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Direito do Consumidor aula 03

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Direito do Consumidor / Aula 3 - A Relação de Consumo e Seus Elementos I – O consumidor
Introdução
Estabelecermos como requisito de uso da Lei 8.078 de 1990 – CDC, a necessidade premente de uma relação de consumo que exige a existência de dois sujeitos: o consumidor e o fornecedor.
O primeiro integrante da relação de consumo é o consumidor. Vamos estudar como objetivo principal desta aula. Entretanto, tal situação não torna mais fácil sua caracterização, principalmente se considerarmos as alterações no decorrer do tempo (e já se vai mais de uma década desde o início da vigência da Lei 8.078 de 1990).
Já em um segundo momento, temos de definir o que vem a ser o conceito de destinatário final. Se avaliarmos o art. 2º da Lei 8.078 de 1990, verbis: Consumidor é toda pessoa física ou jurídica que adquire ou utiliza produto ou serviço como destinatário final. Com a leitura, podemos identificar a ausência de um conceito do que vem a ser destinatário final, o que vem causando sérias controvérsias ao longo do tempo.
Para o tema devemos distinguir as teorias existentes. Inicialmente tivemos a teoria maximalista. Depois a teoria finalista, que perdura até os dias atuais em sede de aplicação. E, recentemente, a partir de 2010, temos a possibilidade de aplicação da chamada teoria finalista atenuada (ou mitigada ou mista).
Quadro geral da relação de consumo
Acompanhe a organização da relação de consumo no esquema a seguir:
Consumidor
Vamos avaliar que o conceito de consumidor é caraterizado como um elemento subjetivo da relação de consumo. Tal premissa encontra justificativa pelo fato de que o conceito detém flexibilidade em relação à doutrina e à jurisprudência.
A Lei n° 8.078, de 11 de setembro de 1990, nos possibilita a seguinte interpretação dos fundamentos pertinentes ao consumidor:
Art. 2° - Definição de consumidor e destinatário final e consumidor por equiparação de forma coletiva;
Art. 17 – Consumidor por equiparação pelas vítimas de defeito de bem de consumo;
Art. 29 – Consumidor por equiparação nas pessoas relacionadas nos capítulos V e VI. IDOR RÃO
CONSUMIDOR PADRÃO
O consumidor padrão ou “standard” é relativamente o mais fácil de ser identificado. Sua fundamentação é o já citado art. 2º do CDC parte, como se lê:
Art. 2° Consumidor é toda pessoa física ou jurídica que adquiriu utiliza produto ou serviço como destinatário final.
Podemos refletir que esse consumidor adquire por contrato de aquisição por gênero. Seja por contrato de compra e venda (com características do art. 481 e seguintes da Lei 10.406 de 2002 – CC), seja por contratação de serviços (com características do art. 593 e seguintes da Lei 10.406 de 2002 – CC).
É aquele que adquire para satisfazer uma necessidade. Se de forma subjetiva ou profissional é discutível. Mas sempre ocorrerá a transferência de propriedade do produto ou da fruição do serviço.
CONSUMIDOR POR EQUIPARAÇÃO
O consumidor por equiparação ou “bystandarder” tem a necessidade de maior avaliação. Suas fundamentações são os art. 2º em seu parágrafo único, o art. 17 e o 29, todos do CDC, como se lê:
Art. 2° [...]
Parágrafo único. Equipara-se a consumidor a coletividade de pessoas, ainda que indetermináveis, que haja intervindo nas relações de consumo.
Art. 17. Para os efeitos desta Seção, equiparam-se aos consumidores todas as vítimas do evento.
Art. 29. Para os fins deste Capítulo e do seguinte, equiparam-se aos consumidores todas as pessoas determináveis ou não, expostas às práticas nele previstas.
É o consumidor que não adquire, mas utiliza o produtos ou serviços, nos termos do próprio artigo 2º:
Art. 2° Consumidor é toda pessoa física ou jurídica que adquire ou utiliza produto ou serviço como destinatário final.
Cremos assim que o consumidor é o que, ao utilizar um bem de consumo, sofre danos oriundos do mesmo. Principalmente, se considerarmos que nenhum produto ou serviço, desde que corretamente utilizado, pode causar danos ao consumidor. Tal premissa encontra fundamentação na primeira parte do art. 8 do CDC:
Art. 8º Os produtos e serviços colocados no mercado de consumo não acarretarão riscos à saúde ou à segurança dos consumidores, exceto os considerados normais e previsíveis, em decorrência de sua natureza e fruição, obrigando-se os fornecedores, em qualquer hipótese, a dar as informações necessárias e adequadas a seu respeito.
Logo, em plena conformidade entre justificativa e fundamentação, temos que “nenhum bem de consumo pode causar danos aos consumidores”. Seja o que tenha adquirido o bem (consumidor padrão) seja o que o utiliza (consumidor por equiparação).
Teorias
Esse assunto remete a uma palestra proferida pelos autores do anteprojeto da Lei 8.078 de 1990.
Quando a mesa foi indagada acerca do “conceito de destinatário final” o Ministro do STJ, Antonio Heman V. Benjamin, respondeu: “não sei!” Isso causou grande comoção na plateia. Afinal, se ele não sabia o que seria de nós pobres mortais... Entretanto, no alto de toda a sua intelectualidade, logo a seguir emendou: “E o objetivo é que ninguém saiba! Pois se assim o for, tal tema não comportará evolução em sua interpretação”.
Passaram-se os anos e, à época, havia duas teorias acerca do tema (maximalista e finalista) e, desde 2010, temos a teoria finalista atenuada (ou mista ou mitigada).
TEORIA MAXIMALISTA
Advém dos primórdios da aplicação da Lei 8.078 de 1990.
Para se enquadrar como consumidor bastava adquirir o bem de consumo no mercado fornecedor para caracterizar tal relação. Independentemente da motivação, objetivo e interesse. “Comprou é consumidor!”
Basta a singela retirada do mercado de consumo para se enquadrar como consumidor.
Por este raciocínio, uma grande empresa de metalurgia, quando adquire minério para beneficiamento e posterior fabricação de metal seria considerada consumidor.
Essa ideia não perdurou por longo tempo, pois o objetivo das normas de consumo é o de proteger, art. 4, I do CDC, o “consumidor vulnerável”. E, no exemplo anterior, cremos que uma empresa de metalurgia, considerando o bem de consumo em questão (minério) não possa ser enquadrada como vulnerável, em razão, principalmente, de sua expertise em relação conhecimento técnica sobre o bem adquirido.
Desse modo, essa teoria está em descompasso com o espírito das normas de consumo.
TEORIA FINALISTA
Além de adquirir o bem de consumo, é necessário saber qual a destinação fática, efetiva, econômica, subjetiva do bem em questão.
Pois, ao empregar o mesmo ao fim a que se destina, este, de per se, não prestará para fins de enriquecer seu proprietário com a sua venda direta ou empregado como insumo principal na atividade profissional de seu proprietário.
Caso isso ocorra, o adquirente não se enquadra na principiologia da vulnerabilidade ínsita no já citado art. 4, I da principal lei que regula as relações de consumo.
Logo, a justificativa para a sua aquisição deve ser desprovida de intentos profissionais, como o seu beneficiamento da matéria prima com posterior venda. A satisfação da aquisição deve ser subjetiva.
Veja um exemplo em que temos o mesmo objeto com fins diferentes:
Alguém comprou o veículo “van” com fins de transporte profissional. Não há relação de consumo em detrimento do seu objetivo profissional;
Alguém comprou o veículo “van” com fins de transportar sua numerosa família em uma viagem pelo continente sul-americano. Há relação de consumo em detrimento do seu objetivo meramente pessoal.
Como se pode observar muito bem, intuitos diferentes, relações diferentes.
Na eventual ocorrência de dano, o proprietário do veículo adquirido com fins profissionais deverá invocar a principal lei que regula as relações entre pessoas privadas, a Lei 10.406 de 2002 – Código Civil. Considerando o evento dano, principalmente o artigo 931.
Já na segunda hipótese, o proprietário do veículo poderá invocar a Lei 8.078 de 1990 e todos os seus benefícios.
TEORIA FINALISTA ATENUADA (OU MISTA OU MITIGADA)
A aquisição para uso, aindaque profissional, caracterizará a relação de consumo desde que o adquirente não tenha condições de negociação com o fornecedor.
Para tanto, melhor será a apresentação da seguinte jurisprudência.
AgRg no REsp 1321083/PR, Rel. Ministro Paulo de Tarso Sanseverino, Terceira Turma, julgado em 09/09/2014, DJe 25/09/2014.
AGRAVO REGIMENTAL. RECURSO ESPECIAL. CIVIL. DIREITO DO CONSUMIDOR. COMPRA DE AERONAVE POR EMPRESA ADMINISTRADORA DE IMÓVEIS. AQUISIÇÃO COMO DESTINATÁRIA FINAL. EXISTÊNCIA DE RELAÇÃO DE CONSUMO.
1. Controvérsia acerca da existência de relação de consumo na aquisição de aeronave por empresa administradora de imóveis.
2. Produto adquirido para atender a uma necessidade própria da pessoa jurídica, não se incorporando ao serviço prestado aos clientes.
3. Existência de relação de consumo, à luz da teoria finalista mitigada. Precedentes.
4. Agravo regimental desprovido.
Em um primeiro momento, pode parecer uma antinomia em relação à teoria finalista pura. Mas, se avaliarmos com mais atenção, a lógica da coisa é que, in casu, o avião é utilizado com fins de ser empregado no negócio de imóveis (transporte de clientes para lugares longínquos) e não o de aviação comercial.
Por consectário lógico, considerando as peculiaridades da jurisprudência, há aplicação das normas de consumo e todos os seus benefícios à favor da administradora de imóveis.
Atividades Propostas
1. Com base nas teorias apresentadas acerca do conceito de consumidor, discorra sobre a teoria finalista, por ser a de maior aplicabilidade no ordenamento jurídico pátrio.
GABARITO
O CDC adotou, na teoria finalista, em que o consumidor, além de destinatário fático, deve ser também o destinatário econômico dos bens e serviços.

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