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Compreendendo o Suicídio

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SUICÍDIO
Comunicação verbal de pensamentos e intenções por meio de palavras com temas de sentimento de culpa, baixa autoestima, ruína moral, pessimismo, inferioridade, sentimento de pecado e de fracasso, inferioridade, inutilidade, desesperança. 
Tudo manifestado no pensamento como forma de ruminação.
Comunicação não verbal de pensamentos e intenções por meio de gestos, atitudes e comportamento deixam pistas sobre a desesperança e vontade de não viver.
Algumas pessoas com baixa tolerância a frustração podem reagir com ações auto-agressivas, em pensamento prévio.
Existe uma distorção da percepção de realidade com avaliação negativa de si mesmo, do mundo e do futuro. A realidade é insuportável, há um medo irracional e preocupação excessiva. 
O funcionamento mental gira em torno de três sentimentos:
Intolerável (não suportar).
Inescapável (sem saída).
Interminável (sem fim).
O passado e o presente reforçam seu sofrimento e o futuro é negro e sem perspectivas.
Os pensamentos suicidas são os mesmos em todo o mundo.
A propensão pode ser:
Aguda
Crônica 
Latente
Como investigar a psicopatologia do pensamento suicida:
Ideias de morte: pensar que a morte seria um alivio, mas não pretende praticar por si mesmo, mas dizem que gostariam de dormir e não acordar mais, ou ter uma doença fatal.
Ideias suicidas: é o grau inicial. Reconhece propósitos de auto-agressividade como absurdas e intrusivas. Inicialmente são esparsas e com o tempo podem tornar-se recorrentes. 
Desejo de suicídio: acompanha as ideias, sentimento de desesperança e falta de perspectiva de futuro. Desejo pela solução.
Intenção ao suicídio: em maior grau a ameaça de por fim a vida é claramente expressa, embora não realize a ação.
Plano de suicídio: planejamento do ato, e as vezes escrita de uma carta suicida. 
Tentativa de suicídio: atos auto-agressivos não fatais, de diferentes graus, que podem deixar sequelas leves ou graves.
Atos impulsivos: são métodos repetitivos e estereotipados, não planejados, que podem ser letais.
Suicídio: intencionalidade, planejamento e utilização de métodos altamente letais, cujo desfecho é a morte.
A OMS aponta 3 caracteristicas psicopatológicas comuns na mente dos suicidas:
Ambivalência: Sentimentos confusos de cometer suicídio em dualidade com sentimentos de querer continuar a viver.
Impulsividade: é um impulso transitório e tem duração de alguns minutos, pode ser desencadeado por diferentes estímulos.
Rigidez: Não tem flexibilidade em seus pensamentos, vê o suicídio como única solução para seus problemas e só pensa nisso.
Local de atendimento para pessoas com comportamento suicida:
SUS – Atendimento primário não satisfatório, tratamento estigmatizado do paciente que tentou autoextermínio, taxas de novas tentativas após passagem por pronto atendimento em torno de 75%.
Perguntar sobre suicídio não induz ao ato.
Fatores consideráveis na avaliação do risco de suicídio:
Fatores de risco proximais: desencadeantes, não são necessários nem suficientes para o suicídio. 
Fatores de risco distais: base sobre a qual se estrutura o comportamento suicida, aumenta a vulnerabilidade dos fatores de risco proximais. Necessários, mas insuficientes para que o suicídio ocorra.
Fatores de risco modificáveis: acesso ao meio, transtornos mentais, doenças físicas, isolamento social, ansiedade, desesperança e insatisfação, situação conjugal e empregatícia. 
Fatores de risco não modificáveis ou fixos: sexo, idade, grupo étnico, orientação sexual, tentativas prévias, transição socioeconômica, anomia. 
Fatores individuais e sociodemográficos: tentativas anteriores, transtornos psiquiátricos, depressão, transtorno bipolar, alcoolismo, esquizofrenia e transtornos de personalidade, historia familiar de suicídio e outros problemas, estado civil, idade, isolamento social, desemprego ou aposentadoria, doença física, doenças terminais, AIDS, durante a primeira semana de hospitalização psiquiátrica e duas semanas após a alta, separação conjugal, problemas familiares, alteração no estado ocupacional e financeiro.
Consulta clínica, como perguntar sobre planejamentos e pensamentos: É possível que o primeiro contato seja no pronto-socorro, com o paciente ainda sonolento ou recebendo cuidados médicos intensivos. A abordagem deve ser feita com empatia, calma e de forma não julgadora. O atendimento da crise exige um foco nas frustrações, conflitos e necessidades expressados pela pessoa, o que poderá ser abordado novamente quando houver maior capacidade para a reflexão. É preciso formar uma ideia a respeito da personalidade do indivíduo, principalmente no que diz respeito a mecanismos de defesa e de adaptação em situações de crise. O grande paradoxo de abordar estes pacientes é que os médicos estão acostumados a diagnosticar e tratar de doenças, inclusive de depressão, entretanto, a maioria deseja resolver problemas de saúde ou de sobreviver, mas não da intenção de morrer. 
As razões evocadas de um paciente para sua tentativa de suicídio ou seu desejo atual proporcionam uma porta de entrada promissora para intervenção precoce. Entretanto é útil chegar ao tópico de maneira gradual. Uma sequência útil de questões pode ser a seguinte: Você tem planos para o futuro? (usualmente o paciente tem foco no passado e o percebe com muita culpa); Você se sente sem esperança? (a desesperança é um importante preditor de suicídio); Você se sente incapaz de enfrentar os dias? (sentimento de incapacidade é frequente); Você acha que sua vida vale a pena ser vivida? (o sofrimento faz com que ele não suporte viver); Você sente que sua vida é um fardo? (a dor emocional traz o peso da vida para si mesmo e para os seus) Se a morte viesse ela seria bem-vinda? (morrer sem ser responsável pelo término de sua própria vida passa a ser desejado) Você pensa em suicídio?(deixar falar claramente sobre isto); Você já fez algum plano de como terminar com sua vida? (saber se está procurando meios e como consegui-los); Como você planeja isso? (se já tem hora, lugar, meio e decisão tomada); Você possui medicamentos, venenos, armas ou outros meios? (quando o plano já está em execução e as providências já foram tomadas, muitas vezes estão em casa guardados para o momento apropriado); Você já tentou se matar? (saber se houve tentativas prévias e como foram). Os pacientes tendem a divulgar mais na forma de autorrelato. 
Quando liberar um paciente depois de uma tentativa de autoextermínio?
O determinismo multifatorial do suicídio leva-nos a analisar cada fator de risco com cautela, tendo como referência a individualidade de cada paciente, baseado nos fatores de risco e fatores de proteção identificados, que podem ajudar a identificar aqueles que têm possibilidades maiores ou menores de completar o suicídio num futuro próximo, e da formulação de uma decisão clínica sobre o risco de suicídio se baixo, moderado ou alto, por meio da estimativa do ônus do risco.
Quão forte é o risco de suicídio num futuro próximo? Considera-se grave o ato que necessitou de uma hospitalização ou de suporte clínico e/ou cirúrgico para evitar morte ou sequelas. Estima-se que 10% das tentativas precisaram de hospitalização. A avaliação da gravidade da lesão deve ser cuidadosa, pois uma lesão pouco grave pode simplesmente traduzir o desconhecimento da letalidade do método utilizado pelo paciente com intenção suicida real. Negligenciar a intenção é subestimar o risco futuro.
Tem-se a necessidade de avaliar se o paciente tem acesso ao meio que pretende cometer o suicídio.
O que fazer com as pessoas que apresentam comportamentos suicidas?
Procedimentos da abordagem inicial:
Identificação do transtorno psiquiátrico associado e/ou doença física ou evento estressante; 
Estratificação de risco (alto, médio, baixo) para definição do local de tratamento adequado; 
Definir tratamento inicial medicamentoso e/ou psicoterápico; 
Realização de intervenções que visem incrementar a adesão posterior à conduta escolhida; 
Encaminhamento para internação psiquiátrica ou ambulatório de saúdemental.
A tentativa de suicídio pode ser classificada quanto ao método em:
Violento: enforcamento, queda de alturas, mutilações, disparos, arma branca.
Não violento: intoxicação voluntária de drogas, inalação de gases tóxicos.
Quanto à gravidade ou letalidade da tentativa de suicídio pode ser avaliada em: 
Grau de impulsividade;
Planejamento; 
Danos médicos; 
Possibilidades de escape da tentativa. 
Atitudes da equipe médica para com o paciente com risco de suicídio: 
O médico deve ficar tranquilo, pois os suicídios aumentam em igual proporção às reações negativas do entrevistador em relação ao paciente. Deve também evitar atitudes moralistas e críticas. 
Se as perguntas forem feitas gradualmente e de maneira empática, dificilmente o paciente ficará irritado com o examinador. Na maioria das vezes, esse tipo de abordagem provoca alívio e aprovação do paciente pelo fato de o médico ter reconhecido a seriedade de suas queixas.
É importante saber tratar os familiares em luto por um ato suicida.

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