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DIREITO PENAL I / Introdução a Teoria do delito/ princípios

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DIREITO PENAL I
PRINCÍPIOS DO DIREITO PENAL
PRINCÍPIO DA LEGALIDADE
“Não há crime sem lei anterior que o defina, e não há pena sem prévia cominação legal.” (Art. 1º do CP, e art. 5º, inciso XXXIX, da CF)
O princípio da legalidade constitui uma efetiva limitação ao poder punitivo estatal. Ele está previsto no art. 5º da CF como garantia fundamental, e é cláusula pétrea, não podendo ser usado como emenda constitucional.
Pode-se dizer que, pelo princípio da legalidade, a elaboração de normas incriminadoras é função exclusiva da lei, isto é, nenhum fato pode ser considerado crime e nenhuma pena criminal pode ser aplicada sem que antes da ocorrência desse fato exista uma lei definindo-o como crime e cominando-lhe a sanção correspondente. A lei deve definir com precisão e de forma clara a conduta proibida. 
Por esse princípio, alguém só pode ser punido se, anteriormente ao fato por ele praticado, existir uma lei que o considere como crime. Ainda que o fato seja imoral, antissocial ou danoso, não haverá possibilidade de se punir o autor, sendo irrelevante a circunstância de entrar em vigor, posteriormente, uma lei que o preveja como crime.
Foram criados outros princípios com o objetivo de complementar o princípio da legalidade. Dentre eles:
PRINCÍPIO DA RESERVA LEGAL
O princípio da reserva legal tem como fundamento o apego puro e exclusivo ao positivismo jurídico. Ele complementa o princípio da legalidade afirmando que somente lei em seu sentido estrito poderá definir crime, ou seja, medidas provisórias, portaria, regulamentos, etc., não poderão prever condutas criminosas.
PRINCÍPIO DA TAXATIVIDADE
Não basta existir uma lei; ela tem que trazer em seus elementos todas as circunstâncias que delimitam a conduta humana. Ele tem como objetivo limitar o princípio da legalidade. 
Por esse princípio, o tipo penal incriminador deve ser bem definido e detalhado para não gerar qualquer dúvida quanto ao seu alcance e aplicação. (Ipsis litteris)
PRINCÍPIO DA ANTERIORIDADE DA LEI PENAL
Por esse princípio, a lei só poderá ser aplicada a fatos posteriores à sua vigência.
Em regra, um tipo penal só é aplicado aos fatos posteriores a sua vigência. Segundo essa premissa, é fundamental que exista primeiro a lei estabelecendo a conduta como criminosa e fixando a pena respectiva, ou seja, a lei deve existir anterior ao fato delituoso.
PRINCÍPIO DA PROIBIÇÃO À ANALOGIA 
O Direito Penal não admite a aplicação da analogia (aplicação da lei existente a um caso parecido em razão de não haver expressa disposição legal para esse caso), devendo ser aplicada a lei a cada caso concreto.
A doutrina e a jurisprudência admitem a aplicação da analogia desde que in bonam partem (em benefício do réu).
PRINCÍPIO DA NORMA PENAL EM BRANCO
Por esse princípio, é possível, excepcionalmente, que existam algumas leis penais de conteúdo incompleto (normas/leis penais em branco), cuja sanção é determinada, permanecendo indeterminado o seu conteúdo, e exigindo complementação por outra norma jurídica (lei, decreto, portaria, regulamento, etc.) para que possam ser aplicadas ao fato concreto, constituindo uma exceção ao princípio da taxatividade.
Ela só será constitucional se estiver previsto no corpo, que outra norma irá auxiliá-la/ complementá-la.
 Esta norma complementar é chamada de norma delegada e deve tratar exclusivamente daquilo que lhe foi tratado.
Esse complemento pode já existir antes da vigência da lei ou ser posterior a ela.
PRINCÍPIO DA ADEQUAÇÃO SOCIAL
Por esse princípio, o Estado só poderá criminalizar aquilo que a sociedade considera ilegal, ou seja, apesar de uma conduta ser enquadrada como crime, não será considerada típica se for socialmente adequada ou reconhecida de acordo com a ordem social da vida historicamente presente.
Lembre-se: esse princípio não revoga tipos penais incriminadores, apenas os adéqua diante da sociedade.
PRINCÍPIO DA LESIVIDADE/ OFENSIVIDADE
Por esse princípio, todo crime é uma lesão ao bem jurídico de terceiros/ alheio.
Para que haja crime, é necessário que haja lesão ou ameaça de lesão a bem jurídico tutelado. Assim, mesmo que a conduta seja considerada imoral, aética ou meramente interna ao próprio autor só haverá crime se lesionar o bem jurídico tutelado pelo Direito Penal.
LEMBRE-SE: A AUTO LESÃO NÃO É CRIME.
PRINCÍPIO DA FRAGMENTARIEDADE
Por esse princípio, todo crime é um ato ilícito, mas nem todo ilícito é crime, ou seja, ao Direito Penal cabe tutelar somente as lesões de maior gravidade (crimes) para os bens jurídicos, protegendo, assim, um fragmento dos interesses jurídicos.
CRIME ≠ ATO ILÍCITO
PRINCÍPIO DA HUMANIDADE DAS PENAS
Por esse princípio, no Brasil, não são admitidas penas que violem a dignidade da pessoa humana.
O art. 5º da CF trata das Garantias Fundamentais, e estabelece as penas que não são admitidas:
Pena de caráter cruel (aquela que gera intenso sofrimento físico ou psicológico ao condenado);
Pena de trabalhos forçados (ser obrigado a trabalhar);
Pena de banimento (o condenado é expulso do território nacional);
Pena de prisão perpétua
Pena de morte
A CF admite, em caráter excepcional, a pena de morte, em casos de estado de guerra declarada. 
Adotada no Brasil pelo CP militar, a pena de morte é aplicada através do fuzilamento, e apenas para 3 crimes:
Deserção (ser designado para posto e durante combate se ausentar);
Traição à pátria;
Baixar moral/desmotivação das tropas em combate.
PRINCÍPIO DA CULPABILIDADE
Deste princípio decorrem duas regras:
>O princípio determina que a pena não passe da pessoa do condenado, ou seja, a pena não é objeto de sucessão.
>O Direito Penal não admite responsabilidade objetiva, ou seja, decorre da lei (a lei determina que: o sujeito é o responsável). A responsabilidade será sempre subjetiva, ou seja, só responderá pela conduta aquele que deu causa, que teve culpa na prática do delito.
Pessoa jurídica pode, excepcionalmente, responder por crime ambiental. (A principio, pessoa jurídica não responde por crime, com uma exceção – crimes ambientais. De acordo com a teoria dualista, só se pode punir a pessoa jurídica se encontrar a pessoa física causadora do delito (após 2010). Nesse caso, responderá a pessoa jurídica juntamente com a pessoa física (a empresa fica isenta de responder criminalmente).
PRINCÍPIO DO NE BIS IN IDEM (princípio da proibição da dupla valorização dos fatos)
Ninguém poderá ser punido duas vezes pelo mesmo fato, ou a ninguém será imputada responsabilidade penal duplicada (pressupondo que o julgamento não tenha sido por erro). Possui duplo significado: 1º) penal material: ninguém pode sofrer duas penas em face do mesmo crime; 2º) processual: ninguém pode ser processado e julgado duas vezes pelo mesmo fato.
PRINCÍPIO DA BAGATELA/ INSIGNIFICÂNCIA
Por esse princípio, não será considerado crime a lesão insignificante à um bem jurídico. Ele limita a incidência do princípio da lesividade.
Deste princípio, podem afirmar: ele exclui a tipicidade do fato; deve haver proporção entre a lesão praticada e a pena imposta; e, se a lesão não tem qualquer importância no meio social, deve a lei, igualmente, desprezá-la e não qualificá-la como crime.
Há dois parâmetros em relação à insignificância: 1º) o STF tem entendido que não cabe o princípio da insignificância em crimes violentos; 2º) o critério que vai determinar a insignificância não é determinado no CP., assim, os tribunais superiores tem tentado delimitar esse valor.
	A relação entre o dono da coisa e a coisa não é critério para analisar a insignificância.
	Não se aplica a insignificância em crimes continuados (ART. 71, CP.), sendo apurada a soma dos valores dos bens violados.
PRINCÍPIO DA PROPORCIONALIDADE (DAS PENAS)
A pena deve ser proporcional à lesão, ou seja, quanto mais grave a lesão, maior deve ser a pena aplicada; menos grave a lesão, menor a pena aplicada. Por esse princípio que crimes de homicídio e estupro são considerados os mais graves.
PRINCÍPIO DA SUBSIDIARIEDADE/ DA ULTIMA RATIO
Por esse princípio, o Direito Penalsó será invocado em última instância (em último caso). Se os demais ramos do Direito forem incapazes de resolver a demanda, o Direito Penal será invocado, à contrário senso, se eles forem suficientes, o DP será descartado.

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