AULA 3

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AULA 3
PROJETOS PEDAGÓGICOS, ORGANIZAÇÃO DAS ATIVIDADES E AVALIAÇÃO DO PROCESSO DE APRENDIZAGEM
Ao final desta aula, você deverá ser capaz de:
1.Identificar formas de articular experiências de aprendizagem na escola infantil, desafios e as diferentes áreas: língua escrita, matemática, ciências e artes.
2.Reconhecer as múltiplas linguagens: corpo-movimento, música, jogos e brincadeiras, dramatização e contação de histórias.
3.Verificar e acolher a forma de ser e se expressar das crianças durante o processo de aprender, valorizando o compartilhamento das ideias e destacando a individualidade do pensar, do dizer e do sentir.
Olá! Esta aula está centrada nos projetos pedagógicos de creches e pré-escolas. Aqui você compreenderá como organizar um currículo e a importância dele para o desenvolvimento da criança. Entenderá também como os projetos devem se encaixar nas múltiplas linguagens.
Projetos Pedagógicos e a Organização de Atividades Significativas
Na educação infantil, as atividades pedagógicas devem ser oferecidas através de um tema gerador, geralmente, escolhido com a participação das crianças, ou através da identificação de um assunto que despertou o interesse da maioria.
A partir desse primeiro passo, serão planejadas várias atividades que deverão ocorrer em diferentes espaços dentro e fora da instituição. Essas atividades deverão permitir o aprofundamento do conhecimento relativo ao assunto proposto, através das diferentes linguagens infantis.
Trabalhando com o planejamento de atividades pedagógicas, as instituições que possuem um reconhecimento mundial em relação à qualidade de seus projetos têm gerado experiências significativas na formação das crianças da faixa etária da educação infantil. Clique nos locais em destaque e veja o que é necessário para alcançar tal objetivo.  
Reconhecer formas de articular experiências de aprendizagem.
Reconhecer e acolher a forma de ser e se expressar das crianças durante o  processo de aprender.
Valorizar o compartilhamento das ideias destacando a individualidade do pensar, do dizer e do sentir.
Compreender que as crianças constroem e reinventam continuamente e que estão aptas a explorar, fazer descobertas, mudar seus pontos de vista continuamente.
Entender que a criatividade não deve ser considerada um área separada da mente, mas uma característica integrada ao pensar, conhecer e fazer escolhas.
Valorizar a capacidade criativa como um aspecto que emerge de múltiplas experiências, juntamente com um desenvolvimento estimulado de recursos pessoais, incluindo um senso de liberdade para aventurar-se além do conhecido.
Os projetos podem apresentar temas extremamente diversificados, devendo respeitar as necessidades específicas das diferentes faixas etárias. Sobre esse aspecto, Barbosa e Horn (2008) colaboram com essa discussão: “A construção de projetos para crianças pequenas pode ter durações diferenciadas, sendo possível pensar em projetos que durem um dia ou talvez uma semana. Isso dependerá do envolvimento do grupo” (p. 80).
Ao trabalhar com as crianças por meio da pedagogia de projetos, o professor deverá saber:
Identificar diversos tipos de material que seja de fácil manipulação para a criança;
Conhecer formas de experiências variadas para a aprendizagem e desenvolvimento infantil relacionadas às áreas de conhecimento;
Reconhecer diversas maneiras de oferecer atividades lúdicas, livres ou dirigidas.
O trabalho pedagógico realizado através de projetos com temas específicos ganhará grandes dimensões a medida que possa estimular e valorizar as múltiplas capacidades  expressivas das crianças. Como ressalta Walter Benjamim (1984), as crianças transformam lixo em novas possibilidades. “Fazem a história a partir do lixo da história” (p.14).
As atividades pedagógicas devem oferecer liberdade de experimentações para que as crianças possam criar novas formas de expressão e inventar, sob a perspectiva infantil, aspectos que os adultos fatalmente não iriam pensar.
OLIVEIRA (2002) AFIRMA:
A ênfase no trabalho com diferentes linguagens como recurso básico de desenvolvimento na educação infantil suscita ainda a questão do aprender a ler e escrever em uma nova ótica. Cada dia mais, os professores têm buscado compreender as condições do contexto de aprendizagem propícias ao aprendizado, já desde cedo, da leitura e da escrita, o letramento.
Procuram compreender também o processo de construção e as regras de produção do sistema de escrita, que, tratada como objeto cultural com propriedades e funções específicas, serve como suporte de ações e trocas sociais. (p. 228).
É importante contextualizar os perigos atuais enfrentados pela infância em nossa cultura. Muitos estudiosos da área têm indicado o excesso de publicidade focado para crianças, pressionando-as ao consumo e diminuindo a infância. Ao mesmo tempo que algumas crianças ainda passam fome por não ter o que comer.
Nesse sentido, os educadores que trabalham com crianças podem focar seus projetos para temas que garantam o resgate das experiências e das brincadeiras tradicionais, das relações humanas, da construção de laços de amizades, possibilitando, assim, um processo de (re)humanização.
Kramer (2003, p.96) diz:
Precisamos gerar experiências de educação e socialização com práticas solidárias entre crianças, jovens e adultos, com ações coletivas, elos e laços capazes de gerar o sentido de pertencer “a”. Precisamos de escolas de educação infantil capazes de fazer diferente; precisamos mostrar na mídia outros modelos de educação e outros modos de ser criança que existem também..
É importante destacar que o nosso país, pela mistura histórica de três raças, possui um folclore riquíssimo e diversificado. As crianças brasileiras têm o direito de ter acesso a esse patrimônio cultural. É importante que tenhamos raízes reconhecidas e valorizadas pela população do país, garantindo assim o próprio repasse dessas informações de uma geração para a outra.
Kramer (2003, p.98) diz:
Escolas, pré-escolas e creches são espaços de circulação das culturas, no plural: das tradições culturais, costumes e valores dos diferentes grupos, suas trajetórias, experiências, seu saber, dos conhecimentos culturais disponíveis na história de determinada sociedade, povo, país.
Os elos de diferentes gerações garantem a um povo sua identidade. A publicidade focada no consumo não irá valorizar esses conhecimentos populares, mas os educadores de crianças podem e devem fazê-lo.
Em torno dessa questão, muitos temas podem ser desenvolvidos: mitos e lendas, festas populares, danças e comidas típicas, brinquedos e brincadeiras antigas, enfim, a variedade de possibilidades mais uma vez serve para enfatizar a enorme riqueza existente nessa área e que deve ser disponibilizada às crianças.
Um aspecto fundamental relacionado a esse método de trabalho é o respeito com as crianças, as suas produções, seus interesses e seus ritmos. A pedagogia de projeto, quando bem desenvolvida, permitirá à criança acreditar em suas potencialidades.
BARBOSA E HORN (2008) REITERAM ESSA IDEIA. VEJA O QUE ELES AFIRMAM:
Essa visão de organização do trabalho pedagógico considera as crianças como coautoras do seu processo de aprendizagem, tirando-as do lugar da passividade que a escola as têm colocado para um papel ativo e participativo.
Quando trabalhamos com projetos, construímos na verdade uma comunidade de aprendizagem, na qual o professor, as crianças e suas famílias são igualmente “protagonistas”. (p. 84)
É essencial que não seja esquecido que quando as crianças gostam de verdade de uma atividade, dão significado a ela, são capazes de ficar muito tempo envolvidas.
Em situações assim, suas respostas são cuidadosas e, ao mesmo tempo, espontâneas. Elas capricham nos detalhes e aprimoram suas técnicas, demonstrando não querer encerrar as atividades.
Na verdade, vemos com frequência os adultos interromperem a concentração das crianças que ficam durante muito tempo dedicadas a uma determinada atividade, às vezes convidando-aspara um novo momento da creche, tais como: banho, refeição ou outra novidade.
Durante suas brincadeiras, as crianças capricham nos detalhes que tentam imitar de sua cultura, fazendo um exercício de memória, percepção e atenção que, como já destacado por Vygotsky, são consideradas funções mentais superiores.  
É importante destacar mais uma vez o valor de uma infância saudável, onde sonhos, fantasias, descobertas, alegria, movimento, amizades e muito afeto estejam garantidos.
Os projetos pedagógicos podem significar instrumentos importantes para o início da constituição de sujeitos felizes, harmônicos, ativos, criativos e conscientes de seus direitos e de seus papéis na organização de um mundo melhor.
Toda e qualquer criança deve ser tratada como criança!
Nesta aula, você:
- Compreendeu formas de articular experiências de aprendizagem na escola infantil, desafios e as diferentes áreas: língua escrita, matemática, ciências e artes. 
- Aprendeu a respeito das múltiplas linguagens infantis: corpo-movimento, música, jogos e brincadeiras, dramatização e contação de histórias.
- Analisou as formas de ser e se expressar das crianças durante o processo de aprender, valorizando o compartilhamento das ideias e destacando a individualidade do pensar, do dizer e do sentir.
AULA 6
A OBSERVAÇÃO E A AVALIAÇÃO - RESPEITO AO RITMO DE CADA CRIANÇA
Ao final desta aula, você deverá ser capaz de:
1 - Identificar formas de articular experiências de aprendizagem na escola infantil, desafios e as diferentes áreas: língua escrita, matemática, ciências e artes; 
2 - Reconhecer as múltiplas linguagens: corpo-movimento, música, jogos e brincadeiras, dramatização e contação de histórias;
3 - Verificar e acolher a forma de ser e se expressar das crianças durante o processo de aprender, valorizando o compartilhamento das ideias e destacando a individualidade do pensar, do dizer e do sentir.
4 - Reconhecer a importância das diferentes dimensões cognitiva, afetiva e criativa das crianças.
5 - Identificar os hábitos e atitudes mais comuns das crianças. 
6 - Relacionar a avaliação no período infantil com a necessidade de conhecer o nível evolutivo em que cada criança se encontra.
A partir desta aula, você será capaz de entender melhor  as formas de observar e acompanhar o ritmo e desenvolvimento de cada criança, pois serão trabalhadas aqui a observação reconhecendo-a como uma forma que melhor se adapta à educação infantil e às suas características intrínsecas.
Nesse ponto, será ressaltada a observação e sua relação com os diferentes aspectos do desenvolvimento infantil – evolução, atitudes, relações sociais e afetivas, hábitos e estratégias de aprendizagem.
Também será abordada a observação em diferentes contextos – âmbito familiar, âmbito comunitário e âmbito educativo, identificando as especificidades de cada espaço.
E além desses aspectos citados acima, serão indicadas algumas técnicas de observação, tais como: precisão, sistematização, exatidão e fidelidade.
A OBSERVAÇÃO E A  AVALIAÇÃO - RESPEITO AO RITMO DE CADA CRIANÇA
Acompanhar a aprendizagem e as mudanças que ocorrem no cotidiano de um grupo de crianças em uma instituição de educação infantil é uma tarefa que exige do educador a formação de um olhar específico, pois envolve várias áreas do desenvolvimento, tais como:
Socialização
Cognição
Motricidade
Afetividade
ATENÇÃO!!
Vale lembrar que, apesar dessas áreas estarem separadas na estrutura cerebral, encontram-se interligadas e, muitas vezes, algumas atividades, apesar de serem focadas para uma área específica, permitem o desenvolvimento simultâneo desses aspectos.
Um roteiro de observação será um instrumento valioso que permitirá ao educador aprimorar o olhar. Um aspecto útil na elaboração desse roteiro é separar as anotações por área estudada. Arraste a lupa até o aluno e conheça quais são estas áreas:
psicomotor – a lateralidade, a tonicidade, a equilibração, a organização espaço temporal, o conhecimento e domínio do próprio corpo constituem aspectos da formação psicomotora;
cognitivo –  aspectos ligados à aprendizagem, buscar observar como o sujeito que pensa e constrói o seu conhecimento;
emocional – perceber como os sujeitos lidam com as suas próprias emoções, que atitudes enfatizam o equilíbrio, o autoconhecimento e o crescimento pessoal;
social – observar como o sujeito se relaciona com os demais colegas, familiares e estranhos.
Registrar as falas das crianças durante suas brincadeiras e interações espontâneas com os colegas será muito útil na compreensão de seu desenvolvimento.
Sobre esse aspecto, Rocha (2008) destaca:
“ a necessidade do cruzamento de procedimentos de escuta utilizando diferentes suportes expressivos em momentos diversos inclusive porque, com isso, o investigador pode conquistar um tipo de relação que amenize o constrangimento advindo do poder inerente ás relações geracionais e educativas”. p45
Ao acompanhar o desenvolvimento das crianças, é essencial incluir as diferentes formas de expressão específicas que elas apresentam.
Desenhos, brincadeiras ou até mesmo entrevistas diretas com as crianças, são pontos que ampliam as possibilidades de compreensão das diferenças entre elas e também das semelhanças.
Um aspecto importante é quanto a análise das situações. Vale recomendar a importância de considerar os diferentes contextos de vida das crianças. E ao fazer considerações específicas, utilizar o aporte dos autores da área da aprendizagem e do desenvolvimento, como por exemplo:
Piaget
Freud
Vygostsky
Walllon
Também é necessário buscar manter a neutralidade, evitando intervir nas situações de brincadeira livre sempre que possível, sem deixar as crianças correrem riscos de se machucar, pois para conhecê-las, é necessário conceder um certo espaço de autonomia dando liberdade para interagirem livremente.
Os locais de observação também são aspectos fundamentais que interferem no comportamento infantil, pois locais que ofereçam poucos objetos, espaço restrito para correr e pular, com muitas crianças e pouca oferta de atividades adequadas,  serão propícios para conflitos entre as crianças, a irritabilidade e o choro.
Em uma sociedade adultocêntrica, a tendência a estruturar o cotidiano sem considerar aspectos importantes para as crianças exige cada vez mais a busca por seus desejos, receios e sentimentos, através da observação de suas vivências e da escuta de suas falas ou registro de seus desenhos.
Na educação infantil, a avaliação far-se-á mediante acompanhamento e registro de seu desenvolvimento, sem o objetivo  de promoção, mesmo para o acesso ao ensino fundamental (Lei 9394/96, artigo 31).
Um outro ponto que merece investigação é a busca da percepção que as crianças têm sobre a instituição que elas frequentam. Esse aspecto representa mais um elemento na luta de superar as precariedades tão presentes nas creches e pré-escolas que atendem às crianças pequenas.
Ao ouvir as crianças, é possível estar mais perto de fazer um planejamento que permita cuidar e educar as crianças respeitando mais os seus desejos e suas necessidades.
Vale destacar que todos os adultos, de uma forma geral, são capazes de formas espontâneas de observação, de tomar notas mentalmente e por escrito, e de avaliar uma situação. Na verdade, a maioria consegue fazer isso quase o tempo todo, como demonstram suas expressões faciais e corporais em relação às crianças.
Contudo,  o que está sendo destacado é uma observação mais criteriosa que permita pensar e analisar com mais legitimidade detalhes cotidianos que facilitem a compreensão do comportamento infantil diante das atividades propostas pelo educador. Com relação a esse aspecto, Moyles (2002, p. 115) destaca os seguintes critérios que devem ser registrados. Para conhecê-los, monte o quebra-cabeça da imagem ao lado:
Atividade da criança.
Atitude em relação à tarefa.
Autoiniciação e responsabilidade.
Aprendizagem – conceitos, habilidades, processos.
Aplicação da aprendizagem anterior.
Aprendizagemcooperativa.
Aplicação da aprendizagem anterior.
Outra dica que a pesquisadora oferece é que as situações sejam observadas e registradas por mais de uma educadora e, em seguida, comparadas para que possam ser considerados diferentes olhares. Não existe observação neutra, ao fazer observações, os adultos normalmente irão refletir suas próprias percepções.
É necessário destacar que a rotulação normalmente imobiliza o sujeito, pré-definindo a criança em um lugar fixo. A aprendizagem pressupõe mudança e o processo de desenvolvimento infantil é dinâmico e bastante mutável. Atualmente, temos um enorme conhecimento conquistado que ajuda a compreender melhor os diferentes processos que as crianças passam ao longo da infância. Verba e Isambert (1998) destacam que:
Por parte dos psicólogos e dos educadores, existe um renovado interesse voltado ao estudo dos mecanismos através dos quais se constroem os conhecimentos nos primeiros anos do desenvolvimento cognitivo e, de outro, para agir de maneira adequada, com o objetivo de favorecer e melhorar as competências infantis. Os estudos relativos à aquisição dos conhecimentos através do ambiente social (familiar e escolar) tiveram, portanto, considerável avanço. (p. 245)
Hoje a discussão a respeito de como construir conhecimento é percebida através da participação ativa da criança, suas conversas, suas brincadeiras são consideradas elementos essenciais nessa relação. A criança é mais respeitada e suas hipóteses devem ser valorizadas e agregadas aos projetos pedagógicos que são oferecidos a partir de temáticas específicas.
As pesquisas têm demonstrado que, quando se oferece material adequado às suas capacidades e aos seus interesses, as crianças demonstram ser capazes de solucionar problemas que envolvam a realidade com muita seriedade.
Um aspecto fundamental e essencial de ser considerado é quanto à dimensão social do conhecimento. Sem compreender as diferentes realidades culturais das crianças, não é possível acontecer aprendizagem significativa. Alguns autores consideram que o ambiente é essencial na aprendizagem.
A respeito desse tema, VERBA E ISAMBERT (1998) AFIRMAM:
“Como é salientado nos trabalhos de Vigotsky, Wallon e mais recentemente, em Bruner, tal dimensão é de fato fundamental, e esses autores consideram o desenvolvimento das aquisições estritamente dependentes do ambiente social e, sobretudo, da interação entre adulto e criança.” P.246