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Stipulatio: Contrato Verbal no Direito Romano

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“Stipulatio”
Considerado o principal dentre as três espécies de formalidades do direito romano, Stipulatio era uma promessa, um contrato verbal (“verba”) abstrato estipulado a partir de perguntas e respostas. Na verba, as palavras trocadas entre as partes constituem a obrigação, mediante a prolação das palavras certas, de caráter solene. Originalmente, empregava-se o verbo spondere, que possuía caráter sacramental: Spondes? (prometes?) – Spondeo! (prometo!). Assim, a stipulatio se considerava sponsio, ou seja, "prometida".  O credor era denominado stipulator e o devedor promissor.
Com o passar do tempo a stipulatio foi sofrendo algumas modificações, passando se admitir o emprego de outras expressões. Com o crescimento do intercambio entre romanos e estrangeiros, seu uso se estendeu a todas as novas formas verbais.
A esfera de sua aplicação é muita ampla, por meio dela facilmente se dava eficácia obrigatória a qualquer acordo de vontade.
A stipulatio tem como requisitos:
- Oralidade: Como era um contrato verbal, a stipulatio se dava com prolação de palavras solenes. Podiam ser proferidas ate em grego, desde que ambas as partes pudessem compreender. Obviamente, mudos e surdos não podiam celebrar este tipo de contrato.
- Presença das partes: Por ser um contrato totalmente oral, não podia ser celebrado se uma das partes estivesse ausente.
- “Unitas actus” (Unidade do ato): A stipulatio não tinha validade caso a resposta não ocorre imediatamente após a pergunta. 
Admite-se o “aliquod momentum” (algum intervalo de tempo) quando é necessário a presença de um interprete para que ambas as partes compreendam.
- Conformidade rigorosa entre a pergunta e a resposta: Na resposta deve-se utilizar o mesmo verbo que foi empregado na pergunta, caso contrário, a stipulatio é considerada nula. 
Na hipótese de divergência entre a pergunta e a resposta em relação a quantia, entende-se como valida a importância de menor valor. 
A partir dos fins da república, chega o documento escrito provocando profundas alterações no regime jurídico da stipulatio. Porém, este documento, chamado de “cautio” era meramente probatório e não constituía obrigação se ficasse provado, por meio de testemunhas que não tinha ocorrido a stipulatio. Isso, no plano teórico. 
Na pratica, contanto, a situação era outra. As partes se preocupavam mais em descrever a stipulatio do que sua celebração oral, por isso se presumia, ate que se provasse o contrário, que os requisitos haviam sido cumpridos. 
Pouco a pouco foi se perdendo a ideia de que a obrigação vinha do pronunciamento de palavras solenes e a stipulatio passou da forma oral à escrita e do negócio jurídico abstrato à negócio jurídico causal. 
Em 472 d.C a stipulatio perdeu toda sua solenidade com uma constituição imperial de Leão, o filosofo. Ele determinou que agora poderia ser celebrada usando o emprego de quaisquer palavras, sem que necessariamente fossem perguntas e respostas, desde que houvesse manifestação de vontade. 
Por fim, Justiniano acabou com o ultimo requisito da stipulatio clássica, a presença das partes. Ele estabeleceu que a afirmação contida na cautio, de que as partes estiveram presentes ao ato estipulatório somente cede diante da prova de que ao menos uma delas, durante todo o dia em que se declarava ter sido celebrada a stipulatio, estivera ausente da cidade em que o ato teria ocorrido. 
Desse modo, embora ainda pudesse celebrar-se oralmente, era grande parte das vezes por escrito, não sendo necessária a observância de nenhum dos requisitos exigidos no direito clássico, bastando que as partes não se ausentassem todo o dia em que se afirmava, na cautio, que a stipulatio ocorrera. 
Quanto as ações que sancionavam a stipulatio:
- “Actio per iudicis postulationem”
- “Condictio certae pecuniae”: Quando se tratava de quantia certa.
- “Condictio de omni certa re”: Quando se tratava de coisa certa.
Referencias:
Livro: Direito Romano, Autor José Carlos Moreira Alves
Site: Jus.com.br
Site: AmbitoJuridico.com.br

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