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Direito do Consumidor / Aula 6 - Direitos básicos II Introdução Nesta aula, analisaremos os direitos básicos do consumidor, examinando a prevenção e reparação e os danos, a facilitação do acesso à justiça, a prestação eficaz de serviços públicos, o equilíbrio nas relações de consumo e as provas no CDC. Desse modo, definiremos aspectos fáticos e práticos do tema, entre diversos acerca do conceito de serviço adequado e o momento processual da inversão do ônus da prova. Prevenção e reparação de danos Lei 8.078 de 1990: Art. 6 (...) VI - a efetiva prevenção e reparação de danos patrimoniais e morais, individuais, coletivos e difusos; Art. 81. A defesa dos interesses e direitos dos consumidores e das vítimas poderá ser exercida em juízo individualmente, ou a título coletivo. Parágrafo único. A defesa coletiva será exercida quando se tratar de. É um direito básico do consumidor não apenas à efetiva prevenção (arts. 8, 9 e 10 do CDC), mas quando houve o dano, a reparação seja realizada à título individual ou em “massa”. Tal situação permite que determinadas situações sejam judicializadas em uma única demanda e resolvida da mesma forma. Gerando economia processual e realizando o ideal Constitucional da “duração do processo”. Constituição Federal de 1988: Art. 5º (...) LXXVIII - a todos, no âmbito judicial e administrativo, são assegurados a razoável duração do processo e os meios que garantam a celeridade de sua tramitação. Sendo assim, vamos estudar os seus tipos. DIREITOS OU INTERESSES DIFUSOS Lei 8.078 de 1990: Art. 81 (...) I - interesses ou direitos difusos, assim entendidos, para efeitos deste código, os transindividuais, de natureza indivisível, de que sejam titulares pessoas indeterminadas e ligadas por circunstâncias de fato; - Diversos lesados – indetermináveis. - Pessoas ligadas por um fato – não há aquisição. - V.g. comercial abusivo / enganoso. DIREITOS OU INTERESSES COLETIVOS Lei 8.078 de 1990: Art. 81 (...) II - interesses ou direitos coletivos, assim entendidos, para efeitos deste código, os transindividuais, de natureza indivisível de que seja titular grupo, categoria ou classe de pessoas ligadas entre si ou com a parte contrária por uma relação jurídica base; - Diversos lesados – determináveis. - Pessoas ligadas por uma relação jurídica base. - V.g. aumento abusivo de plano de saúde em detrimento de idade DIREITOS OU INTERESSES INDIVIDUAIS HOMOGÊNEOS Lei 8.078 de 1990: Art. 81 (...) III - interesses ou direitos individuais homogêneos, assim entendidos os decorrentes de origem comum. - Diversos lesados – determináveis. - Pessoas ligadas por origem comum. - V.g. acidente em aviação comercial. Facilitação do acesso à Justiça Lei 8.078 de 1990: Art. 6º (...): VII - o acesso aos órgãos judiciários e administrativos com vistas à prevenção ou reparação de danos patrimoniais e morais, individuais, coletivos ou difusos, assegurada a proteção Jurídica, administrativa e técnica aos necessitados; A principal norma consumerista prevê que qualquer integrante da sociedade possa demandar judicialmente no mais legítimo acesso ao devido processo legal. Tal acesso é garantido através do art. 6º, VII. Destacando sua correlação com o art. 5 da mesma lei. Lei 8.078 de 1990: Art. 5º Para a execução da Política Nacional das Relações de Consumo, contará o poder público com os seguintes instrumentos, entre outros: I - manutenção de assistência jurídica, integral e gratuita para o consumidor carente; Ex: Defensoria Pública. Lei 8.078 de 1990: Art. 5º (...) II - instituição de Promotorias de Justiça de Defesa do Consumidor, no âmbito do Ministério Público; (Ministério Público) Ex: Ministério Público ligado aos direitos do consumidor. Lei 8.078 de 1990: Art. 5º (...)III - criação de delegacias de polícia especializadas no atendimento de consumidores vítimas de infrações penais de consumo; Ex: Decon – Delegacia do Consumidor. Lei 8.078 de 1990: Art. 5º (...) IV - criação de Juizados Especiais de Pequenas Causas e Varas Especializadas para a solução de litígios de consumo; Ex: Juizados Especiais do Consumidor. Destacando o âmbito estadual e federal. Lei 8.078 de 1990: Art. 5º (...) V - concessão de estímulos à criação e desenvolvimento das Associações de Defesa do Consumidor. Ex: IDEC – Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor. Prestação Adequada e Eficaz e dos Serviços Públicos Lei 8.078 de 1990: Art. 6º (...): X - a adequada e eficaz prestação dos serviços públicos em geral. Lei 8.078 de 1990: Art. 22. Os órgãos públicos, por si ou suas empresas, concessionárias, permissionárias ou sob qualquer outra forma de empreendimento, são obrigados a fornecer serviços adequados, eficientes, seguros e, quanto aos essenciais, contínuos. Parágrafo único. Nos casos de descumprimento, total ou parcial, das obrigações referidas neste artigo, serão as pessoas jurídicas compelidas a cumpri-las e a reparar os danos causados, na forma prevista neste código. Lei 8.987/1995: Art. 2º (...) II - concessão de serviço público: a delegação de sua prestação, feita pelo poder concedente, mediante licitação, na modalidade de concorrência, à pessoa jurídica ou consórcio de empresas que demonstre capacidade para seu desempenho, por sua conta e risco e por prazo determinado: Obs.: Concessão de serviço público ( Delegação de sua prestação, feita pelo poder concedente, mediante licitação, na modalidade de concorrência, à pessoa jurídica ou consórcio de empresas que demonstre capacidade para seu desempenho, por sua conta e risco e por prazo determinado. Art. 7º. Sem prejuízo do disposto na Lei no 8.078, de 11 de setembro de 1990, são direitos e obrigações dos usuários: I - receber serviço adequado; Art. 6º(...): § 1º Serviço adequado é o que satisfaz as condições de regularidade, continuidade, eficiência, segurança, atualidade, generalidade, cortesia na sua prestação e modicidade das tarifas. Obs.: Serviço adequado ( Serviço que satisfaz as condições de regularidade, continuidade, eficiência, segurança, atualidade, generalidade, cortesia na sua prestação e modicidade das tarifas. A eficácia compreende a idéia de escolher certo o que fazer, ou seja, selecionar os objetivos adequados ou as alternativas corretas. Para uma análise mais abrangente, a eficiência está relacionada à melhor utilização dos recursos para atingir um objetivo. Sendo assim, o serviço adequado é sustentado pelo cumprimento no disposto supra exposto na lei que regula as concessões. Equilíbrio nas relações de consumo Lei 8.078 de 1990: Art. 6 (...): V - a modificação das cláusulas contratuais que estabeleçam prestações desproporcionais ou sua revisão em razão de fatos supervenientes que as tornem excessivamente onerosas; Inversão do ônus da prova A inversão do ônus da prova é o instrumento de proteção processual ao consumidor, e é positivado no inciso VIII. Desde que, minimamente, cumpra os requisitos da verossimilhança e hipossuficiência. Mas, apenas o cumprimento dessas premissas não basta. É necessário o seu preenchimento. Especialmente, quanto aos critérios basilares desse importante instituto processual consumerista: a verossimilhança e a hipossuficiência. Inversão “ope judicis” Art. 6 (...): VIII - a facilitação da defesa de seus direitos, inclusive com a inversão do ônus da prova, a seu favor, no processo civil, quando, a critério do juiz, for verossímil a alegação ou quando for ele hipossuficiente, segundo as regras ordinárias de experiências; Inversão “Ope Judicis” – Força de Direito – “...A critério do Juiz... – art. 6, VIII do CPDC; Verossimilhança – O vocábulo verossímil significa o que é semelhante à verdade, o que tem correlação com a verdade, passivo de prova. É importante que o Patrono leve ao Estado Juiz um mínimo de demonstração no sentido de que sua alegação é verossímil. Que ofereça indícios que, em confronto com a narração das circunstâncias de que dá conta a inicial, e que, em correlação com a descrição dosfatos que consubstanciam o direito controvertido, possam indiciar, direcionar à verdade real. Hipossuficiência – Tem correlação direta com a incapacidade de o consumidor demonstrar a verdade real dos fatos. Pois lhe falta dados, informações, materialização das provas. Seja por condições financeiras, seja por condições sociais de intelectualidade e capacidade de discernimento. Inversão “ope legis” CPDC: Art. 12 (...) § 3º O fabricante, o construtor, o produtor ou importador só não será responsabilizado quando provar: I - que não colocou o produto no mercado; II - que, embora haja colocado o produto no mercado, o defeito inexiste; III - a culpa exclusiva do consumidor ou de terceiro. Art. 14 (...) § 3° O fornecedor de serviços só não será responsabilizado quando provar: I - que, tendo prestado o serviço, o defeito inexiste; II - a culpa exclusiva do consumidor ou de terceiro. Inversão “Ope Legis” – Força de Lei – “... Quando provar ...” – art. 14 e 14 parágrafos 3º do CPDC; Essa modalidade processual indica que o fornecedor deverá provar, ônus seu, que não fez ou que outra pessoa, inclusive o próprio consumidor, é o responsável pelo evento dano. Caso contrário, como determina o texto legal, o fornecedor responderá pelo dano. Momento da Inversão Súmula TJRJ nº 91 - “A inversão do ônus da prova, prevista na legislação consumerista, não pode ser determinada na sentença”. Referência: Súmula da Jurisprudência Predominante nº 2005.146.00006 - Julgamento em 10/10/2005 – Votação: unânime – Relator: Desembargador Silvio Teixeira – Registro de Acórdão em 29/12/2005 – fls. 011317/011323. Exposição de motivos da súmula TJRJ nº 91: “A inversão do ônus da prova, em favor do consumidor, não é legal, mas judicial, pelo que o fornecedor seria surpreendido, se considerasse a sentença como momento processual da inversão , em afronta ao princípio do contraditório”. O momento da inversão na Lei 13.105 de 2015 é o art. 357, que nos conduz ao despacho saneador, verbis: Lei 13.105 de 2015 Seção IV - Do Saneamento e da Organização do Processo Art. 357. Não ocorrendo nenhuma das hipóteses deste Capítulo, deverá o juiz, em decisão de saneamento e de organização do processo: (...) III - definir a distribuição do ônus da prova, observado o art. 373. Atividade A inversão do ônus da prova é matéria processual consumerista subordinada aos ditames e diálogo entre a Lei 8.078 de 1990 e a Lei 13.105 de 2015. Considerando um fato concreto em que o Magistrado decidiu acerca do momento da inversão na sentença, qual seria o momento processual correto para a determinação do ônus probatório a que as partes deverão se subordinar? GABARITO O momento processual adequado é no despacho saneador. Inclusive para que as partes possam, diante do caso concreto, se exsurgir (agravar) da prova a que ficou seu encargo. Conforme art. 6, VIII da Lei 8.078 de 1990 e art. 357, III da Lei 13.105 de 2015.
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