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SELEÇÃO DE MATERIAIS Relaciona-se com processo e forma. Para obter uma forma, submete-se o material a processos, denominados coletivamente FABRICAÇÃO. Fabricação: processos primários de conformação, remoção de material, união, acabamento. A Função influencia a escolha do material. A escolha do material influencia os processos em razão da capacidade do material em sofrer determinados processos de fabricação. O processo de fabricação determina a forma, tamanho e o custo. Essas interações são de duas vias: A especificação da forma restringe a escolha do material e do processo de fabricação, enquanto a especificação do processo limita a escolha do material e as formas acessíveis. QUANTO MAIS SOFISTICADO O PROJETO, MAIS RIGOROSAS SERÃO AS ESPECIFICAÇÕES E MAIORES, AS INTERAÇÕES. Interação entre função, material, forma e processo de fabricação está no coração do processo de seleção de materiais. MATERIAIS DE ENGENHARIA E SUAS PROPRIEDADES Os materiais de engenharia estão classificados em seis famílias gerais: METAIS – CERÂMICAS – VIDROS – POLÍMEROS – ELASTÔMEROS – HÍBRIDOS Membros de uma mesma família compartilham algumas características: Propriedades; Rotas de processamento; Aplicações (na maioria das vezes). METAIS Características principais: Rígidos; módulos de elasticidade relativamente altos. Quando Puros, são na maioria, macios e fáceis de deformar. Podem ser fortalecidos com a adição de elementos de liga e por tratamento eletromecânico, permanecendo dúcteis, permitindo a conformação por processos de deformação. Alta ductilidade: baixa resistência a fadiga; Entre todas as classes de materiais, são as que apresentam menor resistência a corrosão. CERÂMICOS Características principais: Apresentam alto módulo de elasticidade, porém são frágeis. Resistência a tração = resistência a fratura frágil Resistência a contração = resistência ao esmagamento Apesar disso, Contração 15x(aprox.) maior do que a tração. Não apresentam ductilidade, portanto baixa tolerância a concentração de tensões (poros e trincas) ou altas tensões de contato (por ex. pontos de fixação) Materiais frágeis apresentam ampla dispersão para a resistência, que em si, depende do volume do material sobre carga e do tempo de aplicação de carga. Maior dificuldade em projetar com cerâmicas. Apesar da fragilidade, cerâmicas são rígidas, duras, e resistentes a abrasão, mantém a resistência em alta temperatura e são bem resistentes a corrosão. VIDROS São sólidos não cristalinos (amorfos) A ausência de estrutura cristalina suprime a plasticidade e assim como as cerâmicas, são duros, frágeis e vulneráveis a concentradores de tensões. POLÍMEROS Apresentam baixos módulos de elasticidade, aprox.. 50x menor do que o dos metais. Podem apresentar-se quase tão fortes quanto os metais. Grandes deflexões elásticas Sofrem fluência, mesmo em temperatura ambiente. Ou seja, com o tempo, um polímero sob a aplicação de uma carga pode deformar-se plasticamente. Propriedades são dependentes da temperatura: Um polímero tenaz e flexível a 20oC, pode ser frágil aos 4 oC ou sofrer fluência rápida aos 100 oC. Acima dos 200 oC, poucos polímeros apresentam resistência útil. Polímeros são fáceis de conformar, são resistentes a corrosão e tem baixo coeficiente de atrito. Alguns polímeros são cristalinos, amorfos ou uma mistura de cristalinos e amorfos. ELASTÔMEROS São polímeros de cadeia longa, na qual suas unidades estão ligadas covalentemente, enquanto as ligações entre uma cadeia e outra ocorre por ligações mais fracas, de Van der Waals e de hidrogênio. Apresentam baixo módulo de Young (até 10-3 GPa – 105x menores do que os módulos típicos de metais), que aumenta com a temperatura (ao contrário dos outros sólidos) HÍBRIDOS São combinações de dois ou mais materiais em uma configuração e escala predeterminada. As propriedades mais atraentes de outras famílias de materiais são combinadas, ao mesmo tempo que se evitam algumas desvantagens. Inclui os compósitos reforçados com fibras e com particulados, estruturas-sanduíche, espumas, cabos e laminados. Podem ser encontrados na natureza: osso, pele, folha – são híbridos. Entre os mais conhecidos, estão os compósitos reforçados com fibras (vidro, carbono ou aramida). São leves, rígidos e resistentes, podendo ser tenazes. Um polímero como um dos componentes limita uso até T. 250oC, devido ao amolecimento do polímero. São caros e relativamente difíceis de conformar e unir, limitando sua utilização quando o desempenho justificar o custo. INFORMAÇÃO DE MATERIAIS PARA O PROJETO Ao selecionar materiais, durante o desenvolvimento do projeto, são necessários dados das propriedades dos materiais. Para ter sucesso no mercado, um produto deve ser economicamente viável e bem sucedido, em termos de desempenho, atração (para o consumidor); custo; competição (com seus concorrentes). Tudo isso depende da escolha do material e do modo como ele é processado. PROPRIEDADES DOS MATERIAIS E SUAS UNIDADES Cada material apresenta um conjunto de atributos ou propriedades. A combinação que caracteriza um dado material é o seu perfil de propriedades, que são montados através de ensaios sistemáticos. PROPRIEDADES GERAIS DENSIDADE, ρ (kg/m3) é a relação entre massa e unidade de volume. PREÇO, Cm ($/kg) apresenta uma ampla faixa de valores. Enquanto alguns materiais custam apenas alguns centavos/kg, outros podem custar até $1000/kg. Nos primeiros estágios da seleção de materiais é útil ter um preço aproximado. PROPRIEDADES MECÂNICAS - MÓDULO DE ELASTICIDADE, E (GPa) é a inclinação da parte linear inicial da curva tensão- deformação. O Módulo de Young descreve a resposta ao carregamento sob tração ou compressão. O módulo de elasticidade transversal, G, descreve a resposta ao carregamento de cisalhamento. O Módulo de elasticidade volumétrico, k, descreve a resposta a pressão hidrostática. O módulo de Poisson, υ, é o negativo da razão entre a deformação lateral, ε2 e a deformação axial, ε1, sob carregamento axial. Em um material isotrópico, os módulos se relacionam das seguintes maneiras: E = G = k = Comumente, υ≈ 1/3 quando G ≈ 3/8 E e K ≈ E Para os elastômeros: υ≈ 1/2 quando G ≈ 1/3 E e K >> E - RESISTÊNCIA, σf Para metais, é a tensão de escoamento a 0,2% de formação σy. Ou seja, a tensão a qual a curva tensão-deformação para carregamento axial se desvia da linha elástica linear por uma deformação de 0,2%. É a mesma, tanto sob tração, quanto sob compressão. Para os polímeros é a tensão a qual a curva tensão-deformação torna-se notavelmente não linear, a uma deformação típica de 1% Pode ser causado pelo deslizamento irreversível de cadeias moleculares ou causadi pelo esgarçamento (formação de volumes de baixa densidade, parecidos com trincas que dispersam a luz, fazendo o polímero parecer branco. Polímeros são aprox.. 20% mais resistentes sob compressão do que sob tração. Para cerâmicas e vidros, a resistência depende fortemente do modo de carregamento. Sob tração a resistência é a resistência a fratura, σt. Sob compressão é a resistência ao esmagamento, σc, σc = 10 a 15 x σt Normalmente a resistência de um material cerâmico é medida sob flexão. A resistência a flexão, σflex ou módulo de ruptura, MOR (MPa) é a máxima tensão superficial em uma viga flexionada no instante da fratura. σflex= 1,3 σt, devido ao menor volume submetido a essa tensão máxima e a menor probabilidade de existir uma falha dentro dele. Sob tração simples, todas as falhas sofrem a mesma tensão. Para compósitos, a resistência é definida por um desvio em relação ao comportamento elástico linear, cerca de 0,5%. Compósitos que contém fibras (incluindo as naturais, como a madeira), são até 30% mais fracas sob compressão do que sob tração, devido ao efeito da flambagem sofrida pelas fibras. Portanto podemos dizer que a resistência depende da classe de material e seu carregamento. - LIMITE DE RESISTÊNCIA A TRAÇÃO σTS ou σu (MPa) é a tensão nominal a qual uma barra de secção redonda, carregada sob tensão se separa. Para materiais frágeis é igual à resistência a falha sob tração. Para metais, polímeros dúcteis e a maioria dos compósitos é maior do que a tensão de escoamento σy por um fator entre 1,3 e 1,5 em razão do encruamento, ou no caso específico dos compósitos, da transferência de carga para o reforço. - CARREGAMENTO CÍCLICO é a nucleação e crescimento de trincas, levando a falha por fadiga - LIMITE DE FADIGA, σE (MPa) É a amplitude de tensão abaixo da qual não ocorre fratura, ou pode não ocorrer fratura após um número muito grande de ciclos (Nf > 10 7). - DUREZA: medida aproximada, não destrutiva, da resistência. Dureza = Relaciona-se com σf H ≈ 3. σf Dureza Vickers: Hv = - TENACIDADE (GIC) e TENACIDADE A FRATURA (KIC) medem a resistência de um material à propagação de uma trinca. A Tenacidade a Fratura é medida mediante o carregamento de uma amostra que contém uma trinca introduzida deliberadamente, de comprimento 2c, e registrando a tensão de tração, σ* a qual a trinca se propaga. KIC = Y σ *√ GIC = Onde Y é um fator geométrico, que depende de detalhes da geometria da amostra, E é o módulo de Young e υ é o índice de Poisson. A medição, através dessas equações para materiais frágeis, como cerâmicas, vidros e polímeros frágeis apresentam resultados satisfatórios. Para o caso de muitos materiais dúcteis, há o desenvolvimento de uma zona plástica na extremidade da trinca, modificando o modo de propagação da trinca, necessitando portanto de uma caracterização mais elaborada. - DESGASTE é a perda de material quando superfícies deslizam uma contra a outra. Quando sólidos deslizam, o volume de material perdido por uma superfície, por unidade de distância deslizada é chamada taxa de desgaste, W (m2) A resistência ao desgaste da superfície é caracterizada pela constante de desgaste, ou constante de Archard, kA (1/MPa) = kA P Onde A é a área de superfície do deslizador, P é a força normal que a pressiona contra a outra superfície kA é uma propriedade do par deslizante e não apenas de um componente. PROPRIEDADES TÉRMICAS - TEMPERATURA DE FUSÃO (TM) de um sólido cristalino é bem definida, ao contrário da dos sólidos não cristalinos. - TEMPERATURA DE TRANSIÇÃO VÍTREA (TG) caracteriza a transição de um sólido verdadeiro para um líquido muito viscoso. - TEMPERATURA MÁXIMA DE SERVIÇO indica a temperatura mais alta a qual o material pode ser razoavelmente usado sem que oxidação, mudanças químicas ou fluência excessiva tornem-se um problema. - TEMPERATURA MÍNIMA DE SERVIÇO é a temperatura abaixo da qual o material torna-se frágil ou inseguro de usar. - CALOR ESPECÍFICO ou CAPACIDADE TÉRMICA (CP) é a energia necessária para aquecer 1kg de um material por 1K. Para o caso dos gases, mede-se a capacidade térmica volume constante (CV) Uma quantidade de energia medida é fornecida para uma amostra de material de massa conhecida. A elevação da temperatura é medida, permitindo o cálculo da energia/kg K - CONDUTIVIDADE TÉRMICA (λ, W/mK) mede a taxa na qual o calor é conduzido através de um sólido em regime permanente (a temperatura não muda com o tempo). Na transmissão de calor transiente, o fluxo depende da difusividade térmica, α (m2/s) definida por: α = , onde ρ é a densidade e CP é a capacidade térmica. A distância x, a qual o calor se difunde em um tempo t é aproximadamente: x ≈ √ QUANDO AQUECIDOS, A MAIORIA DOS MATERIAIS SE EXPANDE. - COEFICIENTE DE EXPANSÃO TÉRMICA LINEAR (a) mede a deformação térmica por grau de mudança de temperatura. Para material termicamente isotrópico, o volume de expansão por grau é 3a. Para material anisotrópico, são necessários dois ou mais coeficientes e o volume de expansão torna-se a soma das principais deformações térmicas. - RESISTÊNCIA AO CHOQUE TÉRMICO (ΔT, K ou oC) é a máxima diferença de temperatura à qual um material pode ser resfriado rápida e repentinamente com água, sem dano. - FLUÊNCIA é a deformação lenta e dependente do tempo, que ocorre quando materiais são carregados acima de 1/3Tm ou 2/3 TG. PROPRIEDADES ELÉTRICAS - RESISTIVIDADE ELÉTRICA (ρe, Ωm) é a resistência de um cubo unitário com diferença de potencial unitária entre um par de suas faces. - CONDUTIVIDADE ELÉTRICA (ke) é o inverso da resistividade. Quando um isolante ou dielétrico é colocado em um campo elétrico, torna-se polarizado, aparecendo em sua superfície cargas que tendem a proteger o interior contra o campo elétrico. - CONSTANTE DIELÉTRICA (εT) mede a tendência ao dielétrico se polarizar. Para espaços vazios e finalidades práticas da maioria dos gases, seu valor é 1. Para a maioria dos isolantes, apresenta valores entre 2 e 30. Duas placas condutoras separadas por um dielétrico formam um capacitor (armazenador de carga). A carga, Q (C) é diretamente proporcional à diferença de tensão entre as placas, V Q = C V, onde C (Farads) é a capacitância. Um capacitor de placas paralelas, de área A, separadas por um espaço vazio (ou por ar) têm capacitância: C = εoA/t, onde εo = 18,85.10 -12 F/m. Substituindo o espaço vazio por um dielétrico, a capacitância aumenta em razão de sua polarização. A POLARIZAÇÃO envolve pequenos deslocamentos de carga (tanto de elétrons quanto de íons) ou de moléculas que portam um momento de dipolo quando um campo elétrico é aplicado ao material. Esse movimento de cargas é como uma corrente elétrica que estaria defasada em 90o em relação a tensão, caso não houvesse nenhuma perda. Porém em dielétricos reais, a corrente dissipa energia, resultando em um pequeno deslocamento de fases, δ. - A TANGENTE DE PERDA (tg δ ) ou fator de dissipação (D) é a tangente do ângulo de perda. - O FATOR DE POTÊNCIA, Pf é o seno do ângulo de perda. Quando δ é pequeno, temos que: Pf ≈ D ≈ sen δ - O FATOR DE PERDA (L) mede a energia dissipada por um dielétrico quando em um campo oscilante. É a tangente de perda multiplicada pela constante dielétrica, L = εT tg δ O fator de perda é uma medida ideal para selecionar materiais visando minimizar ou maximizar a perda dielétrica. PROPRIEDADES ÓPTICAS Todos os materiais permite alguma passagem de luz. Mesmo para o caso dos materiais metálicos, que é extremamente pequena. No interior de um material, a velocidade da luz (V) é sempre menor do que no vácuo (C). Um feixe de luz, atingindo a superfície a um ângulo de incidência, α, entrará no material a um ângulo β, chamado ângulo de refração. - O índice de refração, n = , relaciona-se com a constante dielétrica na mesma frequência: n ≈√ O índice de refração depende do comprimento de onda. Quanto mais denso o material, e maior a sua constante dielétrica, maior o índice de refração.Quando n = 1, toda a intensidade incidente entra no material. Quando n > 1 ocorre reflexão Se a superfície for lisa e polida, a luz é refletida como um feixe. Se a superfície for irregular, a luz é dispersada. - A porcentagem refletida, R = ( ) X 100. A medida que n aumenta, o valor de R se aproxima de 100%.
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