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PROTEÇÃO CONTRATUAL DO CONSUMIDOR INTRODUÇÃO • A relação de consumo configura a ideologia da proteção contratual no Código de Defesa do Consumidor. Compõem a relação de consumo: o consumidor, o fornecedor, o produto ou serviço, e o seu fato propulsor. • A implementação da proteção contratual no CDC se deu como uma forma de dar ao "Direito das Relações de Consumo" uma maior autonomia dentro da ciência do Direito. PROTEÇÃO CONTRATUAL • As relações de consumo são complexas e exigem interação interdisciplinar de normas de direito material (consMtucional, civil, comercial, econômico, administraMvo e penal) e direito processual (civil administraMvo e penal). Mas, apesar desta interação, quando se trata de relações de consumo, incide sobre o caso concreto o Código de Defesa do Consumidor. • No que tange aos aspectos contratuais da proteção do consumidor, o CDC rompeu com a tradição do Direito privado e surgiu com o propósito de insMtuir uma mudança de mentalidade no que diz respeito as relações de consumo OS CONTRATOS NA RELAÇÃO DE CONSUMO • As relações jurídicas de consumo se formam entre fornecedor e consumidor (sujeitos) e têm como objeto a aquisição de produtos ou uMlização de serviços pelo consumidor. • A finalidade com que o consumidor adquire o produto ou serviço, como des@natário final caracteriza esta forma de relação. A chave para a idenMficação de uma relação jurídica como sendo de consumo é a des@nação final. CONTRATOS NO CDC • Quanto aos contratos, o CDC: • InsMtuiu a boa fé como base nas relações de consumo; • Impôs ao fornecedor o dever de prestar declaração de vontade (contrato); • Estabeleceu a execução específica da oferta como regra, deixando a resolução em perdas e danos da obrigação de fazer inadimplida como expediente subsidiário, a critério exclusivo do consumidor. ASPECTOS DO CONTRATO DE CONSUMO • Criou-‐se, com o advento do CDC, uma ordem jurídica para a defesa dos direitos do consumidor quanto aos vícios do consenMmento, à noção de causa no contrato, ao regramento da cláusula penal, à teoria das nulidades, e à proteção das cláusulas abusivas. Até então prevalecia o dirigismo contratual. CONTRATO DE CONSUMO • CONHECIMENTO PRÉVIO DO CONSUMIDOR SOBRE O CONTEÚDO DO CONTRATO • Dispõe o art. 46, primeira parte: "Os contratos que regulam as relações de consumo não obrigarão os consumidores, se não lhes for dada a oportunidade de tomar conhecimento prévio de seu conteúdo,...” • Este arMgo é a projeção, do direito básico do consumidor à informação adequada sobre os produtos e serviços, em toda sua extensão (qualidade, quanMdade, conteúdo, riscos que apresentam etc.). CONTRATO DE CONSUMO • O fornecedor, antes de concluir o contrato de consumo, deve ter a cautela de oferecer ao consumidor o contrato para que este tome conhecimento do seu conteúdo e saiba quais são os deveres e direitos de ambos os contratantes, bem como quais as sanções por eventual inadimplemento de alguma prestação a ser assumida no contrato. • É do interesse do fornecedor dar esta oportunidade de conhecimento prévio do contrato ao consumidor, porque o consumidor tem, a seu favor, a possibilidade de inversão do ônus da prova. CONTRATO DE CONSUMO • A inversão do ônus da prova implica na transferência do ônus da prova ao fornecedor, que deverá demonstrar que foi dada oportunidade para que o consumidor tomasse conhecimento dos termos do contrato, se quiser ver a questão solucionada a seu favor. • Cumpre lembrar que, se não for dado conhecimento efeMvo da cláusula ao consumidor, não produzirá os efeitos pretendidos pelo fornecedor. Não basta, que a cláusula exista e esteja inserida no instrumento do contrato. CONTRATO DE CONSUMO • Dispõe o art. 46, segunda parte: "Os contratos que regulam as relações de consumo não obrigarão os consumidores, ... se os respecMvos instrumentos forem redigidos de modo a dificultar a compreensão de seu senMdo e alcance.” • Portanto, deve-‐se evitar a uMlização de termos lingüísMcos muito elevados, expressões técnicas e palavras em outros idiomas. • Mas, não basta o emprego de termos comuns, é preciso que o senMdo das cláusulas seja claro e de fácil compreensão. Do contrário, não haverá exigibilidade, desonerando-‐se da obrigação o consumidor. CLÁUSULAS CONTRATUAIS • O CDC em seu arMgo 47 diz que "as cláusulas contratuais serão interpretadas de maneira mais favorável ao consumidor." • Cláusulas contratuais significa todo e qualquer pacto ou esMpulação negocial entre fornecedor e consumidor, seja pela forma escrita ou verbal, pela técnica de contrato de adesão ou de "contrato de comum acordo". CLÁUSULAS CONTRATUAIS • O consumidor é considerado hiposuficiente e por este moMvo o CDC criou novas regras de interpretação dos contratos deconsumo, determinando que se faça sempre de modo mais favorável ao consumidor. • O princípio da insonomia se traduz em tratar desigualmente os desiguais na exata medida de suas desigualdades. • O arMgo 47 do CDC, já mencionado anteriormente, determina que a interpretação do contrato como um todo se faça de modo mais favorável ao consumidor. PRINCÍPIOS ENVOLVIDOS São princípios específicos dos contratos de consumo: a) A interpretação é sempre mais favorável ao consumidor; b) Deve-‐se atender mais à intenção das partes do que à literalidade da manifestação de vontade; c) A cláusula geral de boa-‐fé encontra-‐se em toda relação jurídica de consumo, ainda que não conste expressamente no contrato; d) Havendo cláusula negociada individualmente, prevalecerá sobre as cláusulas esMpuladas unilateralmente pelo fornecedor; e) Nos contratos de adesão, as cláusulas ambíguas ou contraditórias são interpretadas em favor do aderente (consumidor); CONTRATO DE CONSUMO • A vinculação de que fala a lei demonstra a imposição legal do dever de prestar, que se faz ao fornecedor que Mver manifestado sua vontade de contratar, por meio de recibos de sinal, pré-‐ contratos, contratos preliminares. • O CDC esMpula que o inadimplemento da obrigação de fazer derivada dessas manifestações de vontade não é resolvido em perdas e danos, mas em cumprimento forçado da obrigação nos termos do art 84 CONTRATO DE CONSUMO • As providências judiciais que asseguram o resultado práMco equivalente ao do adimplemento podem ser busca e apreensão, desfazimento da obra, remoção de pessoas e coisas, impedimentos de aMvidade nociva, além de requisição de força policial. CONTRATO DE CONSUMO • O CDC consagra o direito do consumidor arrepender-‐ se e voltar atrás, sem que seja necessária qualquer jusMficaMva do moMvo de sua aMtude. Basta que o contrato de consumo tenha sido concluído fora do estabelecimento comercial para que incida o direito de arrependimento. • A lei lhe dá esse direito porque presume que o consumidor possa não ter ficado saMsfeito e ter sido apanhado de surpresa quanto à qualidade e outras peculiaridades do produto ou serviço. CONTRATO DE CONSUMO • No entanto, deve fazê-‐lo, dentro do prazo de reflexão, fixado em 7 (sete) dias. • Conta-‐se o prazo de reflexão a parMr da conclusão do contrato de consumo ou do ato de recebimento do produto ou serviço, excluindo-‐se o dia do início e incluindo-‐ se o do final. • Não se inicia nenhum prazo em feriado ou dia não úMl e, se o dia do vencimento cair em dia não úMl ou feriado, prorroga-‐se o prazo para o primeiro dia úMl seguinte. • Se o produto for entregue no dia do contrato, a parMr daí é que se conta o prazo para o arrependimento. Caso o contrato seja assinado em um dia e o produto ou serviço entregue ou prestado em época posterior, o prazo de reflexão tem início a par@r da entrega do produto ou do serviço. CONTRATO DE CONSUMO • Apenas frente ao caso concreto que se determina o que seja venda fora do estabelecimento comercial sujeita ao direito de arrependimento ou não. • O direito de arrependimento existe, independentemente de o produto haver sido encomendado por pedido expresso do consumidor. • O consumidor tem direito à devolução imediata das quanMas pagas, atualizadas, caso exerça o direito de arrependimento dentro do prazo de reflexão. A cláusula contratual que lhe reMre o direito ao reembolso das quanMas pagas é abusiva e, portanto, nula. CONTRATO DE CONSUMO • Havendo despesas com frete, suportados pelo fornecedor para fazer chegar às mãos do consumidor o produto contratado fora do estabelecimento comercial, seu ressarcimento fica por conta do risco da empresa. • O fornecedor que opta por práMcas comerciais mais incisivas, fora do estabelecimento comercial, corre o risco do negócio, de modo que não tem o que reclamar se a relação jurídica é desfeita em virtude do arrependimento do consumidor. CONTRATO DE CONSUMO • Custo do transporte: Eventuais prejuízos enfrentados pelo fornecedor nesse Mpo de contratação são inerentes à modalidade de venda agressiva fora do estabelecimento comercial • O consumidor pode exercer o direito de arrependimento ao contratar um emprésMmo bancário fora das instalações do banco • MP/SP multa de 2% sobre o preço da mercadoria comprada em caso de não resMtuição imediata dos valores pagos pelo consumidor que desiste da compra. Pediu ainda inclusão de outras garanMas, como fixação de prazo para devolução do dinheiro. PROJETOS DE LEI • Há emenda para aumentar de sete para 14 dias o prazo de reflexão, a contar da compra ou do recebimento do produto, o que ocorrer por úlMmo(concessionárias de carro) • Facilitar a devolução de valores já pagos no cartão de crédito, para obrigar os fornecedoresa informar ostensivamente a possibilidade do exercício de arrependimento e para impor multa a quem não cumprir as regras • Exercício do direito de arrependimento nas compras de passagens aéreas pela internet. Ainda é permiMda a cobrança de taxas de cancelamento e de remarcação de passagens, conforme previsão no contrato de transporte CONTRATO DE CONSUMO • O CDC deixa claro a impossibilidade de haver subsMtuição da garan@a legal pela contratual. • O princípio da garanMa legal deflui adequação, qualidade, durabilidade, desempenho e segurança dos produtos e serviços. • A garanMa contratual é apenas um plus em favor do consumidor. A garanMa legal é sempre obrigatória, a contratual é mera faculdade. CONTRATO DE CONSUMO • Os termos e o prazo da garanMa contratual ficam ao interesse exclusivo do fornecedor de acordo com sua conveniência, atendendo, ao princípio da livre iniciaMva. • O CDC não permite que a garanMa contratual seja dada verbalmente. Exige que venha expresso no termo o objeto da garanMa, para que se possa avaliar sua medida e extensão e maior transparência na relação com o consumidor. • Caso a obrigação reste descumprida, a conduta em tese configura o crime do art. 74 do Código, além de ensejar indenização por perdas e danos. CONTRATO DE ADESÃO • Modalidade de ajuste spico (com previsão legal expressa) e nominado (nomenclatura peculiar e específica) criado com a finalidade precípua de atender a um número indeterminado de pessoas, a uma coleMvidade, facilitando as aMvidades empresariais e os serviços públicos ou privados desMnados aos consumidores efeMvos ou potenciais • Padronização de cláusulas e da esMpulação unilateral destas, não admiMndo a prévia discussão e modificação substancial do conteúdo avençado, esMpulado tão somente pelo policitante CARACTERÍSTICAS DO CONTRATO DE ADESÃO • Unilateralidade; acordo de vontade; aceitação voluntária do consumidor • Contrato spico do padrão da sociedade de consumo • Liberdade da manifestação da vontade tolhida; relação com monopólios e oligopólios empresariais; cláusulas unilaterais não modificáveis • Ex. Adesão a vários serviços impostos para obter o financiamento da casa própria; emprésMmos bancários; seguros etc. • Importancia dos contratos de adesão e o respeitos aos princípios que regem o direito do consumidor
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