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04/04/2018 Disciplina Portal http://estacio.webaula.com.br/Classroom/index.html?id=2177115&classId=898603&topicId=2504323&p0=03c7c0ace395d80182db07ae2c30f034&enableForum= Direitos Humanos Aula 1 - A dignidade da pessoa humana e a ordem jurídica INTRODUÇÃO Nesta aula, examinaremos a dignidade da pessoa humana compreendida como o eixo valorativo que justifica a existência do próprio Estado e da ordem jurídica. Em seguida, discutiremos sua problemática conceitual, destacando a dimensão principiológica que serve de suporte para os direitos humanos. Analisaremos os aspectos jurídico e constitucional deste princípio, chamando atenção para as consequências hermenêuticas resultantes da adoção da proteção da dignidade do ser humano como vetor de compreensão adequada da norma jurídica. Por fim, apontaremos as dificuldades a serem enfrentadas nas situações de limites da dignidade humana. OBJETIVOS 04/04/2018 Disciplina Portal http://estacio.webaula.com.br/Classroom/index.html?id=2177115&classId=898603&topicId=2504323&p0=03c7c0ace395d80182db07ae2c30f034&enableForum= Explicar que a dignidade humana é o eixo valorativo que justifica o Estado Democrático de Direito e seu compromisso com a cidadania; Identificar a dimensão da normativa da dignidade humana como um princípio constitucional; Examinar as implicações hermenêuticas do princípio da dignidade humana na proteção de DH. 04/04/2018 Disciplina Portal http://estacio.webaula.com.br/Classroom/index.html?id=2177115&classId=898603&topicId=2504323&p0=03c7c0ace395d80182db07ae2c30f034&enableForum= A DIGNIDADE DA PESSOA HUMANA: CONSIDERAÇÕES GERAIS Vejamos, a seguir, um trecho do famoso poema “Morte e Vida Severina”, de João Cabral de Mello Neto: Fonte da Imagem: Radu Bercan / Shutterstock No famoso poema, João Cabral de Mello Neto conta a história de Severino, um retirante do interior da Paraíba que foge da seca, em direção a Recife, no litoral de Pernambuco. Lá, Severino acredita que terá uma vida melhor, com melhores condições. Esse trecho reproduzido se refere ao final da viagem de Severino, já chegando em Recife. Mas, ainda assim, mesmo estando na capital pernambucana, Severino encontra morte e pobreza, da mesma maneira que via no interior do sertão. Decepcionado e desiludido, o trecho reproduzido sugere ao leitor que Severino irá se suicidar para dar fim a sua sina. Esse sonho desfeito de Severino, escrito pelos idos dos anos 50 do século passado, ainda se mostra atual. Traduzido para o mundo do Direito, traz os desafios que a dignidade humana (ou sua falta ou desrespeito) coloca para as sociedades contemporâneas, e em especial a brasileira. Fonte da Imagem: A dignidade da pessoa humana tem sido considerada por muitas áreas do saber humano, tais como a Filosofia, a Ética, a Política e o Direito, como o ponto central de construção de todo o ordenamento jurídico e do próprio Estado. Ela é vista até mesmo com um valor suprajurídico, isto é, para além do Direito e da Constituição, já que seria a dignidade um valor ínsito do ser humano. E, desta maneira, a dignidade trata diretamente da essência do ser humano. É, portanto, esse seu caráter supraconstitucional que permite, inclusive, que possamos sustentar sua efetividade 04/04/2018 Disciplina Portal http://estacio.webaula.com.br/Classroom/index.html?id=2177115&classId=898603&topicId=2504323&p0=03c7c0ace395d80182db07ae2c30f034&enableForum= independentemente da sua positivação (isto é, seu reconhecimento pelo direito, através de uma norma jurídica, quer seja ela lei ou mesmo uma norma constitucional). Se pensarmos, por exemplo, nos dramas humanos da atualidade, como entre tantos outros, a questão dos refugiados de guerra ou a fome nos países africanos, salta aos olhos a crise humanitária (glossário) que vivenciamos e destacamos a importância da valorização e proteção da dignidade humana como bússola para enfrentarmos essas calamidades que assolam o mundo. Assim, falar de dignidade humana é falar do outro, é falar de direitos, é falar de democracia, é falar de cidadania. Para as sociedades atuais, a dignidade da pessoa humana coloca uma série de desafios a serem enfrentados, assegurando a todas as pessoas uma vida decente: com respeito, igualdade e liberdade, com acesso aos bens necessários para a realização do projeto de vida de cada um e que leve, enfim, à felicidade. Assim, a dignidade se articula com a própria possibilidade de existir com decência no mundo para nele viver em plenitude. Fonte da Imagem: Anton_Ivanov / Shutterstock No entanto, a vida em sociedade é marcada por desigualdades materiais e carências sociais, pois, ainda que expresso de forma simplista, há mais pessoas do que bens disponíveis, isto é, não é possível o acesso igual de todos a todos os recursos disponíveis: aí se coloca o dilema da dignidade humana. Fonte: popular business / Shutterstock O que temos de fazer para assegurar cada vez mais proteção à dignidade humana, para um número maior de pessoas, sempre em um movimento crescente? A CONSTRUÇÃO HISTÓRICA DA DIGNIDADE HUMANA 04/04/2018 Disciplina Portal http://estacio.webaula.com.br/Classroom/index.html?id=2177115&classId=898603&topicId=2504323&p0=03c7c0ace395d80182db07ae2c30f034&enableForum= A ideia de dignidade humana não é uma invenção do século XX. Os estudiosos do tema apontam que, já na Antiguidade Grega, havia um movimento de valorização da pessoa humana. Também entre os orientais a pessoa humana tinha seu destaque. Confúcio (glossário), partidário de uma ideia de aperfeiçoamento do ser, em detrimento da caridade pura, já pregava “ame a todos sem distinção”. Posteriormente, com o advento do Cristianismo, a figura do ser humano, à imagem e semelhança de Deus, inspirava uma relação de reconhecimento de si no outro. O fundamento da dignidade morava no divino. Saltando no tempo, é com o Iluminismo (glossário) que, no Ocidente, a dignidade da pessoa humana passa a derivar da razão, daí decorrendo a criação de vários documentos emblemáticos para o marco do respeito à dignidade humana, como por exemplo, a Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão (glossário), de 1789, resultado da Revolução Francesa. Kant (glossário), na famosa obra "Fundamentação da Metafísica dos Costumes" sustentava que as pessoas deveriam ser tratadas como um fim em si mesmas, e não como um meio (objetos). O filósofo assim dizia: São as noções de Kant que fixaram as bases da compreensão moderna da dignidade humana fixando sua relação com os direitos humanos e que até hoje se colocam como, de certa forma, pertinentes. Há duas dimensões do pensamento kantiano que merecem destaque: A ideia de finalidade (glossário), isto é, o homem, por ser dotado de razão, é um fim em si mesmo. A ideia de autonomia (glossário), isto é, a vontade humana deve estar direcionada para o dever de estabelecer parâmetros de moralidade que sirvam para todos, inclusive para ela mesma, não porque se busca uma vantagem futura, mas sim porque esta é a dignidade do ser dotado de razão. A PROBLEMÁTICA CONCEITUAL E SUA RELAÇÃO COM OS DIREITOS HUMANOS Em uma postagem, de março de 2015, no Blog JOTA, Daniel Sarmento, diz que: “uma rápida pesquisa no site do STF mostra que, sob a égide da Constituição de 1988, o princípio da dignidade da pessoa humana foi explicitamente invocado em nada menos que 260 acórdãos, 2.298 decisões monocráticas, 79 decisões da Presidência, 9 questões de ordem e 3 repercussões gerais. Os temas abordados pelas decisões são os mais variados, indo da vedação de denúncias criminais genéricas à união homoafetiva; da impossibilidade de realização compulsória do exame de DNA ao aborto de fetos anencéfalos; das políticas de ação afirmativa à criminalização da violência doméstica”. Desses dados apresentados, logo pensamos: Fonte: popular business / Shutterstock 04/04/2018 Disciplina Portal http://estacio.webaula.com.br/Classroom/index.html?id=2177115&classId=898603&topicId=2504323&p0=03c7c0ace395d80182db07ae2c30f034&enableForum=Como propor que um conceito de dignidade dê conta de temas e questões tão diferentes? Que seja capaz de comunicar um sentido mais objetivo à dignidade humana, que todos sabem o que é, mas têm muitas dificuldades de explicar e acordar um sentido para ser compartilhado? Veremos que há um esforço doutrinário no sentido de responder nossos questionamentos, embora sem que possamos ter uma definição fechada, com todos os seus elementos determinados. UM CONCEITO DE DIGNIDADE HUMANA: DESAFIOS A dignidade humana é uma daquelas expressões chamadas de polissêmicas. Isto quer dizer que ela é portadora de muitos sentidos diferentes, sendo um desafio estabelecer um sentido único para a mesma. Assim, dignidade humana quer (e pode) dizer respeito a muitas coisas diversas, em razão do sentido que lhe é atribuído e dos interesses que se busca preservar ou defender quando a ela recorremos. Entretanto, ainda que a dignidade humana possa ser etiquetada como uma cláusula aberta (glossário), podemos fazer aqui alguns acordos quanto ao seu sentido. Para nossa disciplina, adotaremos o conceito dado por Ingo Wolfgang Sarlet que articula a ideia de respeito a todos os seres humanos, independentemente de suas qualidades. Esse respeito é exigido do Estado e da sociedade como um todo, materializando-se em um feixe de direitos e deveres fundamentais que asseguram uma existência minimamente decente, (como, por exemplo, acesso ao saneamento básico, à água potável, dispor de alimentação adequada, etc.) que permita ao ser humano decidir os rumos de sua vida, assegurando sua felicidade e participação na sociedade. Leia a conceituação de Ingo Wolfgang Sarlet: A RELAÇÃO DA DIGNIDADE HUMANA COM OS DIREITOS HUMANOS A despeito da dificuldade semântica já registrada, podemos adotar também uma fórmula para conceituar a dignidade: ATRIBUTO INERENTE DA PESSOA HUMANA, PELO SIMPLES FATO DE ALGUÉM “SER HUMANO”. Desse modo, por existir enquanto ser humano, em uma sociedade plural, automaticamente, esta pessoa se torna merecedora de respeito e proteção, independentemente, de sua origem, etnia, sexo, idade, estado civil, religião, filiação partidária, condição sócio econômica, cultura partilhada, ou de qualquer outro fator de identificação ou diferenciação. Reconhece-se que a dignidade é um princípio fundamental (glossário) que emana de todos os humanos, desde a concepção no útero materno, não se vinculando e não dependendo de atribuição de personalidade jurídica (glossário) ao seu titular para seu reconhecimento. Aqui, neste ponto de nossa disciplina, não aprofundaremos a distinção entre direitos humanos e direitos fundamentais. Assim nesta aula, consideraremos os dois como sinônimos, apesar de haver uma distinção entre eles, especialmente, no que tange a sua esfera de incidência: Desse modo, quer sejam direitos humanos ou direitos fundamentais, ambos emanam, decorrem da dignidade humana. Podemos, então, dizer que dignidade é um critério unificador, ao qual todos os direitos humanos/fundamentais se reportam, em maior ou menor grau de adesão ou concretização. Por outro lado, também se discute se esses direitos poderão ser relativizados, ou não, na medida em que nenhum direito ou princípio se apresenta de forma absoluta, especialmente quando estudamos o conflito ou colisão entre direitos e suas formas de resolução. Por exemplo, em nome do direito à intimidade e privacidade é possível que se proíba a circulação de uma reportagem jornalística? Esse é um tema de muita relevância e também delicado. A relação da dignidade humana com os direitos humanos/fundamentais gera uma dupla obrigação para o Estado quanto ao que dele se pode exigir: uma de caráter negativo e outra de aspecto positivo. 04/04/2018 Disciplina Portal http://estacio.webaula.com.br/Classroom/index.html?id=2177115&classId=898603&topicId=2504323&p0=03c7c0ace395d80182db07ae2c30f034&enableForum= ASPECTOS JURÍDICO E CONSTITUCIONAL DO PRINCÍPIO DA DIGNIDADE HUMANA Fonte da Imagem: StudioSmart / Shutterstock A dignidade da pessoa humana, ao ser incorporada à ordem normativa de um país, passa a ostentar um aspecto jurídico que lhe dá todos os atributos que a norma jurídica (glossário) ostenta, deixando de ser apenas uma indicação ética ou moral cuja adesão do sujeito depende apenas de sua consciência. A DIGNIDADE DA PESSOA HUMANA COMO PRINCÍPIO CONSTITUCIONAL E A CONSTITUIÇÃO DE 1988 No caso do Brasil, em especial, a dignidade da pessoa humana é uma norma jurídico-positiva de status constitucional e, como tal, dotada de eficácia, sendo, então, capaz de garantir os direitos fundamentais do cidadão. Logo no art. 1º. Inciso III da Constituição, o princípio da dignidade humana é declarado como um fundamento da República (glossário) e do Estado Democrático de Direito (glossário) do Brasil. Para comentar este artigo trazemos novamente a contribuição de Ingo Wolfgang Sarlet: “Consagrando expressamente, no título dos princípios fundamentais, a dignidade da pessoa humana como um dos fundamentos do nosso Estado democrático (e social) de Direito (art. 1º, inc. III, da CF), nosso Constituinte de 1988 [...] além de ter tomado uma decisão fundamental a respeito do sentido, da finalidade e justificação do exercício do poder estatal e do próprio Estado, reconheceu categoricamente que é o Estado que existe em função da pessoa humana, e não o contrário, já que o ser humano constitui a finalidade precípua, e não meio da atividade estatal”. (SARLET, 2010: 133) Em outras palavras, é o Estado que passa a servir ao cidadão, como instrumento para a garantia e promoção da dignidade das pessoas individual e coletivamente consideradas. Além desse artigo, o princípio da dignidade se encontra previsto de modo expresso ou implícito ao longo do texto constitucional, reforçando a ideia de fundamento, sendo a dignidade humana o eixo valorativo de nosso Estado e direito. A PROTEÇÃO DA DIGNIDADE DA PESSOA HUMANA COMO VETOR PARA UMA HERMENÊUTICA ADEQUADA Ao estudarmos a dignidade humana, percebemos, também, que ela se encontra diretamente relacionada ao tema da hermenêutica (glossário). Nesse sentido, dois aspectos merecem atenção: a dimensão principiológica e a questão de seus limites ou restrições. 04/04/2018 Disciplina Portal http://estacio.webaula.com.br/Classroom/index.html?id=2177115&classId=898603&topicId=2504323&p0=03c7c0ace395d80182db07ae2c30f034&enableForum= (glossário) (glossário) Clique nos títulos acima. VÍDEO ATIVIDADE PROPOSTA Leia o artigo Crise humanitária: Direito, moralidade e solidariedade (glossário) publicado na Carta Capital e responda: a) Para o autor, é verdade que a Europa é o continente que mais recebe refugiados? Aponte no texto a base de sua resposta. b) De que forma o problema se relaciona com a dignidade humana? Resposta Correta 04/04/2018 Disciplina Portal http://estacio.webaula.com.br/Classroom/index.html?id=2177115&classId=898603&topicId=2504323&p0=03c7c0ace395d80182db07ae2c30f034&enableForum= Glossário CRISE HUMANITÁRIA É uma situação de emergência, em que a vida de um grande número de pessoas se encontra ameaçada e na qual recursos extraordinários de ajuda humanitária são necessários para evitar uma catástrofe ou pelo menos limitar as suas consequências. Fonte: Wikipedia CONFÚCIO Foi o mais famoso filósofo e pensador político da China e viveu entre 552 e 479 a.C. Confúcio não deixou nenhuma obra escrita, mas seus discípulos coletaram pequenos provérbios do mestre, além de diálogos com ele, e os reuniram em um texto intitulado Lun Yu ("Os Analectos"). A herança que o filósofo deixou para o mundo oriental vai muito além disso. "O confucionismo é a base da ética empresarial japonesa. Também em alguns dos chamados Tigres Asiáticos, como Coréia do Sul e Cingapura, ele é promovido como sistema filosófico a encorajar o desenvolvimento econômico", afirma o historiador Ricardo Gonçalves, da USP. Isso porque os pensamentosde Confúcio pregavam, por exemplo, a importância da educação para melhorar a sociedade, com destaque à construção do caráter e não apenas ao acúmulo de conhecimentos. Fonte: Adaptação da Revista Mundo Estranho ILUMINISMO Também conhecido como Século das Luzes e como Ilustração, foi um movimento cultural da elite intelectual europeia do século XVIII, que procurou mobilizar o poder da razão, a fim de reformar a sociedade e o conhecimento herdado da tradição medieval. Abarcou inúmeras tendências e, entre elas, buscava-se um conhecimento apurado da natureza, com o objetivo de torná-la útil ao homem moderno e progressista. Promoveu o intercâmbio intelectual e foi contra a intolerância da Igreja e do Estado. Seus ideais políticos influenciaram a Declaração de Independência dos Estados Unidos, a Carta dos Direitos dos Estados Unidos, a Declaração Francesa dos Direitos do Homem e do Cidadão e a Constituição Polaco-Lituana de 3 de maio de 1791. 04/04/2018 Disciplina Portal http://estacio.webaula.com.br/Classroom/index.html?id=2177115&classId=898603&topicId=2504323&p0=03c7c0ace395d80182db07ae2c30f034&enableForum= Fonte: Wikipedia DECLARAÇÃO DOS DIREITOS DO HOMEM E DO CIDADÃO Inspirada nos pensamentos dos iluministas, bem como na Revolução Americana (1776), a Assembleia Nacional Constituinte da França revolucionária aprovou em 26 de agosto de 1789 e votou definitivamente a 2 de outubro a Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão, sintetizados em 17 artigos e um preâmbulo dos ideais libertários e liberais da primeira fase da Revolução Francesa (1789-1799). Pela primeira vez, são proclamados as liberdades e os direitos fundamentais do homem de forma econômica, visando abarcar toda a humanidade. Ela foi reformulada no contexto do processo revolucionário em uma segunda versão, de 1793. Serviu de inspiração para as constituições francesas de 1848 (Segunda República Francesa) e para a atual, e também foi a base da Declaração Universal dos Direitos Humanos, promulgada pelas Nações Unidas de 1948. Fonte: Wikipedia KANT “Emmanuel Kant (1724-1804) foi um filósofo alemão, considerado um dos maiores da história e dos mais influentes no Ocidente. Kant veio de família pobre e foi criado no seio da religião protestante. Lecionou geografia e iniciou a carreira universitária ensinando Ciências Naturais. Em 1770, foi nomeado professor catedrático na Universidade de Königsberg. [...] Sua obra, Crítica da Razão Pura, visava colocar todas as questões sob análise racional, sem a confusão que os sentidos poderiam causar para uma conclusão mais cuidadosa. Tentou, então, resolver o problema do conhecimento racional e empírico, pois não concordava que a experiência sensível era limitada. Kant achava que as verdades universais poderiam ser encontradas a priori, ou seja, antes de qualquer experiência. Assim, para Kant, o espírito ou a razão modelava e coordenava as sensações, sendo as impressões dos sentidos externos apenas matéria-prima para o conhecimento. Kant negava que existia uma verdade última ou a natureza íntima das coisas. Por isso, propôs uma espécie de código de conduta humano, surgindo daí, ideias para outra obra famosa, o seu livro A crítica da Razão Prática, que funcionaria como leis éticas que regeriam os seres humanos. A estas leis, deu o nome de Imperativo Categórico”. Fonte: E-biografias “Kant manifestou grande simpatia pelos ideais da Independência Americana e depois da Revolução Francesa. Foi um pacifista convicto. É lendária a forma extremamente regrada como vivia. Conta-se que a população de Könisberg acertava os relógios por ele quando passava pelas suas janelas nos seus passeios diários, sempre às 16h30. Morreu aos 80 anos.” Fonte: Pensador.uol FINALIDADE [EM KANT] Estabelece que o homem é um fim em si mesmo, e assim, não pode servir de meio para a consecução de algum outro objetivo, isto é, o ser humano não pode ser instrumentalizado. Nas palavras de Kant “a vontade é concebida como a faculdade de se determinar a si mesmo a agir em conformidade com a representação de certas leis. Ora aquilo que serve à vontade de princípio objetivo da sua autodeterminação é o fim (Zweck), e este, se é dado pela só razão, tem de ser válido igualmente para todos os seres racionais” (KANT, Emmanuel. Fundamentação da Metafísica dos Costumes. Tradução de Paulo Quintela - Lisboa: Edições 70, 2007, p. 67). Fonte: http://www.egov.ufsc.br/portal/conteudo/dignidade-da-pessoa-humana-em-immanuel-kant AUTONOMIA [EM KANT] A autonomia é o principio supremo da moralidade. E a vontade deve ser autônoma, quando: a) ela puder universalizar a regra que ditou a ação individual, isto é, deve valer para todos; b) quando ela mesma estiver sujeita à regra universal que criou. Kant explicava que “O homem, e, de uma maneira geral, todo o ser racional, existe como fim em si mesmo, não só como meio para o uso arbitrário desta ou daquela vontade. Pelo contrário, em todas as suas ações, tanto nas que se dirigem a ele mesmo como nas que se dirigem a outros seres racionais, ele tem sempre de ter considerado simultaneamente como fim”. (KANT, Emmanuel. Fundamentação da Metafísica dos Costumes. Tradução de Paulo Quintela - Lisboa: Edições 70, 2007, p. 67/68) Fonte: http://www.egov.ufsc.br/portal/conteudo/dignidade-da-pessoa-humana-em-immanuel-kant CONDIÇÃO HUMANA 04/04/2018 Disciplina Portal http://estacio.webaula.com.br/Classroom/index.html?id=2177115&classId=898603&topicId=2504323&p0=03c7c0ace395d80182db07ae2c30f034&enableForum= A condição humana é uma expressão muito associada à filósofa Hannah Arendt. Ao começar sua obra, “A condição humana”, ela alerta que: a “condição humana não é a mesma coisa que natureza humana. A condição humana diz respeito às formas de vida que o homem impõe a si mesmo para sobreviver. São condições que tendem a suprir a existência do homem. As condições variam de acordo com o lugar e o momento histórico do qual o homem é parte. Nesse sentido, todos os homens são condicionados, até mesmo aqueles que condicionam o comportamento de outros tornam-se condicionados pelo próprio movimento de condicionar. Sendo assim, somos condicionados por duas maneiras: 1. Pelos nossos próprios atos, aquilo que pensamos, nossos sentimentos, em suma, os aspectos internos do condicionamento. 2. Pelo contexto histórico que vivemos, a cultura, os amigos, a família; são os elementos externos do condicionamento”. Explicação elaborada por Thiago Rodrigues Braga. Fonte: Mundo dos Filósofos DIREITO NATURAL “O direito natural tem como pontos principais em sua doutrina a ideia de que existe um direito comum a todos os homens e que o mesmo é universal. Este direito é anterior ao direito positivo, que é aquele fixado pelo Estado, e todos os homens o recebem de forma racional. Suas principais características, segundo Norberto Bobbio, são a universalidade, a imutabilidade e seu conhecimento através da própria razão do homem”. Segundo o mesmo autor, “os comportamentos regulados pelo direito natural são bons ou maus por si mesmos e estabelecem aquilo que é bom”. Excerto de O Direito Natural como justificativa da proteção aos direitos humanos fundamentais no caso de omissão legislativa, por Adelson Antonio Pinheiro. Fonte: DireitoNet. CLÁUSULA ABERTA Também chamada de norma jurídica indeterminada. Em geral são normas que incorporam um princípio ou valor de origem ética que orientam a aplicação do direito na solução do caso concreto, com o que ampliam a importância da interpretação jurídica e põem em destaque o papel do juiz. Para muitos, seu sentido é situado no tempo e no espaço, já que explicitam um padrão de conduta aceito em certa época e lugar. Em geral, sob o aspecto linguístico, a cláusula aberta pode ser entendida como uma técnica legislativa que adota o uso de formas vagas, formas multissignificativas, que comportam muitos significados, daí chamadas de polissêmicas. Se norma jurídica está prevista em uma cláusula aberta, defere-se ao intérpretee, em última instância ao juiz, a atividade hermenêutica de densificar seu conteúdo, que pode se ajustar e mudar em razão do caso considerado. PERSONALIDADE JURÍDICA É a aptidão genérica para adquirir direitos e contrair deveres. PRINCÍPIO FUNDAMENTAL (Na Constituição do Brasil) é o termo referente a um conjunto de dispositivos contidos na Constituição brasileira de 1988, destinados a estabelecer as bases políticas, sociais, administrativas e jurídicas da República Federativa do Brasil. São as noções que dão a razão da existência e manutenção do Estado brasileiro. Sendo o Brasil um Estado democrático de direito, os princípios fundamentais se apresentam como os objetivos deste complexo sistema chamado direito. Fonte: Wikipedia IDEAIS LIBERAIS Os ideais liberais se articulam em quatro grandes pilares: “[1] Os liberais acreditam que o Estado foi criado para servir ao indivíduo, e não o contrário. Os liberais consideram o exercício da liberdade individual como algo intrinsecamente bom, como uma condição insubstituível para alcançar níveis ótimos de progresso. Entre outras, a liberdade de possuir bens (o direito à propriedade privada) parece-lhes fundamental, já que sem ela o indivíduo se encontra permanentemente à mercê do Estado. [2] Portanto, os liberais também acreditam na responsabilidade individual. Não pode haver liberdade sem responsabilidade. Os 04/04/2018 Disciplina Portal http://estacio.webaula.com.br/Classroom/index.html?id=2177115&classId=898603&topicId=2504323&p0=03c7c0ace395d80182db07ae2c30f034&enableForum= indivíduos são (ou deveriam ser) responsáveis por seus atos, tendo o dever de considerar as consequências de suas decisões e os direitos dos demais indivíduos. [3] Justamente para regular os direitos e deveres do indivíduo em relação a terceiros, os liberais acreditam no Estado de direito. Isto é, creem em uma sociedade governada por leis neutras, que não favoreçam pessoas, partido ou grupo algum, e que evitem de modo enérgico os privilégios. [4] Os liberais também acreditam que a sociedade deve controlar rigorosamente as atividades dos governos e o funcionamento das instituições do Estado”. Excerto de O que é o Liberalismo, por Carlos Alberto Montaner. Fonte: Instituto “Ordem Livre”. FLAGRANTE DELITO Nos termos do artigo 302 do Código de Processo Penal, há quatro circunstâncias para a ocorrência do flagrante delito: a) quando o agente está cometendo a infração penal; b) quando acaba de cometê-la, c) quando é perseguido, logo após, pela autoridade, pelo ofendido, ou por qualquer pessoa, em situação que faça presumir ser o autor da infração; d) ou quando é encontrado, logo depois, com instrumentos, armas, objetos ou papéis que façam presumir ser o autor da infração. ESTADO SOCIAL Também chamado de Estado de Bem-Estar Social. Se no contexto liberal, o Estado possuía um papel mínimo, com a finalidade de garantir a liberdade individual dos cidadãos; no Estado Social, o Estado é positivamente atuante para ensejar o desenvolvimento (não apenas o crescimento econômico, mas a elevação do nível cultural e a mudança social) e a realização da justiça social, com a redução das desigualdades materiais. ASSISTÊNCIA SOCIAL Nos termos da Lei 8742/1993, a assistência social é direito do cidadão e dever do Estado, desenvolvida por uma Política de Seguridade Social não contributiva, isto é, não é necessário que seu beneficiário tenha financeiramente contribuído para gozar de seus benefícios, que deve prover os mínimos sociais, realizada através de um conjunto integrado de ações de iniciativa pública e da sociedade, para garantir o atendimento às necessidades básicas. SEGURIDADE SOCIAL Nos termos do art. 194 da Constituição, a seguridade social compreende um conjunto integrado de ações de iniciativa dos poderes públicos e da sociedade, destinadas a assegurar os direitos relativos à saúde, à previdência e à assistência social. Ela será financiada mediante recursos provenientes do orçamento Poder Público (União, Estados, Municípios e Distrito Federal) e de contribuições da sociedade (em geral as mais conhecidas são as contribuições devidas pelos empregadores, e a devida pelos empregados, chamadas popularmente de “desconto para o INSS). A aposentadoria por tempo de serviço é um dos exemplos de direito oriundo da seguridade social. ATRIBUTOS DA NORMA JURÍDICA A norma jurídica é a conduta exigida ou o modelo de organização social imposto. Seus atributos são: vigência, efetividade, eficácia e legitimidade. Fonte: direitorvm.blogspot.com.br FUNDAMENTO DA REPÚBLICA São chamados, também, de princípios fundamentais e estruturam a existência jurídico-política do Estado Brasileiro. Para Canotilho, os princípios fundamentais visam essencialmente definir e caracterizar a coletividade política e o estado, enumerando as principais opções político constitucionais. Entre nós, estão previstos no art. 1º. da Constituição: “Art. 1º A República Federativa 04/04/2018 Disciplina Portal http://estacio.webaula.com.br/Classroom/index.html?id=2177115&classId=898603&topicId=2504323&p0=03c7c0ace395d80182db07ae2c30f034&enableForum= do Brasil, formada pela união indissolúvel dos Estados e Municípios e do Distrito Federal, constitui-se em Estado Democrático de Direito e tem como fundamentos: I - a soberania; II - a cidadania; III - a dignidade da pessoa humana; IV - os valores sociais do trabalho e da livre iniciativa; V - o pluralismo político”. ESTADO DEMOCRÁTICO DE DIREITO Para o importante doutrinador José Afonso da Silva, o Estado Democrático de Direito, previsto no texto da Constituição de 1988, é um Estado de Direito no qual a democracia deve ser “um processo de convivência social em uma sociedade livre, justa e solidária (art. 3º.II), em que o poder emana do povo, deve ser exercido em proveito do povo diretamente ou por seus representantes eleitos (art. 1º., parágrafo único); participativa, porque envolve a participação crescente do povo no processo decisório e na formação dos atos de governo; pluralista, porque respeita a pluralidade de ideias, culturas e etnias e pressupõe, assim, o diálogo entre opiniões e pensamentos divergentes e a possibilidade de convivência de formas de organização e interesses diferentes na sociedade; há de ser um processo de liberação da pessoa humana das formas de opressão que não depende apenas do reconhecimento formal de certos direitos individuais, políticos e sociais, mas especialmente da vigência de condições econômicas suscetíveis de favorecer o seu pleno exercício”. Fonte: excerto de O Estado democrático de direito por José Afonso da Silva, disponível em: http://bibliotecadigital.fgv.br (http://bibliotecadigital.fgv.br/ojs/index.php/rda/article/viewFile/45920/44126) HERMENÊUTICA Muitas vezes, é utilizada no Direito como sinônimo de interpretação. Mas hermenêutica também pode ser considerada como o estudo sobre a interpretação. Ao passo que a interpretação pode ser entendida como o esforço lógico-mental para determinar o sentido e alcance de uma norma jurídica.
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