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Material de Apoio Processo Penal Aula 04

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DELEGADO FEDERAL E ESTADUAL – MÓDULO II 
Disciplina: Processo Penal 
Prof.: Levy Magno 
Aula: 04 
Monitor: Munir 
 
 
 
MATERIAL DE APOIO - MONITORIA 
 
 
Índice 
 
I. Anotações da aula 
II. Jurisprudência correlata 
III. Lousas 
 
 
I. ANOTAÇÕES DA AULA 
 
AÇÃO PENAL 
 
5) Princípios aplicáveis nas ações penais (continuação) 
 
Princípios A. P. Pública Princípios A. P. Privada 
1) P. da obrigatoriedade: o MP tem o 
poder – dever de oferecer a denúncia 
estando presentes prova da 
materialidade e indícios de autoria 
(artigo 24 do CPP). Princípio 
mitigado – relativizado: 
a) Artigo 76 da Lei 9.099/95; 
b) Artigo 26 da Lei 9.615/98; 
c) Artigo 87 da Lei 12.529/11 – 
acordo de leniência, pacto de 
brandura ou acordo de doçura; 
d) Artigo 9º da Lei 10.684/03; 
e) Artigo 4º, § 4º, I e II, da Lei 
12.850/13. 
OBS: Nas hipóteses acima o agente 
SEQUER É DENUNCIADO PELO MP. 
 
2) Princípio da indisponibilidade da 
ação penal pública: o MP não pode 
desistir da ação penal proposta e 
recebida, nem pactuar com o réu 
durante a ação penal. Princípio 
mitigado – relativizado: o MP 
continua não podendo desistir (artigo 
42 do CPP), mas pode, mediante 
condições, pactuar com o réu com o 
objetivo de suspender o curso da 
ação penal (artigo 89 da Lei 
9.099/95, e artigo 27 da Lei 9.605/98 
– são denominados “sursis” 
1) P. da conveniência ou da 
oportunidade: o ofendido DECIDE se 
vai ou não oferecer a queixa. Ele NÃO 
é obrigado. Para tanto, deverá 
contratar advogado, outorgar 
procuração com PODERES ESPECIAIS, 
e ajuizar a queixa-crime. 
OBS: A queixa está sujeita, sempre, 
a prazo decadencial, que não 
suspende nem interrompe por 
qualquer razão. 
PRAZOS: 
a) Regra geral: 6 meses contados, 
inclusive, da data em que for 
identificada a autoria. 
b) Queixa-crime subsidiária: só 
quando o MP deixa escoar o prazo 
para manifestação, sem ofertá-la. 
O prazo é de 6 meses, contado a 
partir do dia em que se verificou a 
inércia. A contagem é no dia 
seguinte ao da inércia. 
c) Queixa-crime personalíssima: 
contrair casamento induzindo o 
outro a erro essencial. A ação 
penal depende de queixa do 
contraente enganado e não 
pode ser intentada senão depois 
de transitar em julgado a sentença 
que, por motivo de erro ou 
 2 
processual). 
 
3) Princípio da indivisibilidade: o MP 
não tem a possibilidade de escolher 
contra quem vai ser proposta 
eventual ação penal. O princípio 
existe. Está em vigor. Entretanto, no 
entendimento do STF e STJ, o 
princípio aplicável na ação penal 
pública é o da divisibilidade, 
podendo o MP avaliar legitimamente 
contra quem vai propor a ação, 
podendo, inclusive, aditar 
posteriormente a denúncia para incluir 
corréu. 
 
4) Princípio da intranscendência: 
nenhuma pena criminal ultrapassará a 
pessoa do condenado. 
Responsabilidade penal é pessoal e 
individual. O direito penal não permite 
que haja responsabilidade criminal 
por ato de outra pessoa. 
 
impedimento, anule o casamento. 
Após o trânsito em julgado, o 
contraente enganado tem 6 meses 
para oferecer a queixa-crime. 
d) Crime contra a propriedade 
imaterial de iniciativa privada 
(artigo 184 do CP): na hipótese 
de queixa-crime será 
imprescindível um laudo pericial da 
contrafação, homologado pelo juiz 
e, a partir da homologação, o 
querelante terá o prazo de 29 dias 
para manejar a queixa, sob pena 
de decadência (artigo 529 do CPP). 
No 30º dia decai. 
OBS: Dá-se o nome de 
RENÚNCIA a opção do querelante 
em não oferecer a queixa-crime 
(expressa, tácita ou presumida). 
 
2) Princípio da disponibilidade da ação 
penal privada: existem 3 institutos 
processuais que revelam a completa 
disponibilidade, lembrando que o 
querelante é o “dono da bola”. Pode, 
portanto: 
2.1) Desistir: desde o momento em 
que o juiz recebe a queixa até o 
momento que antecede a sentença, o 
querelante pode desistir, mesmo que 
o querelado não concorde (artigo 42 
do CPP); 
2.2) Perdão do ofendido (do 
querelante): durante a ação, o 
querelante poderá oferecer o perdão 
ao querelado, mas para produzir 
efeitos é necessária a aceitação – ATO 
BILATERAL (expresso, tácito ou 
presumido). 
Havendo concurso de pessoas, 
optando o querelante por perdoar, o 
perdão se dirige a todos. Caso ele 
ofereça o perdão apenas para um dos 
querelados, o juiz, por lei, estenderá o 
perdão aos demais, mas a ação penal 
continuará em relação ao querelado 
que não aceitar. 
2.3) Perempção: é a pena 
processual aplicada ao querelante ou 
sucessores do querelante desidiosos. 
HIPÓTESES: I - quando o querelante 
deixar de promover o andamento do 
processo durante 30 dias seguidos; 
II - falecendo o querelante, ou 
sobrevindo sua incapacidade, não 
comparecer em juízo, para prosseguir 
no processo, dentro do prazo de 60 
 3 
(sessenta) dias, qualquer das pessoas 
a quem couber fazê-lo, ressalvado o 
disposto no art. 36; 
III – ausência injustificada em 
audiência, ou deixar de formular o 
pedido de condenação nas alegações 
finais; 
IV - quando, sendo o querelante 
pessoa jurídica, esta se extinguir sem 
deixar sucessor. 
 
3) Princípio da indivisibilidade: o 
princípio é absoluto. Assim, ou 
oferece queixa contra todos, ou contra 
ninguém (STF – Inq. 2139 – RS, Rel. 
Ministro Celso de Mello). 
 
4) Princípio da intranscendência: 
nenhuma pena criminal ultrapassará a 
pessoa do condenado. 
Responsabilidade penal é pessoal e 
individual. O direito penal não permite 
que haja responsabilidade criminal por 
ato de outra pessoa. 
 
 
6) Nomenclaturas especiais de ações penais: 
 
a) Ação Penal popular: é aquela que pode ser promovida por qualquer pessoa. 
Não existe no âmbito processual penal, pois apenas o MP, a vítima e seus sucessores 
poderão provocar o início da ação penal. 
 
b) Ação Penal ex officio, também denominado de procedimento 
judicialiforme: era aquela iniciada na delegacia na hipótese de crimes culposos e de 
contravenções penais. A CF/88 eliminou a possibilidade, outorgando ao MP a 
titularidade da ação penal pública. 
 
c) Ação Penal de prevenção geral: é aquela proposta com o objetivo de se ver 
aplicada a medida de segurança em razão da inimputabilidade mental (artigo 26, 
caput, do CP). 
Durante a tramitação do IP, seja com preso ou solto, HAVENDO DÚVIDA SOBRE A 
HIGIDEZ MENTAL DO AGENTE, o DELPOL deverá representar ao juiz para que ele 
determine a instauração de incidente de insanidade mental, podendo concluir as 
investigações normalmente. 
Havendo essa mesma dúvida após o recebimento da denúncia ou queixa, o juiz 
determinará a realização do exame e SUSPENDERÁ A AÇÃO PENAL, colhendo apenas 
as provas que tiverem natureza de urgência. 
O juiz precisará necessariamente do exame de insanidade mental para julgar a ação 
penal; pode até divergir fundamentadamente, mas jamais decidirá sem laudo. O 
resultado do laudo não vincula o juiz, podendo rejeitá-lo no todo ou em parte. 
 
d) Ação Penal secundária: é a subsidiária da pública aplicável somente quando 
o MP, nos crimes de ação penal pública ficar inerte. 
 
e) Ação Penal indireta: nos termos do artigo 29 do CPP, na hipótese de 
negligência do querelante subsidiário, o MP pode retomar a legitimidade ativa da ação 
penal. 
 4 
 
f) Ação Penal extensiva: nos crimes complexos, havendo algum elemento ou 
circunstância que indique o manejo de ação penal pública, esta valerá para todos os 
demais ingredientes dotipo penal (artigo 101 do CP). 
 
g) Ação Penal adesiva: dentro de um evento criminoso poderão ocorrer crimes 
de iniciativa pública (MP), e de iniciativa privada (ofendido). Nada impede, embora 
seja raríssimo, que dentro de uma ação penal tenhamos os dois titulares. 
Exemplo: artigo 121 do CP (MP) em conexão com o artigo 140 do CP (ofendido). 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 5 
 
II. JURISPRUDÊNCIA CORRELATA 
 
STF - INQUÉRITO : Inq 2139 RS 
 
O eminente Procurador-Geral da República, Dr. CLAUDIO FONTELES, ao opinar na 
presente causa, propõe seja declarada extinta a punibilidade dos ora querelados, por 
efeito da consumação do prazo decadencial, fazendo-o nos termos seguintes (fls. 
386/387, itens ns. 10 a 14):"10. Os querelados, ao apresentarem defesa escrita, 
sustentam a ocorrência da decadência do direito de ação (art. 38 c/c art. 43, II, do CPP). 
Alegam que a reunião - onde foram proferidas as expressões tidas por criminosas - 
ocorreu em 26.07.2001 (fls. 173 e 362), tendo a queixa-crime sido proposta em 
12.11.2002 e aditada em 20.02.2003, portanto, em prazo bem superior aos 6 (seis) 
meses definido no art. 38 do CPP. Por sua vez, o querelante afirma que só tomou 
conhecimento dos fatos e da autoria em 16.10.2002 (fls. 04 e 379/380), daí porque aduz 
não ter havido decadência.11. Com efeito, entende o parquet federal ter ocorrido causa 
extintiva da punibilidade pela decadência (art. 38 c/c art. 43, II, do CPP; art. 107, IV, do 
CP). Conforme asseverou o próprio querelante na peça inaugural (fls. 04), desde junho de 
2002, já eram de seu conhecimento as causas de seu afastamento da direção da Igreja 
do Evangelho Quadrangular de Uruguaiana-RS, período em que ingressou com ação de 
reintegração de cargo na 2ª Vara Cível de Uruguaiana (fls. 21/35). Tal fato é inequívoco, 
conforme trecho da petição inicial no aludido processo cível:'12.a - O Pr. Reinaldo Santos 
e Silva afirmou em ata nº 2 do 'CRA', no dia 26 de julho de 2001 (Doc. 61), que o Rev. 
Mário de Oliveira, Presidente do CND recebeu faxes de moção de apoio de permanência 
do Autor na Superintendência, e, dentre tantos, havia um em que foi falsificada a 
assinatura do Prefeito Caio Riela, sendo que Reinaldo relata saber a procedência e autor 
da falsificação, porém, sabe-se que os faxes foram enviados por pessoas ligadas e 
próximas ao Requerente, portanto necessário se faz a apuração de tal acusação 
caluniosa.' (fls. 31) 12. Em que pese ter ingressado com a presente queixa-crime em 
08.11.2002, o querelante somente regularizou a procuração apresentada em 20.02.2003 
(fls. 57 e 59). Portanto, transcorreram mais de 6 (seis) meses entre junho de 2002 e 
fevereiro de 2003, incidindo, assim, a decadência.13. Conforme determinação contida no 
art. 44 do CPP, a queixa deve ser apresentada pelo ofendido mediante procurador com 
poderes especiais, devendo constar expressamente o (s) nome (s) do (s) querelado (s) e 
a menção ao (s) fato (s) criminoso (s). A regularização de eventuais falhas no 
instrumento de mandato deve ser feita dentro do prazo decadencial. Neste sentido, há 
precedente da lavra de V. Exª.:'(...) CRIME CONTRA A HONRA. QUEIXA-CRIME. 
INSTRUMENTO DE MANDATO JUDICIAL. INOBSERVÂNCIA DO ART. 44 DO CPP. 
IMPOSSIBILIDADE DE REGULARIZAÇÃO. CONSUMAÇÃO DO PRAZO DECADENCIAL. 
EXTINÇÃO DO PROCEDIMENTO PENAL.- A ação penal privada, para ser validamente 
ajuizada, depende, dentre outros requisitos essenciais, da estrita observância, por parte 
do querelante, da formalidade imposta pelo art. 44 do CPP, que exige constem, da 
procuração, a indicação do nome do querelado e a menção expressa ao fato criminoso, 
bastando, para tanto, quanto a esta exigência, que o instrumento de mandato judicial 
contenha, ao menos, referência individualizadora do evento delituoso (RT 729/463), 
mostrando-se dispensável, em conseqüência - consoante diretriz prevalecente na 
jurisprudência do Supremo Tribunal Federal (RT 605/384 - RT 631/384) - a descrição 
minuciosa ou a menção pormenorizada do fato. Doutrina. Precedentes.- A mera outorga 
de mandato com a cláusula 'ad judicia' - tendo-se presente o que dispõe o art. 44 do CPP 
(que exige poderes especiais) - desatende as finalidades impostas por essa norma legal. 
Embora supríveis as omissões (CPP, art. 568), a regularização do instrumento de 
mandato judicial somente poderá ocorrer, se ainda não consumada a decadência do 
direito de queixa (RT 609/444), pois, decorrido, in albis, o prazo decadencial, sem a 
correção do vício apontado, impor-se-á o reconhecimento da extinção da punibilidade do 
querelado. Precedentes.' (INQ 1418/RS, Relator Min. CELSO DE MELLO, DJ 08/11/2001, 
p. 7).14. Assim sendo, é de se reconhecer configurada causa de extinção da punibilidade 
pela decadência."(grifei) Entendo assistir razão ao eminente Chefe do Ministério Público 
 6 
da União, pois o exame dos autos evidencia que se registrou, efetivamente, na espécie, a 
ocorrência da mencionada causa extintiva da punibilidade (CP, art. 103, c/c o art. 107, 
IV).É que a queixa-crime ora em análise, embora ajuizada em tempo oportuno 
(11/11/2002), não se fez acompanhar, então, de instrumento de mandato judicial que 
observasse, ao contrário daquele que se produziu a fls. 10, a exigência contida no art. 44 
do CPP.Na realidade, e como bem acentuado pelo eminente Procurador-Geral da 
República,"(...) o querelante somente regularizou a procuração (...) em 20.02.2003 
(...)"(fls. 386), ou seja, quando já decorrido prazo superior àquele a que se refere o art. 
103 do CP.Como se sabe, a ação penal privada, para ser validamente ajuizada, depende, 
dentre outros requisitos essenciais, da estrita observância, por parte do querelante, da 
formalidade imposta pelo art. 44 do CPP, que exige constem, da procuração, a indicação 
do nome do querelado e a menção expressa ao fato criminoso, bastando, quanto a este, 
que o instrumento de mandato judicial contenha, ao menos, referência individualizadora 
concernente ao evento delituoso (RT 729/463), mostrando-se dispensável, para tal efeito, 
a descrição minuciosa ou pormenorizada do fato (RT 605/384 - RT 631/384).Esse 
entendimento - que se reflete na jurisprudência dos Tribunais em geral (RT 432/285 - RT 
443/442 - RT 492/353 - RT 514/334 - RT 740/543) - encontra suporte em autorizado 
magistério doutrinário (DAMÁSIO E. DE JESUS,"Código de Processo Penal Anotado", p. 
50, 14ª ed., 1998, Saraiva; FERNANDO DA COSTA TOURINHO FILHO, "Processo Penal", 
vol. 1/466, item n. 3, 11ª ed., 1989, Saraiva; HÉLIO TORNAGHI, "Comentários ao Código 
de Processo Penal", vol. I, tomo 2º, p. 89, 1956, Forense; ADALBERTO JOSÉ Q. T. DE 
CAMARGO ARANHA, "Crimes contra a Honra", p. 143, item n. 4, 1995, Saraiva; E. 
MAGALHÃES NORONHA, "Curso de Direito Processual Penal", p. 35, item n. 13, 19ª ed., 
1989, Saraiva; FERNANDO CAPEZ, "Curso de Processo Penal", p. 125, item n. 12.2, 2ª 
ed., 1998, Saraiva, v.g.), cabendo referir, no ponto, ante a sua inquestionável clareza, a 
lição exposta por JULIO FABBRINI MIRABETE ("Código de Processo Penal Interpretado", p. 
198/199, item n. 44.1, 7ª ed., 1999, Atlas):"Além de preencher os mesmos requisitos da 
denúncia (art. 41), a queixa deve ser apresentada pelo ofendido, ou seu representante 
legal, mediante procurador com 'poderes especiais', ou seja, com instrumento de 
mandato em que conste cláusula específica a respeito da propositura da ação privada por 
determinado fato criminoso. É compreensível a exigência de mandato com poderes 
especiais, uma vez que, entre as sérias conseqüênciasde uma ação penal, está, inclusive, 
a possibilidade de ser imputada, ao querelante, a prática do crime de denunciação 
caluniosa (art. 339 do CP). Não é idônea para a propositura a procuração com a simples 
cláusula ad judicia, ou a outorgada apenas para acompanhar o inquérito policial."(grifei) 
Nem se alegue que seria lícito, ao ora querelante, promover, a qualquer tempo, a 
regularização do instrumento de mandato judicial, considerado o que dispõe o art. 568 do 
CPP.A medida em questão somente se revelaria possível, se a omissão ora constatada 
pudesse ser suprida dentro do prazo decadencial definido em lei (CP, art. 103), consoante 
adverte DAMÁSIO E. DE JESUS ("Código de Processo Penal Anotado", p. 50, 14ª ed., 
1998, Saraiva), com fundamento em diretriz firmada pela jurisprudência dos Tribunais 
(RT 432/285 - RT 514/334 - RT 539/322 - RT 544/380 - RT 545/378), notadamente 
aquela emanada desta Suprema Corte:"(...) CRIME CONTRA A HONRA. QUEIXA-CRIME. 
INSTRUMENTO DE MANDATO JUDICIAL. INOBSERVÂNCIA DO ART. 44 DO CPP. 
IMPOSSIBILIDADE DE REGULARIZAÇÃO. CONSUMAÇÃO DO PRAZO DECADENCIAL. 
EXTINÇÃO DO PROCEDIMENTO PENAL.- A ação penal privada, para ser validamente 
ajuizada, depende, dentre outros requisitos essenciais, da estrita observância, por parte 
do querelante, da formalidade imposta pelo art. 44 do CPP, que exige constem, da 
procuração, a indicação do nome do querelado e a menção expressa ao fato criminoso, 
bastando, para tanto, quanto a esta exigência, que o instrumento de mandato judicial 
contenha, ao menos, referência individualizadora do evento delituoso (RT 729/463), 
mostrando-se dispensável, em conseqüência - consoante diretriz prevalecente na 
jurisprudência do Supremo Tribunal Federal (RT 605/384 - RT 631/384) - a descrição 
minuciosa ou a menção pormenorizada do fato. Doutrina. Precedentes.- A mera outorga 
de mandato com a cláusula 'ad judicia' - tendo-se presente o que dispõe o art. 44 do CPP 
(que exige poderes especiais) - desatende as finalidades impostas por essa norma 
legal.Embora supríveis as omissões (CPP, art. 568), a regularização do instrumento de 
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mandato judicial somente poderá ocorrer, se ainda não consumada a decadência do 
direito de queixa (RT 609/444), pois, decorrido, in albis, o prazo decadencial, sem a 
correção do vício apontado, impor-se-á o reconhecimento da extinção da punibilidade do 
querelado. Precedentes."(Inq 1.418/RS, Rel. Min. CELSO DE MELLO) Ocorre, no entanto, 
como adverte o eminente Procurador- -Geral da República, que a tardia regularização do 
instrumento de mandato judicial, para os fins a que alude o art. 44 do CPP, somente se 
deu em 20/02/2003 (fls. 57 e 59), quando já consumado o prazo decadencial.Sendo 
assim, tendo em vista as razões expostas, e considerando, ainda, o parecer da douta 
Procuradoria-Geral da República, declaro extinta a punibilidade dos ora querelados (CP, 
arts. 103 e 107, IV c/c a Lei nº 8.038/90, art. 3º, II), por efeito da consumação, na 
espécie, do prazo decadencial.Arquivem-se os presentes autos.Publique-se.Brasília, 23 de 
junho de 2005.Ministro CELSO DE MELLO Relator 
 
(STF - Inq: 2139 RS , Relator: Min. CELSO DE MELLO, Data de Julgamento: 23/06/2005, 
Data de Publicação: DJ 01/07/2005 PP-00100) 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 8 
 
III. LOUSAS

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