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Psicologia Institucional de Bleger numa crítica freudiana

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www.oestrangeiro.net/psicanálise
Psicologia Institucional de Bleger numa crítica freudiana
Luís Fernando Farias
O psicólogo tem basicamente dois lugares de atuação, ele pode ser ou um psicólogo clínico dentro da escola ou pode ser um psicólogo institucional. São duas atuações bastante diferentes.
Psicólogo clínico
O psicólogo clínico tem por objetivo atender aos alunos que para ele forem encaminhados. É de longe o psicólogo mais aceito na escola, já que está "do lado da instituição"; não choca-se em nenhum momento com a estrutura da escola (no sentido figurado, claro). Está na escola para legitimar os problemas dos professores, já que os alunos são os que devem ser tratados pelo psicólogo; eles são o objeto de estudo e de intervenção do psicólogo. A tarefa do clínico seria então tratar dos problemas de aprendizagem inerentes ao aluno-paciente. 
É o método mais cômodo de intervenção. Talvez ele seja bem visto pelos professores e administradores. É um emprego seguro para os psicólogos com tendências à clínica que não conseguiram montar seus próprios consultórios. Montam então consultórios dentro da escola.
É claro que estes psicólogos são úteis para a escola, e não quer que eles sejam apenas "pelegos" a mando do governo ou da administração. Muitas vezes os problemas de aprendizagem do aluno são devidos a problemas individuais, e devem ser tratados individualmente. Mas, considerando que os problemas na relação ensino-aprendizagem são muitos em uma escola (são vários os alunos-problemas), é bem possível que os problemas não estejam só nos alunos, mas que estes sejam problemas da escola. E a clínica individual é inútil para tratar os problemas da escola, da instituição como um todo. Para esses casos, existe a psicologia institucional.
Psicologia Institucional 
Este será o ramo da psicologia escolar que será estudado neste trabalho com mais detalhes.
Quanto à psicologia institucional, examinarei em princípio as teorias de Bleger e de Guirado. Mas antes serão expostos alguns princípios básicos utilizados por eles.
FREUD
(Terapêutica analítica) 
Como tanto Bleger quanto Guirado parecem considerar o método clínico como preferido para trabalhar na instituição, resolvi "beber da fonte" e ler o que o "velho e bom Freud" nos diz sobre a terapêutica analítica.
Em primeiro lugar, Freud se declara contrário aos métodos de sugestão (na época hipnóticos) na terapia, pois estes não trabalhavam as razões do estado mórbido do paciente: simplesmente parava a expressão deste sintoma, que mais tarde seria substituído por outro. Apesar de mais rápidos e menos trabalhosos, os métodos de sugestão eram quase ineficazes no decorrer do tempo, porque o paciente desenvolvia outros sintomas para o mesmo problema.
"A terapêutica hipnótica procura recobrir e mascarar alguma coisa na vida psíquica; a terapêutica analítica procura, ao contrário, desvendá-la e pô-la de parte. A primeira age como processo cosmético, a segunda como processo cirúrgico." (Freud, p.244)
O tratamento analítico é naturalmente o mais árduo, pois é o único comprometido em descobrir e vencer as resistências interiores do paciente. Quando vencidas as resistências, ocorre uma real modificação na vida psíquica do paciente, mais desenvolvida por integrar cada vez mais conteúdos inconscientes à sua consciência.
Quanto ao fim da análise Freud diz: 
"o tratamento analítico, ao contrário (das sugestões hipnóticas) tem por objeto a própria transferência, que procura desmascarar e decompor, seja qual for a forma que revista. No fim de um tratamento analítico, a transferência em si deve ser destruída, e se se obtém bom êxito duradouro, este repousa não sobre a sugestão pura e simples, mas sobre os resultados obtidos graças à sugestão: supressão das resistências interiores, modificações internas do doente" (Freud, p.246) 
Ou seja, assim como os seus predecessores, Freud afirma que o fim da terapia deve "emancipar" o paciente da figura do analista, para que o paciente possa, depois da "educação psicanalítica", resolver sozinho seus problemas. 
Freud também falou sobre o método de análise, ou seja, da destituição do instituído. 
"Onde se encontra, pois, a libido (energia) do neurótico? É fácil de responder: acha-se ligada aos sintomas que, por enquanto, lhe proporcionam a única satisfação substitutiva possível. É portanto preciso apoderar-se dos sintomas, dissolvê-los, em suma, fazer precisamente o que o enfermo nos pede. E para dissolver os sintomas, é preciso remontar a suas origens, tornar a despertat o conflito que lhes deu nascimento e orientar esse conflito para outra solução, pondo em ação outros fatores que, na época em que surgiram os sintomas, não estavam à disposição do doente" (Freud, p.247) 
Ou seja, deve-se fazer um resgate do histórico da instituição, para que se consiga entender quais foram os processos geradores dos padrões que estão insttuídos.
Sobre a resistência que a transferência oferece, Freud baseia o argumento de Bleger e Guirado (principalmente), no qual a transferência negativa para a figura do analistadificulta a análise.
" O trabalho terapêutico deixa-se, pois, decompor em duas fases: na primeira, toda a libido se destaca dos sintomas para fixar-se e concentrar-se nas transferências; na segunda, a luta se trava em torno desse novo objeto do qual acabamos por libertar a libido. Este resultado favorável só é obtido se se consegue, no correr deste novo coflito, impedir novo recalcamento, mercê do qual a libido se refugiaria no inconsciente, esquivando-se novamente do eu. Isto se consegue, graças à modificação do eu que se realiza sob a influência da sugestão médica." (Freud, p.249) 
O impressionante do tema terapêutica analítica é que Freud é contrário a um possível manual prático de psicanálise. Para ele, a técnica analítica ainda é construída na prática.É uma contrução empírica. 
"A terapêutica analítica, conforme sabem, é de criação recente; foi preciso muito tempo para estabelecer sua técnica, e ainda assim isto só pode ser feito no correr do trabalho e como reação à experiência imediata. Em conseqüência das dificuldades que apresenta o ensino deste ramo, o médico que estréia na psicanálise é, mais que qualquer outro especialista, abandonado às próprias forças para se aperfeiçoar em sua arte, se sorte que os resultados que pode obter nos primeiros anos de clínica nada provam, nem pró nem contra a eficácia do tratamento analítico." (Freud, 252)
BLEGER
Para Bleger, o psicólogo deve não pensar apenas em curar pacientes doentes, mas deve também desenvolver métodos para promover a saúde e atividades para a população sadia. Também deve considerar não só um enfoque nos problemas individuais, mas também analisar os fenômenos sociais que provocam cada problema a ser resolvido.
A psicologia institucional para Bleger não é só um campo de aplicação da psicologia: é um campo de investigação. É necessário investigar sempre o que está sendo feito na intervenção, pois o centro de toda a psicologia (assim como da ciência em geral) é sempre a prática. Em psicologia, a prática determina a teoria. 
"Não há possibilidade de nenhuma tarefa profissional correta em psicologia se não é, ao mesmo tempo, uma investigação do que está ocorrendo e do que está se fazendo. A prática não é uma derivação subalterna da ciência, mas sim seu núcleo ou centro vital". (Bleger, p.31)
O objeto de estudo e de intervenção para Bleger é a instituição como um todo. Sua administração, seus funcionários, sua estrutura física, os professores, os alunos, os pais dos alunos, a comunidade e a sociedade em que a escola (instituição objeto de nossa pesquisa) está inserida. Todas estas características devem ser levadas em conta ao se fazer um diagnóstico, planejar um método de intervenção e intervir.
A psicologia institucional seria uma junção entre a psicanálise e a psicologia social. Acho que pode ser considerada como uma psicanálise clínica social, em que o organismo a ser submetido à análise é a instituição escolar. Seu desenvolvimento, as fantasiasinconscientes, as resistências ao terapeuta e seus objetivos devem ser objeto de análise.
Os objetivos da instituição na contratação do psicólogo devem estar bem claros. O objetivo da escola ao contratar pode conter já a queixa, a questão que deve ser trabalhada durante a intervenção (mas a contratação também pode ser apenas uma formalidade, uma obrigação a ser cumprida).
O psicólogo deve ainda conseguir compreender qual são os objetivos implícitos e conteúdos latentes que fazem parte da dinâmica da instituição. 
Como todo e qualquer trabalho ou tarefa a ser efetuada, são necessárias informações sobre o meio no qual se trabalhará. É um conceito um tanto óbvio, mas deve ser bem observado, pois um erro grande pode provocar grandes transtornos. Para realizar qualquer coisa, você precisa saber como fazer, onde fazer e o que precisa ser feito. Bastante razoável.
"Dada uma instituição, o psicólogo centra sua atenção na atividade humana em que ela tem lugar e no efeito da mesma, para aqueles que nela desenvolvem dita atividade. Para isto, impõe-se um mínimo de informação sobre a própria instituição que, por exemplo, inclui: 
a) finalidade ou objetivo da instituição;
b) instalações e procedimentos com os quais se satisfaz seu objetivo;
c) situação geográfica e relações com a comunidade;
d) relações com outras instituições;
e) origem e formação;
f) evolução, história, crescimento, mudanças, flutuações, suas tradições;
g) organização e normas que a regem;
h) contingente humano que nela intervém: sua estratificação social e estratificação de tarefas;
i) avaliação dos resultados de seu funcionamento; resultado para a instituição e para seus integrantes. Itens que a própria instituição utiliza para isto." (Bleger, p.38)
O enquadramento particular da tarefa (que depende da tarefa) deve levar em conta dois princípios básicos:
a) toda tarefa deve ser empreendida e compreendida em função da unidade e totalidade da instituição;
b) o psicólogo deve considerar, muito particularmente, a diferença entre psicologia institucional e o trabalho psicológico em uma instituição (a psicologia institucional leva em consideração a toda a instituição. (Bleger, p.39)
Um ponto fundamental para o trabalho do psicólogo institucional é que ele dificilmente fará um bom trabalho se ele for submisso à vontade da escola. Ele não deve ser um profissional empregado (pois assim estaria mais sujeito às ordens do empregador, sendo muito mais difícil apresentar qualquer reforma institucional. Não acredito no "reformar por dentro" uma instituição); sempre que alguém trabalha para um chefe, dependendo da vontade do chefe para ser recompensado com promoções, aumentos de salários, há um processo de sobrepor a vontade do chefe a própria. O psicólogo, se pretender uma análise profunda e o mais completa possível da instituição, deve ser contratado (como um consultor). Impõe-se assim um distanciamento entre o objeto de estudo e o psicólogo, o que é benéfico para o trabalho.
Esta afirmação leva a uma questão que é um grande entrave para o trabalho do psicólogo institucional: por que o psicólogo não pode se submeter à vontade do chefe?
Porque quem contrata o psicólogo, no caso de ele ser um empregado, não é a instituição, é a administração. E seria de muito boa vontade que a administração pagasse uma pessoa para esta falar mal das pessoas que lhe pagam o salário. Improvável.
O psicólogo institucional deve "transcender" os próprios objetivos da instituição (que via de regra são determinados por administradores) e reconhecer os sintomas dos problemas que são indicados na "queixa" da instituição.
Como no processo de análise clínica tradicional, o paciente (no caso do presente trabalho é a escola) quase sempre não tem consciência do real problema da escola. É necessária uma instituição madura o suficiente para compreender quais são os problemas reais vigentes, e para conseguir assimilá-los. Bem como em processo de análise, é necessária uma certa maturidade para enfrentar as próprias resistências. 
Uma outra possível barreira para o trabalho do psicólogo, que por isso deve ficar bem clara logo no início do trabalho, é um possível choque entre éticas e objetivos de trabalho diferentes. Não adiantará tentar mudar aspectos de uma instituição se as pessoas que dela fazem parte não julgam úteis as mudanças.
Os objetivos do psicólogo não devem ser alterados (ele deve sempre tentar mudar o que está errado, até porque é a única tarefa para qual ele deve ser contratado), mas ele deve levar em conta, no enquadramento de sua tarefa, os objetivos da instituição. O psicólogo deve incentivar a mudança, mas esta deve estar de acordo com o possível da instituição. Cabe ao psicólogo perceber quais são as mudanças necessárias e desejáveis em cada instituição, e "assessorar o processo dinâmico da referida instituição".
Fica claro que em uma instituição em que haja uma distância muito grande entre a sua vontade e a do psicólogo não é um lugar onde possa ser efetuado um trabalho de psicologia institucional.
Método do trabalho institucional
Bleger afirma que o método de trabalho na instituição se baseia na psico-higiene. A investigação é o principal instrumento do psicólogo. Ela se dá a partir do método clínico, utilizando indagação operativa; esta indagação observa os acontecimentos que se dão na instituição, compreendendo o relacionamento entre eles e sua integração, visando uma ação e julgamentos mais efetivos por parte do psicólogo institucional.
A meu ver, é importante que não se crie um processo de dependência na instituição. O psicólogo deve ter como meta o aparecimento de uma meta-aprendizagem da escola, que possibilite que a escola se perceba, e que consiga ela mesma corrigir seus próprios problemas o máximo possível, sem a presença do psicólogo. Enquanto houver dependência na instituição (em relação ao psicólogo) a tarefa do psicólogo não estará completo.
Enquadramento 
A técnica de enquadramento sugerida por Bleger tem os seguintes itens:
a) O psicólogo deve ter dissociação instrumental (ele deve estar algo distante do objeto de estudo);
b) As relações que dizem respeito às funções profissionais devem estar claras; quanto dias por semana, a independência (desejada, mas nem sempre alcançada...) do psicólogo e outros detalhes operacionais devem estar bem claros tão rápido quanto for possível;
c) É necessário o esclarecimento da tarefa (o quanto antes, pois é gentil explicar às pessoas o que você estará fazendo na escola);
d) este esclarecimento da tarefa deve ser realizado em todos os grupos nos quais o psicólogo for agir. Para agir no grupo, será necessária a aprovação do trabalho pelo grupo, porque trabalhos aceitos por coerção nunca produzem os resultados desejados;
e) É necessário esclarecer como será a informação dos resultados (para quem e o que informar);
f) É importante o segredo profissional. Os relatórios sobre o grupo só podem ser apresentados a alguém depois da aprovação de todo o grupo;
g) Deve-se limitar os contatos extra-profissionais e principalmente não transmitir informações sobre a tarefa do psicólogo extra-profissionalmente;
h) Tentar não tomar partido por nenhum setor nem posição da instituição (embora eu considere a imparcialidade apenas uma meta inalcançável);
i) A função do psicólogo deve ser meramente a de assessor ou consultor (não se deve assumir outras funções na escola, como diretoria);
j) Não assumir responsabilidades alheias;
k) Não formar superestruturas que desgostem ou se sobreponham com as autoridades ou líderes da instituição;
l) Não fomentar a dependência psicológica; deve-se tentar resolvê-la;
m) Assumir a função de um estudo dos problemas, não meramente uma aplicação de métodos aprendidos;
n) Ter como índice de avaliação o grau de compreensão, independência e melhoramento das relações numa instituição;
o) A operatividade da informação depende do grau de veracidade e do timing, e ainda, da quantificação. Deve-se fazer compreender as relações em um grupo, para isso é necessário dar ainformação certa na hora e quantidade certas.
p) Reconhecer e investigar as resistências ao trabalho do psicólogo;
q) Deve-se ter como meta uma instituição que seja capaz de explicitar e resolver os conflitos (sempre) existentes;
r) Não aceitar prazos fixos para o cumprimento da tarefa (o que pode ser um grande problema).
A dinâmica da instituição
A dinâmica é importante na medida que a instituição se reconheça como problemática e procure instrumentos para resolver problemas.
Não se espera de uma instituição que ela não tenha conflitos. A instituição é composta por indivíduos e a relação entre indivíduos é conflituosa por natureza. É importante que haja algum grau de dinâmica para que o psicólogo possa agir. Menor o grau de dinâmica, maior o grau de ataque que o psicólogo sofre em seu enquadramento pessoal. Se não há um mínimo grau de dinâmica o psicólogo deve desistir de uma possível intervenção. 
Seu papel não será aceito e será boicotado em seu trabalho.
GUIRADO
Um dos importantes pontos destacados por Guirado é a insuficiência da teoria para se dar conta da tarefa de psicólogo institucional. 
Em primeiro lugar, a formação de psicólogos institucionais não é comum. 
"Notamos que o psicólogo, enquanto profissional numa instituição, tem, a princípio, dois caminhos a seguir. Um é o da utilização dos recursos teóricos e práticos aprendidos durante o curso de Psicologia (...) outro é o de buscar uma intervenção de natureza institucional, cujo embasamento teórico e prático não costuma fazer parte dos cursos regulares de formação de psicólogos" (Guirado, p.70)
Portanto, para Guirado, a psicologia institucional é uma ciência muito empírica.
Outro ponto de importância (discorda de Bleger) é a questão da separação entre sujeito e objeto da psicologia. Para Guirado, esta separação não existe; somos o tempo todo sujeito e objeto do conhecimento sobre nós mesmos e sobre as relações com outros homens e com o mundo (Guirado, p.71)
Partindo-se deste ponto de vista da Psicologia (não separação entre sujeito e objeto), o papel do psicólogo seria auxiliar no processo de tomada de conhecimento (por parte do sujeito) sobre si nas relações que vivencia. Ou seja, desenvolver uma autopercepção no paciente, especialmente uma percepção própria quando o sujeito está em relação com outros, já que estas relações são o objeto de estudo da Psicologia.
O objeto de estudo deve ser toda a imaginação, todo o sentimento e representação vividos pelo sujeito através da relação. A relação como tal interessa menos do que estas manifestações inconscientes (e por vezes até conscientes) despertadas no sujeito quando em relação.
É derivada dessa visão de Psicologia que aparece a noção de objeto de estudo da psicologia institucional. O importante seria trabalhar com as relações e suas conseqüências para os indivíduos pertencentes à instituição.
"Trabalhar com Psicologia Institucional não seria, portanto, trabalhar no espaço físico de uma instituição, seja ele qual for; reeditar a compreensão e a técnica de trabalho da relação psicoterapeuta/cliente, examinador/examinado, selecionador/selecionado. Seria sim, trabalhar com as relações de determinada prática institucional". (Guirado, p,72) 
O psicólogo institucional tem, para Guirado, a tarefa de "destituir o instituído". Existe um grande número de relações de opressão em cada instituição, por muitas vezes extremamente prejudiciais (em meu ponto de vista, toda e qualquer forma de opressão é extremamente prejudicial, mas é impossível a inexistência do par opressor/oprimido; deve-se então tentar corrigir o sistema de opressão até uma "quase" igualdade de condições entre os sujeitos de uma instituição). O psicólogo deve então fazer as pessoas dentro da instituição que muitos dos costumes (relações entre professor autoritário e aluno oprimido, entre administração e professores, etc.) que são percebidos como errados não são "a ordem natural das coisas". São coisas "instituídas na instituição"! São produzidas pela manutenção de certos padrões de comportamentos por vezes bastante antigos, que foram se instituindo por força de hábito (e conforto para os opressores) até estar embutidos na mente de todos como a ordem natural (vai ver que é assim mesmo, e vai ser assim para sempre...) das coisas. Nada mais falso.
A culpa da instituição das relações equivocadas é tanto da parte que sofre quanto da parte que age baseada na desigualdade de forças. Cabe a todos os participantes da instituição perceber o que está errado.
"Nota-se, em sua definição, (Guilhon definido psicologia institucional) uma ênfase na reprodução do instituído. Isto é possível porque se reconhece a ordem estabelecida como natural e autêntica, e porque se desconhece o caráter instituído desta ordem, assim como sua capacidade de instituir novas relações." (Guirado, p.73)
Toda a ordem das coisas pode ser modificada. Não que de repente sumirão todas as formas de poder e que todos valerão a mesma coisa dentro de uma escola, mas pode-se pelo menos tornar os administradores mais sucessíveis à pressão de grupos mobilizados de pais de alunos, de alunos, de professores ou de funcionários.
Esta ordem de coisas, passadas ao longo do tempo, e instituídas como o modo natural de se relacionar com outros indíviduos, é comparada por Guirado com a transferência psicanalítica. O psicólogo institucional deve então analisar (interpretar) o que está implícito no explícito das relações transferenciais dos sujeitos da instituição. 
"A transferência pode ser entendida como a repetição de modelos primitivos de relação que, enquanto processo inconsciente, nega o tempo e o espaço como presentes, reproduzindo em vínculos atuais posições vividas em vínculos passados. A interpretação pode ser compreendida como hipótese formulada sobre conteúdos inconscientes". (Guirado, p 74) 
Assim como Bleger, Guirado também defende que o contrato de trabalho com os "gestores da demanda" deve explicitar a intenção do psicólogo de possuir certa autonomia profissional, sem a qual é impossível o trabalho de análise.
Para esta autonomia profissional, é imprescindível que o psicólogo funcione como um assessor, e não como um empregado, pelos mesmos motivos já citados anteriormente.
Equipe multiprofissional
Um tema pouco estudado (e pouco aplicado) é a atuação do psicólogo numa equipe multiprofissional na escola.
Em primeiro lugar, o psicólogo não poderá intervir na equipe, já que não é tarefa dele. Ele não tem distanciamento suficiente para avaliar e interpretar as transferências que ocorrem dentro da equipe. Pode ocorrer uma situação até bastante constrangedora, em que a equipe multiprofissional acabe como o grupo com maior número de problemas e com menos transferências descobertas. 
Um problema pode ser a falta da posição desejada de assessor ou consultor da escola. Ele será mais um técnico, dentro de uma equipe, que estará sujeito também ao mesmo conjunto de representações inconscientes a que estão sujeitos todos os demais.
Um dos importantes pontos destacados por Guirado é a insuficiência da teoria para se dar conta da tarefa de psicólogo institucional. 
Em primeiro lugar, a formação de psicólogos institucionais não é comum. 
"Notamos que o psicólogo, enquanto profissional numa instituição, tem, a princípio, dois caminhos a seguir. Um é o da utilização dos recursos teóricos e práticos aprendidos durante o curso de Psicologia (...) outro é o de buscar uma intervenção de natureza institucional, cujo embasamento teórico e prático não costuma fazer parte dos cursos regulares de formação de psicólogos" (Guirado, p.70)
Portanto, para Guirado, a psicologia institucional é uma ciência muito empírica.
Outro ponto de importância (discorda de Bleger) é a questão da separação entre sujeito e objeto da psicologia. Para Guirado, esta separação não existe; somos o tempo todo sujeito e objeto do conhecimento sobre nós mesmos e sobre as relações com outros homens e com o mundo (Guirado, p.71)
Partindo-se deste ponto de vista da Psicologia (não separaçãoentre sujeito e objeto), o papel do psicólogo seria auxiliar no processo de tomada de conhecimento (por parte do sujeito) sobre si nas relações que vivencia. Ou seja, desenvolver uma autopercepção no paciente, especialmente uma percepção própria quando o sujeito está em relação com outros, já que estas relações são o objeto de estudo da Psicologia.
O objeto de estudo deve ser toda a imaginação, todo o sentimento e representação vividos pelo sujeito através da relação. A relação como tal interessa menos do que estas manifestações inconscientes (e por vezes até conscientes) despertadas no sujeito quando em relação.
É derivada dessa visão de Psicologia que aparece a noção de objeto de estudo da psicologia institucional. O importante seria trabalhar com as relações e suas conseqüências para os indivíduos pertencentes à instituição.
"Trabalhar com Psicologia Institucional não seria, portanto, trabalhar no espaço físico de uma instituição, seja ele qual for; reeditar a compreensão e a técnica de trabalho da relação psicoterapeuta/cliente, examinador/examinado, selecionador/selecionado. Seria sim, trabalhar com as relações de determinada prática institucional". (Guirado, p,72) 
O psicólogo institucional tem, para Guirado, a tarefa de "destituir o instituído". Existe um grande número de relações de opressão em cada instituição, por muitas vezes extremamente prejudiciais (em meu ponto de vista, toda e qualquer forma de opressão é extremamente prejudicial, mas é impossível a inexistência do par opressor/oprimido; deve-se então tentar corrigir o sistema de opressão até uma "quase" igualdade de condições entre os sujeitos de uma instituição). O psicólogo deve então fazer as pessoas dentro da instituição que muitos dos costumes (relações entre professor autoritário e aluno oprimido, entre administração e professores, etc.) que são percebidos como errados não são "a ordem natural das coisas". São coisas "instituídas na instituição"! São produzidas pela manutenção de certos padrões de comportamentos por vezes bastante antigos, que foram se instituindo por força de hábito (e conforto para os opressores) até estar embutidos na mente de todos como a ordem natural (vai ver que é assim mesmo, e vai ser assim para sempre...) das coisas. Nada mais falso.
A culpa da instituição das relações equivocadas é tanto da parte que sofre quanto da parte que age baseada na desigualdade de forças. Cabe a todos os participantes da instituição perceber o que está errado.
"Nota-se, em sua definição, (Guilhon definido psicologia institucional) uma ênfase na reprodução do instituído. Isto é possível porque se reconhece a ordem estabelecida como natural e autêntica, e porque se desconhece o caráter instituído desta ordem, assim como sua capacidade de instituir novas relações." (Guirado, p.73)
Toda a ordem das coisas pode ser modificada. Não que de repente sumirão todas as formas de poder e que todos valerão a mesma coisa dentro de uma escola, mas pode-se pelo menos tornar os administradores mais sucessíveis à pressão de grupos mobilizados de pais de alunos, de alunos, de professores ou de funcionários.
Esta ordem de coisas, passadas ao longo do tempo, e instituídas como o modo natural de se relacionar com outros indíviduos, é comparada por Guirado com a transferência psicanalítica. O psicólogo institucional deve então analisar (interpretar) o que está implícito no explícito das relações transferenciais dos sujeitos da instituição. 
"A transferência pode ser entendida como a repetição de modelos primitivos de relação que, enquanto processo inconsciente, nega o tempo e o espaço como presentes, reproduzindo em vínculos atuais posições vividas em vínculos passados. A interpretação pode ser compreendida como hipótese formulada sobre conteúdos inconscientes". (Guirado, p 74) 
Assim como Bleger, Guirado também defende que o contrato de trabalho com os "gestores da demanda" deve explicitar a intenção do psicólogo de possuir certa autonomia profissional, sem a qual é impossível o trabalho de análise.
Para esta autonomia profissional, é imprescindível que o psicólogo funcione como um assessor, e não como um empregado, pelos mesmos motivos já citados anteriormente.
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Um tema pouco estudado (e pouco aplicado) é a atuação do psicólogo numa equipe multiprofissional na escola.
Em primeiro lugar, o psicólogo não poderá intervir na equipe, já que não é tarefa dele. Ele não tem distanciamento suficiente para avaliar e interpretar as transferências que ocorrem dentro da equipe. Pode ocorrer uma situação até bastante constrangedora, em que a equipe multiprofissional acabe como o grupo com maior número de problemas e com menos transferências descobertas. 
Um problema pode ser a falta da posição desejada de assessor ou consultor da escola. Ele será mais um técnico, dentro de uma equipe, que estará sujeito também ao mesmo conjunto de representações inconscientes a que estão sujeitos todos os demais.

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