua superfície, o receptor KIR do 
linfócito NK se ligará e, assim, inibirá a resposta citotóxica. 
 
Contudo, se ela apresenta moléculas ativadoras em sua superfície, o receptor KAR será ativado e, 
assim, haverá resposta citotóxica. 
 
Diogo Araujo – Med 92 
 
 
A célula NK discrimina a presença do próprio (porque ela não age na presença de CPH de classe I e 
atua quando a célula se encontra alterada). 
 
 
A formação das células NK parece se dar a partir de uma célula comprometida com a formação de 
linfócito. Essas células vão para tecidos linfóides secundários, onde as pró-NK se tornam pré-NK 
sob a ação de linterleucinas 15 e 2. 
 
Diogo Araujo – Med 92 
 
 
Do pré-NK, são formados linfócitos NK imaturos (iNK), que geram duas populações de células NK 
no sangue: 
- aquelas que produzem muitas perforinas, capazes de muita citotoxicidade e baixa produção de 
citocinas. Essas células matam por necrose; 
- aquelas que produzem pouca perforina e, assim, são pouco citotóxicas, mas muito capazes de 
produzir citocinas. Essas células matam por apoptose; 
 
Algumas doenças 
 
- Síndrome poliglandular autoimune: os indivíduos portadores dessa doença possuem um defeito 
genético que impede a formação de autoantígenos no timo por mutação no gene AIRE. Com isso, 
há a formação de linfócitos T autoimunes, que acabam atacando várias glândulas endócrinas. 
 
- Síndrome DiGeorge: causada por uma deleção no cromossoma 22. Nesses indivíduos, há 
hipoplasia ou aplasia do timo, com deficiência seletiva de linfócitos T. 
 
- Agamaglobulinemia: ausência de anticorpos devido à redução de população de linfócitos B. O 
indivíduo se torna mais susceptível a infecções por bactérias. 
 
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Anticorpos x Imunoglobulinas x Gamaglobulinas 
defeito na expressão de receptor BCR: sinalização de sobrevivência comprometida
Diogo Araujo – Med 92 
Prof. Imaculada 
 
 
"Anticorpo" faz mais referência às funções que essa molécula possui (como o reconhecimento 
específico de epítopos, ativação de complemento, etc). 
 
"Imunoglobulina" se refere à estrutura química da molécula, com resíduos de aminoácidos, etc. 
 
"Gamaglobulina" se refere à fração do gel de eletroforese que corresponde à IgG circulante. Pico 
fino e alto de concentração de gamaglobulinas indica que o paciente está produzindo muitos 
anticorpos de um só tipo (monoclonais). 
 
Possui duas cadeias pesadas e duas leves, sendo que as duas pesadas são absolutamente iguais 
entre si. O mesmo vale para as cadeias leves. 
 
Cada cadeia possui uma porção variável (tanto na cadeia pesada quanto na leve, onde se liga o 
antígeno) e uma região constante (que fornece uma função biológica da célula). 
 
A região constante possui as funções de: 
 - ligação ao receptor da porção Fc (presente na membrana de monócitos, eosinófilos, 
mastócitos); 
 - servir de porção de ativação do sistema complemento; 
 - promover a transferência transplacentária (a placenta tem receptores que reconhecem 
a porção constante das cadeias pesadas da IgG e, assim, conseguem enviar esses anticorpos 
maternos para o feto). 
 
 
A molécula de Ig existe na membrana do linfócito B, funcionando como receptor do antígeno do 
linfócito B (BCR). Também está presente no plasma. Portanto, ela tem de ser uma molécula que 
possa tanto tficar em membranas quanto ser secretada. 
 
Mas como isso acontece? 
 
Quando o linfócito B não está ativado e produz o Ig, esse Ig sai com porções extracelular, 
transmembranária e intracitoplasmática. Quando ele está ativado, a Ig só conta com a região 
extracelular e, assim, pode ser secretada. 
 
Na região variável, a ligação com o antígeno se dá através das regiões hipervariáveis. A parte da 
Diogo Araujo – Med 92 
fenda que faz a ligação com o antígeno é interna no receptor. É a região hipervariável. A ligação 
com o antígeno tem de ser absolutamente perfeita. Os pontos de ligação são justamente as 
regiões hipervariáveis. 
 
A sequência de aminoácidos da cadeia leve ou pesada está em sua conformação terciária. Assim, o 
antígeno se encaixa à imunoglobulina tocando em pontos de sua sequência. Então, o linfócito B, 
que utiliza o anticorpo como receptor, reconhece a estrutura espacial do antígeno. 
 
Obs: o linfócito T reconhece a estrutura linear do antígeno (lembre-se que os antígenos 
apresentados aos linfócitos T são peptídeos com estrutura linear). 
 
Em uma Ig, são dois os pontos de ligação com o antígeno. Isso porque cada Ig tem dois bracinhos. 
Assim, pode ser que o antígeno se ligue em um só bracinho da Ig ou em ambos. 
 
Quando há antígeno ligado a um só bracinho da Ig, o funcionamento não é adequado (ao menos 
no caso do IgG). 
 
Para facilitar a ligação de antígenos aos dois bracinhos da Ig ao mesmo tempo é necessário que os 
antígenos estejam repetidos na superfície. 
 
A estrutura da Ig é flexível para poder ligar os seus dois bracinhos a dois antígenos ao mesmo 
tempo (a estrutura pode variar sua forma de um Y para um T ou um I, por exemplo). Essa 
maleabilidade é conferida pelas regiões de dobradiça da molécula. 
 
Essas modificações de forma da molécula facilitam as suas ações biológicas. 
 
 
Em um experimento com ratinhos, se antígenos protéicos com forma terciária forem injetados, 
haverá a formação de anticorpos específicos para esse antígeno. Contudo, se esse mesmo tipo de 
antígeno for desnaturado e aplicado por uma segunda vez, não haverá reconhecimento do 
antígeno por esses mesmos anticorpos (já que a estrutura agora é linear). 
 
É por isso que vacinas devem ser perfeitamente acondicionadas (para evitar desnaturação dos 
antígenos e poder desencadear uma resposta adequada contra antígenos que existem no 
patógeno). 
 
 
A ativação do linfócito B pode ser timo-dependente (com a participação linfócitos T) ou timo-
independente. 
 
Diogo Araujo – Med 92 
Na ativação timo-dependente, há formação de memória. E como essa ativação seria? 
 
Em uma situação hipotética, o linfócito B, através do BCR, reconhece a estrutura tridimensional do 
antígeno A. Em seguida, ele pega esse antígeno A, processa no seu interior e apresenta um 
fragmento linear ao linfócito T CD4 auxiliar. Essa célula, então, acaba enviando de volta estímulos 
ao linfócito B. Há uma boa resposta imunológica, com produção de células de memória e tudo 
mais. 
 
Contudo, se não houver participação do linfócito T, a resposta é timo-independente. Isso 
acontece, por exemplo, se o linfócito B for muito fortemente estimulado pelo antígeno (como no 
caso de antígenos lipídicos ou de polissacarídeos). Então, há formação de anticorpos contra ele, 
sempre do tipo IgM, mas sem formação de memória (nem mudança de classe; por isso é só IgM). 
 
 
O linfócito B, para ir para a periferia, tem de ter IgD e IgM em sua superfície. Os linfócitos B que só 
tem IgM permanecem na zona marginal do baço. 
 
A sequência de aminoácidos (a sua estrutura química) que pode variar e formar os diferentes tipos 
de Ig (A, D, E, G e M). 
 
A cadeia leve pode ser kappa ou lambda. Toda imunoglobulina possui cadeias leves kappa ou 
lambda. (Lembrando que, em ambos os braços, as cadeias leves são kappa OU lambda, sempre 
igual dos dois lados). 
 
IgG é a molécula de Ig que possui uma cadeia pesada do tipo gama. 
Durante a sua formação, o linfócito B sempre produz IgM (ou seja, com cadeia Mi). As mudanças 
de classe ocorrem nos órgãos linfóides secundários.

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