Prática Simulada I Aula 3

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EXECELENTÍSSIMO (A) SENHOR (A) DOUTOR (A) JUIZ (A) DE DIREITO DA VARA CÍVEL DA COMARCA DE VITÓRIA – ESPÍRITO SANTO
GERSON, brasileiro, solteiro, médico, portador da carteira de identidade nº: ..., expedida pelo..., inscrito no CPF/MF sob nº: ..., endereço eletrônico..., residente e domiciliado em..., Vitória, Espírito Santo, por seu advogado, com endereço profissional..., para fins do artigo 77, inciso V, do Código de Processo Civil, vem a este juízo propor 
AÇÃO PAULIANA/REVOCATÓRIA PARA ANULAÇÃO DE NEGÓCIO JURÍDICO GRATUITO,
pelo procedimento comum, em face de BERNARDO, brasileiro, viúvo ..., profissão ..., portador da carteira de identidade nº: ..., expedida pelo..., inscrita no CPF/MF sob nº: ..., endereço eletrônico..., residente e domiciliada em..., Salvador, Bahia, pelos fatos e fundamentos jurídicos que passa a expor.
DA OPÇÃO DO AUTOR PELA REALIZAÇÃO OU PELA NÃO REALIZAÇÃO DA AUDIÊNCIA DE CONCILIAÇÃO OU MEDIAÇÃO
	Requer que seja destinada audiência de conciliação ou mediação na forma prevista no artigo 334 do Código de Processo Civil.
DA COMPETÊNCIA DO JUÍZO
	É competente o presente foro para a propositura da presente ação, tendo em vista o objeto do caso tratar-se de ação revocatória de negócio jurídico gratuito, e no caso em questão, tem-se a cobrança de nota promissória, reconhecida como título executivo, nos termos do artigo 784, inciso I do Código de Processo Civil.
Nesses termos: 
Art. 784. São títulos executivos extrajudiciais:
I – a letra de câmbio, a nota promissória, a duplicata, a debênture e o cheque.
	Dito isto, por se tratar de ação ainda a ser satisfeita, é de competência deste foro o ajuizamento da presente ação, tendo em vista ser este o lugar onde deva ser satisfeita a obrigação, conforme o artigo 53, inciso III, alínea “d” do Código de Processo Civil:
Art. 53. É competente o foro:
III – do lugar;
d) onde a obrigação deve ser satisfeita, para a ação em que se lhe exigir o cumprimento.
DOS FATOS
	1- O autor é credor de Bernardo conforme nota promissória no valor de R$ 80.000,00 (oitenta mil reais), já vencida em 10/10/2016.
	2- Ocorre que, Bernardo, dias após o vencimento de sua dívida e o não pagamento da mesma, realizou uma doação de seus dois imóveis, um situado na cidade de Aracruz e o outro na cidade de Linhares, ambos no Espírito Santo, no valor total de R$ 300.000,00 (trezentos mil reais), para a sua filha Janaina, menor impúbere, residente na cidade de Macaé, Rio de Janeiro, com sua genitora, com cláusula de usufruto vitalício em seu favor do próprio Bernardo, além da cláusula de incomunicabilidade, conforme Certidão de Ônus Reais.
	3- Vale ressaltar que as dívidas de Bernardo já ultrapassam a soma de R$ 400.000,00 (quatrocentos mil reais), sendo certo que os imóveis doados para a sua filha estão alugados para terceiros.
	4- Diante da situação, o autor solicita a anulação da doação dos imóveis realizada pelo réu.
DOS FUNDAMENTOS
	Diante dos fatos expostos, peço a anulação do negócio jurídico de acordo com o artigo 171, inciso II do Código Civil, onde o réu, para que não fosse realizado o pagamento de sua dívida com o autor, agiu de má-fé visando enganar a parte autora, conforme o artigo 161 do Código Civil, violando a boa-fé objetiva descrita no artigo 113 do Código Civil.
	A esse respeito, o negócio jurídico é anulável conforme o artigo 171, inciso II do Código Civil:
Art. 171. Além dos casos expressamente declarados na lei, é anulável o negócio jurídico:
II- por vício resultante de erro, dolo, coação, estado de perigo, lesão ou fraude contra credores.
	Portanto, agiu de má-fé o réu como previsto no artigo 161 do Código Civil:
Art. 161. A ação, nos casos dos arts. 158 e 159, poderá ser intentada contra o devedor insolvente, a pessoa que com ele celebrou a estipulação considerada fraudulenta, ou terceiros adquirentes que hajam procedido de má-fé.
	Nesse sentido, os tribunais tem tido o seguinte entendimento:
AÇÃO PAULIANA – DOAÇÃO EM FRAUDE CONTRA CREDORES – ANTERIORIDADE DO DÉBITO – CARACTERIZAÇÃO DO EVENTO DANOSO E DO ACORDO FRAUULENTO – AÇÃO PROCEDENTE – APELAÇÃO IMPROVIDA. DEMONSTRANDO QUE OS CRÉDITOS EXISTIAM ANTES DA DATA DA DOAÇÃO FEITA PELO DEVEDOR AOS FILHOS, DEIXANDO DE RESGATAR DÍVIDAS ANTIGAS E EM EXECUÇÃO, SEM PENHORA, EVIDENCIANDO-SE A INSOLVÊNCIA, COM A TRANSFERÊNCIA GRATUITA DO IMÓVEL, O RECONHECIMENTO DA FRAUDE CONTRA CREDORES SE IMPÕE NATURALMENTE. O ÔNUS DA PROVA, QUANTO À SOLVÊNCIA, NA AÇÃO PAULIANA, NÃO É EXCLUSIVAMENTE DO AUTOR, CABENDO AO DEVEDOR DEMONSTRAR QUE, A DESPEITO DO ATO PRATICADO, CONTINUOU SOLVENTE PARA ELIDIR A AÇÃO. AO CREDOR NÃO INCUMBE A PROVA DE FATO NEGATIVO E DIFÍCIL DE SUA PARTE, QUANTO AO DEVEDOR, POR SUA VEZ, FÁCIL SERIA DEMONSTRAR SUA PRÓPRIA SOLVÊNCIA, SE VERDADEIRA. (TJ-SC – Apelação Cível nº: 260037 SC 1988.026003-7, rel: José Bonifácio, Data de Julgamento: 04/09/1990, Segunda Câmara de Direito Civil, Data da publicação: DJJ: 8.098, Data: 26/09/1990, pag: 01)
APELAÇÃO CÍVEL – AÇÃO PAULIANA – PEDIDO DE ANULAÇÃO DE DOAÇÃO DE IMÓVEL – FRAUDE CONTRA CREDORES – ALIENAÇÃO PROCEDIDA AOS FILHOS MENORES – BEM DADO EM GARATIA HIPOTECÁRIA – REDUÇÃO DO DEVEDOR À INSOLVÊNCIA – CRÉDITO ANTERIOR À CELEBRAÇÃO DP ATO IMPUGNADO – EXEGESE DO ART. 106 DO CC/1916 – REQUISITOS DEMONSTRADOS – ALEGAÇÃO DE IMPENHORABILIDADE DO IMÓVEL – INTELIGÊNCIA DO ART. 3º, V, DA LEI 8.009/90 – DECRETAÇÃO DE INEFICÁCIA DO NEGÓCIO JURÍDICO – INSURGÊNCIA RECURSAL DO NEGÓCIO JURÍDICO – A VIABILIDADE DA AÇÃO PAILIANA OU REVOCATÓRIA REQUER: A ANTERIORIDADE DO AUTOR, RELATIVAMENTE AO ATO FRAUDULENTO; A VERIFICAÇÃO DA INSOLVÊNCIA DO DEVEDOR APÓS A ALIENAÇÃO (eventus damini): A COMPROVAÇÃO DO INTENTO DE FRAUDE AOS CREDORES (consilium fraudis). A EXISTÊNCIA DE TAIS PRESSUPOSTOS ACARRETA O ACOLHIMENTO DA PRETENSÃO ANULATÓRIA, COM A DECLARAÇÃO DE INEFICÁCIA DA ALIENAÇÃO PROCEDIDA PELO DEVEDOR, COM O ESCOPO DE FRAUDAR O ADIMPLEMENTO DA OBRIGAÇÃO ASSUMIDA. “A ALIENAÇÃO DE BENS A PARENTES, COLOCANDO O DEVEDORS EM SITUAÇÃO DE INSOLVÊNCIA, CONSTITUI CIRCUNSTÂNCIA HÁBIL A DEMONSTRAR A OCORRÊNCIA DE CONSILIUM FRAUDIS EM AÇÃO PAULIANA”. (Apelação Cível nº: 97.012265-9, de São José do Cedro, Relator: Des. Pedro Manoel Abreu). “A impenhorabilidade de que trata a lei nº: 8.009/90 não é oponível se o imóvel foi oferecido em garatia hipotecária (8.099, art. 3º, V).” (Apelação Cível nº: 96.003713-6, de Porto União, rel. Des. Newton Trisotto).
(TJ-SC – Apelação Cível nº: 148191 SC 2003.014819-1, Relator: José Volpato de Souza, Data de Julgamento: 25/06/2004, Terceira Câmara de Direito Civil, Data da Publicação: Apelação Cível nº: 03.014819-1, de Blumenau)
	Desta forma, diante do exposto, não restam que o réu realizou tal doação para que não fosse pago o valor de suas dívidas, agindo de má-fé com seu credor.
DO PEDIDO
	Diante do exposto, o autor requer a esse juízo:
a) Designação da audiência de conciliação ou mediação e intimação do réu para seu comparecimento;
b) Citação do réu para integrar a relação processual;
c) Que seja julgado procedente o pedido para anulação de negócio jurídico celebrado entre o réu e sua filha;
d) A condenação do réu ao pagamento de honorários e custas processuais.
DAS PROVAS
	Requer a produção de todas as provas em direito admitidas, na amplitude dos artigos 369 e seguintes do Código de Processo Civil, em especial a prova documental, a prova pericial, a testemunhal e o depoimento pessoal do réu.
DO VALOR DA CAUSA
	Dar-se à causa o valor de R$ 80.000,00 (oitenta mil reais).
Pede deferimento.
Local, (dia), (mês) de (ano)
Nome do advogado
OAB/UF nº: ...