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TRT – 3ª REGIÃO DIREITO PROCESSUAL CIVIL Prof. Guilherme Corrêa Aprova Concursos 2015 JURISDIÇÃO Conceito A JURISDIÇÃO pode ser definida como: O poder, a função e a atividade desenvolvida pelo Estado com o objetivo de tutelar direitos individuais e coletivos nas seguintes situações: i) composição de litígios; ii) efetivação de direitos previamente reconhecidos; iii) acautelamento de direitos; iv) integração de direitos. 2 JURISDIÇÃO Características a) Unidade: a Jurisdição é, EM REGRA, função exclusiva do Poder Judiciário, exercida pelos magistrados, por isso a ideia de unidade. (art. 1°, CPC) A divisão em competências não retira tal característica, já que possui efeito meramente organizacional. Em algumas situações a função de julgar pode ser exercida pelo Poder Executivo (processos administrativos) e até mesmo o Legislativo. 3 JURISDIÇÃO Características b) Secundariedade: a jurisdição é o último recurso (ultima ratio), ou seja, os conflitos resolvem-se de forma natural. A ideia é a de que o direito seja naturalmente respeitado pelas pessoas. 4 JURISDIÇÃO Características Destaca-se, contudo, que em alguns casos a jurisdição não possui este caráter de secundariedade, já que em determinadas situações mostra-se obrigatória, primária, indispensável. Exemplos: ação de interdição; procedimento de adoção; destituição de pátrio poder, etc. 5 JURISDIÇÃO Características c) Substitutividade: O Estado é um terceiro ao conflito submetido ao Poder Judiciário. Apesar de ser um terceiro (um estranho) ele decide, ou seja, age em substituição ao agir das partes. Por tal razão é que as partes sujeitam-se à decisão estatal. Em razão deste caráter de substitutividade é que se afirma que a jurisdição é espécie de heterocomposição. 6 JURISDIÇÃO Características d) Imparcialidade: além do Juiz, o escrivão, o contador, o oficial de justiça e o perito devem ser imparciais nos seus ofícios. Exige-se a ideia de equidistância, de tratamento igual (igualdade material) e de oportunidades iguais no sentido de convencimento do órgão julgador. 7 JURISDIÇÃO Características e) Criatividade: as decisões judiciais são inovações no mundo jurídico. O juiz não aplica simplesmente a norma existente, ele vai além. Ele cria a norma individual para caso concreto, utilizando-se como fundamento para tanto as normas existentes. 8 JURISDIÇÃO Características f) Inércia: em regra a Jurisdição somente será exercida mediante provocação da parte, por meio do direito de Ação. Porém, após provocada, desenvolve-se por meio de impulso oficial. Algumas exceções importantes: i) início do inventário no caso de nenhum legitimado requerer a abertura; (art. 989, do CPC); ii) decretação da falência do devedor em recuperação (arts. 73 e 74 da Lei 11.101/05) 9 JURISDIÇÃO Características g) Aptidão à imutabilidade (Definitividade): as decisões judiciais são passíveis de se tornar imutáveis. É o que se chama de coisa julgada, protegida pelo inciso XXXVI, do art. 5º, da CF/88. A proteção pode ser dentro do processo (coisa julgada formal) ou em qualquer processo (coisa julgada material). 10 JURISDIÇÃO Características h) Impossibilidade de controle externo: os atos jurisdicionais somente podem ser controlados pelos órgãos estabelecidos pelo próprio Poder Judiciário. Já os demais atos sempre podem sofrer controle do Poder Judiciário. 11 JURISDIÇÃO Espécies A jurisdição divide-se em jurisdição contenciosa e voluntária. Contenciosa: função estatal exercida com o objetivo de compor os litígios (LIDE = conflito de interesses qualificado por uma pretensão resistida). Voluntária: integração e fiscalização de negócios jurídicos particulares. 12 JURISDIÇÃO Espécies Nos procedimentos de jurisdição voluntária o MP sempre será citado, sob pena de nulidade. A Fazenda Pública será sempre ouvida quando tiver interesse. O juiz, ao decidir, não é obrigado a adotar o critério da legalidade estrita, podendo em cada caso adotar a solução que entender mais oportuna e conveniente. 13 JURISDIÇÃO Princípios a) Juízo natural ou investidura: este princípio deve ser visto sob dois enfoques: objetivo e subjetivo. Objetivo: traz duas garantias básicas: i) preexistência de órgão jurisdicional ao fato (ou proibição de juízo ou tribunal de exceção); ii) respeito absoluto às regras objetivas de determinação de competência. Subjetivo: imparcialidade do órgão julgador, além da independência deste. 14 JURISDIÇÃO Princípios Importante destacar que todas estas garantias não são exigidas apenas dos juízes, mas de todos aqueles que exercem um munus público ao longo do processo, como o escrivão, perito, oficial de justiça, promotor, etc. 15 JURISDIÇÃO Princípios b) Improrrogabilidade: determina os limites de atuação do órgão jurisdicional, ou seja, o juiz somente pode exercer o seu ofício dentro dos limites definidos. 16 JURISDIÇÃO Princípios c) Indeclinibilidade ou Inafastabilidade: ninguém terá privado o direito de ter sua lesão ou ameaça a direito analisada pelo Poder Judiciário. A ausência de norma sobre determinada questão, não autoriza a ausência de apreciação pelo Poder Judiciário. (Art. 4º LINDB - Quando a lei for omissa, o juiz decidirá o caso de acordo com a analogia, os costumes e os princípios gerais de direito). 17 JURISDIÇÃO Princípios (Exceção - art. 217, § 1º, CF/88 - O Poder Judiciário só admitirá ações relativas à disciplina e às competições desportivas após esgotarem-se as instâncias da justiça desportiva, regulada em lei). Tal princípio também é chamado de Acesso à Justiça ou Direito de Ação Constitucional. 18 JURISDIÇÃO Princípios c) Inevitabilidade: a autoridade da decisão judicial impõe-se às partes independentemente da vontade destas. 19 JURISDIÇÃO Estrutura Constitucional a) Poder Judiciário e organização judiciária: 20 STF TJTRF TSE TSTSTMSTJ TM TRE TRT JTJEJUIZ FEDERAL JM CNJ JUIZ ESTADUAL JURISDIÇÃO Estrutura constitucional O Brasil tem justiça especial? T E M Art. 114, da CF/88 Art. 121, da CF/88 Arts. 124 e 125, da CF/88 21 JURISDIÇÃO Estrutura constitucional As causas que não estiverem elencadas nos dispositivos constitucionais anteriores são causas da Justiça Comum (residual). Dentro da Justiça Comum existem causas de competência da Justiça Federal (art. 109, da CF/88) e da Justiça Estadual, as demais. 22 AÇÃO Conceito de ação Dispositivos legais: arts. 3°a 6°e 267, VI, do CPC. A ação é o meio de provocação do Estado para o exercício da Jurisdição. O CPC adotou a teoria eclética, em que para ser proferida uma sentença de mérito há a necessidade de três requisitos, as chamadas condições da ação. 23 AÇÃO As condições da ação As condições da ação são: a)Legitimidade das partes. b)Interesse de agir (processual). c)Possibilidade jurídica do pedido. 24 PARTES E PROCURADORES Da capacidade de ser parte Quem poder ser parte? Qualquer pessoa (física ou jurídica) e alguns entes despersonalizados (espólio, condomínio, massa falida, sociedade sem personalidade jurídica) 25 PARTES E PROCURADORES Da capacidade processual Quem pode estar em juízo pessoalmente? Aquele que não é incapaz, ou seja, não se enquadra nas hipóteses dos arts. 3°e 4°do Código Civil. Os que não tiverem esta capacidade, deverão estar assistidos (relativamente incapaz) ou representados (absolutamente incapaz). 26 PARTES E PROCURADORES Da capacidade processual Art. 10 - O cônjuge somente necessitará do consentimento dooutro para propor ações que versem sobre direitos reais imobiliários. §1º - Ambos os cônjuges serão necessariamente citados para as ações: I - que versem sobre direitos reais imobiliários; II - resultantes de fatos que digam respeito a ambos os cônjuges ou de atos praticados por eles; 27 PARTES E PROCURADORES Da capacidade processual III - fundadas em dívidas contraídas pelo marido a bem da família, mas cuja execução tenha de recair sobre o produto do trabalho da mulher ou os seus bens reservados; IV - que tenham por objeto o reconhecimento, a constituição ou a extinção de ônus sobre imóveis de um ou de ambos os cônjuges. § 2º - Nas ações possessórias, a participação do cônjuge do autor ou do réu somente é indispensável nos casos de composse ou de ato por ambos praticados. 28 PARTES E PROCURADORES Da capacidade processual Art. 11 - A autorização do marido e a outorga da mulher podem suprir-se judicialmente, quando um cônjuge a recuse ao outro sem justo motivo, ou lhe seja impossível dá-la. Parágrafo único - A falta, não suprida pelo juiz, da autorização ou da outorga, quando necessária, invalida o processo. 29 PARTES E PROCURADORES Da capacidade processual Art. 12 - Serão representados em juízo, ativa e passivamente: I - a União, os Estados, o Distrito Federal e os Territórios, por seus procuradores; II - o Município, por seu Prefeito ou procurador; III - a massa falida, pelo síndico; (administrador) IV - a herança jacente ou vacante, por seu curador; V - o espólio, pelo inventariante; 30 PARTES E PROCURADORES Da capacidade processual VI - as pessoas jurídicas, por quem os respectivos estatutos designarem, ou, não os designando, por seus diretores; VII - as sociedades sem personalidade jurídica, pela pessoa a quem couber a administração dos seus bens; VIII - a pessoa jurídica estrangeira, pelo gerente, representante ou administrador de sua filial, agência ou sucursal aberta ou instalada no Brasil; IX - o condomínio, pelo administrador ou pelo síndico. 31 PARTES E PROCURADORES Irregularidades E se o juiz notar irregularidades na capacidade processual ou na representação processual, o que ocorrerá? Neste caso, o juiz deve fixar prazo razoável para que o vício seja sanado. Nao sendo corrigida a irregularidade, o juiz deverá tomar as seguintes providências: 32 PARTES E PROCURADORES Irregularidades 33 Onde está o vício? Qual a consequência? Polo ativo (nulidade) Extinção sem resolução do mérito. Polo passivo Réu reputado revel. Terceiro ao processo Exclusão do feito. PARTES E PROCURADORES Deveres das partes e procuradores Os deveres das partes e seus procuradores vem dispostos no art. 14, do CPC. Na verdade, são deveres de todos que participam do processo: a)Expor os fatos em juízo conforme a verdade. b)Proceder com lealdade e boa-fé. c)Não formular pretensões, nem alegar defesa, ciente de que são destituídas de fundamento. 34 PARTES E PROCURADORES Deveres das partes e procuradores d) Não produzir provas, nem praticar atos inúteis ou desnecessários à declaração ou defesa do direito. e) Cumprir com exatidão os provimentos mandamentais e não criar embaraços à efetivação de provimentos judiciais, de natureza antecipatória ou final. 35 PARTES E PROCURADORES Deveres das partes e procuradores Art. 15. É defeso às partes e seus advogados empregar expressões injuriosas nos escritos apresentados no processo, cabendo ao juiz, de ofício ou a requerimento do ofendido, mandar riscá-las. Parágrafo único. Quando as expressões injuriosas forem proferidas em defesa oral, o juiz advertirá o advogado que não as use, sob pena de Ihe ser cassada a palavra. 36 PARTES E PROCURADORES Responsabilidade por dano processual Art. 16. Responde por perdas e danos aquele que pleitear de má-fé como autor, réu ou interveniente. Art. 17. Reputa-se litigante de má-fé aquele que: I - deduzir pretensão ou defesa contra texto expresso de lei ou fato incontroverso; II - alterar a verdade dos fatos; III - usar do processo para conseguir objetivo ilegal; 37 PARTES E PROCURADORES Responsabilidade por dano processual IV - opuser resistência injustificada ao andamento do processo; V - proceder de modo temerário em qualquer incidente ou ato do processo; Vl - provocar incidentes manifestamente infundados. VII - interpuser recurso com intuito manifestamente protelatório. 38 PARTES E PROCURADORES Responsabilidade por dano processual Art. 18. O juiz ou tribunal, de ofício ou a requerimento, condenará o litigante de má-fé a pagar multa não excedente a um por cento sobre o valor da causa e a indenizar a parte contrária dos prejuízos que esta sofreu, mais os honorários advocatícios e todas as despesas que efetuou. 39 PARTES E PROCURADORES Responsabilidade por dano processual § 1º Quando forem dois ou mais os litigantes de má-fé, o juiz condenará cada um na proporção do seu respectivo interesse na causa, ou solidariamente aqueles que se coligaram para lesar a parte contrária. § 2º O valor da indenização será desde logo fixado pelo juiz, em quantia não superior a 20% (vinte por cento) sobre o valor da causa, ou liquidado por arbitramento. 40 PARTES E PROCURADORES Despesas e multas Dentre os deveres das partes está o dever de arar com as despesas dos atos processuais. Estas despesas serão adiantadas pela parte que requereu o ato. (Caso o MP, o juiz ou ambas as partes requeiram a realização do ato, o AUTOR adiantará o valor das despesas). 41 PARTES E PROCURADORES Despesas e multas Tais despesas serão arcadas pela parte sucumbente. Em caso de jurisdição voluntária, serão rateadas entre as partes. Além de arcar com as custas processuais, há a necessidade de pagamento dos honorários de advogado, os quais também serão arcados pela parte sucumbente. 42 PARTES E PROCURADORES Despesas e multas Os honorários são fixados de acordo com o art. 20, do CPC: Art. 20. A sentença condenará o vencido a pagar ao vencedor as despesas que antecipou e os honorários advocatícios. Esta verba honorária será devida, também, nos casos em que o advogado funcionar em causa própria. 43 PARTES E PROCURADORES Despesas e multas § 1º O juiz, ao decidir qualquer incidente ou recurso, condenará nas despesas o vencido. § 2º As despesas abrangem não só as custas dos atos do processo, como também a indenização de viagem, diária de testemunha e remuneração do assistente técnico. 44 PARTES E PROCURADORES Despesas e multas § 3º Os honorários serão fixados entre o mínimo de dez por cento (10%) e o máximo de vinte por cento (20%) sobre o valor da condenação, atendidos: a) o grau de zelo do profissional; b) o lugar de prestação do serviço; c) a natureza e importância da causa, o trabalho realizado pelo advogado e o tempo exigido para o seu serviço. 45 PARTES E PROCURADORES Despesas e multas § 4o Nas causas de pequeno valor, nas de valor inestimável, naquelas em que não houver condenação ou for vencida a Fazenda Pública, e nas execuções, embargadas ou não, os honorários serão fixados consoante apreciação eqüitativa do juiz, atendidas as normas das alíneas a, b e c do parágrafo anterior. 46 PARTES E PROCURADORES Despesas e multas Art. 21. Se cada litigante for em parte vencedor e vencido, serão recíproca e proporcionalmente distribuídos e compensados entre eles os honorários e as despesas. Parágrafo único. Se um litigante decair de parte mínima do pedido, o outro responderá, por inteiro, pelas despesas e honorários. 47 PARTES E PROCURADORES Despesas e multas Art. 23. Concorrendo diversos autores ou diversos réus, os vencidos respondempelas despesas e honorários em proporção. Art. 24. Nos procedimentos de jurisdição voluntária, as despesas serão adiantadas pelo requerente, mas rateadas entre os interessados. 48 PARTES E PROCURADORES Despesas e multas Art. 26. Se o processo terminar por desistência ou reconhecimento do pedido, as despesas e os honorários serão pagos pela parte que desistiu ou reconheceu. § 1º Sendo parcial a desistência ou o reconhecimento, a responsabilidade pelas despesas e honorários será proporcional à parte de que se desistiu ou que se reconheceu. 49 PARTES E PROCURADORES Despesas e multas § 2º Havendo transação e nada tendo as partes disposto quanto às despesas, estas serão divididas igualmente. Art. 27. As despesas dos atos processuais, efetuados a requerimento do Ministério Público ou da Fazenda Pública, serão pagas a final pelo vencido. 50 PARTES E PROCURADORES Despesas e multas Art. 28. Quando, a requerimento do réu, o juiz declarar extinto o processo sem julgar o mérito (art. 267, § 2o), o autor não poderá intentar de novo a ação, sem pagar ou depositar em cartório as despesas e os honorários, em que foi condenado. 51 Slide 1 Slide 2 Slide 3 Slide 4 Slide 5 Slide 6 Slide 7 Slide 8 Slide 9 Slide 10 Slide 11 Slide 12 Slide 13 Slide 14 Slide 15 Slide 16 Slide 17 Slide 18 Slide 19 Slide 20 Slide 21 Slide 22 Slide 23 Slide 24 Slide 25 Slide 26 Slide 27 Slide 28 Slide 29 Slide 30 Slide 31 Slide 32 Slide 33 Slide 34 Slide 35 Slide 36 Slide 37 Slide 38 Slide 39 Slide 40 Slide 41 Slide 42 Slide 43 Slide 44 Slide 45 Slide 46 Slide 47 Slide 48 Slide 49 Slide 50 Slide 51
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