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Direito Penal I (1° BIMESTRE)

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DIREITO PENAL, PARTE GERAL
CONCEITO DE DIREITO PENAL
Conceito de Direito Penal sob a perspectiva formal: conjunto de normas que proíbem certos comportamentos humanos (ações ou omissões) sob pena de aplicação de uma sanção (pena); sob a perspectiva social: mecanismo estatal de controle social, aplicado subsidiariamente a outros mecanismos de controle, como a igreja, a escola, a família e outras esferas do direito.
Direito Penal ou Direito Criminal? Segundo Basileu Garcia não estava correto dizer Direito penal pois dava ênfase a pena, não abrangiam as medidas de segurança.
Código penal: conjunto de normas que visam tanto a definir crimes, proibindo ou impondo condutas, sob a ameaça de sanções aos imputáveis e medida de segurança para os imputáveis, como também a criar normas de aplicação geral.
	Art. 12: As regras gerais deste Código aplicam-se aos fatos incriminados por lei especial, se esta não se dispuser de modo diverso.
OBJETIVO 
A finalidade do direito penal é proteger os bens mais importantes e necessários para a sobrevivência da sociedade. Segundo Nilo Batista “a missão do direito penal é a proteção dos bens jurídicos, através da cominação, aplicação e execução da pena.”; o direito penal tutela os elementos valiosos politicamente; ele cobre a vingança privada, garante a legalidade estrita da norma.
Pena: instrumento do direito penal que se vale para a proteção dos bens, valores e interesses mais significativos da sociedade.
FONTE
O Estado é a nossa única fonte de produção do direito penal. (Inciso I do art 22, compete privativamente à União legislar sobre direito penal); quando nossa Carta Maior diz competir privativamente à União legislar sobre o direito penal, quer dizer que somente com a vontade do povo, representado pelos seus deputados, com a vontade dos Estados, representados pelos seus senadores, e com a sanção do Presidente da República, é que se pode inovar em matéria penal, criando ou revogando.
Para que se possa exteriorizar a vontade do Estado deve-se valer um instrumento, instrumento esse que é única fonte de cognição ou de conhecimento do Direito Penal: a Lei. A fonte de cognição é subdividida em duas
- imediata: é a lei. Para saber se tal conduta praticada é ilícita devemos recorrer exclusivamente a lei.
- mediatas: costumes, jurisprudência, doutrina. Costumes não revogam leis, mas fazem com que os elaboradores da lei repensem a necessidade ou não da permanência de determinado tipo penal incriminador.
DENOMINAÇÕES
Há outras denominações do direito penal:
- direito penal objetivo: descreve uma conduta proibitiva e impõe uma sanção ou medida de segurança
- direito penal subjetivo: é o jus puniendi exercido pelo Estado, ou seja, o poder-dever do Estado de fazer valer a norma, caso haja um delito cabe ao Estado praticar a persecutio criminis in judicio. Divide-se em em três elementos que são a pretensão intimidatória, primitiva e executória; ainda pode ser dividido em positivo (poder do Estado de não somente criar normas penais como também executá-las) e negativo (a faculdade de julgar os preceitos penais).
- direito penal de culpabilidade e de periculosidade
- direito penal de fato, do autor e do fato que considera o autor
NORMA PENAL
	Art. 1: não há crime sem lei anterior que o defina, nem pena sem prévia cominação legal.
A proibição e o mandamento, que vem inseridos na lei, são reconhecidos como normas penais.
Teoria de Binding: para ele, um criminoso quando praticava a conduta descrita no núcleo do tipo (o verbo da ação, art. 121 matar alguém - pena: reclusão de, 6 a 20 anos), não infringia a lei, mas sim a norma penal nela descrita. Discordando dele, Luis Regis Prado dizia que a lei é a fonte da norma penal, a norma é conteúdo da lei penal, a lei penal contém uma norma que é a proibição conduta nela descrita, quando se diz “matar alguém” está contida uma norma penal proibitiva “não matarás”. Binding dizia que a lei tinha caráter proibitivo ou mandamental.
CLASSIFICAÇÃO DA NORMA PENAL
1. Normas penais incriminadoras e normas penais não incriminadoras:
As normas penais não tem como finalidade unica e exclusiva punir aqueles que praticam as condutas descritas nos chamados tipos penais incriminadores. Existem normas que contém tem finalidade de excluir o crime o isentar o réu da pena.
- normas penais incriminadoras: função de definir as infrações penais, proibindo ou impondo condutas, sob ameaça de pena. É a norma penal por excelência, no sentido estrito. Existem dois preceitos nela (a) preceito primário, encarregado de fazer a descrição perfeita e detalhada da conduta, (b) preceito secundário, que individualiza a pena, cominando-a em abstrato.
	Art.: 155. Subtrair, para si ou para outrem, coisa alheia móvel. Pena - reclusão, de 1 (um) ou 4 (quatro) anos, e multa.
- normas penais não incriminadoras: tornam lícitas determinadas condutas, afasta a culpabilidade do agente com causas de isenção de pena, esclarecem determinados conceitos, fornecem princípios gerais para a aplicação da lei penal. São subdivididas em:
(a) permissivas justificantes, que tem por finalidade afastar a ilicitude (antijuridicidade) da conduta do agente; permissivas exculpantes, que se destinam a eliminar a culpabilidade, isentando o agente de pena.
	Art. 23. Não há crime quando o agente pratica o fato:
I - em estado de necessidade
II - em legítima defesa
III - em estrito cumprimento do dever legal ou no exercício do direito.
Art. 26. É isento de pena o agente que, por doença mental ou desenvolvimento mental incompleto ou retardado, era, ao tempo da ação ou da omissão, inteiramente incapaz de entender o caráter ilícito do fato ou de determinar-se de acordo com esse entendimento.
(b) explicativas: visam esclarecer ou explicar conceitos.
	Art. 327 - Considera-se funcionário público, para os efeitos penais, quem, embora transitoriamente ou sem remuneração, exerce cargo, emprego ou função pública.
§ 1º - Equipara-se a funcionário público quem exerce cargo, emprego ou função em entidade paraestatal, e quem trabalha para empresa prestadora de serviço contratada ou conveniada para a execução de atividade típica da Administração Pública. (Incluído pela Lei nº 9.983, de 2000)
§ 2º - A pena será aumentada da terça parte quando os autores dos crimes previstos neste Capítulo forem ocupantes de cargos em comissão ou de função de direção ou assessoramento de órgão da administração direta, sociedade de economia mista, empresa pública ou fundação instituída pelo poder público. (Incluído pela Lei nº 6.799, de 1980)
(c) complementares: fornecem princípios gerais para a aplicação da lei penal.
2. Norma penal em branco
São aquelas que há necessidade de complementação para que se possa compreender o âmbito de aplicação de seu preceito primário
Podem ser homogêneas se originada da mesma instância legislativa que a norma complementada, e subdivididas em homovitelina se a norma penal é complementada por outra norma penal ou heterovitelina, se a norma penal for complementada por uma norma extrapenal; ou pode ser heterogênea se originada de instância legislativa diferente da norma complementar.
Podem ser também ao avesso ou invertidas, quando se diz respeito a sanção, não a proibição.
3. Interpretação da norma penal
(a) quanto ao sujeito (origem):
autêntica ou legislativa: fornecida pela própria lei, como por exemplo o art. 327 CP que dá o conceito de funcionário público (é uma norma penal não incriminadora complementar).
doutrinária ou científica; feita pelos estudiosos (exemplo livro de doutrina)
jurisprudencial: é o significado dado às Leis pelos tribunais (pode ser caráter vinculante)
(b) quanto ao modo, meio de interpretação
gramatical: o intérprete considera o sentido literal das palavras.
teleologico: o intérprete perquirir a intenção contida na Lei (por exemplo os artigos 319-A e 349-A que proíbem a comunicação dentro do presídio com o exterior, nada se fala de chips, carregadores, baterias de celular, mas tais acessórios servem para issoe são proibidos).
sistemática: interpretação em conjunto com a legislação em vigor e com os princípios gerais do direito ( por exemplo o art. 44 que não permite penas alternativas quando o crime é doloso cometido com violência, porém nos casos de lesão corporal leve a pena alternativa é incentivada tendo em vista a interpretação sistemática do Código Penal.
progressiva: busca o significado legal de acordo com a evolução da ciência (por exemplo a Lei Maria da Penha, muitos dizem que devem amparar os transsexuais)
(c) quanto ao resultado
declarativa: aquela que a letra da Lei corresponde exatamente aquilo que ela quer dizer, nada adicionado ou suprimido.
restritiva: a interpretação reduz o alcance das palavras da Lei para corresponder a vontade do texto.
(d) analogica: interpretação necessária a extrair o sentido da norma mediante os próprios elementos fornecidos por ela (por exemplo Art. 121, que primeiro apresenta a fórmula da lei e depois seus incisos, fórmulas genéricas a serem preenchidas.
PRINCÍPIOS GERAIS DO DIREITO PENAL
1. Princípio da legalidade
Nullum crimen nulla poena sine lege: nenhum crime será punido sem que haja uma lei. Ninguém está obrigado a fazer ou deixar de fazer algo, a menos que esteja previsto em lei. Através dele os indivíduos estarão protegidos pelos atos cometidos pelo Estado e por outros indivíduos.
	Art. 5, inciso II, CF. Ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma coisa, senão em virtude da lei.
Art. 37, CF. A administração pública direta e indireta de qualquer dos poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios obedecerá aos princípios da legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade, (...)
2. Princípio da reserva legal
Não somente define ou informa uma lei, mas determina se a regulamentação de um assunto deverá ser feito através de lei formal ou escrita; se refere a lei ou emenda que irá regular uma situação. O réu não será punido se não houver uma lei escrita, estrita e justa.
 
3. Princípio da fragmentariedade
O direito penal só deve se preocupar com ofensas realmente graves aos bens jurídicos protegidos.
Intervenção mínima: Claus Roxin - não há tipicidade material, há tipicidade formal.
Se a conduta for insignificante, a exemplo de quem furta um clipe de metal, a conduta deve ser tida como atípica, inexistindo tipicidade material.
4. Princípio da subsidiariedade
Lei penal como ultima ratio, só se é utilizada quando fracassam as demais formas protetoras do bem jurídico previstas em outros ramos do Direito. Uma conduta inicial faz surgir uma incriminadora que, pela gravidade da atuação do agente, passa a configurar outro crime.
Por exemplo, se o agente A com doença venérea mantém relações sexuais com B, A responderá pelo art. 130 do CP (expor a vítima ao contágio da moléstia), porém se resultar na morte de B, o agente A responderá pelo crime de homicídio: subsidiariedade do artigo 130 em relação aos artigos 121 e 129.
5. Princípio da lesividade (ou ofensividade)
Exige de que o fato praticado ocorra lesão ou perigo de lesão ao bem jurídico tutelado; o legislador não pode criar tipos penais para criminalizar condutas inofensivas. A conduta lesiva deverá também afetar interesse de outrem, portanto não há sanção quando os atos praticados pelo agente se encontra na esfera de interesse próprio do agente (autolesão por exemplo).
6.Princípio da insignificância (ou bagatela)
Somente lesões significantes devem sofrer intervenção penal, levando em conta bens jurídicos mais importantes. Seus requisitos são:
mínima ofensividade
nenhuma periculosidade da ação
reduzidíssima reprovabilidade relevante no comportamento
inexpressividade da lesão ao bem jurídico tutelado pela lei
7. Princípio da intranscendência da pena
A pena deve ser imposta ao condenado, ela não pode transcender, somente o condenado que será submetido a uma sanção penal; também chamada de “responsabilidade penal” pois não é passada para terceiros.
	Art. 5. Inciso XLV, CF – Nenhuma pena passará da pessoa do condenado, podendo a obrigação de reparar o dano e a decretação do perdimento de bens ser, nos termos da lei, estendidas aos sucessores e contra eles executadas, até o limite do valor do patrimônio transferido.
8. Princípio da individualização da pena
Garante que as penas dos infratores não sejam igualadas, mesmo que tenham praticados crimes idênticos.
	Art. 5. Inciso XLVI, CF - a lei regulará a individualização da pena e adotará, entre outras, as seguintes:
a) privação ou restrição da liberdade;
b) perda de bens;
c) multa;
d) prestação social alternativa;
e) suspensão ou interdição de direitos;
A individualização da pena ocorre em três fases:
cominação: o legislador seleciona os tipos penais no plano abstrato, individualizando as penas de cada infração penal de acordo com sua importância e gravidade.
aplicação: momento que o julgador aplica a lei.
execução: o condenado será classificado, segundo seus antecedentes e personalidade, para orientar a individualização da execução penal.
9. Princípio da humanidade da pena
O objetivo da pena não é o sofrimento ou degradação do apenado. O Estado não pode aplicar sanções que lesione a dignidade da pessoa humana ou que lesionam a constituição físico-psíquica do condenado.
10. Princípio da adequação social
Não se pode castigar aquilo que a sociedade acha correto. São exemplos as tatuagens, furos na orelha em bebês.
11. Princípio da proporcionalidade
Exige do agente público que utilize a prudência, sensatez, bom senso, evitando condutas absurdas, bizarras e incoerentes. Tem três elementos:
adequação: o ato administrativo deve ser capaz de atingir os objetivos pretendidos.
necessidade: o ato administrativo utilizado deve ser o menos restritivo aos direitos individuais.
proporcionalidade em sentido estrito: deve haver uma proporção adequada entre os meios utilizados e os fins desejados. Proíbe não só o excesso, como também a insuficiência de proteção.
12. Princípio do “non bis in idem”
Ninguém poderá ser punido mais de uma vez pela mesma infração penal.
13. Princípio do “in dubio pro reo”
Na dúvida interpreta-se a favor do acusado, pois a garantia da liberdade deve ser maior que a pretensão punitiva do Estado. Não conseguindo o Estado angariar provas suficientes da materialidade e autoria do crime, o juiz deverá absolver o réu.
TEORIA GERAL DA LEI PENAL
LEI PENAL DO TEMPO
A Lei penal, assim como tudo, também nasce, vive e morre. Uma lei anterior, perde sua vigência quando entra em vigor uma lei nova regulando a mesma matéria e entre esses dois limites rege sua eficácia, não retroage nem tem ultra-atividade; a lei aplicável a prática do crime é a lei vigente no tempo de sua execução, porém isso traz varias duvidas quando um sujeito pratica uma conduta criminosa sob a vigência de uma lei, e a sentença condenatória venha a ser prolatada pela vigência de outra, que comine pena distinta de primeira, ou que durante a execução da pena surja uma nova lei regulando o mesmo fato com sanção mais suave, por isso existem os princípios.
1. Irretroatividade da lei penal: normas que regulam as infrações penais não podem modificar-se após as suas execuções em prejuízo do cidadão. Também protege o indivíduo do legislador, impedindo-o de criminalizar novas condutas, já praticadas por aquele que, desconhecendo tal circunstância, não tem como nem porque evitá-la; a irretroatividade da lei penal limita-se às normas penais de caráter material.
2. Retroatividade e ultratividade da lei mais benigna
A lei anterior que tiver mais favorável terá ultratividade e prevalecerá mesmo ao tempo de vigência da lei nova, apesar de já estar revogada, o inverso também é verdadeiro. Aplicam-se ás normas de Direito Penal material.
HIPÓTESES DE CONFLITOS DE LEIS PENAIS NO TEMPO
	Art. 2º Ninguém pode ser punido por fato que lei posterior deixa de considerar crime, cessando em virtude dela a execução e os efeitos penais da sentença condenatória. Parágrafo único. A lei posterior,que de qualquer modo favorecer o agente, aplica-se aos fatos anteriores, ainda que decididos por sentença condenatória transitada em julgado.
a) Abolitio Criminis
Quando a lei nova deixa de considerar crime fato anterior tipificado como ilícito penal. A lei nova retira a característica de ilicitude penal de uma conduta precedentemente incriminada. Na hipótese de Abolitio criminis não subsiste nem a execução da pena, mesmo se transitada em julgado; se o condenado já tiver cumprido a pena terá sua folha de antecedente inteiramente corrigida, já que não é mais crime.
Configura uma situação de lei penal posterior mais benigna; faz desaparecer todos os efeitos penais, permanecendo os civis.
b) Novatio legis incriminadora
Ao contrário da Abolitio criminis, essa considera crime algo que anteriormente era lícito. É irretroativa e não pode ser aplicada a fatos praticados antes de sua vigência, há uma proibição de retroatividade das normas mais severas do direito penal material.
c) Novatio legis in pejus
Lei posterior que agravar a situação do sujeito não retroagirá. Se houver um conflito entre duas leis, lei anterior mais benigna e a posterior mais severa será aplicada a mais benigna.
A lei posterior ou anterior mais benigna se chamará lex gravior e não poderá será aplicada a fatos ocorridos antes de sua vigência.
d) Novatio legis in mellius
Pode ocorrer de a lei nova, mesmo sem descriminalizar, de tratamento mais favorável ao sujeito. Mesmo que a sentença condenatória esteja em execução, considera-se a lex mitior que retroage a aplica-se imediatamente aos processos em andamento.
SOLUÇÃO DE CONFLITOS
a) Princípio da especialidade
Considera-se especial uma norma penal em relação a outra geral, quando reúne todos os elementos desta, acrescidos de mais alguns; “toda ação que realiza o tipo do delito especial também realiza necessariamente, ao mesmo tempo, o tipo do geral, enquanto que o inverso não é verdadeiro”
exclui o bis in idem, determinando a prevalência da norma especial em comparação com a geral
pode ser estabelecido in abstracto, enquanto os outros princípios exigem o confronto in concreto.
b) Princípio da subsidiariedade
Há relação de primariedade e subsidiariedade entre duas normas quando descrevem graus de violação de um mesmo bem jurídico, de forma que a norma subsidiária é afastada pela aplicabilidade da norma principal. Quando distintas proposições jurídicos-penais protegerem o mesmo bem jurídico em diferentes estádios de ataque, se a pena principal (sempre mais grave que a subsidiária) é excluída por qualquer causa a pena do tipo subsidiária como apresentar-se como “soldado reserva” e aplicar-se como residuum.
tácita: quando determinada figura figura típica funcionar como elemento constitutivo, majorante ou meio prático de execução de outra figura mais grave.
expressa: quando a norma em seu próprio texto condiciona a sua aplicação à não aplicação de outra norma mais grave.
	Art. 132. Expor a vida ou saúde de outrem a perigo direto e iminente. Pena - detenção de três meses a um ano, se o fato não constitui crime mais grave.
c) Princípio da consunção
Há consunção quando o fato previsto em determinada norma é compreendida em outra, mais abrangente, aplicando-se somente esta; quando a intenção criminosa é alcançada pelo cometimento de mais de um tipo penal, devendo o agente ser punido por apenas um delito; o crime consumado absorve o crime tentado, o crime de perigo é absolvido pelo crime de dano.
crime progressivo: ocorre quando o agente objetivando, desde o início, produzir o resultado mais grave, prática, por meio de atos sucessivos, crescentes violações ao bem jurídico. O último ato, causador do resultado inicialmente pretendido, absorve todos os outros anteriores por serem de menor gravidade diante deste. (Um homem chega em casa e a espanca até a morte, as lesões corporais serão absorvidas e ele responderá pelo homicídio)
crime complexo: resulta da fusão de dois ou mais delitos autônomos, que passam a funcionar como elementares ou circunstâncias no tipo complexo. (Crime de latrocínio, roubo + homicídio, prevalece o tipo resultante da reunião daqueles)
progressão criminosa: durante a execução do crime o agente progride na sua intenção, praticando um crime mais grave. Nesse caso o agente quer um resultado, mas ao atingi-lo ele quer um outro resultado, o que faz com que o crime seja mais grave. Embora haja diferentes condutas o agente só responde pelo ato final que é o mais grave.
d) Antefato e pós-fato impuníveis
Sempre que o fato anterior for o menos grave, praticado como meio necessário para realização de outro mais grave, será absorvido; porém, se a gente falsifica uma carteira de identidade e com ela comete um estelionato, respondemos pelos dois crimes, já que com a falsificação da identidade há várias possibilidades de fraude, se falsifica a assinatura de um fólio de cheque e passasse a um comerciante, seria somente o estelionato.
e) Fato posterior não punivel
Após realizada a conduta, o agente pratica um novo ataque contra o mesmo bem jurídico, visando apenas tirar proveito da prática anterior. O fato posterior é tomado como mero exaurimento. (Quando um ladrão após cometer furto, vende ou destrói a res.
f) Princípio da alternatividade ou crimes de ação múltipla ou de conteúdo variado
Pode ser aplicado no caso de crimes plurinucleares, quando o crime apresenta vários verbos; o conflito se daria ao verificar-se a prática de mais de uma modalidade do crime prevista em lei.
LEI INTERMEDIÁRIA
Quando há uma sucessão de leis penais e a mais favorável não é nem a lei do tempo de fato ou a última, mas uma intermediária, não a aplica, pois a lei não se refere a ela expressamente, ela não estava em vigor em nenhum momento especial. porém, deve-se aplicar a lei mais favorável, e se a lei intermediária for essa, ela deverá ser aplicada.
LEIS EXCEPCIONAIS E TEMPORÁRIAS
Leis temporárias são aquelas que são previamente fixada pelo legislador, quando exigem uma maior intervenção estatal de controle social.
Leis excepcionais são as que vigem durante situações de emergência como epidemias, guerras, catástrofes.
LEI PENAL NO ESPAÇO
1. Princípio da territorialidade
Em relação ao lugar do crime temos três teorias:
teoria de atividade: lugar do crime seria da ação ou da omissão, ainda que o lugar do resultado fosse diferente.
teoria do resultado: o lugar do crime será onde se teve o resultado do mesmo.
teoria mista ou ubiquidade: é a teoria adotada pelo nosso regime penal descrito no artigo 6.
	Art. 6º Considera-se praticado o crime no lugar em que ocorreu a ação ou a omissão, no todo ou em parte, bem como onde se produziu ou deveria produzir-se o resultado. 
Aplica-se a lei penal brasileira aos fatos puníveis praticados no território nacional, independentemente da nacionalidade do agente, da vítima ou do bem jurídico lesado.
Tratando de territorialidade devemos falar sobre o conceito de território nacional:
no sentido jurídico: soberania brasileira
sentido real ou material: compreende o solo, o subsolo, rios, lagos e mar territorial (até 12 milhas a partir da baixa-mar do território continental ou peninsular, bem como o leito e a coluna atmosférica)
por extensão: compreende os navios ou aeronaves públicas ou a serviço do governo brasileiro onde quer que se encontrem, bem como as aeronaves e embarcações brasileiras privadas quando se encontrarem em alto-mar (mar neutro) - princípio da bandeira ou pavilhão.
PRINCÍPIO DA EXTRATERRITORIALIDADE
Pode ser incondicionada: é à possibilidade de aplicação da lei penal brasileira à fatos ocorridos no estrangeiro sem que seja necessário o concurso de qualquer condição.
	Art. 7º Ficam sujeitos à lei brasileira, embora cometidos no estrangeiro: 
I – os crimes:
a) contra a vida ou a liberdade do Presidente da República (princípio da defesa, real ou de proteção);
b) contra o patrimônio ou a fé pública da União, do Distrito Federal, de Estado, de Território, de Município, de empresapública, sociedade de economia mista, autarquia ou fundação instituída pelo Poder Público;
c) contra a administração pública, por quem está a seu serviço;
d) de genocídio,1 quando o agente for brasileiro ou domiciliado no Brasil.
Em qualquer da hipóteses do Inciso I do art. 7° do CP o agente será punido segundo à lei brasileira, ainda que absolvido ou condenado no estrangeiro; em caso de condenação à pena cumprida no estrangeiro atenua a pena imposta no Brasil pelo mesmo crime, evitando o bis in idem (agente ser punido duas vezes pelo mesmo fato).
Podendo ser condicionada, encontra-se prevista no inciso II do art. 7° do CP, que diz sujeitar-se à lei brasileira, embora cometidos no estrangeiro:
	II – os crimes: 
a) que, por tratado ou convenção, o Brasil se obrigou a reprimir (princípio da universalidade, da justiça universal ou cosmopolita); 
b) praticados por brasileiro (princípio da personalidade ativa);
c) praticados em aeronaves ou embarcações brasileiras, mercantes ou de propriedade privada, quando em território estrangeiro e aí não sejam julgados (princípio da representação). 
	 Art. 7° § 2º. Ficam sujeitos à lei brasileira, embora cometidos no estrangeiro
a) entrar o agente no território nacional; 
b) ser o fato punível também no país em que foi praticado; 
c) estar o crime incluído entre aqueles pelos quais a lei brasileira autoriza a extradição; 
d) não ter sido o agente absolvido no estrangeiro ou não ter aí cumprido a pena; 
e) não ter sido o agente perdoado no estrangeiro ou, por outro motivo, não estar extinta a punibilidade, segundo a lei mais favorável. 
DISPOSIÇÕES SOBRE À APLICAÇÃO DA LEI PENAL
1. Eficácia da sentença estrangeira
À sentença judicial é um ato de soberania do Estado, porém, seria ineficaz e insuficiente se não pudéssemos executá-la.
	Art. 9º - A sentença estrangeira, quando a aplicação da lei brasileira produz na espécie as mesmas conseqüências, pode ser homologada no Brasil para: (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
I - obrigar o condenado à reparação do dano, a restituições e a outros efeitos civis; (Incluído pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
II - sujeitá-lo a medida de segurança.(Incluído pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
Parágrafo único - A homologação depende: (Incluído pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
a) para os efeitos previstos no inciso I, de pedido da parte interessada; (Incluído pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
b) para os outros efeitos, da existência de tratado de extradição com o país de cuja autoridade judiciária emanou a sentença, ou, na falta de tratado, de requisição do Ministro da Justiça. (Incluído pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
Contagem de prazo (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
Compete ao Superior Tribunal de Justiça à homologação das sentenças estrangeiras que era levado à efeito pelo Supremo Tribunal Federal.
2. Contagem de prazo
	CP - Art. 10 - O dia do começo inclui-se no cômputo do prazo. Contam-se os dias, os meses e os anos pelo calendário comum. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
	CPP - Art. 798. Todos os prazos correrão em cartório e serão contínuos e peremptórios, não se interrompendo por férias, domingo ou dia feriado.
§ 1o Não se computará no prazo o dia do começo, incluindo-se, porém, o do vencimento.
§ 2o A terminação dos prazos será certificada nos autos pelo escrivão; será, porém, considerado findo o prazo, ainda que omitida aquela formalidade, se feita a prova do dia em que começou a correr.
§ 3o O prazo que terminar em domingo ou dia feriado considerar-se-á prorrogado até o dia útil imediato.
§ 4o Não correrão os prazos, se houver impedimento do juiz, força maior, ou obstáculo judicial oposto pela parte contrária.
§ 5o Salvo os casos expressos, os prazos correrão:
a) da intimação;
b) da audiência ou sessão em que for proferida a decisão, se a ela estiver presente a parte;
c) do dia em que a parte manifestar nos autos ciência inequívoca da sentença ou despacho.
Prazos que dizem respeito ao normal andamento do processo deverão ter à natureza do processo penal, e os que dizem respeito diretamente ao direito de liberdade dos cidadãos serão prazos penais.
CONCEITO DE CRIME
a) formal: é a subsunção de fato à norma penal, ou seja, é à adequação/correlação da conduta à um tipo penal previsto em lei.
b) material: é à conduta humana positiva ou negativa que causa lesão ou perigo de lesão à um bem jurídico tutelado pela lei.
c) analitico: teoria bipartite, o crime é um fato típico e antijurídico, sendo a culpabilidade um pressuposto para aplicar a pena.
Crime sob o aspecto formal seria toda conduta que atentasse, colidisse frontalmente com a lei penal editada pelo Estado; considerando o seu aspecto material o crime é aquela conduta que viola os bens jurídicos mais importantes. Percebemos que sob o conceito formal e material não se tem uma precisão do que é crime, se há uma lei penal editada pelo Estado e o agente à viola haverá crime. O conceito material sobreleve à importância do princípio da intervenção mínima quando diz que somente haverá crime quando à conduta do agente atentar contra os bens mais importantes.
Por não haver um conceito definitivo surge então o conceito analitico de crime onde para que possa se falar em crime tenha o agente tenha que ter praticado uma ação típica, ilícita e culpável (algun autores ainda dizem que à punibilidade também integra tal conceito). À função do conceito analitico é de analisar todos os elementos ou características que integram o conceito de infração penal de modo unitário e indivisível: ou agente comete o delito (fato típico, ilícito e culpável) ou o fato por ele praticado é um indiferente penal.
Fato típico é composto dos seguintes elementos:
conduta dolosa ou culposa, comissiva ou omissiva
resultado
nexo de causalidade entre a conduta e o resultado
tipicidade (formal e conglobante)
À ilicitude é aquela relação de contrariedade que se estabelece entre a conduta do agente e o ordenamento jurídico; somente será lícita a conduta se o agente houver atuada amparado por uma das causas excludentes da ilicitude.
	Art. 23 - Não há crime quando o agente pratica o fato: (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
I - em estado de necessidade; (Incluído pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
II - em legítima defesa; (Incluído pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
III - em estrito cumprimento de dever legal ou no exercício regular de direito. (Incluído pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
Excesso punível (Incluído pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
Parágrafo único - O agente, em qualquer das hipóteses deste artigo, responderá pelo excesso doloso ou culposo. (Incluído pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
Estado de necessidade
Contudo, para que se possa excluir a ilicitude é preciso, quanto ao consentimento:
que o ofendido tenha capacidade para consentir
que o bem sobre o qual recaia à conduta do agente seja disponível
que o consentimento tenha sido dado anteriormente
Culpabilidade é o juízo de reprovação pessoal que se faz sobre a conduta ilícita do agente. São elementos integrantes da culpabilidade:
imputabilidade
potencial consciência sobre a ilicitude do fato
exigibilidade de conduta diversa
CLASSIFICAÇÃO DOUTRINÁRIA DOS CRIMES
1. Quanto às circunstâncias dos crimes
	Crime simples
	 Figura típica simples
	Art. 121. Matar alguém: pena, reclusão de seis a vinte anos.
	Crime privilegiado
	O legislador acrescenta ao tipo determinadas circunstâncias de natureza objetiva ou subjetiva, com função de diminuição de pena.
	Art. 121. § 1° se o agente comete crime impelido por motivo de relevante valor social ou moral, ou sob o domínio de violenta emoção, logo em seguida a injusta provocação da vítima, o juiz pode reduzir a pena de um sexto a um terço.
	Crime qualificado
	o legislador agrega circunstâncias que aumentam a pena
	Art. 121. § 2° Se o homicídio é cometido:
I - mediante paga ou promessa de recompensa, ou por outro motivo torpe;
II - por motivo fútil;
III - com empregode veneno, fogo, explosivo, asfixia, tortura ou outro meio insidioso ou cruel, ou de que possa resultar perigo comum;
IV - à traição, de emboscada, ou mediante dissimulação ou outro recurso que dificulte ou torne impossível a defesa do ofendido;
V - para assegurar a execução, a ocultação, a impunidade ou vantagem de outro crime:
Pena - reclusão, de doze a trinta anos.
2. Quanto ao sujeito
	Crime comum
	Podem ser realizados por qualquer pessoa, não exige uma qualidade especial do sujeito ativo
	Art. 121. Matar alguém
	Crime próprio
	Exige determinada condição especial do agente.
	Art. 124 - Provocar aborto em si mesma ou consentir que outrem lho provoque: pena - detenção, de um a três anos.
	Crime de mão própria
	Não admite participação de outro.
	Art. 342. Fazer afirmação falsa, ou negar ou calar a verdade como testemunha, perito, contador, tradutor ou intérprete em processo judicial, ou administrativo, inquérito policial, ou em juízo arbitral: Pena - reclusão, de 2 (dois) a 4 (quatro) anos, e multa. 
	Crime de concurso necessário
	Delito cuja ação impõe a participação de mais de uma pessoa. A infração penal só se configura com o número de agentes mencionados no tipo
	Art. 137 Participar de rixa, salvo para separar os contendores: pena - detenção, de quinze dias a dois meses, ou multa.
Parágrafo único - Se ocorre morte ou lesão corporal de natureza grave, aplica-se, pelo fato da participação na rixa, a pena de detenção, de seis meses a dois anos
3. Quanto à consumação
	Crime instantâneo
	Consumação acontece na hora do crime, sem produzir resultado depois do crime.
	Art. 155 - Subtrair, para si ou para outrem, coisa alheia móvel
	Crime permanente
	O resultado se prolonga no tempo, a consumação continua ocorrendo enquanto perdurar determinada situação.
	Art. 148 - Privar alguém de sua liberdade, mediante seqüestro ou cárcere privado: pena - reclusão, de um a três anos.
§ 1º - A pena é de reclusão, de dois a cinco anos:
I - se a vítima é ascendente, descendente, cônjuge ou companheiro do agente ou maior de 60 (sessenta) anos;
II - se o crime é praticado mediante internação da vítima em casa de saúde ou hospital;
III - se a privação da liberdade dura mais de quinze dias.
IV - se o crime é praticado contra menor de 18 (dezoito) anos;
V - se o crime é praticado com fins libidinosos.
§ 2º - Se resulta à vítima, em razão de maus-tratos ou da natureza da detenção, grave sofrimento físico ou moral:
Pena - reclusão, de dois a oito anos.
	Crime instantâneo de efeitos permanentes
	Ocorreu o crime agora, porém suas consequências continuam.
	Art. 235 - Contrair alguém, sendo casado, novo casamento:
Pena - reclusão, de dois a seis anos.
§ 1º - Aquele que, não sendo casado, contrai casamento com pessoa casada, conhecendo essa circunstância, é punido com reclusão ou detenção, de um a três anos.
§ 2º - Anulado por qualquer motivo o primeiro casamento, ou o outro por motivo que não a bigamia, considera-se inexistente o crime.
Induzimento a erro essencial e ocultação de impedimento
	Crimes habituais
	Sua conduta não é crime de forma isolada, ela pode ser uma conduta ilícita que se torna um estilo de vida
	Art. 230 - Tirar proveito da prostituição alheia, participando diretamente de seus lucros ou fazendo-se sustentar, no todo ou em parte, por quem a exerça:
Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa.
§ 1o Se a vítima é menor de 18 (dezoito) e maior de 14 (catorze) anos ou se o crime é cometido por ascendente, padrasto, madrasta, irmão, enteado, cônjuge, companheiro, tutor ou curador, preceptor ou empregador da vítima, ou por quem assumiu, por lei ou outra forma, obrigação de cuidado, proteção ou vigilância: pena - reclusão, de 3 (três) a 6 (seis) anos, e multa.
§ 2o Se o crime é cometido mediante violência, grave ameaça, fraude ou outro meio que impeça ou dificulte a livre manifestação da vontade da vítima: pena - reclusão, de 2 (dois) a 8 (oito) anos, sem prejuízo da pena correspondente à violência.
4. Quanto à conduta
	Comissivos
	Proíbem condutas, são normas proibitivas
	Art. 121. Matar alguém
	Omissivos Próprios
	Contém mandamentos, imposições, são normas mandamentais
	Art. 135. Deixar de prestar assistência, quando possível fazê-lo, sem risco pessoal, à criança abandonada ou extraviada, ou à pessoa inválida ou ferida, ao desamparo ou em grave e iminente perigo; ou não pedir, nesses casos, o socorro da autoridade pública.
	Omissivos Impróprio, comissivos por omissão ou omissivos qualificados
	Norma constante do tipo penal é proibitiva, entretanto o agente age equiparado à omissão em virtude da sua posição de garantidor
	Art. 121. Matar alguém
* Uma mãe que deixa de alimentar a filha causando-lhe à morte, ela gozava do status de garantidor e omitiu à responsabilidade de alimentar sua filha
	Conduta mista
	Prática de uma conduta comissiva e, posteriormente, omissiva
	Art. 169 Apropriar-se alguém de coisa alheia vinda ao seu poder por erro, caso fortuito ou força da natureza.
* O agente acha coisa alheia e dela se apropria (comissivo), deixando de restituí-la (omissivo) ao dono ou entregar à autoridade competente dentro do prazo de 15 dias.
5. Quanto ao “Iter criminis”
	Crime consumado
	Quando ele alcança seu objetivo.
	Art. 14 - Diz-se o crime:
I - consumado, quando nele se reúnem todos os elementos de sua definição legal
	Crime tentado
	Iniciado o crime, mas por motivos alheios não é concluído
	Art. 14 - Diz-se o crime:
II - tentado, quando, iniciada a execução, não se consuma por circunstâncias alheias à vontade do agente.
	Crime exaurido
	O agente tem o resultado do crime, porém o subsequente é indiferente.
	Art. 317 - Solicitar ou receber, para si ou para outrem, direta ou indiretamente, ainda que fora da função ou antes de assumi-la, mas em razão dela, vantagem indevida, ou aceitar promessa de tal vantagem: pena - reclusão, de 2 (dois) a 12 (doze) anos, e multa.
§ 1º - A pena é aumentada de um terço, se, em conseqüência da vantagem ou promessa, o funcionário retarda ou deixa de praticar qualquer ato de ofício ou o pratica infringindo dever funcional.
§ 2º - Se o funcionário pratica, deixa de praticar ou retarda ato de ofício, com infração de dever funcional, cedendo a pedido ou influência de outrem: pena - detenção, de três meses a um ano, ou multa.
	Crime impossível
	Não há resultado por ineficácia do meio (matar um morto)
	Art. 17 - Não se pune a tentativa quando, por ineficácia absoluta do meio ou por absoluta impropriedade do objeto, é impossível consumar-se o crime.
6. Quanto a intenção do agente
	Crime culposo
	Quando não se tem a intenção de cometer o crime
	Art. 18 - Diz-se o crime:
II - culposo, quando o agente deu causa ao resultado por imprudência, negligência ou imperícia. 
	Crime doloso
	Quando tem intenção de cometer o crime ou assume o risco do mesmo
	Art. 18 - Diz-se o crime:
I - doloso, quando o agente quis o resultado ou assumiu o risco de produzi-lo;
	Crime preterdoloso
	Dolo no antecedente e culpa no consequente
	Art. 129. Ofender a integridade corporal ou a saúde de outrem:
§ 3° Se resulta morte e as circunstâncias evidenciam que o agente não quis o resultado, nem assumiu o risco de produzi-lo: pena - reclusão, de quatro a doze anos.
7. Quanto ao resultado
	Crime material
	Só se consuma com a produção do resultado naturalístico, como a morte no homicídio.
	Art. 171 - Obter, para si ou para outrem, vantagem ilícita, em prejuízo alheio, induzindo ou mantendo alguém em erro, mediante artifício, ardil, ou qualquer outro meio fraudulento:
Pena - reclusão, de um a cinco anos, e multa, de quinhentos mil réis a dez contos de réis
(O estelionato só se consuma com a obtenção da vantagem ilícita visada pelo agente)
	Crime formal
	Não exige a consumação do crime, ainda que possível ele ocorra.
	Art. 147 - Ameaçar alguém, por palavra, escrito ou gesto, ou qualquer outro meio simbólico, de causar-lhe mal injusto e grave:
	Crimede mera conduta
	Crime sem resultado em que a conduta do agente por si só já é crime
	Art. 150 - Entrar ou permanecer, clandestina ou astuciosamente, ou contra a vontade expressa ou tácita de quem de direito, em casa alheia ou em suas dependências
8. Quanto à materialidade
	Crime de dano
	Que produz lesão à um bem jurídico
	Art. 163 - Destruir, inutilizar ou deteriorar coisa alheia: pena - detenção, de um a seis meses, ou multa.
	Crime de perigo
	Não exige a produção efetiva do dano, mas sim a prática de um comportamento típico que produza um perigo de lesão ao bem jurídico, vale dizer, uma probabilidade de dano, espécie de injusto penal.
abstrato: é o perigo já considerado pela lei, de maneira presumida, pela simples prática da conduta típica.
concreto: perigo que necessita de efetiva comprovação, depende da prova concreta do risco de lesão ao bem jurídico protegido
	Art. 132 - Expor a vida ou a saúde de outrem a perigo direto e iminente: pena - detenção, de três meses a um ano, se o fato não constitui crime mais grave. (concreto)
Lei 9.503/97 "Conduzir veículo automotor, na via pública, estando com concentração de álcool por litro de sangue igual ou superior a 6 (seis) decigramas, ou sob a influência de qualquer outra substância psicoativa que determine dependência. (abstrato)
9. Quanto à relação com outros tipos de delitos
	Crime simples
	Descreve apenas uma conduta
	Art. 155 - Subtrair, para si ou para outrem, coisa alheia móvel
	Crime Complexo
	próprio ou puro: junção de dois crimes que forma um tipo penal.
impróprio ou impuro: uma circunstância tipificada cria um novo tipo penal
	PRÓPRIO: Art. 155 - Subtrair, para si ou para outrem, coisa alheia móvel.
+
Art. 146 - Constranger alguém, mediante violência ou grave ameaça, ou depois de lhe haver reduzido, por qualquer outro meio, a capacidade de resistência, a não fazer o que a lei permite, ou a fazer o que ela não manda.
= Art. 157 - Subtrair coisa móvel alheia, para si ou para outrem, mediante grave ameaça ou violência a pessoa, ou depois de havê-la, por qualquer meio, reduzido à impossibilidade de resistência
IMPRÓPRIO: Art. 146 - Constranger alguém, mediante violência ou grave ameaça, ou depois de lhe haver reduzido, por qualquer outro meio, a capacidade de resistência, a não fazer o que a lei permite, ou a fazer o que ela não manda.
CIRCUNSTÂNCIA DO ATO SEXUAL =
Art. 213 - Constranger alguém, mediante violência ou grave ameaça, a ter conjunção carnal ou a praticar ou permitir que com ele se pratique outro ato libidinoso.
SUJEITOS DO CRIME
1. Ativo e Passivo
Ativo: quem prática à ação descrita no tipo penal ou possui o dominio finalista da ação, ou de qualquer forma concorre para o crime (induzindo, instigando ou auxiliando o executor).
executor
mentor intelectual
participe
Passivo: quem sofre a ação prevista do tipo penal, ou sofre as consequencias da conduta do agente.
constante: é o Estado, em face da violação do ordenamento.
eventual: quem sofre diretamente o dano.
Obs.: ninguém pode ser sujeito ativo e passivo ao mesmo tempo, por isso à lei não pune a autolesão.
2. Objeto jurídico
É o bem tutelado pela norma. Ex.: à vida humana, a fé pública, o patrimônio.
3. Objeto natural
É à coisa ou à pessoa sobre à qual recai à conduta do agente. Ex.: à vida ou integridade física, o celular roubado, CNH falsificada, etc
CRIME
	CRIME
	ILÍCITO
	CULPÁVEL
	Fato típico
	Contrariedade do ordenamento jurídico
	Imputabilidade
	Conduta
	
	Potencial consciência da ilicitude
	Resultado
	
	Exigibilidade da conduta inversa
	Nexo causal
	
	
	Tipicidade
	
	
1. Fato típico
No conceito analitico, fato típico é o primeiro requisito do elemento crime; no conceito material é o fato humano descrito abstratamente na lei como uma infração à lei penal.
2. Conduta
É o comportamento humano, positivo (comissivo) ou negativo (omissivo), consciente e voluntário, dirigido à um fim.
Ausência de conduta:
- involuntariedade: eventos da natureza, coação físico irresistível, atos reflexos.
- incoerência: hipnotismo, sonambulismo, crises epilépticas.
Formas de conduta:
- dolo: consciência e voluntariedade na prática dos elementos integrantes de um crime, pretendendo o resultado ou assumindo o risco de produzi-lo.
	Teoria da vontade
	Intenção de produzir o resultado
	Teoria da representação
	Prevê o resultado
	Teoria do assentimento ou consentimento
	Embora não queira diretamente o resultado, assume o risco de produzi-lo
- espécies de dolo:
	
DOLO DIRETO
	
	1° grau: o agente consciente e voluntariamente dirige sua conduta ao resultado pretendido
	2° grau: o agente, consciente e voluntariamente dirige sua conduta ao resultado pretendido, porém, sabendo que atingirá terceiros não visados diretamente por ele não fará diferença pois trata-se de uma consequência necessária à conclusão do crime
	
DOLO INDIRETO
	
	Eventual: à intenção do agente se dirige a um resultado, aceitando, porém, outro também previsto e consequente da sua conduta.
	Alternativo: o agente prevê e quer um ou outro resultado possível da sua conduta
	
DOLO GERAL
	O agente realiza uma primeira conduta consciente e voluntariamente dirigida à um resultado e é concluída e ao praticar uma segunda ação é quando realmente se tem o resultado.
	
ERRO NO CURSO CASUAL
	O agente realiza uma conduta dirigida ao resultado pretendido, mas o resultado vem acontecer por circunstâncias externas; não exclui a imputação - erro de tipo acidental

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