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Ca´lculo 2 - Cap´ıtulo 1.5 - Func¸o˜es vetoriais de uma varia´vel - versa˜o 02/2009 1 Cap´ıtulo 1.5 - Func¸o˜es vetoriais de uma varia´vel 1.5.1 - Introduc¸a˜o 1.5.4 - Domı´nio e imagem 1.5.2 - Curvas no plano 1.5.5 - Operac¸o˜es com func¸o˜es vetoriais 1.5.3 - Curvas no espac¸o Veremos agora como se comportam func¸o˜es de uma varia´vel real a valores do Rn, mais particularmente func¸o˜es de R no R2 e de R no R3. Tais func¸o˜es sa˜o chamadas func¸o˜es vetoriais, devido a` analogia que se pode fazer entre o Rn e o espac¸o de vetories em n dimenso˜es. As imagens de tais func¸o˜es podem ser representadas como curvas no plano e no espac¸o. O assunto tem importaˆncia para as cieˆncias econoˆmicas e da administrac¸a˜o, principalmente no estudo de sistemas que dependem uns dos outros e que evoluem no tempo. 1.5.1 - Introduc¸a˜o Muitas vezes, em cieˆncias econoˆmicas e da administrac¸a˜o, se estuda sistemas de dois ou mais fatores que evoluem no tempo e que podem ou na˜o ter algo em comum. a) Mercado Financeiro Para exemplificar um desses sistemas, consideremos novamente o caso dos ı´ndices Dow Jones da Bolsa de Valores de Nova Iorque e do Ibovespa da Bolsa de Valores de Sa˜o Paulo (duas figuras a seguir), visto no Cap´ıtulo 1.1. Vimos naquele cap´ıtulo que ambos os ı´ndices podem ser arranjados em pares ordenados do tipo (X,Y ), onde X e´ o valor do ı´ndice Dow Jones em determinado instante de tempo (medido aqui em dias) e Y e´ o valor do Ibovespa no mesmo instante de tempo. Dia Dow Jones 2 3 4 5 8 9 10 11 12 15 16 17 18 19 22 23 24 25 26 29 30 10.200 10.800 11.400 Dia Ibovespa 2 3 4 5 8 9 10 11 12 15 16 17 18 19 22 23 24 25 26 29 30 4.500 4.900 5.300 Podemos considerar os vetores X e Y como func¸o˜es de um tempo discreto t, de modo que X = X(t) e Y = Y (t). O par ordenado (X,Y ) pode ser considerado, enta˜o, como uma func¸a˜o que leva um elemento do t ∈ R a um elemento (X(t), Y (t)) ∈ R2. O conjunto desses pares ordenados e´, enta˜o, uma func¸a˜o vetorial F (t) = (X(t), Y (t)). Em geral, como e´ dif´ıcil representar uma func¸a˜o de R em R2, e´ comum representarmos o conjunto de pares ordenados F (t) = (X(t), Y (t)) em um plano cartesiano, como e´ feito com os dados do ı´ndice Dow Jones e do Ibovespa ao lado. Dow Jones Ibovespa 10.20010.40010.60010.80011.00011.20011.400 45.000 47.000 49.000 51.000 53.000 b b b b b b b b b b b b b b b b b b b b b Esse tipo de diagrama tem suas origens na f´ısica e costuma representar a trajeto´ria de uma part´ıcula no plano como func¸a˜o do tempo. Observe que ha´ um sentido na curva que e´ desenhada, que vem da ordem inerente Ca´lculo 2 - Cap´ıtulo 1.5 - Func¸o˜es vetoriais de uma varia´vel - versa˜o 02/2009 2 a` varia´vel t. b) Modelo predador-presa Um outro exemplo, mais ligado a` a´rea da economia chamada Processos Dinaˆmicos, trata da relac¸a˜o entre duas espe´cies, sendo uma predadora e a outra presa. Um exemplo seriam populac¸o˜es de raposas e de lebres em uma floresta; outro exemplo e´ a relac¸a˜o de pescadores e peixes em uma determinada regia˜o. O gra´fico a seguir mostra o desenvolvimento no tempo de duas populac¸o˜es desse tipo, sendo a populac¸a˜o da presa (x) representada em vermelho e a populac¸a˜o dos predadores (y) representada em azul. Observe que um crescimento inicial da populac¸a˜o da presa leva a um aumento da populac¸a˜o de predadroes que, quando sobe muito, faz com que a populac¸a˜o da presa sofra uma queda. Isto acaba por levar as duas populac¸o˜es a um equil´ıbrio dinaˆmico, em que cada uma sofre uma espe´cie de oscilac¸a˜o no tempo. t x, y 1 2 3 4 5 6 6 8 9 1 2 3 0 x y 1 2 1 2 3 0 Ambas as populac¸o˜es sa˜o func¸o˜es do tempo (complexas demais para serem representadas algebricamente), de modo que podemos definir uma func¸a˜o vetorial F (t) = (x(t), y(t)), cuja imagem e´ representada na segunda figura acima. O comportamento quase circular do gra´fico x(t)× y(t) e´ t´ıpico de func¸o˜es quase trigonome´tricas, como pode ser visto do gra´fico de ambas as func¸o˜es no tempo. Observe que podemos estabelecer um sentido para a curva que representa a imagem de F (t), baseada no sentido em que t aumenta. 1.5.2 - Curvas no plano Veremos agora alguns exemplos das func¸o˜es vetoriais F (t) = (x(t), y(t)), que sa˜o func¸o˜es de t ∈ R em (x, y) ∈ R2, isto e´, F : R → R2, o que e´ representado na primeira figura abaixo. b x y x(t) y(t) R F (t) F x y b x(t1) y(t1) b x(t0) y(t0) b x(t2) y(t2) Conforme mudamos o valor de t, os valores F (t) = (x(t), y(t)) mudam, tambe´m, trac¸anco uma curva no plano, como ilustrado na segunda figura acima. Veremos, a seguir, alguns exemplos de diferentes curvas no plano resultantes das imagens de func¸o˜es vetoriais. Exemplo 1: fac¸a o gra´fico da imagem da func¸a˜o F (t) = (1 + t, 1− t). Soluc¸a˜o: a seguir, fazemos uma tabela para t, x(t) = 1 + t e y(t) = 1− t. Depois, fazemos o gra´fico na figura ao lado. t x(t) = 1 + t y(t) = 1− t −2 −1 3 −1 0 2 0 1 1 1 2 0 2 3 −1 x y −1 0 1 2 3 −1 1 2 3b b b b b Ca´lculo 2 - Cap´ıtulo 1.5 - Func¸o˜es vetoriais de uma varia´vel - versa˜o 02/2009 3 Exemplo 2: fac¸a o gra´fico da imagem da func¸a˜o F (t) = (t2, 1− t). Soluc¸a˜o: a seguir, fazemos uma tabela para t, x(t) = t2 e y(t) = 1− t. O gra´fico e´ feito ao lado. t x(t) = t2 y(t) = 1− t −2 4 3 −1 1 2 0 0 1 1 1 0 2 4 −1 x y −1 0 1 2 3 4 −1 1 2 3 b b b b b Observe que o gra´fico da imagem de uma func¸a˜o F (t) na˜o esta´ necessariamente associado a uma func¸a˜o, como pode-se ver no exemplo 2. Nesse exemplo, a para´bola que representa a imagem de F (t) na˜o e´ o gra´fico de uma func¸a˜o y = y(x), pois associa duas imagens em y a um mesmo elemento do domı´nio em x. Exemplo 3: fac¸a o gra´fico da imagem da func¸a˜o F (t) = ( cos t, sen t). Soluc¸a˜o: a seguir, fazemos uma tabela para t, x(t) = cos t e y(t) = sen t. Os gra´ficos dos pontos da tabela e da figura completa sa˜o feitos ao lado da tabela e representam uma circunfereˆncia de raio 1. t x(t) = cos t y(t) = sen t 0 1 0 π/4 √ 2/2 ≈ 0, 707 √2/2 ≈ 0, 707 π/2 0 1 3π/4 −√2/2 ≈ −0, 707 √2/2 ≈ 0, 707 π −1 0 5π/4 −√2/2 ≈ −0, 707 −√2/2 ≈ −0, 707 3π/2 0 −1 7π/4 √ 2/2 ≈ 0, 707 −√2/2 ≈ −0, 707 x y −1 0 1 −1 1 b b b b b b b b x y −1 0 1 −1 1 b b b b b b b b Se tomarmos a func¸a˜o vetorial do exemplo 3, F (t) = ( cos t, sen t), escrevendo x(t) = cos t e y(t) = sen t, podemos verificar que x2 + y2 = cos 2t+ sen 2t = 1, que e´ a equac¸a˜o alge´brica de uma circunfereˆncia de raio 1. A Leitura Complementar 1.5.1 trata das equac¸o˜es alge´bricas de diversas curvas no plano. Exemplo 4: fac¸a o gra´fico da imagem da func¸a˜o F (t) = (2 e−0,2t cos t, 2 e−0,2t sen t). Soluc¸a˜o: a seguir, fazemos uma tabela para t, x(t) = 2 e−0,2t cos t e y(t) = 2 e−0,2t sen t. O gra´fico dos pontos da tabela e a figura completa sa˜o feitos ao lado da tabela e representam uma espiral decrescente. t x(t) = 2 e−0,2t cos t y(t) = 2 e−0,2t sen t 0 2 0 π/4 1, 21 0, 60 π/2 0 0, 73 3π/4 −0, 88 0, 44 π −1, 07 0 5π/4 −0, 64 −0, 32 3π/2 0 −0, 39 7π/4 0, 47 −0, 24 x y −2 −1 0 1 2 −1 1 b b b b b b b b Muitas outras figuras podem ser formadas por func¸o˜es vetoriais. A Leitura Complementar 1.5.1 mostra as equac¸o˜es alge´bricas de algumas das figuras geome´tricas mais comuns e serve como uma revisa˜o da geometria anal´ıtica geralmente ensinada no ensino me´dio. A Leitura Complementar 1.5.2 faz um estudo mais aprofundado das curvas que podem ser obtidas por meio das imagens de func¸o˜es vetoriais. Ca´lculo 2 - Cap´ıtulo 1.5 - Func¸o˜es vetoriais de uma varia´vel - versa˜o 02/2009 4 1.5.3 - Curvas no espac¸o Veremos agora exemplos de func¸o˜es vetoriais F (t) = (x(t), y(t), z(t)), de t ∈ R em (x, y, z) ∈ R3, isto e´, F : R → R3, o que e´ representado na primeira figura abaixo. Conforme mudamos o valor de t, os valores F (t) = (x(t), y(t), z(t)) trac¸am uma curva no espac¸o, como ilustrado na segunda figura abaixo. R F x y z x(t) y(t) z(t) b F (t) x y z bb bb bb Veremos, a seguir, alguns exemplos de diferentes curvas no espac¸o resultantes das imagens de func¸o˜es vetoriais. Exemplo 1: fac¸a o gra´fico da imagem da func¸a˜o F (t) = (−2t+ 2, 2t− 1, t+ 1). Soluc¸a˜o: a tabela abaixo ajuda a escolher alguns pontos da imagem de F (t), que e´ uma reta no espac¸o (figura ao lado da tabela). t x(t) = −2t+ 2 y(t) = 2t− 1 z(t) = t+ 1 0 2 −1 1 1 0 1 2 2 −2 3 3 x y z 1.0 2.0 -1.0 -2.0 -3.0 1.0 2.0 -1.0 -2.0 1.0 2.0 3.0 bb bb bb Exemplo 2: fac¸a o gra´fico da imagem da func¸a˜o F (t) = (2− 4, 5t+ t2, 2− 0, 25t2, 1, 5t− 0, 25t2). Soluc¸a˜o: a tabela abaixo ajuda a escolher alguns pontos da imagem de F (t), que e´ uma para´bola no espac¸o (figura ao lado da tabela). t x(t) = 2− 4, 5t+ t2 y(t) = 2− 0, 25t2 z(t) = 5t− 0, 25t2 0 2 2 0 1 −1, 5 1, 75 1, 25 2 −3 1 2 3 −2, 5 −0, 25 2, 25 4 0 −2 2 x y z 1.0 2.0 -1.0 -2.0 -3.0 -4.0 1.0 2.0 -1.0 -2.0 -3.0 1.0 2.0 3.0 bb bb bb bb bb Os gra´ficos representados nas figuras dos exemplos 1 e 2 sa˜o, respectivamente, uma reta e uma para´bola no espac¸o. O gra´fico do pro´ximo exemplo e´ o de uma curva chamada he´lice. Ca´lculo 2 - Cap´ıtulo 1.5 - Func¸o˜es vetoriais de uma varia´vel - versa˜o 02/2009 5 Exemplo 3: fac¸a o gra´fico da imagem da func¸a˜o F (t) = (2 cos (3t), 2 sen (3t), t). Soluc¸a˜o: t x(t) = 2 cos (3t) y(t) = 2 sen (3t) z(t) = t 0 2 0 0 π/6 0 2 0, 124 π/3 −2 0 1, 047 π/2 0 −2 1, 571 2π/3 2 0 2, 049 5π/6 0 2 2, 618 π −2 0 3, 142 x y z 1.0 2.0 -1.0 -2.0 -3.0 -4.0 1.0 2.0 -1.0 -2.0 -3.0 1.0 2.0 3.0 bb bb bb bb bb bb bb De modo semelhante, muitas outras figuras podem ser obtidas por meio das imagens de func¸o˜es vetoriais de R em R3. Tambe´m podemos definir func¸o˜es vetoriais F : R → Rn, pore´m na˜o e´ poss´ıvel visualizar os gra´ficos das imagens de tais func¸o˜es. Tambe´m e´ poss´ıvel definir func¸o˜es F (u, v) de dois paraˆmetros reais em Rn, ou seja, func¸o˜es de R2 em Rn, ou mesmo func¸o˜es de Rm em Rn. Para func¸o˜es de R2 em R3, os gra´ficos de suas imagens sera˜o superf´ıcies no espac¸o (Leitura Complementar 1.5.3, a ser escrita em uma futura versa˜o deste texto). 1.5.4 - Domı´nio e imagem Uma func¸a˜o de uma varia´vel real no Rn na˜o precisa ser definida sobre todo o conjunto dos reais, mas pode ser definida em um subconjunto D ⊂ R. Esse subconjunto e´ chamado domı´nio da func¸a˜o e o conjunto {F (t) | t ∈ D} e´ a imagem de F . Por exemplo, uma func¸a˜o F (t) = ( cos t, sen t) pode ser definida sobre o domı´nio R ou sobre D = [0, 2π]. A curva associada a` sua imagem sera´ uma circunfereˆncia de raio 1 para ambos os casos. O pro´ximo exemplo trata de um caso de domı´nio limitado. Exemplo 1: fac¸a o gra´fico da imagem da func¸a˜o F (t) = ( √ t, ln t), t ∈ R+ ∗ = {x ∈ R | x > 0}. Soluc¸a˜o: a seguir, fazemos uma tabela para t, x(t) = √ t e y(t) = ln t, usando duas casas decimais de precisa˜o. O gra´fico e´ feito ao lado. t x(t) = √ t y(t) = ln t 0, 5 0, 71 −0, 69 1 1 0 2 1, 41 0, 69 3 1, 73 1, 10 4 2 1, 38 5 2, 24 1, 61 6 2, 45 1, 79 x y 0 1 2 3 4 −1 1 2 b b b b b b b Exemplo 2: fac¸a o gra´fico da imagem da func¸a˜o F (t) = ( √ 4− t2, t, t2). Soluc¸a˜o: essa func¸a˜o so´ e´ definida para 4− t2 ≥ 0⇔ 4 ≥ t2 ⇔ −2 ≥ t ≥ 2. Uma tabela (com duas casas decimais de precisa˜o) e um gra´fico sa˜o feitos a seguir. t x(t) = √ 4− t2 y(t) = t z(t) = t2 −2 0 −2 4 −1 1, 73 −1 1 0 2 0 0 1 1, 73 1 1 2 0 2 4 x y z 1.0 2.0 -1.0 -2.0 -3.0 1.0 2.0 -1.0 -2.0 -3.0 1.0 2.0 3.0 4.0 bb bb bb bb bb Ca´lculo 2 - Cap´ıtulo 1.5 - Func¸o˜es vetoriais de uma varia´vel - versa˜o 02/2009 6 1.5.5 - Operac¸o˜es com func¸o˜es vetoriais Como as imagens das func¸o˜es vetoriais podem ser definidas como conjuntos de elementos do Rn, podemos efetuar entre elas as mesmas operac¸o˜es definidas para um elemento do Rn. As operac¸o˜es vistas nos cap´ıtulos anteriores sa˜o a soma, o produto por um escalar e o produto interno, sendo que na Leitura Complementar 1.3.3 e´ visto tambe´m o produto vetorial. De modo semelhante, podemos fazer as definic¸o˜es a seguir. Definic¸a˜o 1 - Dadas duas func¸o˜es F : D → Rn e G : D → Rn, onde D ⊂ R, a sua soma e´ definida como F (t) +G(t) para todo t ∈ D. Definic¸a˜o 2 - Dada uma func¸a˜o F : D → Rn, onde D ⊂ R, o seu produto por um escalar α ∈ R e´ definido como αF (t) para todo t ∈ D. Definic¸a˜o 3 - Dadas duas func¸o˜es F : D → Rn e G : D → Rn, onde D ⊂ R, o seu produto interno e´ definido como 〈F (t), G(t)〉 para todo t ∈ D. Exemplo 1: dadas F (t) = (2t,−1) e G(t) = (t2, 1 + t), calcule F (t) +G(t). Soluc¸a˜o: F (t) +G(t) = (2t+ t2,−1 + 1 + t) = (2t+ t2, t). Exemplo 2: dada F (t) = ( cos t,− sen t), calcule 2F (t). Soluc¸a˜o: 2F (t) = (2 cos t,−2 sen t). Exemplo 3: dadas F (t) = (1− t, t2) e G(t) = ( sen t, et), calcule 2F (t) − 3G(t). Soluc¸a˜o: 2F (t)− 3G(t) = 2(1− t, t2)− 3( sen t, et) = (2− 2t, 2t2)− (3 sen t, 3 et) = (2− 2t− 3 sen t, 2t2 − 3 et). Exemplo 4: dadas F (t) = (t,−1 + t) e G(t) = (t+ 1, 1− t2), calcule 〈F (t), G(t)〉. Soluc¸a˜o: 〈F (t), G(t)〉 = t(t+ 1) + (−1 + t)(1− t2) = t2 + t− 1 + t2 + t− t3 = −1 + 2t+ 2t2 − t3. Observac¸a˜o: o resultado do produto interno de duas func¸o˜es vetoriais e´ uma func¸a˜o escalar f : R → R. Terminamos por aqui este cap´ıtulo. Veremos a seguir como implementar o ca´lculo diferencial a func¸o˜es vetoriais, estabelecendo o conceito de limites e derivadas de curvas no plano e no espac¸o. Ca´lculo 2 - Cap´ıtulo 1.5 - Func¸o˜es vetoriais de uma varia´vel - versa˜o 02/2009 7 Resumo • Func¸a˜o vetorial. Uma func¸a˜o vetorial e´ uma func¸a˜o F : D → Rn, onde D ⊂ R e´ o domı´nio da func¸a˜o. Ela tem esse nome porque associa a um nu´mero real pertencente ao seu domı´nio a um elemento do Rn, que pode ser posto em analogia a um vetor. • Curva no plano. Uma curva no plano pode ser definida em termos da imagem de uma func¸a˜o vetorial F (t) de D em R2, onde D ⊂ R. • Curva no espac¸o. Uma curva no espac¸o pode ser definida em termos da imagem de uma func¸a˜o vetorial F (t) de D em R3, onde D ⊂ R. • Soma de func¸o˜es vetoriais. Dadas duas func¸o˜es F : D → Rn e G : D → Rn, onde D ⊂ R, a sua soma e´ definida como F (t) +G(t) para todo t ∈ D. • Produto de uma func¸a˜o vetorial por um escalar. Dada uma func¸a˜o F : D → Rn, onde D ⊂ R, o seu produto por um escalar α ∈ R e´ definido como αF (t) para todo t ∈ D. • Produto interno de func¸o˜es vetoriais. Dadas duas func¸o˜es F : D → Rn e G : D → Rn, onde D ⊂ R, o seu produto interno e´ definido como 〈F (t), G(t)〉 para todo t ∈ D. Ca´lculo 2 - Cap´ıtulo 1.5 - Func¸o˜es vetoriais de uma varia´vel - versa˜o 02/2009 8 Leitura Complementar 1.5.1 - Equac¸o˜es alge´bricas de curvas no plano Esta leitura complementar trata do estudo das equac¸o˜es alge´bricas de algumas curvas no plano. Nos restringiremos a`quelas curvas chamadas coˆnicas, que sa˜o curvas planas que podem ser escritas sob a forma ax2 + bxy + cy2 + dx+ ey + f = 0 . Essas curvas incluem as para´bolas, as elipses e as hipe´rboles, que descreveremos depois em maiores detalhes. Do ponto de vista geome´trico, que e´ o que os gregos antigos adotavam, coˆnicas sa˜o figuras que podem ser conseguidas atrave´s do corte em diversos planos de um cone em treˆs dimenso˜es (figuras a seguir). Essas figuras sa˜o a circunfereˆncia, a elipse, a para´bola e a hipe´rbole. x y z Circunfereˆncia x y z Elipse x y z Para´bola x y z Hipe´rbole Uma circunfereˆncia pode ser entendida como a intersecc¸a˜o do cone com um plano ortogonal ao eixo de simetria do cone; uma elipse e´ obtida pela intersecc¸a˜o do cone com um plano que tenha uma inclinac¸a˜o menor que o das paredes do cone; uma para´bola e´ a intersecc¸a˜o do cone com um plano que tenha a mesma inclinac¸a˜o de suas paredes; uma hipe´rbole e´ a figura obtida (em dois ramos) da intersecc¸a˜o do cone com um plano que tenha uma inclinac¸a˜o maior que a das paredes do cone. Para que possamos entender melhor as formas quadra´ticas, revisaremos a seguir alguns conceitos impor- tantes sobre essas curvas. a) Para´bolas Para´bolas sa˜o dadas por equac¸o˜es do tipo y = ax2 + bx+ c, onde a, b e c sa˜o constantes e a 6= 0. Exemplo 1: fac¸a o gra´fico da para´bola dada por y = x2 − x− 1. Soluc¸a˜o: x y −2 5 −1 1 0 −1 1 −1 2 1 x y −2 −1 0 1 2 3 -1 1 2 3 4 5 Ca´lculo 2 - Cap´ıtulo 1.5 - Func¸o˜es vetoriais de uma varia´vel - versa˜o 02/2009 9 Para´bola vem do grego antigo παρα´βoλη, que significa comparac¸a˜o ou igualdade. Essa palavra vem da junc¸a˜o de πα´ρα (“junto”) e βoλη´ (“lance”). Portanto, lanc¸ar junto. A explicac¸a˜o e´ que, na geometria, ela corresponde a um corte de um cone precisamente no mesmo aˆngulo de inclinac¸a˜o do cone. Na l´ıngua portuguesa e em diversas outras, para´bola tambe´m significa ilustrar algo por meio de um exemplo similar, ou compara´vel, como nas para´bolas dos evangelhos. b) Circunfereˆncias A equac¸a˜o de uma circunfereˆncia de raio r centrada em um ponto (0, 0) e´ dada por x2 + y2 = r2 (primeira figura ao lado). A equac¸a˜o de uma circunfereˆncia de raio r centrada em um ponto (x0, y0) e´ dada por (x− x0)2 + (y − y0)2 = r2 , onde o raio da circunfereˆncia e´ medido a partir do ponto (x0, y0) (segunda figura ao lado). x y 0 r x y 0 by0 x0 r Exemplo 1: fac¸a o gra´fico da circunfereˆncia dada por x2 + y2 = 1. Soluc¸a˜o: esta e´ uma circunfereˆncia de raio 1 cen- trada em (0, 0). x y −1 0 1 −1 1 Exemplo 2: fac¸a o gra´fico da circunfereˆncia dada por (x− 1)2 + (y − 2)2 = 1. Soluc¸a˜o: esta e´ uma circunfereˆncia de raio 1 cen- trada em (1, 2). x y 0 1 2 1 2 3 b Circunfereˆncia vem do latim circumferentia, de circum (“em torno de”) e ferre (“carregar”, “levar”); portanto, significa “levar em volta”. O termo latino foi adaptado do grego πǫριϕǫ´ρǫια, periferia, de πǫρι´ (“per´ı”) - a cerca de, em volta de - e de ϕǫ´ρω (“fe´ro”) - trazer, conduzir. c) Elipses A equac¸a˜o de uma elipse de eixo horizontal a e eixo vertical b centrada em um ponto (x0, y0) e´ dada por (x− x0)2 a2 + (y − y0)2 b2 = 1 . x y 0 by0 x0 a b Ca´lculo 2 - Cap´ıtulo 1.5 - Func¸o˜es vetoriais de uma varia´vel - versa˜o 02/2009 10 Exemplo 1: fac¸a o gra´fico da elipse dada por x2 9 + y2 4 = 1. Soluc¸a˜o: esta e´ uma elipse centrada em (0, 0) com o eixo horizontal medindo 3 e o eixo vertical medindo 2. x y −3 −2 −1 0 1 2 3 −2 −1 1 2 Exemplo 2: fac¸a o gra´fico da elipse dada por (x+ 2)2 1/4 + (y + 1)2 4 = 1. Soluc¸a˜o: esta e´ uma elipse centrada em (−2,−1) com eixo horizontal 1 2 e eixo vertical 2. x y −3 −2 −1 0 −3 −2 −1 1 b Elipse vem do grego ǫ´λλǫιψη, “elipsi”, que significa “falta” ou careˆncia. Vem do fato da elipse ser a intersecc¸a˜o do cone com um plano com um aˆngulo de inclinac¸a˜o menor que o das paredes do cone, uma falta de inclinac¸a˜o em relac¸a˜o a este. d) Hipe´rboles Como hipe´rboles na˜o sa˜o ta˜o conhecidas quanto as outras coˆnicas, passaremos mais tempo estudando essas curvas. E´ poss´ıvel descrever hipe´rboles centradas em (0, 0) por meio de duas equac¸o˜es, dependendo da orientac¸a˜o dos focos: x2 a2 − y 2 b2 = 1 , −x 2 a2 + y2 b2 = 1 . Veremos a seguir um procedimento de como fazer o gra´fico de uma hipe´rbole. No caso de equac¸o˜es do tipo x2 a2 − y 2 b2 = 1, seguimos os seguintes passos: primeiro, desenhamos um retaˆngulo onde as extremidades horizontais encontram-se em x = −a e x = a e as extremidades verticais em y = −b e y = b. x y −b b 0−a a x y −b b 0−a a x y −b b 0−a a Depois, desenhamos duas retas: uma que passa pelos pontos (−a, b) e (0, 0) e outra que passa pelos pontos (a, b) e (0, 0). Tendo essas retas, desenhamos hipe´rboles que va˜o se aproximando das retas conforme o mo´dulo da varia´vel x aumenta. Essas retas sa˜o chamadas ass´ıntotas das hipe´rboles. Um procedimento semelhante pode ser usado no caso das equac¸o˜es do tipo −x 2 a2 + y2 b2 = 1. As figuras seguintes ilustram os passos para o desenho da hipe´rbole. x y −b b 0−a a x y −b b 0−a a x y −b b 0−a a Ca´lculo 2 - Cap´ıtulo 1.5 - Func¸o˜es vetoriais de uma varia´vel - versa˜o 02/2009 11 Exemplo 1: fac¸a o gra´fico da hipe´rbole dada por x2 1 − y 2 4 = 1. Soluc¸a˜o: x y −3 −2 −1 1 2 3 −6 −5 −4 −3 −2 −1 1 2 3 4 5 6 0 Exemplo 2: fac¸a o gra´fico da hipe´rbole dada por −x 2 1 + y2 4 = 1. Soluc¸a˜o: x y −3 −2 −1 1 2 3 −6 −5 −4 −3 −2 −1 1 2 3 4 5 6 0 A generalizac¸a˜o para equac¸o˜es que descrevem hipe´rboles centradas em um ponto arbitra´rio (x0, y0) e´ feita de modo semelhante ao das elipses: (x− x0)2 a2 − (y − y0) 2 b2 = 1 ou − (x− x0) 2 a2 + (y − y0)2 b2 = 1 . Exemplo 3: fac¸a o gra´fico da hipe´rbole dada por (x− 3)2 9 − (y − 2) 2 4 = 1. Soluc¸a˜o: x y −4 −3 −2 −1 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 −2 −1 1 2 3 4 5 6 0 Exemplo 4: fac¸a o gra´fico da hipe´rbole dada por −(x+ 3) 2 9 + (y − 4)2 4 = 1. Soluc¸a˜o: x y −7 −6 −5 −4 −3 −2 −1 1 −2 −1 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 0 Hipe´rbole vem do grego υπǫρβoλη´ (ipervol´ı), que significa “excesso” ou “exagero”. A palavra υπǫ´ρ (ipe´r) significa “ale´m” e e´ um prefixo utilizado em diversas palavras da nossa e de va´rias outras l´ınguas; βoλη´ (vol´ı) significa “disparo” ou “alcance”. Vem do fato da hipe´rbole ser a intersecc¸a˜o entre o cone e um plano com um aˆngulo de inclinac¸a˜o maior que o das paredes do cone, isto e´, um aˆngulo que vai ale´m do das paredes do cone. Ca´lculo 2 - Cap´ıtulo 1.5 - Func¸o˜es vetoriais de uma varia´vel - versa˜o 02/2009 12 Leitura Complementar 1.5.2 - Curvas no plano e func¸o˜es vetoriais No texto principal, vimos que o gra´fico da imagem de uma func¸a˜o vetorial F (t) = (x(t), y(t)) e´ uma curva no plano. Veremos nesta leitura complementar diversos exemplos de tais curvas e estudaremos como elas se relacionam a`s respectivas func¸o˜es vetoriais. Na˜o levaremos em conta aqui o sentido dado a uma curva pela relac¸a˜o de ordem da varia´vel livre da func¸a˜o (a varia´vel t de F (t)). a) Retas Uma reta no plano corresponde a` imagem de func¸o˜es vetoriais onde as duas componentes sa˜o func¸o˜es de primeiro grau do paraˆmetro, o que significa que elas sa˜o da forma F (t) = (x(t), y(t)), tais que x(t) = x0 + x1t , y = y0 + y1t , onde x0, x1, y0 e y1 sa˜o constantes. A seguir, mostraremos exemplos dos gra´ficos produzidos por algumas equac¸o˜es parame´tricas de retas. Exemplo 1: fac¸a o gra´fico da imagem de F (t) = (t, t). Soluc¸a˜o: para fazer o gra´fico de uma reta necessitamos somente de dois pontos. Para isto, escolhemos valores para o paraˆmetro t e calculamos os valores correspondentes das coordenadas x e y da imagem da func¸a˜o F (t): F (0) = (0, 0) e F (1) = (1, 1) . O gra´fico e´ feito ao lado. x y −2 −1 0 1 2 −2 −1 1 2 b b Exemplo 2: fac¸a o gra´fico da imagem de F (t) = (t, 1 + t). Soluc¸a˜o: F (0) = (0, 1) e F (1) = 1, 2). x y −2 −1 0 1 2 −2 −1 1 2 3 b b Exemplo 3: fac¸a o gra´fico da imagem de F (t) = ( t, 1 2 t ) . Soluc¸a˜o: F (0) = (0, 0) e F (1) = ( 1, 1 2 ) . x y −2 −1 0 1 2 −2 −1 1 2 b b Exemplo 4: fac¸a o gra´fico da imagem de F (t) = (t,−t). Soluc¸a˜o: F (0) = (0, 0) e F (1) = (1,−1). x y −2 −1 0 1 2 −2 −1 1 2 b b Ca´lculo 2 - Cap´ıtulo 1.5 - Func¸o˜es vetoriais de uma varia´vel - versa˜o 02/2009 13 b) Para´bolas Para´bolas sa˜o as imagens de func¸o˜es vetoriais do tipo F (t) = (x(t), y(t)), tais que x(t) = x0 + x1t+ x2t 2 e y(t) = y0 + y1t+ y2t 2 , onde x0, x1, x2, y0, y1 e y2 sa˜o constantes. Esta forma corresponde a para´bolas mais gerais que as vistas na Leitura Complementar 1.5.1, pois agora elas na˜o precisam mais ser sime´tricas com relac¸a˜o ao eixo x ou ao eixo y, como sera´ mostrado em alguns exemplos. Exemplo 1: fac¸a o gra´fico da imagem de F (t) = (t, t2). Soluc¸a˜o: para desenharmos a para´bola, sera´ ne- cessa´rio calcular um nu´mero maior de pontos, da- dos pela tabela abaixo: t x y −2 −2 4 −1 −1 1 0 0 0 1 1 1 2 2 4 x y −2 −1 0 1 2 1 2 3 4 5 b b b b b Exemplo 2: fac¸a o gra´fico da imagem de F (t) = (t, 1 + t2). Soluc¸a˜o: t x y −2 −2 5 −1 −1 2 0 0 1 1 1 2 2 2 5 x y −2 −1 0 1 2 1 2 3 4 5 6 b b b b b Exemplo 3: fac¸a o gra´fico da imagem de F (t) = (−2 + t, t2). Soluc¸a˜o: t x y −2 −4 4 −1 −3 1 0 −2 0 1 −1 1 2 0 4 x y −4 −3 −2 −1 0 1 1 2 3 4 5 6 b b b b b Exemplo 4: fac¸a o gra´fico da imagem de F (t) = (2 + t, 1 + t2). Soluc¸a˜o: t x y −2 0 5 −1 1 2 0 2 1 1 3 2 2 4 5 x y 1 2 3 40 1 2 3 4 5 6 b b b b b De modo geral, qualquer para´bola cujo eixo de simetria e´ paralelo ao eixo y pode ser representada pela imagem de uma func¸a˜o do tipo F (t) = (x(t), y(t)), onde x(t) = x0+x1t e y(t) = y0+y2t 2. A seguir, mostramos exemplos de para´bolas cujo eixo de simetria e´ paralelo ao eixo x. Estas podem ser descritas pelas imagens de func¸o˜es do tipo F (t) = (x(t), y(t)), onde x(t) = x0 + x2t 2 e y(t) = y0 + y1t. Exemplo 5: fac¸a o gra´fico da imagem de F (t) = (t2, t). Soluc¸a˜o: escolhendo os valores t = −2, t = −1, t = 0, t = 1 e t = 2, temos t x y −2 4 −2 −1 1 −1 0 0 0 1 1 1 2 4 2 x y 0 1 2 3 4 −2 −1 1 2 b b b b b Exemplo 6: fac¸a o gra´fico da imagem de F (t) = (−1 + 2t2, 1 + t). Soluc¸a˜o: t x y −2 7 −1 −1 1 0 0 −1 1 1 1 2 2 7 3 x y −1 0 1 2 3 4 5 6 7 −2 −1 1 2 3 b b b b b Para os casos mais gerais, dados pelas imagens de func¸o˜es F (t) = (x(t), y(t)), onde x(t) = x0 + x1t+ x2t 2 e y(t) = y0 + y1t+ y2t 2, os eixos de simetria das para´bolas na˜o sa˜o mais necessariamente paralelos ao eixo x ou ao eixo y, como mostrado nos exemplos a seguir. Ca´lculo 2 - Cap´ıtulo 1.5 - Func¸o˜es vetoriais de uma varia´vel - versa˜o 02/2009 14 Exemplo 7: fac¸a o gra´fico da imagem de F (t) = (1 + t+ t2, 2 + t− t2). Soluc¸a˜o: t x y −2 3 −4 −1 1 0 0 1 2 1 3 2 2 7 0 x y 0 1 2 3 4 5 6 7 8 −5 −4 −3 −2 −1 1 2 3 b b b b b Exemplo 8: fac¸a o gra´fico da imagem de F (t) = (−3− t+ 3t2,−3 + t+ t2). Soluc¸a˜o: t x y −2 11 −1 −1 1 −3 0 −3 −3 1 −1 −1 2 7 3 x y −3 −2 −1 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 140 −3 −2 −1 1 2 3 4 b bb b b c) Circunfereˆncias A representac¸a˜o de circunfereˆncias esta´ associada a`s func¸o˜es trigonome´tricas. Uma circunfereˆncia no plano pode ser descrita como o gra´fico da imagem de uma func¸a˜o vetorial F (t) = (x(t), y(t)), onde x(t) = x0 + r cos t e y(t) = y0 + r sen t , sendo x0, x1 e r constantes. Esta forma corresponde a` equac¸a˜o de uma circunfereˆncia de raio r centrada no ponto (x0, y0). Uma circunfereˆncia de raio r centrada em (0, 0) e´ a imagem de uma func¸a˜o mais simples: F (t) = (x(t), y(t)), onde x(t) = r cos t e y(t) = r sen t. No caso geral de uma circunfereˆncia de raio r centrada em (x0, y0), outra possibilidade e´ a imagem de F (t) = (x(t), y(t)), onde x(t) = x0 + r sen t e y(t) = y0 + r cos t. A seguir, sera˜o mostrados alguns exemplos de circunfereˆncias descritas por meio de func¸o˜es vetoriais. Exemplo 1: fac¸a o gra´fico da imagem de F (t) = ( cos t, sen t). Soluc¸a˜o: para desenharmos a circunfereˆncia, podemos escolher alguns valores para o paraˆmetro t de modo a montar a tabela abaixo e depois usamos esses valores para fazer o gra´fico da curva. t x y 0 1 0 π/4 1√ 2 ≈ 0, 707 1√ 2 ≈ 0, 707 π/2 0 1 3π/4 − 1√ 2 ≈ −0, 707 1√ 2 ≈ 0, 707 π −1 0 5π/4 − 1√ 2 ≈ −0, 707 − 1√ 2 ≈ −0, 707 3π/2 0 −1 7π/4 1√ 2 ≈ 0, 707 − 1√ 2 ≈ −0, 707 2π 1 0 x y −1 0 1 −1 1 b b b b b b b b Como no caso das equac¸o˜es alge´bricas de circunfereˆncias, e´ mais fa´cil desenharmos a curva lendo os paraˆ- Ca´lculo 2 - Cap´ıtulo 1.5 - Func¸o˜es vetoriais de uma varia´vel - versa˜o 02/2009 15 metros (centro e raio) diretamente das func¸o˜es vetoriais das quais elas sa˜o as imagens. Isto e´ feito nos exemplos a seguir. Exemplo 2: fac¸a o gra´fico da imagem de F (t) = (2 cos t, 2 sen t) Soluc¸a˜o: esta e´ uma circunfereˆncia de raio 2 cen- trada em (0, 0). x y −2 −1 0 1 2 −2 −1 1 2 Exemplo 3: fac¸a o gra´fico da imagem de F (t) = (1 + cos t, 2 + sen t) Soluc¸a˜o: esta e´ uma circunfereˆncia de raio 1 cen- trada em (1, 2). x y 0 1 2 1 2 3 b d) Elipses Uma elipse no plano pode ser escrita como uma generalizac¸a˜o da imagem de uma circunfereˆncia e e´ dada como a imagem de func¸o˜es do tipo F (t) = (x(t), y(t)), onde x(t) = x0 + a cos t e y(t) = y0 + b sen t , sendo x0, x1, a e b constantes. Esta forma corresponde a` equac¸a˜o de uma elipse de semi-eixos a e b centrada no ponto (x0, y0). Uma elipse centrada em (0, 0) e´ a imagem de uma func¸a˜o F (t) = (acos t, b sen t). Uma forma mais geral de representac¸a˜o de elipse, onde os semi-eixos na˜o sa˜o paralelos aos eixos x ou y, pode ser dada como a imagem de F (t) = (x(t), y(t)), onde x(t) = x0 + a cos t+ b sen t e y(t) = y0 + c cos t+ d sen t , sendo x0, y0, a, b, c e d constantes. A seguir, sera˜o mostrados alguns exemplos de elipses descritas pelas imagens de func¸o˜es vetoriais. Exemplo 1: fac¸a o gra´fico da imagem de F (t) = (2 cos t, sen t). Soluc¸a˜o: para desenharmos a elipse, podemos escolher alguns valores para o paraˆmetro t de modo a montar a tabela abaixo e depois usamos esses valores para fazer o gra´fico da curva. t x y 0 2 0 π/4 2√ 2 ≈ 1, 414 1√ 2 ≈ 0, 707 π/2 0 1 3π/4 − 2√ 2 ≈ −1, 414 1√ 2 ≈ 0, 707 π −2 0 5π/4 − 2√ 2 ≈ −1, 414 − 1√ 2 ≈ −0, 707 3π/2 0 −1 7π/4 2√ 2 ≈ 1, 414 − 1√ 2 ≈ −0, 707 2π 2 0 x y −2 −1 0 1 2 −1 1 b b b b b b b b Podemos tambe´m desenhar as elipses lendo os dados diretamente das func¸o˜es vetoriais das quais elas sa˜o as imagens, como nos exemplos seguintes. Ca´lculo 2 - Cap´ıtulo 1.5 - Func¸o˜es vetoriais de uma varia´vel - versa˜o 02/2009 16 Exemplo 2: fac¸a o gra´fico da imagem de F (t) = ( cos t, 2 sen t). Soluc¸a˜o: x y −1 0 1 −2 −1 1 2 Exemplo 3: fac¸a o gra´fico da imagem de F (t) = (2 + 2 cos t, 1 + sen t). Soluc¸a˜o: x y 0 1 2 3 4 1 2 b Os pro´ximos dois exemplos ilustram o caso mais geral, em que os semi-eixos na˜o precisam ser paralelos aos eixos coordenados. Nesse caso, na˜o podemos ler a forma da elipse direto das equac¸o˜es parame´tricas. Para desenhar as curvas, calculamos alguns dos pontos dessas usando as func¸o˜es vetoriais das quais sa˜o imagens. Exemplo 4: fac¸a o gra´fico da imagem de F (t) = ( cos t+ sen t, cos t). Soluc¸a˜o: atribuindo alguns valores para t, montamos uma tabela e depois trac¸amos o gra´fico. t x y 0 1 1 π/6 ≈ 1, 366 ≈ 0, 866 π/3 ≈ 1, 366 0, 5 π/2 1 0 2π/3 ≈ 0, 366 −0, 5 5π/6 ≈ −0, 366 ≈ −0, 866 π −1 −1 7π/6 ≈ −1, 366 ≈ −0, 866 4π/3 ≈ −1, 366 −0, 5 3π/2 −1 0 5π/3 ≈ −0, 366 0, 5 11π/6 ≈ 0, 123 ≈ 0, 866 2π 1 1 x y −2 −1 0 1 2 −1 1 b b b b b b b b b b b b x y −2 −1 0 1 2 −1 1 Exemplo 5: fac¸a o gra´fico da imagem de F (t) = (1 + cos t, cos t− sen t). Soluc¸a˜o: t x y 0 2 2 π/6 ≈ 1, 866 ≈ 1, 232 π/3 1, 5 ≈ 0, 134 π/2 1 −1 2π/3 0, 5 ≈ −1, 866 5π/6 ≈ 0, 134 ≈ −2, 232 π 0 −2 7π/6 ≈ 0, 134 ≈ −1, 232 4π/3 0, 5 ≈ −0, 134 3π/2 1 1 5π/3 1, 5 ≈ 1, 866 11π/6 ≈ 1, 866 ≈ 2, 232 2π 2 2 x y 0 1 2 −2 −1 1 2 b b b b b b b b b b b b b x y 0 1 2 −2 −1 1 2 Ca´lculo 2 - Cap´ıtulo 1.5 - Func¸o˜es vetoriais de uma varia´vel - versa˜o 02/2009 17 Existem dois casos particulares em que a curva obtida e´ uma circunfereˆncia (lembre que uma circunfereˆncia e´ um caso particular de elipse). Eles sa˜o dados por F (t) = (x0 + a cos t+ b sen t, y0 + b cos t− a sen t) ou F (t) = x0 + a cos t+ b sen t, y0 − b cos t+ a sen t) , onde a e b sa˜o constantes. Ambas as func¸o˜es determinam uma circunfereˆncia de raio √ a2 + b2 centrada em (x0, y0). Exemplo 6: fac¸a o gra´fico da imagem de F (t) = (1 + cos t+ 2 sen t,−1 + 2 cos t− sen t). Soluc¸a˜o: esta e´ uma circunfereˆncia de raio r = √ 12 + 22 = √ 1 + 4 = √ 5 centrada em (1,−1). t x y 0 2 1 π/6 ≈ 2, 866 ≈ 0, 232 π/3 ≈ 3, 232 ≈ −0, 866 π/2 3 −2 2π/3 ≈ 2, 232 ≈ −2, 866 5π/6 ≈ 1, 134 ≈ −3, 232 π 0 −3 7π/6 ≈ −0, 866 ≈ −2, 232 4π/3 ≈ −1, 232 ≈ −1, 134 3π/2 −1 0 5π/3 ≈ −0, 232 ≈ 0, 866 11π/6 ≈ 0, 866 ≈ 1, 232 2π 2 1 x y 0−1 1 2 3 −3 −2 −1 1 b b b b b b b b b b b b b x y 0−1 1 2 3 −3 −2 −1 1 b e) Hipe´rboles As func¸o˜es vetoriais cujas imagens sa˜o hipe´rboles no plano podem ser escritas de uma forma semelhante a`s que geram elipses. No entanto, utilizamos agora o seno hiperbo´lico ( senh t) e o cosseno hiperbo´lico ( cosh t), definidos como cosh t = 1 2 ( et + e−t) e senh t = 1 2 ( et − e−t) . O seno e o cosseno hiperbo´licos teˆm a seguinte propriedade: cosh 2t− senh 2t = 1. Essas duas func¸o˜es teˆm suas origens e nomes ligados a` parametrizac¸a˜o da hipe´rbole. Em termos dessas duas func¸o˜es, hipe´rboles podem ser vistas como as imagens de F (t) = (x(t), y(t)), onde x(t) = x0 + a cosh t e y(t) = y0 + b senh t , onde x0, x1, a e b sa˜o constantes. A imagem dessa func¸a˜o corresponde a` equac¸a˜o de metade de uma hipe´rbole centrada no ponto (x0, y0) cujo eixo de simetria e´ paralelo ao eixo y. Para descrever a outra metade, precisamos de outra equac¸a˜o. Hipe´rboles centradas em x0, y0 cujos eixos de simetria sa˜o paralelos ao eixo x sa˜o dadas por F (t) = (x0 + a senh t, y0 + b cosh t) e F (t) = (−a senh t, y0 − b cosh t) . Hipe´rboles mais gerais, onde os semi-eixos na˜o sa˜o paralelos aos eixos x ou y sa˜o imagens de func¸o˜es F (t) = (x0+acosh t+ b senht, y0+ ccosh t+dsenht) e F (t) = (x0−acosh t− b senht, y0− ccosh t−dsenh t) , onde x0, y0, a, b, c e d sa˜o constantes. A seguir, sera˜o mostrados alguns exemplos de hipe´rboles descritas como imagens de func¸o˜es vetoriais. Exemplo 1: fac¸a o gra´fico da hipe´rbole dada por F (t) = ( cosh t, senh t) e F (t) = (− cosh t,− senh t). Soluc¸a˜o: para desenharmos a hipe´rbole, podemos escolher alguns valores para o paraˆmetro t de modo a montar as tabelas abaixo e depois usamos esses valores para fazer o gra´fico da curva. Ca´lculo 2 - Cap´ıtulo 1.5 - Func¸o˜es vetoriais de uma varia´vel - versa˜o 02/2009 18 t x y −2 ≈ 3, 762 ≈ −3, 627 −1, 5 ≈ 2, 352 ≈ −2, 129 −1 ≈ 1, 543 ≈ −1, 175 −0, 5 ≈ 1, 128 ≈ −0, 521 0 1 0 0, 5 ≈ 1, 128 ≈ 0, 521 1 ≈ 1, 543 ≈ 1, 175 1, 5 ≈ 2, 352 ≈ 2, 129 2 ≈ 3, 762 ≈ 3, 762 t x y −2 ≈ −3, 762 ≈ 3, 627 −1, 5 ≈ −2, 352 ≈ 2, 129 −1 ≈ −1, 543 ≈ 1, 175 −0, 5 ≈ −1, 128 ≈ 0, 521 0 −1 0 0, 5 ≈ −1, 128 ≈ −0, 521 1 ≈ −1, 543 ≈ −1, 175 1, 5 ≈ −2, 352 ≈ −2, 129 2 ≈ −3, 762 ≈ −3, 762 x y −4 −3 −2 −1 0 1 2 3 4 −4 −3 −2 −1 1 2 3 4 b b b b b b b b bb b b b b b b b b Podemos tambe´m desenhar as hipe´rboles lendo os dados diretamente das func¸o˜es vetoriais e utilizando a te´cnica aprendida na Leitura Complementar 1.5.1 de desenhar as ass´ıntotas. Isto e´ mostrado nos exemplos a seguir. Exemplo 2: fac¸a o gra´fico das imagens de F (t) = ( cosh t, 2 senh t) e F (t) = (− cosh t,−2 senh t). Soluc¸a˜o: vamos utilizar a te´cnica de desenhar as ass´ıntotas para depois esboc¸ar a hipe´rbole. x y −3 −2 −1 1 2 3 −6 −5 −4 −3 −2 −1 1 2 3 4 5 6 0 Exemplo 3: fac¸a o gra´fico das imagens de F (t) = ( senh t, 2 cosh t) e F (t) = (− senh t,−2 cosh t). Soluc¸a˜o: x y −3 −2 −1 1 2 3 −6 −5 −4 −3 −2 −1 1 2 3 4 5 6 0 Exemplo 4: fac¸a o gra´fico das imagens de F (t) = (3+3cosh t, 2+2senh t) e F (t) = (3−3cosh t, 2−2senh t). Soluc¸a˜o: o centro da hipe´rbole e´ o ponto (3, 2). x y −4 −3 −2 −1 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 −2 −1 1 2 3 4 5 6 0 O pro´ximo exemplo ilustra o caso mais geral, em que os semi-eixos na˜o precisam ser paralelos aos eixos Ca´lculo 2 - Cap´ıtulo 1.5 - Func¸o˜es vetoriais de uma varia´vel - versa˜o 02/2009 19 coordenados. Nesse caso, na˜o podemos ler a forma da hipe´rbole diretamente das func¸o˜es vetoriais. Para desenhar as curvas, calculamos alguns dos pontos desta usando essas func¸o˜es. Exemplo 5: fac¸a o gra´fico das imagens de F (t) = (cosh t+ senht, senht) e F (t) = (−cosht− senht,−senht). Soluc¸a˜o: primeiro, montamos as tabelas abaixo e depois usamos esses valores para fazer o gra´fico da curva. t x y −2 ≈ 0, 135 ≈ −3, 627 −1, 5 ≈ 0, 223 ≈ −2, 129 −1 ≈ 0, 368 ≈ −1, 175 −0, 5 ≈ 0, 606 ≈ −0, 521 0 1 0 0, 5 ≈ 1, 649 ≈ 0, 521 1 ≈ 2, 718 ≈ 1, 175 1, 5 ≈ 4, 482 ≈ 2, 129 2 ≈ 7, 389 ≈ 3, 762 t x y −2 ≈ −0, 135 ≈ 3, 627 −1, 5 ≈ −0, 223 ≈ 2, 129 −1 ≈ −0, 368 ≈ 1, 175 −0, 5 ≈ −0, 606 ≈ 0, 521 0 −1 0 0, 5 ≈ −1, 649 ≈ −0, 521 1 ≈ −2, 718 ≈ −1, 175 1, 5 ≈ −4, 482 ≈ −2, 129 2 ≈ −7, 389 ≈ −3, 762 x y −8 −7 −6 −5 −4 −3 −2 −1 0 1 2 3 4 5 6 7 8 −4 −3 −2 −1 1 2 3 4 b b b b b b b b bb b b b b b b b b f) Curvas finitas Todas as curvas estudadas ate´ agora sa˜o infinitas. Isto e´ porque estmos tomando os paraˆmetros t de cada curva como indo de −∞ a ∞. No entanto, podemos gerar curvas finitas tomando valores finitos para o paraˆmetro t. A seguir, veremos alguns exemplos da parametrizac¸a˜o de curvas finitas. Exemplo 1: fac¸a o gra´fico da imagem de F (t) = (t, t), onde 0 ≤ t ≤ 2. Soluc¸a˜o: x y −2 −1 0 1 2 −2 −1 1 2 b b Exemplo 2: fac¸a o gra´fico da imagem de F (t) = (−2 + t, t2), onde t ≥ −3. Soluc¸a˜o: x y −4 −3 −2 −1 0 1 1 2 3 4 5 6 b b b b Observac¸a˜o: a curva descrita no exemplo 2 na˜o e´ finita, pois ela vai do ponto (−3, 1) ate´ o infinito. Temos que salientar que as curvas descritas acima na˜o sa˜o retas nem para´bolas. Podemos chamar a curva do exemplo 1 de semi-reta ou segmento de reta e a` curva d exemplo 2 de semi-para´bola ou segmento de para´bola. Ca´lculo 2 - Cap´ıtulo 1.5 - Func¸o˜es vetoriais de uma varia´vel - versa˜o 02/2009 20 . Exemplo 3: fac¸a o gra´fico da imagem de F (t) = (1 + cos t, 2 + sen t), onde 0 ≤ t ≤ pi 2 . Soluc¸a˜o: esta e´ uma semicircunfereˆncia de raio 1 centrada em (1, 2). x y 0 1 2 1 2 3 b Exemplo 4: fac¸a o gra´fico da imagem de F (t) = ( cos t, 2 sen t), onde pi 4 ≤ t5pi 4 . Soluc¸a˜o: x y −1 0 1 −2 −1 1 2 No caso de curvas finitas baseadas em hipe´rboles, podemos escolher curvas que sa˜o imagens de uma ou duas func¸o˜es vetoriais, como nos exemplos a seguir. Exemplo 5: fac¸a o gra´fico das imagens de F (t) = ( cosh t, 2 senh t) e F (t) = (−cosht,−2senht), onde −2 ≤ t ≤ 1. Soluc¸a˜o: x y -4 -3 -2 -1 1 2 3 4 -7 -6 -5 -4 -3 -2 -1 1 2 3 4 5 6 7 0 Exemplo 6: fac¸a o gra´fico da imagem de F (t) = ( senh t, 2 cosh t), onde 0 ≤ t < 2. Soluc¸a˜o: x y -4 -3 -2 -1 1 2 3 4 -7 -6 -5 -4 -3 -2 -1 1 2 3 4 5 6 7 0 bc Note que no exemplo 6 o intervalo do paraˆmetro t e´ aberto em t = 2, o que e´ representado no gra´fico por uma bola aberta. g) Outras curvas O uso de func¸o˜es vetoriais torna poss´ıvel escrever outras curvas cujas formas alge´bricas sa˜o muito compli- cadas. Veremos agora algumas dessas curvas em termos de exemplos. Um tipo de curva que pode ser obtido como sendo a imagem de uma func¸a˜o do tipo F (t) = (at cos t, bt sen t) e´ a espiral, como mostram os dois pro´ximos exemplos. Ca´lculo 2 - Cap´ıtulo 1.5 - Func¸o˜es vetoriais de uma varia´vel - versa˜o 02/2009 21 Exemplo 1: desenhe a imagem de F (t) = (t cos t, sen t). Soluc¸a˜o: associando valores ao paraˆmetro t, che- gamos a` figura abaixo. x y -7 -6 -5 -4 -3 -2 -1 0 1 2 3 4 5 6 7 -5 -4 -3 -2 -1 1 2 3 4 5 6 7 8 Exemplo 2: desenhe a imagem de F (t) = (t cos t, sen t), t ≥ 0. Soluc¸a˜o: x y -7 -6 -5 -4 -3 -2 -1 0 1 2 3 4 5 6 7 -5 -4 -3 -2 -1 1 2 3 4 5 6 7 8 Embora a figura do exemplo 1 acima na˜o seja muito conhecida, se tomarmos somente t ≥ 0 obtemos uma espiral, como a figura do exemplo 2. Outra figura interessante e´ a ciclo´ide, que e´ o caminho seguido por um ponto que se encontra na borda de uma circunfereˆncia quando esta rola por um plano, como a trajeto´ria de um prego preso a` roda de um carro. Tal func¸a˜o pode ser descrita pela imagem de func¸o˜es vetoriais do tipo F (t) = (at− a sen t, a− a cos t), onde a e´ uma constante que representa o raio da roda que esta´ sendo girada (figura abaixo). b b b b Desenhamos a seguir mais uma curva, que e´ a imagem de um func¸a˜o envolvendo poteˆncias de func¸o˜es triginome´tricas. Exemplo 3: desenhe a curva dada pelas equac¸o˜es parame´tricas F (t) = ( cos 3t, sen 3t). Soluc¸a˜o: x y −1 0 1 −1 1 Va´rias outras curvas podem ser expressas como imagens de func¸o˜es vetoriais, mas na˜o sera˜o vistas aqui. Ca´lculo 2 - Cap´ıtulo 1.5 - Func¸o˜es vetoriais de uma varia´vel - versa˜o 02/2009 22 Exerc´ıcios - Cap´ıtulo 1.5 Nı´vel 1 Curvas no plano Exemplo 1: fac¸a o gra´fico da imagem da func¸a˜o F (t) = (2 cos t, sen t). Soluc¸a˜o: a seguir, fazemos uma tabela para t, x(t) = 2 cos t e y(t) = sen t. O gra´fico da imagem dessa func¸a˜o e´ feito ao lado da tabela e corresponde a uma elipse de semieixo horizontal 2 e semieixo vertical 1. t x(t) = 2 cos t y(t) = sen t 0 2 0 π/4 √ 2 ≈ 1, 414 √2/2 ≈ 0, 707 π/2 0 1 3π/4 −√2 ≈ −1, 414 √2/2 ≈ 0, 707 π −2 0 5π/4 −√2 ≈ −1, 414 −√2/2 ≈ −0, 707 3π/2 0 −1 7π/4 √ 2 ≈ 1, 414 −√2/2 ≈ −0, 707 x y −2 −1 0 1 2 −1 1 b b b b b b b b E1) Fac¸a os gra´ficos das imagens das seguintes func¸o˜es: a) F (t) = (2 + t, 1− t). b) F (t) = (t, 1− t2). c) F (t) = (t2, 1− t). d) F (t) = (1 + t2, 1− t2). e) F (t) = (2 cos t, 2 sen t). f) F (t) = (2 sen t, 2 cos t). g) F (t) = ( cos t, 2 sen t). h) F (t) = (2 + cos t, 1 + 2 sen t). Curvas no espac¸o Exemplo 2: fac¸a o gra´fico da imagem da func¸a˜o F (t) = (0, 5t cos (3t), 0, 5t sen (3t), t). Soluc¸a˜o: t x(t) = 0, 5t cos (3t) y(t) = 0, 5t sen (3t) z(t) = t 0 0 0 0 π/6 0 0, 262 0, 524 π/3 −0, 524 0 1, 047 π/2 0 −0, 785 1, 571 2π/3 1, 047 0 2, 049 5π/6 0 1, 309 2, 618 π −1, 571 0 3, 142 x y z 1.0 2.0 -1.0 -2.0 -3.0 -4.0 1.0 2.0 -1.0 -2.0 -3.0 1.0 2.0 3.0 bb bb bb bb bb bb bb E2) Fac¸a os gra´ficos das imagens das seguintes func¸o˜es: a) F (t) = (1 + 0, 5t, 1, 5t, 1 + t). b) F (t) = (2, t, t2). c) F (t) = (3− 3t+ 2t2,−2− 3, 5t + 2, 5t2, 1 + 2, 5t − 0, 5t2). d) F (t) = ( cos t, sen t, 2). e) F (t) = ( cos t, sen t, cos t− sen t). f) F (t) = (t, 2 sen (3t), 2 cos (3t)). Ca´lculo 2 - Cap´ıtulo 1.5 - Func¸o˜es vetoriais de uma varia´vel - versa˜o 02/2009 23 Operac¸o˜es com func¸o˜es vetoriais Exemplo 3: dadas F (t) = (1 + t, 2− t) e G(t) = (t2, 1− 2t), calcule F (t)−G(t) e 〈F (t), G(t)〉. Soluc¸a˜o: F (t)−G(t) = (1 + t, 2− t)− (t2, 1− 2t) = (1 + t− t2, 1 + t) e 〈F (t), G(t)〉 = t2 + t3 + 2− 4t− t+ 4t2 = = t3 + 5t2 − 5t+ 2. E3) Dadas as func¸o˜es F (t) = (t, t− 1, 2), G(t) = (1 + t, t2,−t) e H(t) = (0,−1, t), calcule: a) F (t) +G(t). b) 3G(t). c) 2F (t) +G(t)−H(t). d) 〈F (t),H(t)〉. Nı´vel 2 E1) (Leitura Complementar 1.5.2) Fac¸a os gra´ficos das imagens das seguintes func¸o˜es vetoriais: a) F (t) = (3 e−0,1t cos t, 3 e−0,1t sen t). b) F (t) = ( cosh t, senh t). c) F (t) = ( senh t, cosh t). E2) Determine uma func¸a˜o vetorial cuja imagem seja uma reta que passe pelos pontos (1,−1, 2) e (2, 0, 4). E3) Determine uma func¸a˜o vetorial cuja imagem seja uma para´bola que passe pelos pontos (0, 1, 1), (1, 0, 2) e (0, 1, 3). E4) Uma reta pode ser representada pelas chamadas equac¸o˜es sime´tricas t = x− 2 3 = y + 1 2 = z + 3 4 . Escreva essa mesma reta como a imagem de uma func¸a˜o F (t). E5) Calcule a intersecc¸a˜o entre as retas dadas pelas imagens das func¸o˜es F (t) = (3− t, t+ 1) e G(t) = (−1 + 3t, 2t− 2). E6) Calcule α tal que as retas dadas pelas imagens das func¸o˜es F (t) = (2 + t, 1− t) e G(t) = (1− αt, 3 + t) se cruzem. E7) Calcule α tal que as retas dadas pelas imagens das func¸o˜es F (t) = (3− t,−2 + t,−2− t) e G(t) = (−8− 2t, α− 3t,−1− t) sejam ortogonais. E8) (Leitura Complementar 1.5.2) Mostre que cosh 2t− senh 2t = 1. Nı´vel 3 E1) Determine uma func¸a˜o vetorial cuja imagem seja uma elipse que passe pelos pontos (2,−1, 0), (0,−1, 3) e (−2,−1, 0). E2) Determine uma func¸a˜o vetorial cuja imagem seja uma elipse que passe pelos pontos (−1, 2, 1), (1, 0, 1) e (1,−2,−1). E3) Determine F (t) tal que sua imagem seja uma reta que passe pelo ponto (x0, y0, z0) e que seja paralela ao vetor que representa o ponto V = (x1, y1, z1). E4) Uma reta pode ser representada pelas chamadas equac¸o˜es sime´tricas t = x− x0 x1 = y − y0 y1 = z − z0 z1 . Mostre que esta forma equivale a` imagem da func¸a˜o F (t) = (x0 + x1t, y0 + y1t, z0 + z1t). E5) Dadas as retas expressas como as imagens das func¸o˜es F (t) = (3− t,−2 + t,−2− t) e G(t) = (−8− 2t,−11− 3t,−1− t), calcule o ponto em que elas se cruzam e o aˆngulo entre as duas. Ca´lculo 2 - Cap´ıtulo 1.5 - Func¸o˜es vetoriais de uma varia´vel - versa˜o 02/2009 24 Respostas Nı´vel 1 E1) a) x y 0 1 2 3 4 −1 1 b) x y 0 −1 1 2 −3 −2 −1 1 c) x y 0 1 2 3 4 −1 1 d) x y 0 1 2 3 4 5 −3 −2 −1 1 e) x y −2 −1 0 1 2 −1 −2 1 2 f) x y −2 −1 0 1 2 −1 −2 1 2 g) x y −1 0 1 −1 −2 1 2 h) x y 0 1 2 3 4 −1 1 2 3 E2) a) x y z 1.0 2.0 3.0 1.0 2.0 3.0 1.0 2.0 3.0 b) x y z 1.0 2.0 3.0 4.0 -1.0 1.0 2.0 3.0 4.0 -1.0 1.0 2.0 3.0 4.0 Ca´lculo 2 - Cap´ıtulo 1.5 - Func¸o˜es vetoriais de uma varia´vel - versa˜o 02/2009 25 . c) x y z 1.0 2.0 3.0 4.0 5.0 -1.0 -2.0 -3.0 -4.0 1.0 2.0 3.0 4.0 -1.0 -2.0 -3.0 -4.0 1.0 2.0 3.0 4.0 d) x y z 1.0 -1.0 -2.0 1.0 -1.0 -2.0 1.0 2.0 e) x y z 1.0 -1.0 -2.0 1.0 -1.0 -2.0 1.0 -1.0 -2.0 f) x y z 1.0 2.0 3.0 4.0 5.0 6.0 -1.0 1.0 2.0 -1.0 -2.0 -3.0 1.0 2.0 -1.0 -2.0 -3.0 E3) a) F (t) +G(t) = (2t+ 1, t2 + t− 1,−t+ 2). b) 3G(t) = (3 + 3t, 3t2,−3t). c) 2F (t) +G(t)−H(t) = (3t+ 1, t2 + 2t− 1,−2t+ 1). d) 〈F (t), H(t)〉 = t+ 1. Nı´vel 2 E1) a) x y −3 −2 −1 0 1 2 3 −3 −2 −1 1 2 3 b) x y 1 2 3 −4 −3 −2 −1 1 2 3 4 0 c) x y −4 −3 −2 −1 1 2 3 1 2 3 4 0 E2) Existem, na verdade, infinitas soluc¸o˜es poss´ıveis. Uma delas e´ F (t) = (t, t− 2, 2t), que e´ tal que F (1) = (1,−1, 2) e F (2) = (2, 0, 4). E3) Existem infinitas soluc¸o˜es poss´ıveis. Uma delas e´ F (t) = (1 − t2, t2, 2 + t), que e´ tal que F (−1) = (0, 1, 1), F (0) = (1, 0, 2) e F (1) = (0, 1, 3). E4) Se chamarmos t = x− 2 3 = y + 1 2 = z + 3 4 , teremos F (t) = (2 + 3t,−1 + 2t,−3 + 4t). E5) (2, 2). E6) α = 0. E7) α = −11. E8) cosh 2t− senh 2t = 1 4 ( et + e−t )2 − 1 4 ( et − e−t)2 = 1 4 ( e2t + 2 e0 + e−2t )− 1 4 ( e2t − 2 e0 + e−2t) = 1 4 (2 + 2) = 1 . Nı´vel 3 E1) Existem infinitas soluc¸o˜es poss´ıveis. Uma delas e´ F (t) = (2 cos t,−1, 3 sen t), que e´ tal que F (0) = (2,−1, 0), F (π/2) = (0,−1, 3) e F (π) = (−2,−1, 0). Ca´lculo 2 - Cap´ıtulo 1.5 - Func¸o˜es vetoriais de uma varia´vel - versa˜o 02/2009 26 E2) Existem infinitas soluc¸o˜es poss´ıveis. Uma delas e´ F (t) = ( sen t − cos t, 2 cos t, cos t + sen t), que e´ tal que F (0) = (−1, 2, 1), F (π/2) = (1, 0, 1) e F (π) = (1,−2,−1). E3) F (t) = (x0 + x1t, y0 + y1t, z0 + z1t). E4) Se chamarmos t = x− x0 x1 = y − y0 y1 = z − z0 z1 , teremos F (t) = (x0 + x1t, y0 + y1t, z0 + z1t). E5) Elas se cruzam no ponto (5, 6, 3) e teˆm um aˆngulo de θ = arccos 16√ 278 ≈ 16o.
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