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Apostila INTERPRETAÇÃO TEXTUAL

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Material preparado pelo professor Carlos Daniel S. Vieira 
prof.carlosdaniel@gmail.com 
 
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Vai que dá! 
Material especial ENEM/Vestibular - Interpretação Textual 
Prof. Carlos Daniel (C.D.) 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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PARTE 01: TEXTO E FUNÇÕES DA LINGUAGEM 
 
 Inicialmente, entende-se o texto de uma maneira bem ampla: trata-se de uma 
unidade lingüística, seja ela oral ou escrita, que possui um sentido e porta uma 
mensagem. Assim, um livro, um artigo, uma foto, um quadro, um programa de 
televisão – todos esses podem ser chamados de textos. 
 No texto abaixo, por exemplo, temos um conjunto de imagens, palavras, 
números e orações: 
 
 
 
 
 
 
 
 
(http:// www.elivros-gratis.net) 
 
 O linguísta Roman Jakobson (1896-1982) propôs um esquema de 
funcionamento da comunicação. Em paralelo, elaborou a concepção sobre as 
Funções da Linguagem. 
 
 
 
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EXERCÍCIOS sobre TEXTO E FUNÇÕES DA LINGUAGEM 
01. (Enem 2007) Não só de aspectos 
físicos se constitui a cultura de um povo. 
Há muito mais, contido nas tradições, no 
folclore, nos saberes, nas línguas, nas 
festas e em diversos outros aspectos e 
manifestações transmitidos oral ou 
gestualmente, recriados coletivamente e 
modificados ao longo do tempo. A essa 
porção intangível da herança cultural dos 
povos dá-se o nome de patrimônio cultural 
imaterial. 
(Internet: www.unesco.org.br ). 
 
Qual das figuras abaixo retrata patrimônio 
imaterial da cultura de um povo? 
 
a) 
 
b) 
 
c) 
 
d) 
 
e) 
 
02. (FUVEST 2009) 
 
A crítica contida na charge visa, 
principalmente, ao 
 
a) ato de reivindicar a posse de um bem, o 
qual, no entanto, já pertence ao Brasil. 
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b) desejo obsessivo de conservação da 
natureza brasileira. 
c) lançamento da campanha de 
preservação da floresta amazônica. 
d) uso de slogan semelhante ao da 
campanha “O petróleo é nosso”. 
e) descompasso entre a reivindicação de 
posse e o tratamento dado à floresta. 
 
03. (FUVEST 2009) O pressuposto da frase 
escrita no cartaz que compõe a charge é o 
de que a Amazônia está ameaçada de: 
a) Fragmentação. 
 b) Estatização. 
 c) Descentralização. 
 d) Internacionalização 
 e) Partidarização. 
 
04. (Enem 2004) 
 
 
Da minha aldeia vejo quanto da terra se 
pode ver no Universo... 
Por isso minha aldeia é grande como outra 
qualquer 
Porque sou do tamanho do que vejo 
E não do tamanho da minha 
altura... (Alberto Caeiro) 
 
A tira Hagar e o poema de Alberto Caeiro 
(um dos heterônimos de Fernando Pessoa) 
expressam, com linguagens diferentes, 
uma mesma ideia: a de que a 
compreensão que temos do mundo é 
condicionada, essencialmente, 
 
a) pelo alcance de cada cultura. 
b) pela capacidade visual do observador. 
c) pelo senso de humor de cada um. 
d) pela idade do observador. 
e) pela altura do ponto de observação. 
 
Texto I 
Eu amo a rua. Esse sentimento de 
natureza toda íntima não vos seria revelado 
por mim se não julgasse, e 
razões não tivesse para julgar, que este 
amor assim absoluto e assim exagerado é 
partilhado por todos vós. 
Nós somos irmãos, nós nos sentimos 
parecidos e iguais; nas cidades, nas 
aldeias, nos povoados, não porque 
soframos, com a dor e os desprazeres, a lei 
e a polícia, mas porque nos une, nivela e 
agremia o amor da rua. 
É este mesmo o sentimento imperturbável 
e indissolúvel, o único que, como a própria 
vida, resiste às idades 
e às épocas. 
RIO, J. A rua. In: A alma encantadora das 
ruas. São Paulo: Companhia das Letras, 
2008 (fragmento). 
 
Texto II 
A rua dava-lhe uma força de fisionomia, 
mais consciência dela. Como se sentia 
estar no seu reino, na região em 
que era rainha e imperatriz. O olhar 
cobiçoso dos homens e o de inveja das 
mulheres acabavam o sentimento 
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de sua personalidade, exaltavam-no até. 
Dirigiu-se para a rua do Catete com o seu 
passo miúdo e sólido. […] 
No caminho trocou cumprimento com as 
raparigas pobres de uma casa de cômodos 
da vizinhança. 
[…] E debaixo dos olhares maravilhados 
das pobres raparigas, ela continuou o seu 
caminho, arrepanhando a 
saia, satisfeita que nem uma duquesa 
atravessando os seus domínios. 
BARRETO, L. Um e outro. In: Clara dos 
anjos. Rio de Janeiro: Editora Mérito 
(fragmento). 
05. (FUVEST 2009) A experiência urbana é 
um tema recorrente em crônicas, contos e 
romances do final do século XIX e início do 
XX, muitos dos quais elegem a rua para 
explorar essa experiência. Nos fragmentos 
I e II, a rua é vista, respectivamente, como 
lugar que 
A) desperta sensações contraditórias e 
desejo de reconhecimento. 
B) favorece o cultivo da intimidade e a 
exposição dos dotes físicos. 
C) possibilita vínculos pessoais duradouros 
e encontros casuais. 
D) propicia o sentido de comunidade e a 
exibição pessoal. 
E) promove o anonimato e a segregação 
social 
06. (FUVEST 2009) No texto I, observa-se 
que o narrador se 
 
a) equipara ao leitor, por meio de 
sentimentos diversos como o amor, o ódio 
e o egoísmo. 
b) distancia do leitor, porque o amor à rua, 
assim como o ódio e o egoísmo, é 
passageiro. 
c) identifica com o leitor, por meio de um 
sentimento perene, que é o amor à rua. 
d) aproxima do leitor, por meio de 
sentimentos duradouros como o amor à rua 
e o ódio à polícia. 
e) afasta do leitor, porque, ao contrário 
deste, valoriza as coisas fúteis. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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PARTE 02: IDEOLOGIA E INTENCIONALIDADE 
 Todo o texto carrega uma ideologia e uma intencionalidade. 
 O termo ideologia é de difícil classificação, o que é amplamente 
debatido na filosofia e na sociolinguística. Grosso modo, pode-se pensar 
em ideologia como o conjunto de crenças e convenções que permeia 
um grupo social. 
 Por mais que um falante tente, nunca conseguirá produzir um texto sem 
alguma ideologia. Logicamente, é mais fácil observar a ideologia 
predominante em textos que estejam temporalmente distantes de nós. 
 
Propaganda de “Cigarrinhos de Chocolate Garoto” (Anos 50) 
 
 
Propaganda da cerveja Devassa (2012), autuada pelo CONAR 
 
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 No fundo, todos os textos possuem um caráter argumentativo, ou seja, buscam 
convencer seu(s) leitor(es) de algo. Tradicionalmente, as provas de ENEM e 
Vestibular costumam trabalhar a intencionalidade de textos literários e/ou 
publicitários. 
 
EXERCÍCIOS sobre IDEOLOGIA E INTENCIONALIDADE 
 
O sonho do celular 
Sabe qual é o meu sonho, cara? Quer saber 
mesmo qual é o grande sonho? 
 Eu queria ter um celular, cara. Um celular: 
esses telefones que o cara leva na mão, e dá 
para a gente falar de qualquer lugar, da rua, 
do bar, do banheiro, de onde você quiser. É 
uma maravilha, cara. Não existe nada igual.É 
o meu sonho. 
 Você vai dizer: ah, mas é um sonho miúdo, 
insignificante. Você vai dizer que sou 
modesto, que voo baixo. Outros querem 
carrões importados, roupas caras, 
apartamentos de cobertura – e eu quero só 
um telefone?! 
 Pois é só o que quero: um telefone celular. 
Aquilo é o Maximo, cara. Aquilo te dá um 
status fora de série. Não sou só eu que acha 
isso, não: eu tinha um amigo que roubou um 
celular da loja só para ficar com ele debaixo 
do braço. A coisa não falava, não tocava – 
mas dava a ele uma sensação de peru. 
Celular, cara, é outro papo. Não é orelhão, 
não é telefone comum. É celular. Coisa de 
gente fina. 
 Só que custa um dinheirão, e de onde eu ia 
descolar aquela grana? Porque eu queria 
fazer a coisa legal, registrar o aparelho, tudo 
certinho. Essas coisas custam caro. Não havia 
outro jeito: eu tinha que sequestrar um cara. 
 E aí a gente fez o sequestro, tudo direitinho, 
tudo bem planejado. E para o sujeito não 
incomodar, nós o colocamos no porta-malas. 
 
Fomos presos, cara. E sabe por quê? Porque 
o pinta tinha um celular. De dentro do porta-
malas ele pediu socorro. E nos pegaram 
direitinho. 
 Se estou zangado? Não estou zangado, não. 
É verdade que fiquei numa ruim, mas o que 
aconteceu provou que eu tinha razão celular 
é outro papo. É a comunicação do futuro, 
cara. Um dia ainda vou ter um, andar com 
ele debaixo do braço e falar com meus 
amigos de casa, da rua, do banheiro. Sou até 
capaz de me meter num porta-malas e ligar 
para alguém, para ver como a coisa funciona. 
 Celular é meu sonho cara. 
(Moacyr Scliar) 
01. A linguagem do texto acima caracteriza-
se pelo emprego de termos coloquiais ou 
populares. Substitua as expressões a seguir 
por outras correspondentes em norma culta. 
A) "eu voo baixo" 
B) "uma sensação do peru" 
C) "porque o pinta tinha um celular" 
D) "celular é outro papo" 
02. "O feitiço virou contra o feiticeiro". 
Poderíamos aplicar esse provérbio popular à 
narrativa? Justifique a sua resposta. 
03. Interprete a intenção do autor ao 
escrever esse texto. 
 
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04. (Enem 2006) Os textos a seguir foram 
extraídos de duas crônicas publicadas no ano 
em que a seleção brasileira conquistou o 
tricampeonato mundial de futebol. 
 
O General Médici falou em consistência 
moral. Sem isso, talvez a vitória nos 
escapasse, pois a disciplina consciente, 
livremente aceita, é vital na preparação 
espartana para o rude teste do campeonato. 
Os brasileiros portaram-se não apenas como 
técnicos ou profissionais, mas como 
brasileiros, como cidadãos deste grande país, 
cônscios de seu papel de representantes de 
seu povo. Foi a própria afirmação do valor do 
homem brasileiro, como salientou bem o 
presidente da República. Que o chefe do 
governo aproveite essa pausa, esse minuto 
de euforia e de efusão patriótica, para 
meditar sobre a situação do país. (...) A 
realidade do Brasil é a explosão patriótica do 
povo ante a vitória na Copa. 
(Danton Jobim. Última Hora, 23/6/1970 - 
com adaptações). 
 
O que explodiu mesmo foi a alma, foi a 
paixão do povo: uma explosão incomparável 
de alegria, de entusiasmo, de orgulho. (...) 
Debruçado em minha varanda de Ipanema, 
[um velho amigo] perguntava: – Será que 
algum terrorista se aproveitou do delírio 
coletivo para adiantar um plano seu 
qualquer, agindo com frieza e precisão? Será 
que, de outro lado, algum carrasco policial 
teve ânimo para voltar a torturar sua vítima 
logo que o alemão apitou o fim do jogo? 
(Rubem Braga. Última Hora, 25/6/1970 - 
com adaptações). 
 
Avalie as seguintes afirmações a respeito dos 
dois textos e do período histórico em que 
foram escritos. 
 
I - Para os dois autores, a conquista do 
tricampeonato mundial de futebol provocou 
uma explosão de alegria popular. 
II - Os dois textos salientam o momento 
político que o país atravessava ao mesmo 
tempo em que conquistava o tricampeonato. 
III - À época da conquista do tricampeonato 
mundial de futebol, o Brasil vivia sob regime 
militar, que, embora politicamente 
autoritário, não chegou a fazer uso de 
métodos violentos contra seus opositores. 
 
É correto apenas o que se afirma em 
a) I. 
b) II. 
c) III. 
d) I e II. 
e) II e III. 
 
05. (ENEM 2007) A figura abaixo é parte de 
uma campanha publicitária. 
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Essa campanha publicitária relaciona-se 
diretamente com a seguinte afirmativa: 
a) O comércio ilícito da fauna silvestre, atividade 
de grande impacto, é uma ameaça para a 
biodiversidade nacional. 
b) A manutenção do mico-leão-dourado em jaula 
é a medida que garante a preservação dessa 
espécie animal. 
c) O Brasil, primeiro país a eliminar o tráfico do 
mico-leão-dourado, garantiu a preservação dessa 
espécie. 
d) O aumento da biodiversidade em outros países 
depende do comércio ilegal da fauna silvestre 
brasileira. 
e) O tráfico de animais silvestres é benéfico para 
a preservação das espécies, pois garante-lhes a 
sobrevivência. 
 
06. (Enem 2010) 
Texto I 
O chamado "fumante passivo" é aquele indivíduo 
que não fuma, mas acaba respirando a fumaça os 
cigarros fumados ao seu redor. Até hoje, 
discutem-se muito os efeitos do fumo passivo, 
mas uma coisa é certa: quem não fuma não é 
obrigado a respirar a fumaça dos outros. O fumo 
passivo é um problema de saúde pública em todos 
os países do mundo. Na Europa, estima-se que 
79% das pessoas estão expostas à fumaça "de 
segunda mão", enquanto, nos Estados Unidos, 
88% dos não fumantes acabam fumando 
passivamente. A Sociedade do Câncer da Nova 
Zelândia informa que o fumo passivo é a terceira 
entre as principais causas de morte no país, 
depois do fumo ativo e do uso de álcool. 
Disponível em: www.terra.com.br. Acesso em: 27 
abr. 2010 (fragmento). 
 
Texto II 
 
 
Ao abordar a questão do tabagismo, os 
textos I e II procuram demonstrar que 
a) a quantidade de cigarros consumidos por 
pessoa, diariamente, excede o máximo de 
nicotina recomendado para os indivíduos, 
inclusive para os não fumantes. 
b) para garantir o prazer que o indivíduo tem ao 
fumar, será necessário aumentar as estatísticas 
de fumo passivo. 
c) a conscientização dos fumantes passivos é uma 
maneira de manter a privacidade de cada 
indivíduo e garantir a saúde de todos. 
d) os não fumantes precisam ser respeitados e 
poupados, pois estes também estão sujeitos as 
doenças causadas pelo tabagismo. 
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e) o fumante passivo não é obrigado a inalar as 
mesmas toxinas que um fumante, portanto 
depende dele evitar ou não a contaminação 
proveniente da exposição ao fumo. 
 
07. (ENEM 2010) No ano de 2000, um 
vazamento em dutos de óleo na baía de 
Guanabara (RJ) causou um dos maiores 
acidentes ambientais no Brasil. Além de 
afetar a fauna e a flora, o acidente 
abalou o equilíbrio da cadeia alimentar 
de toda a baía. O petróleo forma uma 
película na superfície da água, o que 
prejudica as trocas gasosas da atmosfera 
com a água e desfavorece a realização 
de fotossíntese pelas algas, que estão na 
base da cadeia alimentar hídrica. Além 
disso, o derramamento de óleo 
contribuiu para o envenenamento das 
árvores e, consequentemente, para a 
intoxicação da fauna e flora aquáticas, 
bem como conduziuà morte diversas 
espécies de animais, entre outras 
formas de vida, afetando também a 
atividade pesqueira. 
LAUBER, L. "Diversidade da Maré 
Negra". In: Scientific American 
Brasil4(39), ago. 2005 (adaptado). 
 
A situação exposta no texto e suas 
implicações 
a) indicam a independência da espécie 
humana com relação ao ambiente 
marinho. 
b) alertam para a necessidade do 
controle da poluição ambiental para 
redução do efeito estufa. 
c) ilustram a interdependência das 
diversas formas de vida (animal, vegetal 
e outras) e o seu habitat. 
d) indicam a alta resistência do meio 
ambiente à ação do homem, além de 
evidenciar a sua sustentabilidade 
mesmo em condições extremas de 
poluição. 
e) evidenciam a grande capacidade 
animal de se adaptar às mudanças 
ambientais, em contraste com a baixa 
capacidade das espécies vegetais, que 
estão na base da cadeia alimentar 
hídrica. 
 
08. (FUVEST 2008) 
S. Paulo, 13-XI-42 
 
Murilo 
 
São 23 horas e estou honestissimamente 
em casa, imagine! Mas é doença que me 
prende, irmão pequeno. Tomei com uma 
gripe na semana passada, depois, 
desensarado, com uma chuva, domingo 
último, e o resultado foi uma 
sinusitezinha infernal que me inutilizou 
mais esta semana toda. E eu com tanto 
trabalho! Faz quinze dias que não faço 
nada, com o desânimo de após-gripe, 
uma moleza invencível, e as dores e 
tratamento atrozes. Nesta noitinha de 
hoje me senti mais animado e andei 
trabalhandinho por aí. (...) 
Quanto a suas reservas a palavras do 
poema que lhe mandei, gostei da sua 
habilidade em pegar todos os casos 
“propositais”. Sim senhor, seu poeta, 
você até está ficando escritor e estilista. 
Você tem toda a razão de não gostar do 
“nariz furão”, de “comichona”, etc. Mas 
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lhe juro que o gosto consciente aí é da 
gente não gostar sensitivamente. As 
palavras são postas de propósito pra não 
gostar, devido à elevação 
declamatória do coral que precisa ser um 
bocado bárbara, brutal, insatisfatória e 
lancinante. Carece botar um pouco de 
insatisfação no prazer estético, não 
deixar a coisa muito bem-feitinha.(...) De 
todas as palavras que você recusou só 
uma continua me desagradando “lar 
fechadinho”, em que o carinhoso do 
diminutivo é um desfalecimento no 
grandioso do coral. 
Mário de Andrade, Cartas a 
Murilo Miranda. 
 
“... estou honestissimamente em casa, 
imagine! Mas é doença que me prende, 
irmão pequeno." 
 
No trecho, o termo destacado indica que 
o autor da carta pretende 
 
a) revelar a acentuada sinceridade com que 
se dirige ao leitor. 
b) descrever o lugar onde é obrigado a ficar 
em razão da doença. 
c) demarcar o tempo em que permanece 
impossibilitado de sair. 
d) usar a doença como pretexto para sua 
voluntária inatividade. 
e) enfatizar sua forçada resignação com a 
permanência em casa. 
 
09. (FUVEST 2008) 
A borboleta 
Cada vez que o poeta cria uma borboleta, o 
leitor 
exclama: “Olha uma borboleta!” O crítico 
ajusta os 
nasóculos e, ante aquele pedaço esvoaçante 
de vida, 
murmura: – Ah!, sim, um lepidóptero... 
 
Mário Quintana, Caderno H. 
 
nasóculos = óculos sem hastes, ajustáveis ao 
nariz. 
 
Depreende-se desse fragmento que, para 
Mário Quintana, 
 
a) a crítica de poesia é meticulosa e exata 
quando acolhe e valoriza uma imagem 
poética. 
 
b) uma imagem poética logo se converte, na 
visão de um crítico, em um referente 
prosaico. 
 
c) o leitor e o poeta relacionam-se de 
maneira antagônica com o fenômeno 
poético. 
 
d) o poeta e o crítico sabem reconhecer a 
poesia de uma expressão como “pedaço 
esvoaçante de vida”. 
 
e) palavras como “borboleta” ou 
“lepidóptero” mostram que há convergência 
entre as linguagens da ciência e da poesia. 
 
10. (FUVEST 2009) 
ISTOÉ – Quais são os equívocos mais comuns 
a respeito das pessoas altamente criativas? 
Weisberg – O primeiro é que apenas um tipo 
específico de pessoa é criativa, e que ela usa 
processos mentais diferentes do restante 
dos seres humanos. Existe um mito de que 
os gênios usam processos inconscientes para 
criar suas obras ou têm patologias mentais 
que 
contribuem no processo criativo. Isso não é 
verdade. 
ISTOÉ – Mas não se pode dizer que são 
pessoas comuns. 
Weisberg – As diferenças existem, claro. 
Picasso, por exemplo. Um aspecto bem 
distinto dele foi sua produtividade. Ele 
trabalhava o tempo todo e 
queria,propositadamente, criar coisas novas. 
Quase todos nós podemos aprender a 
desenhar. Não acho que essa habilidade seja 
o que o diferencia do restante, mas talvez o 
desejo de produzir algo novo, que afete o 
mundo. 
Entrevista de Robert Weisberg concedida a 
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Leoleli Camargo, IstoÉ, nº 2013, página 6, 
04/06/08. 
Ao responder à revista, como o entrevistado 
procura desmistificar a figura do gênio? 
a) Citando Picasso, porque estudos 
comprovam que sua herança genética foi 
responsável pela sua produtividade e 
versatilidade como artista. 
b) Mencionando patologias mentais, porque 
concorda que distúrbios, como a 
esquizofrenia, são responsáveis pela 
criatividade dos gênios. 
c) Considerando pertinente a hipótese de 
que a criação ocorre pela associação do 
trabalho constante com o desejo de produzir 
algo novo. 
d) Sugerindo a tese de que a criação de 
coisas novas é uma capacidade comum a 
todos, sendo raros, porém, aqueles que 
podem desenhar. 
e) Levantando a hipótese de que os 
processos mentais beneficiam-se de 
estimulantes químicos para facilitar o 
processo criativo. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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PARTE 03: FIGURAS DE LINGUAGEM 
DEFINIÇÃO: “Figura de linguagem é uma forma de expressão que consiste no emprego 
de palavras em sentido figurado, isto é, em um sentido diferente daquele em que 
convencionalmente são empregadas” (CEREJA&MAGALHÃES, Português. Linguagens. 
2012) 
 
A. COMPARAÇÃO: aproxima ou 
distancia dois ou mais elementos. É 
obrigatório o uso do termo 
comparativo (como, quanto, 
tanto...quanto, entre outros). 
Ex.: Ela é como uma flor. 
 
B. METÁFORA: trata-se de uma 
comparação sem o elemento 
comparativo. Diz-se que uma coisa é 
outra. 
Ex.: Ela é uma flor. 
 
C. METONÍMIA: trata-se da substituição 
de uma palavra por outra, por haver 
uma relação lógica entre elas. 
Ex.: Estou lendo um Machado de Assis. 
(ao invés do livro) 
Ex.: O nenê comeu dois pratos (ao invés 
do alimento) 
Ex.:A um sinal do maestro, os metais 
iniciaram o concerto. (ao invés dos 
instrumentos de metal) 
 
D. ANTÍTESE: Presença de termos 
opostos, associados. A associação é 
logicamente possível. 
Ex.: Ontem chovia, mas hoje faz sol. 
 
E. PARADOXO: Presença de termos 
opostos, unidos. A associação é 
logicamente impossível. 
Ex.: Minha alma carrega um sol 
chuvoso. 
 
F. PERSONIFICAÇÃO OU PROSOPOPEIA: 
Atribuem-se características humanas 
para coisas não-humanas. 
Ex.: As casas observavam os homens. 
 
G. HIPÉRBOLE: trata-se de um exagero. 
Ex.: “Pois há menos peixinhos a nadar 
no mar 
Do que os beijinhos que darei 
Na sua boca” (Vinícius de Moraes) 
 
 
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H. EUFEMISMO: substitui-se uma 
palavra ou expressão por outra, para 
amenizar a informação passada. 
Ex.: Ela está num lugar melhor. 
Ex.: Ela não é exatamente uma pessoa 
inteligente. 
 
I. IRONIA: consiste em firmar o 
contrário do que se quer dizer. 
Frequentemente, gera humor. 
Ex.: “Moça linda bem tratada, 
Três séculos de família 
 Burra como uma porta: 
Um amor” (Mário de Andrade) 
 
J. ASSÍNDETO: emprego de orações 
coordenadas, sem o uso de conjunções. 
O caso mais corriqueiro é o da retirada 
da conjunção “e”. 
Ex.: Via carros, caminhões, aviões. 
 
K. POLISSÍNDETO: Repetição da 
conjunção. Frequentemente, o objetivo 
é enfatizar. 
Ex.: Via carros e caminhões e aviões. 
 
L. ANÁFORA: Repetição proposital de 
palavras no início de uma frase ou 
verso. 
Ex.: “O vento varria as folhas, 
O vento varria os frutos, 
O vento varria as flores... 
 
M. GRADAÇÃO: Listagem de termos, 
gerando a ideia de progressão. 
Ex.: Cada vez mais, comprou carros, 
casas, tudo! 
 
N. CATACRESE: trata-se de uma 
metáfora que já foi incorporada à 
língua. 
Ex.: cauda do piano, menina-dos-olhos, 
costas da cadeira etc. 
 
O. ANTONOMÁSIA OU PERÍFRASE: 
Substituição de um nome por um 
“apelido”, epíteto. 
Ex.: Estou lendo um livro do primeiro 
realista brasileiro (ao invés de 
“Machado de Assis”). 
 
P. SINESTESIA: Mistura de sensações e 
sentidos. 
Ex.: uma cor doce, um canto ardente 
etc. 
 
Q. APÓSTROFE: chamamento de algo 
ou alguém. A morfologia classifica de 
“vocativo”. 
Ex.: Pai nosso, que estais no céu... 
 
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 15 
R. HIPÉRBATO: inversão complexa dos 
termos da oração. 
Ex.: “vieram vindo outras pessoas, às 
duas e às quatro“ (Machado de Assis, 
Quincas Borba). 
 
S. ELIPSE: Omissão de uma ou mais 
palavras, facilmente identificadas. 
Ex.: [Eu] Sempre acreditei no amor. 
 
T. ZEUGMA: omissão de um termo 
expresso anteriormente. 
Ex.: Ele sonhava em namorar; ela, em 
casar. 
U. ANACOLUTO: quebra na estrutura 
normal da oração, com a inserção de 
um termo sem ligação sintática com os 
demais. 
Ex.: “Eu, não me importa a desonra do 
mundo” (Camilo Castelo Branco, Amor 
de Perdição). 
 
V: SILEPSE: concordância feita com a 
ideia transmitida, e não com os termos 
da oração. 
Ex.: Os brasileiros somos um povo forte. 
 
W. ALITERAÇÃO: repetição de sons 
consonantais. 
Ex.: “Vim, vi e venci.” 
 
X. ASSONÂNCIA: repetição de sons 
vocálicos. 
Ex.: A azaleia abria-se. 
 
Y: ONOMATOPEIA: representação 
gráfica de um som. 
Ex.: “Plunct-Plact-Zummm 
Não vai a lugar nenhum” 
(Raul Seixas – O Carimbador Maluco) 
 
Z: PARONOMÁSIA: palavras 
semelhantes ou iguais na pronúncia, 
mas diferentes no sentido. 
Ex.: Comeu a manga e pagou três 
mangos.
 
EXERCÍCIOS sobre FIGURAS DE LINGUAGEM 
01. (FGV 2009) 
 
Ó almas presas, mudas e fechadas 
Nas prisões colossais e abandonadas, 
Da Dor no calabouço, atroz, funéreo! 
 
Nesses silêncios solitários, graves, 
que chaveiro do Céu possui as chaves 
para abrir-vos as portas do Mistério?! 
 
(SOUSA, Cruz e. Últimos sonetos.) 
 
A figura de sintaxe denominada “anástrofe” é 
um tipo raro de inversão, que consiste na 
anteposição do determinante (preposição + 
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 16 
substantivo) ao determinado, como ocorre no 
seguinte trecho: 
 
a) “Ó almas presas”. 
b) “Nas prisões colossais”. 
c) “Da Dor no calabouço”. 
d) “Nesses silêncios solitários”. 
e) “Para abrir-vos as portas”. 
 
02. (FGV-2010) “Eu ia, atento e presente, em 
busca de um bonde e de Jandira. Foi só ouvir 
uma sanfona, perdi o bonde, perdi o rumo, e 
perdi Jandira. Fiquei rente do cego da sanfona, 
não sei se ouvindo as suas valsas ou se ouvindo 
outras valsas que elas foram acordar na minha 
escassa memória musical. 
Depois, o cego mudou de esquina, e continuei a 
pé o caminho, mas bem percebi que os passos 
me levavam, não para o cotidiano, mas para 
tempos mortos.” 
 
(ANJOS, Cyro dos. O amanuense Belmiro. 8ª ed. 
Rio de Janeiro: José Olympio Editora, 1975, p. 
15.) 
 
a) Aproximando-se as duas passagens 
destacadas destacado do trecho “Eu ia, atento 
e presente, em busca de um bonde e de 
Jandira. Foi só ouvir uma sanfona, perdi o 
bonde, perdi o rumo, e perdi Jandira”, pode-se 
divisar uma figura de linguagem, mais 
especificamente, uma figura de pensamento. 
Nomeie-a e explique como ela se dá no texto. 
 
b) Classifique morfologicamente o termo “elas” 
e aponte a que termo se refere. Justifique sua 
resposta. 
 
 
03. (FGV 2010) Observe as frases: 
 
I. Tecnologia da informação: do campus para o 
campo. 
(Jornal Unesp, agosto de 2009.) 
 
II. Durante a _______ (sessão/seção) plenária, o 
deputado deixou claro que, a partir daquele 
momento, não se discutiriam mais as _______ 
(exceções/excessões). O mais importante seria 
o _______ (cumprimento/comprimento) da 
pauta, atendendo, assim, aos interesses dos 
_______ (cidadãos/cidadões). 
 
a) Nomeie e explique a figura de linguagem 
estabelecida pelo par campus-campo, em I. 
 
b) Transcreva, respectivamente, os termos que 
completam corretamente as lacunas em II. 
 
 
04. (FUVEST 2009) Eu amo a rua. Esse 
sentimento de natureza toda íntima não vos 
seria revelado por mim se não julgasse, e 
razões não tivesse para julgar, que este amor 
assim absoluto e assim exagerado é partilhado 
por todos vós. Nós somos irmãos, nós nos 
sentimos parecidos e iguais; nas cidades, nas 
aldeias, nos povoados, não porque soframos, 
com a dor e os desprazeres, a lei e a polícia, 
mas porque nos une, nivela e agremia o amor 
da rua. É este mesmo o sentimento 
imperturbável e indissolúvel, o único que, como 
a própria vida, resiste às idades e às épocas. 
RIO, J. A rua. In: A alma encantadora das ruas. 
São Paulo: Companhia das Letras, 2008 
(fragmento). 
 
Em “nas cidades, nas aldeias, nos povoados” 
(linha 6), “hoje é mais amargo o riso, mais 
dolorosa a ironia” (linhas 12 e 13) e “levando as 
coisas fúteis e os acontecimentos notáveis” 
(linhas 13 e 14), ocorrem, respectivamente, os 
seguintes recursos expressivos: 
 
a) eufemismo, antítese, metonímia. 
b) hipérbole, gradação, eufemismo. 
c) metáfora, hipérbole, inversão. 
d) gradação, inversão, antítese. 
e) metonímia, hipérbole, metáfora. 
 
05. (FUVEST2009) Vestindo água, só saído o 
cimo do pescoço, o burrinho tinha de se 
enqueixar para o alto, a salvar também de fora 
o focinho. Uma peitada. Outro tacar de patas. 
Chu-áa! Chu-áa... — ruge o rio, como chuva 
deitada no chão. Nenhuma pressa! Outra 
remada, vagarosa. No fim de tudo, tem o pátio, 
com os cochos, muito milho, na Fazenda; e 
depois o pasto: sombra, capim e sossego... 
Nenhuma pressa. Aqui, porora, este poço 
doido, que barulha como um fogo, e faz medo, 
não é novo: tudo é ruim e uma só coisa, no 
caminho: como os homens e os seus modos, 
costumeira confusão. É só fechar os olhos. 
Como sempre. Outra passada, na massa fria. E 
ir sem afã, à voga surda, amigo da água, bem 
com o escuro, filho do fundo, poupando forças 
para o fim. Nada mais, nada de graça; nem um 
arranco, fora de hora. Assim. 
João Guimarães Rosa. O burrinho pedrês, 
Sagarana. 
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 17 
 
Como exemplos da expressividade sonora 
presente neste excerto, podemos citar a 
onomatopeia, em “Chu-áa! Chu-áa...”, e a fusão 
de onomatopeia com aliteração, em 
 
a) “vestindo água”. 
b) “ruge o rio”. 
c) “poço doido”. 
d) “filho do fundo”. 
e) “fora de hora”. 
 
06. (FUVEST 2010) 
Desde pequeno, tive tendência para 
personificar as coisas. Tia Tula, que achava que 
mormaço fazia mal, sempre gritava: "Vem pra 
dentro, menino, olha o mormaço!". Mas eu 
ouvia o mormaço com M maiúsculo. Mormaço, 
para mim, era um velho que pegava crianças! Ia 
pra dentro logo. E ainda hoje, quando leio que 
alguém se viu perseguido pelo clamor público, 
vejo com estes olhos o Sr. Clamor Público, 
magro, arquejante, de preto, brandindo um 
guarda-chuva, com um gogó protuberante que 
se abaixa e levanta no excitamento da 
perseguição. 
E já estava devidamente grandezinho, pois 
devia contar uns trinta anos, quando me fui, 
com um grupo de colegas, a ver o lançamento 
da pedra fundamental da ponte Uruguaiana-
Libres, ocasião de grandes solenidades, com os 
presidentes Justo e Getúlio e gente muita, 
tanto assim que fomos alojados os do meu 
grupo num casarão que creio fosse a prefeitura, 
com os demais jornalistas do Brasil e Argentina. 
Era como um alojamento de quartel, com breve 
espaço entre as camas e todas as portas e 
janelas abertas, tudo com alegres incômodos e 
duvidosos encantos de uma coletividade 
democrática. Pois lá pelas tantas da noite, 
como eu pressentisse, em meu entredormir, 
um vulto junto à minha cama, sentei-me 
estremunhado olhei atônito para um tipo chiru, 
ali parado, de bigodes caídos, pala pendente e 
chapéu descido sobre os olhos. Diante da 
minha muda interrogação, ele resolveu 
explicar-se, com a devida calma: 
_ Pois é! Não vê que eu sou o sereno... 
E eis que, por um milésimo de segundo, ou 
talvez mais, julguei que se tratasse do Sereno 
Noturno em pessoa. 
Coisas do sono? Além disso, o vulto aquele, 
penumbroso e todo em linhas descendentes, 
ajudava a ilusão. Mas por que desculpar-me? 
Quase imediatamente compreendi que o 
"sereno" era vigia noturno, uma espécie de 
anjo da guarda crioulo e municipal. 
Por que desculpar-me, se os poetas criaram 
deuses e semideuses para personificar as 
coisas, visíveis e invisíveis... E o sereno da 
fronteira deve andar mesmo de chapéu 
desabado, bigode, pala e de pé no chão... sim, 
ele estava mesmo de pés descalços, decerto 
para não nos perturbar o sono mais ou menos 
inocente. 
 
(QUINTANA, Mário. As cem melhores crônicas 
brasileiras.) 
 
*Glossário: 
estremunhado:mal-acordado. 
chiru: que ou aquele que tem pele morena, 
traços acaboclados (regionalismo: Sul do 
Brasil). 
 
A caracterização ambivalente da “coletividade 
democrática” (L. 20 e 21), feita com humor pelo 
cronista, ocorre também na seguinte frase 
relativa à democracia: 
 
a) Meu ideal político é a democracia, para que 
todo homem seja respeitado como indivíduo, e 
nenhum, venerado. (A. Einstein) 
 
b) A democracia é a pior forma de governo, 
com exceção de todas as demais. (W. Churchill) 
 
c) A democracia é apenas a substituição de 
alguns corruptos por muitos incompetentes. (B. 
Shaw) 
 
d) É uma coisa santa a democracia praticada 
honestamente, regularmente, sinceramente. 
(Machado de Assis) 
 
e) A democracia se estabelece quando os 
pobres, tendo vencido seus inimigos, 
massacram alguns, banem os outros e 
partilham igualmente com os restantes o 
governo e as magistraturas. (Platão) 
 
07. (FUVEST 2008) Meses depois fui para o 
seminário de S. José. Se eu pudesse contar as 
lágrimas que chorei na véspera e na manhã, 
somaria mais que todas as vertidas desde Adão 
e Eva. Há nisto alguma exageração; mas é bom 
ser enfático, uma ou outra vez, para compensar 
este escrúpulo de exatidão que me aflige. 
(Machado de Assis, Dom Casmurro.) 
 
O “escrúpulo de exatidão” que, no trecho, o 
narrador contrapõe à exageração ocorre 
também na frase: 
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 18 
a) No momento em que nos contaram a 
anedota, quase estouramos de tanto rir. 
b) Dia a dia, mês a mês, ano a ano, até o fim 
dos tempos, não tirarei os olhos de ti. 
c) Como se sabe, o capitão os alertou milhares 
de vezes sobre os perigos do lugar. 
d) Conforme se vê nos registros, faltou às aulas 
trinta e nove vezes durante o curso. 
e) Com toda a certeza, os belíssimos presentes 
lhe custaram os olhos da cara. 
 
08. (FGV 2011) 
Não comerei da alface a verde pétala 
Nem da cenoura as hóstias desbotadas 
Deixarei as pastagens às manadas 
E a quem mais aprouver fazer dieta. 
 
Cajus hei de chupar, mangas-espadas 
Talvez pouco elegantes para um poeta 
Mas peras e maçãs, deixo-as ao esteta 
Que acredita no cromo das saladas. 
 
Não nasci ruminante como os bois 
Nem como os coelhos, roedor; nasci 
Onívoro*; deem-me feijão com arroz 
 
E um bife, e um queijo forte, e parati** 
E eu morrerei, feliz, do coração 
De ter vivido sem comer em vão. 
 
(Vinicius de Moraes, Livro de sonetos. São 
Paulo: Companhia das Letras, 1991.) 
 
*onívoro: que se alimenta tanto de matéria 
vegetal como animal. 
**parati: aguardente de cana, cachaça. 
 
a) Indique duas figuras de linguagem, uma de 
natureza sintática e outra, semântica, utilizadas 
pelo autor nos dois primeiros versos. Que 
efeitos de sentido elas produzem, tendo em 
vista seus referentes e o contexto em que elas 
ocorrem? 
 
b) A identificação da função sintática do termo 
“do coração” é decisiva para entender o 
significado do verso 13? Justifique sua resposta. 
 
c) Identifique a principal mensagem subjacente 
ao texto. Justifique sua resposta com base em 
elementos presentes no poema. 
09. (FGV 2011) 
documento 
 
Encontro um caderno antigo, de adolescente. E, 
em vez das simples anotações que seriam 
preciosas como documento, descubro que eu 
só fazia literatura. Afinal, quando é que um 
adolescente já foi natural? E, folheando aquelas 
velhas páginas, vejo, compungido, como as 
comparações caducam. Até as imagens 
morrem, dizia Brás Cubas. Quero crer que 
caduquem apenas. 
Eis aqui uma amostra daquele “diário”: 
“Era tal qual uma noite de tela cinematográfica. 
Silenciosa, parada, de um suave azul de tinta de 
escrever. O perfil escuro das árvores recortava-
se cuidadosamente naquela imprimadura* 
unida, igual, que estrelinhas azuis picotavam. 
Os bangalôs dormiam. Uma? Duas? Três horas 
da madrugada? 
Nem a lua sequer o sabia. A lua, relógio 
parado...” Pois vocês já viram que mundo de 
coisas perdidas?! O cinema não é mais 
silencioso. Não se usa mais tinta de escrever. 
Não se usam mais bangalôs. E ninguém mais se 
atreve a invocar a lua depois que os 
astronautas se invocaram com ela. 
(Mário Quintana, Na volta da esquina. Porto 
Alegre: Globo, 1979.) 
 
*imprimadura: s.f. art. plást. 1 ato ou efeito de 
imprimar 1.1 primeira demão de tinta em tela, 
madeira etc. 
 
No trecho “Nem a lua sequer o sabia. A lua, 
relógio parado...”, podem ser identificadas, na 
ordem em que aparecem, as seguintes figuras 
de linguagem: 
 
a) personificação e elipse. 
b) metáfora e inversão. 
c) metonímia e silepse. 
d) hipérbole e anacoluto. 
e) sinédoque e pleonasmo. 
 
10. (FGV 2010) 
Herdeirojá era muito; mas universal... Esta 
palavra inchava as bochechas à herança. 
Herdeiro de tudo, nem uma colherinha menos. 
E quanto seria tudo? Ia ele pensando. Casas, 
apólices, ações, escravos, roupa, louça, alguns 
quadros, que ele teria na Corte, porque era 
homem de muito gosto, tratava de coisas de 
arte com grande saber. E livros? devia ter 
muitos livros, citava muitos deles. Mas em 
quanto andaria tudo? Cem contos? Talvez 
duzentos. Era possível; trezentos mesmo não 
havia que admirar. Trezentos contos! 
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 19 
trezentos! E o Rubião tinha ímpetos de dançar 
na rua. Depois aquietava-se; duzentos que 
fossem, ou cem, era um sonho que Deus 
Nosso Senhor lhe dava, mas um sonho 
comprido, para não acabar mais. 
A lembrança do cachorro pôde tomar pé no 
torvelinho de pensamentos que iam pela 
cabeça do nosso homem. Rubião achava que a 
cláusula era natural, mas desnecessária, porque 
ele e o cão eram dois amigos, e nada mais certo 
que ficarem juntos, para recordar o terceiro 
amigo, o extinto, o autor da felicidade de 
ambos. Havia, sem dúvida, umas 
particularidades na cláusula, uma história de 
urna, e não sabia que mais; mas tudo se havia 
de cumprir, ainda que o céu viesse abaixo... 
Não, com a ajuda de Deus, emendava ele. Bom 
cachorro! Excelente cachorro! Rubião não 
esquecia que muitas vezes tentara enriquecer 
com empresas que morreram em flor. Supôs-se 
naquele tempo um desgraçado, um caipora, 
quando a verdade era que "mais vale quem 
Deus ajuda do que quem cedo madruga". Tanto 
não era impossível enriquecer, que estava rico. 
– Impossível, o quê? exclamou em voz alta. 
Impossível é a Deus pecar. Deus não falta a 
quem promete. 
(Machado de Assis. Quincas Borba.) 
 
No trecho destacado em “mais vale quem Deus 
ajuda do que quem cedo madruga”, ocorre um 
tipo de desvio semântico que tem finalidade 
expressiva. Trata-se de 
a) paradoxo. 
b) hipérbole. 
c) redundância. 
d) personificação. 
e) eufemismo. 
 
11. (PUC-Camp 2008) 
Triste Bahia! ó quão dessemelhante 
Estás e estou do nosso antigo estado! 
Pobre te vejo a ti, tu a mi empenhado, 
Rica te vi eu já, tu a mi abundante. 
A ti trocou-te a máquina mercante, 
que em tua larga barra tem entrado, 
A mim foi-me trocando e tem trocado 
Tanto negócio e tanto negociante. 
Deste em dar tanto açúcar excelente 
Pelas drogas inúteis, que abelhuda 
Simples aceitas do sagaz Brichote. 
Oh se quisera Deus que de repente 
Um dia amanheceras tão sisuda 
Que fôra de algodão o teu capote! 
 
Brichote - mercador inglês (depreciativo 
de British) 
 
(Alfredo Bosi. Dialética da colonização. São 
Paulo: Companhia das Letras, 1999, 3. ed. p. 
94) 
 
O recurso da antítese, figura essencial da 
linguagem barroca, pode ser reconhecido na 
relação que estabelecem entre si, considerado 
o contexto, as seguintes expressões desse 
soneto: 
 
(A) tanto negócio e tanto negociante. 
(B) açúcar excelente e drogas inúteis. 
(C) Triste Bahia e pobre te vejo. 
(D) Rica te vi e tu a mi abundante. 
(E) se quisera Deus e um dia amanheceras. 
 
12. (PUC-Camp 2009) [...] estamos chegando a 
um melhor entendimento da importância 
relativa das coisas. Aprende-se a conviver com 
pequenas aflições, como a tendinite e a techno-
music, pensando: “No Afeganistão está pior.” E 
depois que Paquistão, Índia, Israel, Iraque, 
Estados Unidos e Bin Laden se aniquilarem 
mutuamente com bombas nucleares e 
químicas, e a nuvem mortal começar a circular 
o planeta, você pode se consolar com a ideia de 
que pelo menos nossa seleção não dará 
vexame na próxima copa. 
(Luis Fernando Verissimo. O mundo é bárbaro. 
Rio de Janeiro: Objetiva, 2008. p. 161) 
 
O efeito de humor que o cronista obtém 
explorando a importância relativa das 
coisas concretiza-se quando Verissimo cria o 
contraste entre 
(A) nuvem mortal e próxima copa. 
(B) Afeganistão e Estados Unidos. 
(C) bombas nucleares e nuvem mortal. 
(D) nossa seleção e próxima copa. 
(E) pequenas aflições e tendinite. 
 
13. (ITA 2011) São Paulo – Não é preciso muito 
para imaginar o dia em que a moça da rádio 
nos anunciará, do helicóptero, o 
colapso final: “A CET
1
 já não registra a extensão 
do congestionamento urbano. Podemos ver 
daqui que todos os carros em todas as ruas 
estão imobilizados. Ninguém anda, para frente 
ou para trás. A cidade, enfim, parou. 
As autoridades pedem calma, muita calma”. 
“A autoestrada do Sul” é um conto 
extraordinário de Julio Cortázar
2
. Está em Todos 
os fogos o fogo, de 1966 (a Civilização Brasileira 
Material preparado pelo professor Carlos Daniel S. Vieira 
prof.carlosdaniel@gmail.com 
 
 20 
traduziu). Narra, com monotonia infernal, um 
congestionamento entre Fontainebleau e 
Paris. É a história que inspirou Weekend à 
francesa (1967), de Godard
3
. 
O que no início parece um transtorno 
corriqueiro vai assumindo contornos absurdos. 
Os personagens passam horas, mais horas, dias 
inteiros entalados na estrada. 
Quando, sem explicações, o nó desata, os 
motoristas aceleram “sem que já se soubesse 
para que tanta pressa, por que essa correria na 
noite entre automóveis desconhecidos onde 
ninguém sabia nada sobre os outros, onde 
todos olhavam para a frente, exclusivamente 
para a frente”. 
Não serve de consolo, mas faz pensar. 
Seguimos às cegas em frente há quanto tempo? 
De Prestes Maia aos túneis e viadutos de Maluf, 
a cidade foi induzida a andar de carro. Nossa 
urbanização se fez contra o transporte público. 
O símbolo modernizador da era JK é o pesadelo 
de agora, mas o fetiche da lata sobre rodas 
jamais se abalou. 
Será ocasional que os carrões dos 
endinheirados – essas peruas high-tech – se 
pareçam com tanques de guerra? As pessoas 
saem de casa dentro de bunkers, literalmente 
armadas. E, como um dos tipos do conto 
de Cortázar, veem no engarrafamento uma 
“afronta pessoal”. 
Alguém acredita em soluções sem que haja 
antes um colapso? Ontem era a crise aérea, 
amanhã será outra qualquer. A classe média 
necessita reciclar suas aflições. E sempre 
haverá algo a lembrá-la –coisa mais 
chata – de que ainda vivemos no Brasil. (SILVA, 
Fernando de Barros. Folha de S.Paulo, 17 mar. 
2008.) 
 
(1) CET - Companhia de Engenharia de Tráfego. 
(2) Julio Cortázar (1914-1984), escritor 
argentino. (3) Jean-Luc Godard, cineasta 
francês, nascido em 1930. 
 
NÃO há emprego de metáfora em 
 
a) Ninguém anda, para frente ou para trás. 
b) Quando, sem explicações, o nó desata, os 
motoristas aceleram [...]. 
c) [...] mas o fetiche da lata sobre rodas jamais 
se abalou. 
d) As pessoas saem de casa dentro de bunkers, 
literalmente armadas. 
e) A classe média necessita reciclar suas 
aflições. 
 
14. (UERJ 2012) O chá, os fantasmas, os ventos 
encanados... 
 
 Nasci no tempo dos ventos encanados, 
quando, para evitar compromissos, a “gente 
bem” dizia estar com enxaqueca, palavra 
horrível mas desculpa distinta. Ter enxaqueca 
não era para todos, mas só para essas senhoras 
que tomavam chá com o dedo mindinho 
espichado. Quando eu via aquilo, ficava a 
pensar sozinho comigo (menino, naqueles 
tempos, não dava opinião) por que é que 
elas não usavam, para cúmulo da elegância, um 
laçarote azul no dedo... 
Também se falava misteriosamente em 
“moléstias de senhoras” nos anúncios 
farmacêuticos que eu lia. Era decerto uma coisa 
privativa das senhoras, como as enxaquecas, 
pois as criadas, essas, não tinham tempo para 
isso. Mas, em compensação, me assustavam 
deliciosamente com histórias de assombrações. 
Nunca me apareceu nenhuma. 
Pelo visto, era isso: nunca consegui comunicar-
me com este nem com o outro mundo. A não 
ser através d’O tico-tico e da poesia de Camões, 
do qual até hoje me assombra este verso único: 
“Que o menor mal de tudo sejaa morte!” Pois 
a verdadeira poesia sempre foi um meio de 
comunicação com este e com o outro mundo. 
 
(Mario Quintana: poesia completa. Rio de 
Janeiro: Nova Fronteira, 2005.) 
 
“Ter enxaqueca não era para todos”. 
Considerando que a afirmação anterior não 
pode ser verdadeira, conclui-se que ela é feita 
para expressar outro sentido, menos literal. 
 
O sentido expresso pela afirmação, no texto, 
pode ser definido como: 
 
(A) metonímico 
(B) hiperbólico 
(C) metafórico 
(D) irônico 
 
15. (FUVEST 2010) 
 Desde pequeno, tive tendência para 
personificar as coisas. Tia Tula, que achava que 
mormaço fazia mal, sempre gritava: “Vem pra 
dentro, menino, olha o mormaço!” Mas eu 
ouvia o mormaço com M maiúsculo. 
Mormaço, para mim, era um velho que pegava 
crianças! Ia pra dentro logo. E ainda hoje, 
quando leio que alguém se viu perseguido pelo 
clamor público, vejo com estes olhos o Sr. 
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 21 
Clamor Público, magro, arquejante, de preto, 
brandindo um guarda-chuva, com um gogó 
protuberante que se abaixa e levanta no 
excitamento da perseguição. E já estava 
devidamente grandezinho, pois devia contar 
uns trinta anos, quando me fui, com um grupo 
de colegas, a ver o lançamento da pedra 
fundamental da ponte Uruguaiana-Libres, 
ocasião de grandes solenidades, com os 
presidentes Justo e Getúlio, e gente muita, 
tanto assim que fomos alojados os do meu 
grupo num casarão que creio fosse a Prefeitura, 
com os demais jornalistas do Brasil e Argentina. 
Era como um alojamento de quartel, com breve 
espaço entre as camas e todas as portas e 
janelas abertas, tudo com os alegres incômodos 
e duvidosos encantos de uma coletividade 
democrática. 
Pois lá pelas tantas da noite, como eu 
pressentisse, em meu entredormir, um vulto 
junto à minha cama, sentei-me estremunhado* 
e olhei atônito para um tipo de chiru*, ali 
parado, de bigodes caídos, pala pendente e 
chapéu descido sobre os olhos. Diante da 
minha muda interrogação, ele resolveu 
explicar-se, com a devida calma: 
— Pois é! Não vê que eu sou o sereno... 
(QUINTANA, Mário. As cem melhores crônicas 
brasileiras.) 
 
*Glossário: 
estremunhado: mal-acordado. 
chiru: que ou aquele que tem pele morena, 
traços acaboclados 
(regionalismo: Sul do Brasil). 
 
Considerando que “silepse é a concordância 
que se faz não com a forma gramatical das 
palavras, mas com seu sentido, com a ideia que 
elas representam”, indique o fragmento em 
que essa figura de linguagem se manifesta. 
 
a) “olha o mormaço”. 
b) “pois devia contar uns trinta anos”. 
c) “fomos alojados os do meu grupo”. 
d) “com os demais jornalistas do Brasil”. 
e) “pala pendente e chapéu descido sobre os 
olhos”. 
 
 
 
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 22 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
GABARITO: 
 
01. C 
 
02. a) A figura de linguagem que podemos identificar, aproximando-se os dois trechos em negrito, é a 
antítese. Ela se dá pela oposição dos enunciados "atento e presente" e "perdi o bonde, perdi o rumo e 
perdi Jandira". 
 
b) O termo elas, morfologicamente classificado como pronome pessoal do caso reto, se refere a "suas 
valsas", isto é, às valsas que o sanfoneiro cego tocava e que "acordam" na memória do personagem 
outras valsas. 
 
03. a) Trata-se da paronomásia, figura de linguagem que extrai expressividade da combinação de 
palavras que apresentam semelhança fônica (e/ou mórfica), mas possuem sentidos diferentes (cf. 
Houaiss). 
 b) Sessão (reunião), exceções, cumprimento (execução), cidadãos. 
 
04. D 
05. B 
06. B 
07. D 
 
08. a) Nos dois primeiros versos, identificam-se o hipérbato e a metáfora. O primeiro consiste na 
inversão sintática da ordem direta dos termos na oração: ao invés de "Não comerei a pétala verde da 
alface"/ "Nem as hóstias desbotadas da cenoura", o autor inverte a ordem natural, fazendo o adjunto 
adnominal anteceder o objeto ao qual se refere. Isso ocorre para garantir o número de sílabas poéticas 
desejado (versos decassílabos) e um ritmo e sonoridade interessantes, já que Vinicius era um poeta 
preocupado com a forma poemática. Quanto à metáfora, ela ocorre porque, ao utilizar as expressões 
"pétala" e "hóstias", o autor faz o leitor associar a alface a uma flor (algo geralmente não comestível) e 
a cenoura à hóstia (algo insípido), desvalorizando tais alimentos e sugerindo que eles não sejam 
atrativos ao paladar e não proporcionem prazer na alimentação. 
 
b) Sim. Ao ler com atenção o verso 13, verifica-se que "do coração" se comporta sintaticamente como 
um adjunto adverbial de causa em relação ao verbo "morrerei", indicando que o eu lírico morrerá 
devido à alguma doença cardíaca, mas estará feliz por sempre ter comido o que lhe dava prazer. 
 
c) A principal mensagem do texto diz respeito ao fato de que é melhor uma vida curta e com prazeres 
do que a longevidade sem prazeres. Contrariando o senso comum, o eu lírico valoriza mais o prazer do 
que a própria vida. No poema, isso se evidencia do seguinte modo: a vida sem prazer é simbolizada 
pelos alimentos saudáveis como a alface, a cenoura, as peras e as maçãs; já a vida com prazer é 
simbolizada por alimentos que o eu lírico julga mais pesados: cajus, mangas-espada, arroz, feijão, bife, 
queijo e cachaça. 
 
09. A 
10. C 
11. B 
12. A 
13. A 
14. D 
15. C 
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 23 
PARTE 04: TIPOS DE LINGUAGEM; TIPOS DE DISCURSO 
 
TIPOS DE LINGUAGEM: 
A) FORMAL OU CULTA: expressão empregada pelos lingüistas brasileiros para designar o 
conjunto de variedades lingüísticas efetivamente faladas, na vida cotidiana, pelos falantes 
cultos, sendo assim classificados os cidadãos nascidos e criados em zona urbana e com grau de 
instrução superior completo. 
B) INFORMAL OU COLOQUIAL: é a linguagem popular, usada no quotidiano. Nem sempre 
segue a norma culta, podendo apresentar arcaísmos ou erros gramaticais. Embora não 
recomendável em documentos, foi incorporada à literatura moderna e é normalmente 
adotada pelos meios de comunicação de massa . 
Ex.: “A vida não me chegava pelos jornais nem pelos livros” (Manuel Bandeira) 
 
TIPOS DE DISCURSO: 
A) DIRETO: O narrador representa a fala da personagem de forma direta, exatamente 
como foi proferida. Para tanto, usam-se dois pontos e travessão. Alguns textos, por 
influência americana, costumam utilizar aspas (embora isso não seja recomendado em 
língua portuguesa). 
 
O menino entrou na sala. Estava cansado. Perguntou então: 
- Eu poderia dormir aqui? 
 
 
B) INDIRETO: O narrador transmite a fala da personagem com suas próprias palavras. 
Para tanto, usam-se conectivos e expressões como “Ele disse que...”, “perguntou se”, 
entre outras. 
 
O menino entrou na sala. Estava cansado. Perguntou, então, se ele poderia dormir ali. 
 
 
C) INDIRETO LIVRE: Amplamente difundido durante as gerações de 30 ou 40 do 
Modernismo brasileiro. As falas da personagem aparecem juntamente com as do 
narrador, sem uma marca que permita separá-las claramente. 
 
O menino entrou na sala. Que cansaço. Perguntou, então, se ele poderia dormir ali. 
(Note-se que não podemos saber se a fala sublinhada representa um pensamento do 
narrador ou da personagem) 
 
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 24 
EXERCÍCIOS sobre TIPOS DE LINGUAGEM E TIPOS DE DISCURSO 
 
01. Enquanto na fala muitas vezes nem todos 
os verbos e substantivos são flexionados, na 
escrita isso pode ser considerado um erro. 
Considere asseguintes sentenças: 
I. Saíram os resultados. 
II. Foi inaugurado as usina. 
III. Apareceu cinqüenta pessoas na festa. 
IV. O time apresentou os jogadores. 
V. Saiu os nomes dos jogadores. 
VI. Também vieram os juízes. 
Seguem as normas da escrita padrão as 
sentenças: 
a) I, IV e VI apenas. 
b) II, III e V apenas. 
c) I, II e III apenas. 
d) IV, V e VI apenas. 
e) I, III e V apenas. 
 
02. Das alternativas abaixo, assinale aquela que 
NÃO está de acordo com a norma culta. 
a) Foi ele quem comprou o carro. 
b) Alguns de nós seremos vitoriosos. 
c) A maior parte das pessoas faltou ao 
encontro. 
d) Os Estados Unidos importa muitos produtos 
brasileiros. 
e) Cada um de nós fez o que pôde. 
 
03. (FUVEST 2008) Há muitas, quase infinitas 
maneiras de ouvir música. Entretanto, as três 
mais frequentes distinguem-se pela tendência 
que em cada uma delas se torna dominante: 
ouvir com o corpo, ouvir emotivamente, ouvir 
intelectualmente. 
Ouvir com o corpo é empregar no ato da escuta 
não apenas os ouvidos, mas a pele toda, que 
também vibra ao contato com o dado sonoro: é 
sentir em estado bruto. É bastante frequente, 
nesse estágio da escuta, que haja um impulso 
em direção ao ato de dançar. 
Ouvir emotivamente, no fundo, não deixa de 
ser ouvir mais a si mesmo que propriamente a 
música. É usar da música a fim de que ela 
desperte ou reforce algo já latente em nós 
mesmos. Sai-se da sensação bruta e entra-se no 
campo dos sentimentos. 
Ouvir intelectualmente é dar-se conta de que a 
música tem, como base, estrutura e forma. 
Referir-se à música a partir dessa perspectiva 
seria atentar para a materialidade de seu 
discurso: o que ele comporta, como seus 
elementos se estruturam, qual a forma 
alcançada nesse processo. 
Adaptado de J. Jota de Moraes, O que é música. 
Nesse texto, o primeiro parágrafo e o conjunto 
dos demais articulam-se de modo a constituir, 
respectivamente, 
a) uma proposição e seu esclarecimento. 
b) um tema e suas variações. 
c) uma premissa e suas contradições. 
d) uma declaração e sua atenuação. 
e) um paradoxo e sua superação. 
 
 
 
 
04. (Enem 2008) Assinale o trecho do diálogo 
que apresenta um registro informal, ou 
coloquial, da linguagem. 
a) "Tá legal, espertinho! Onde é que você 
esteve?!? 
b) "E lembre-se: se você disser uma mentira, os 
seus chifres cairão!" 
c) "Estou atrasado porque ajudei uma velhinha 
a atravessar a rua..." 
d) "...e ela me deu um anel mágico que me 
levou a um tesouro." 
e) "mas bandidos o roubaram e os persegui até 
a Etiópia, onde um dragão..." 
 
05. (FUVEST 2008) Devemos misturar e alternar 
a solidão e a comunicação. Aquela nos incutirá 
o desejo do convívio social, esta, o desejo de 
nós mesmos; e uma será o remédio da outra: a 
solidão curará nossa aversão à multidão, a 
multidão, nosso tédio à solidão. 
 
Sêneca, Sobre a tranquilidade da alma. Trad. de 
J.R. Seabra Filho. 
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 25 
 
a) Segundo Sêneca, a solidão e a comunicação 
devem ser vistas como complementares 
porque ambas satisfazem um mesmo desejo 
nosso. É correta essa interpretação do texto 
acima? Justifique sua resposta. 
 b) “(...) a solidão curará nossa aversão à 
multidão, a multidão, nosso tédio à solidão.” 
Sem prejuízo para o sentido original, reescreva 
o trecho acima, iniciando-o com “Nossa 
aversão à multidão...”. 
 
06. (FUVEST 2008) Em janeiro de 1935, um 
grupo de turistas pernambucanos passeava de 
carro quando deu de cara com Lampião e seu 
bando. Revirando a bagagem do grupo, um 
cangaceiro encontrou uma Kodak e entregou ao 
chefe, que perguntou a quem ela pertencia. 
Apavorado, um deles levantou o dedo. “Quero 
que o senhor tire o meu retrato”, disparou o 
“rei do cangaço”, pondo-se a posar. O homem, 
esforçando-se, bateu uma chapa, mas avisou: 
“Capitão, esta posição não está boa”. Dando 
um salto e caindo de pé, Lampião perguntou: “E 
esta? Está melhor?” Outra foto foi feita. 
Quando libertava os turistas, após pilhá-los, o 
“fotógrafo” de ocasião indagou-lhe como podia 
enviar as imagens. “Não é preciso. Mande 
publicar nos jornais”, disse o cangaceiro. 
Carlos Haag, Pesquisa FAPESP. 
 
a) No texto, as aspas em “rei do cangaço” e 
“fotógrafo” foram empregadas pelo mesmo 
motivo? Justifique sua resposta. 
b) Os trechos abaixo encontram-se em discurso 
indireto e discurso direto, respectivamente. 
Transforme em discurso direto o primeiro 
trecho e, em discurso indireto, o segundo. 
 
I. (...) um cangaceiro encontrou uma Kodak e 
entregou ao chefe, que perguntou a quem ela 
pertencia. 
 
II. “Quero que o senhor tire o meu retrato”, 
disparou o “rei do cangaço” (...). 
 
07. (FUVEST 2008) 
I. Não deis aos cães o que é santo, nem atireis 
aos porcos as vossas pérolas (...). 
(Mateus, 7:6) 
 
II. Você pode atirar pérolas aos porcos. Mas não 
adianta nada atirar pérolas aos gatos, aos cães 
ou às galinhas porque isso não tem nenhum 
significado estabelecido. 
Millôr Fernandes, Millôr definitivo: a bíblia do 
caos. 
 
a) Considerando-se que o texto II tem como 
referência o texto I, qual é a expressão que, de 
acordo com Millôr Fernandes, tem um 
“significado estabelecido”? 
 
b) No texto I, os significados dos segmentos 
"não deis aos cães o que é santo" e "nem atireis 
aos porcos as vossas pérolas" reforçam-se 
mutuamente ou se contradizem? Justifique 
sucintamente sua resposta. 
 
 
08. (FUVEST 2009) 
 
eu estava ali deitado olhando através da 
vidraça as roseiras no jardim fustigadas pelo 
vento que zunia lá fora e nas venezianas de 
meu quarto e de repente cessava e tudo ficava 
tão quieto tão triste e de repente recomeçava e 
as roseiras frágeis e assustadas irrompiam na 
vidraça e eu estava ali o tempo todo olhando 
estava em minha cama com minha blusa de lã 
as mãos enfiadas nos bolsos os braços colados 
ao corpo as pernas juntas estava de sapatos 
Mamãe não gostava que eu deitasse de sapatos 
deixe de preguiça menino! mas dessa vez eu 
estava deitado de sapatos e ela viu e não falou 
nada ela sentou-se na beirada da cama e 
pousou a mão em meu joelho e falou você não 
quer mesmo almoçar? 
(Luiz Vilela. Eu estava ali deitado.) 
 
a) O texto procura representar um “fluxo de 
consciência”, ou seja, a livre-associação de 
idéias do narrador-personagem. Aponte dois 
recursos expressivos, presentes no texto, que 
foram empregados com essa finalidade. 
b) Cite, do texto, um exemplo de emprego do 
discurso direto. 
09. (FUVEST 2011) 
Já na segurança da calçada, e passando por um 
trecho em obras que atravanca nossos passos, 
lanço à queima-roupa: 
— Você conhece alguma cidade mais feia do 
que São Paulo? — Agora você me pegou, 
retruca, rindo. Hã, deixa eu ver... Lembro-me 
de La Paz, a capital da Bolívia, que me pareceu 
bem feia. Dizem que Bogotá é muito feiosa 
também, mas não a conheço. Bem, São Paulo, 
no geral, é feia, mas as pessoas têm uma 
disposição para o trabalho aqui, uma vibração 
empreendedora, que dá uma feição muito 
particular à cidade. Acordar cedo em São Paulo 
e ver as pessoas saindo para trabalhar é algo 
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 26 
que me toca. Acho emocionante ver a garra 
dessa gente. 
(R. Moraes e R. Linsker. Estrangeiros em casa: 
uma caminhada pela selva urbana de São 
Paulo.National Geographic Brasil. Adaptado.) 
 
Os interlocutores do diálogo contido no texto 
compartilham o pressuposto de que 
 
a) cidades são geralmente feias, mas 
interessantes. 
b) o empreendedorismo faz de São Paulo uma 
bonita cidade. 
c) La Paz é tão feia quanto São Paulo. 
d) São Paulo é uma cidade feia. 
e) São Paulo e Bogotá são as cidades mais feias 
do mundo. 
 
10. (FUVEST 2010) (José Dias) Teve um 
pequeno legado no testamento, uma apólice equatro palavras de louvor. Copiou as palavras, 
encaixilhou-as e pendurou-as no quarto, por 
cima da cama. “Esta é a melhor apólice”, dizia 
ele muita vez. Com o tempo, adquiriu certa 
autoridade na família, certa audiência, ao 
menos; não abusava, e sabia opinar 
obedecendo. Ao cabo, era amigo, não direi 
ótimo, mas nem tudo é ótimo neste mundo. E 
não lhe suponhas alma subalterna; as cortesias 
que fizesse vinham antes do cálculo que da 
índole. A roupa durava-lhe muito; ao contrário 
das pessoas que enxovalham depressa o 
vestido novo, ele trazia o velho escovado e liso, 
cerzido, abotoado, de uma elegância pobre e 
modesta. Era lido, posto que de atropelo, o 
bastante para divertir ao serão e à sobremesa, 
ou explicar algum fenômeno, falar dos efeitos 
do calor e do frio, dos polos e de Robespierre. 
Contava muita vez uma viagem que fizera à 
Europa, e confessava que a não sermos nós, já 
teria voltado para lá; tinha amigos em Lisboa, 
mas a nossa família, dizia ele, abaixo de Deus, 
era tudo. 
 
ASSIS, Machado de. Dom Casmurro. 
Considerado o contexto, qual das expressões 
destacadas foi empregada em sentido 
metafórico? 
 
a) “Teve um pequeno legado”. 
b) “Esta é a melhor apólice”. 
c) “certa audiência, ao menos”. 
d) “ao cabo, era amigo”. 
e) “o bastante para divertir”. 
 
 
 
11. (Enem 2009) Quanto às variantes 
linguísticas presentes no texto, a norma padrão 
da língua portuguesa é rigorosamente 
obedecida por meio 
a) do emprego do pronome demonstrativo 
"esse" em "Por que o senhor publicou esse 
livro?". 
b) do emprego do pronome pessoal oblíquo em 
"Meu filho, um escritor publica um livro para 
parar de escrevê-lo!". 
c) do emprego do pronome possessivo "sua" 
em "Qual foi sua maior motivação?". 
d) do emprego do vocativo "Meu filho", que 
confere à fala distanciamento do interlocutor. 
e) da necessária repetição do conectivo no 
último quadrinho. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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GABARITO: 
 
01. A 
02. D 
03. A 
04. A 
05. a) A interpretação está correta. Esses sentimentos, aparentemente antagônicos, tornam-se 
complementares no que diz respeito à insatisfação humana, pois a mescla de ambos e sua alternância 
seriam capazes de dar ao homem o equilíbrio. 
 
b) Nossa aversão à multidão será curada pela solidão; pela multidão, nosso tédio à solidão. 
Para se manter o sentido original, foi empregada a voz passiva. 
06. a) Em ambos os casos, as aspas foram utilizadas para indicar o sentido metafórico das expressões, pois 
Lampião não foi um rei, mas tinha poder e liderava um grupo de cangaceiros, e a palavra "fotógrafo" 
indica não a profissão, mas alguém que, em dado momento, exerceu uma atividade própria dessa 
categoria profissional. 
 
b) No trecho I, a transformação é do discurso indireto para o direto: 
(...) um cangaceiro encontrou uma Kodak e entregou ao chefe que perguntou: 
– A quem ela pertence? 
 
No trecho II, passa-se do discurso direto para o indireto: 
O "rei do cangaço" disse querer (ou "que queria") que o homem tirasse uma foto dele (...) 
 
07. a) De acordo com Millôr, a expressão que tem "significado estabelecido" é "atirar pérolas aos porcos", 
ou seja, oferecer algo de valor a quem não vai reconhecê-lo; isso, segundo Mateus, é algo absolutamente 
inútil. Assim, para Millôr Fernandes, pode-se contrariar o que já está posto (estrutura), mas não o que já 
foi estabelecido (sentido). 
 
b) Esses dois trechos reforçam-se mutuamente, pois o segundo ratifica a ideia de ações inutéis. 
 
08. a) Além de utilizar-se do discurso indireto livre em “deixe de preguiça menino!”, o narrador substitui 
os sinais de pontuação por espaços, o que gera a ideia de fluidez do pensamento. 
 
b) “você não quer mesmo almoçar?” 
 
09. D 
10. B 
11. B 
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 28 
PARTE 05: CONECTIVOS 
 Também chamados de conjunções. 
 Estabelecem relações entre uma oração e outra, entre um parágrafo e outro etc. 
 Podem constituir-se palavras avulsas ou expressões. 
 A escolha errada desses conectivos pode ocasionar a deturpação do sentido do texto. 
 
CONECTIVOS – LISTA I 
Prioridade, relevância em primeiro lugar, antes de mais nada, antes de 
tudo, em princípio, primeiramente, acima de tudo, 
precipuamente, principalmente, primordialmente, 
sobretudo, a priori (itálico), a posteriori (itálico). 
 
Tempo (freqüência, duração, ordem, 
sucessão, anterioridade, posterioridade) 
então, enfim, logo, logo depois, imediatamente, 
logo após, a princípio, no momento em que, pouco 
antes, pouco depois, anteriormente, 
posteriormente, em seguida, afinal, por fim, 
finalmente agora atualmente, hoje, 
freqüentemente, constantemente às vezes, 
eventualmente, por vezes, ocasionalmente, 
sempre, raramente, não raro, ao mesmo tempo, 
simultaneamente, nesse ínterim, nesse meio 
tempo, nesse hiato, enquanto, quando, antes que, 
depois que, logo que, sempre que, assim que, 
desde que, todas as vezes que, cada vez que, 
apenas, já, mal, nem bem. 
 
Semelhança, comparação, conformidade igualmente, da mesma forma, assim também, do 
mesmo modo, similarmente, semelhantemente, 
analogamente, por analogia, de maneira idêntica, 
de conformidade com, de acordo com, segundo, 
conforme, sob o mesmo ponto de vista, tal qual, 
tanto quanto, como, assim como, como se, bem 
como. 
 
Condição, hipótese se, caso, eventualmente. 
 
Adição, continuação além disso, demais, ademais, outrossim, ainda 
mais, ainda cima, por outro lado, também, e, 
nem, não só … mas também, não só… como 
também, não apenas … como também, não só … 
bem como, com, ou (quando não for excludente). 
 
Dúvida talvez, provavelmente, possivelmente, quiçá, 
quem sabe, é provável, não é certo, se é que. 
 
Certeza, ênfase decerto, por certo, certamente, indubitavelmente, 
inquestionavelmente, sem dúvida, inegavelmente, 
com toda a certeza. 
 
(GARCIA, Othon Moacyr. Comunicação em Prosa Moderna.) 
 
 
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 29 
CONECTIVOS – LISTA II 
 Afetividade: felizmente, ainda bem (que). 
 Afirmação: certamente, com certeza, indubitavelmente, de fato, por certo. 
 Conclusão: em suma, em síntese, em resumo. 
 Consequência: com efeito, assim, consequentemente. 
 Continuidade: além de, ainda por cima, bem como, outrossim, também. 
 Dúvida: talvez, provavelmente, quiçá. 
 Ênfase: até, até mesmo, no mínimo, no máximo, só. 
 Exclusão: apenas, exceto, menos, salvo, só, somente, senão 
 Explicação: a saber, isto é, por exemplo. 
 Inclusão: inclusive, também, mesmo, até. 
 Oposição: pelo contrário, ao contrário. 
 Prioridade: inicialmente, antes de tudo, acima de tudo, em primeiro lugar. 
 Restrição: apenas, só, somente, unicamente. 
 Retificação: aliás, isto é, ou seja. 
 Tempo: antes, depois, já, posteriormente. 
 Adição: e, nem, também, não só… mas também. 
 Alternância: ou…ou, quer…quer, seja…seja. 
 Causa: porque, já que, visto que, graças a, em virtude de, por (+ infinitivo). 
 Conclusão: logo, portanto, pois. 
 Condição: se, caso, desde que, a não ser que, a menos que. 
 Comparação: como, assim como. 
 Consequência: tão…que, tanto…que , de modo que, de sorte que, de forma que, de maneira 
que. 
 Explicação: pois, porque, porquanto. 
 Finalidade: para que, a fim de que, para (+ infinitivo) 
 Oposição: mas, porém, contudo, entretanto, todavia, mesmo que, apesar de (+ infinitivo) Proporção: à medida que, à proporção que, quanto mais, quanto menos, 
 Tempo: quando, logo que, assim que, toda vez que, enquanto. 
 
(VIANA, Antonio Carlos. Roteiro de Redação. Lendo e Argumentando.) 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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 30 
EXERCÍCIOS sobre CONECTIVOS
 
01. A oração “Não se verificou, todavia, 
uma transplantação integral de gosto e de 
estilo” tem valor: 
a) conclusivo 
b) adversativo 
c) concessivo 
d) explicativo 
e) alternativo 
 
02. “Estudamos, logo deveremos passar 
nos exames”. A oração em destaque é: 
a) coordenada explicativa 
b) coordenada adversativa 
c) coordenada aditiva 
d) coordenada conclusiva 
e) coordenada alternativa 
 
03. No verso, “Tenta chorar e os olhos 
sente enxutos”, o conectivo oracional 
indica: 
a) junção de ideias, logo é conjunção 
aditiva 
b) disjunção de ideias, logo é conj. 
Alternativa 
c) contraste de ideias, logo é conj. 
Adversativa 
d) oposição de ideias, logo é conj. 
Concessiva 
e) sequência de ideias, logo é conj. 
Conclusiva. 
 
 
05.”Deus não fala comigo, e eu sei que Ele 
me escuta.” O conectivo “e” pode ser 
substituído, sem contrariar o sentido, por: 
a) ou. 
b) no entanto 
c) porém 
d) porquanto 
e) nem 
 
05. (UFPB 2010) No fragmento “A vida 
ganhou em qualidade, prorrogando a 
juventude, sem com isso perder os 
benefícios da longevidade bem-vinda [...], a 
oração destacada expressa ideia de: 
A) Condição 
B) Consequência 
C) Concessão 
D) Comparação 
E) Causa 
 
 
Texto para a questão 06. 
Moradores de Higienópolis admitiram ao 
jornal Folha de S. Paulo que a abertura de 
uma estação de metrô na avenida Angélica 
traria “gente diferenciada” ao bairro. Não é 
difícil imaginar que alguns vizinhos do 
Morumbi compartilhem esse medo e 
prefiram o isolamento garantido com a 
inexistência de transporte público de 
massa por ali. 
Mas à parte o gosto exacerbado dos 
paulistanos por levantar muros, erguer 
fortalezas e se refugiar em ambientes 
distantes do Brasil real, o poder público 
não fez a sua parte em desmentir que a 
chegada do transporte de massas não 
degrade a paisagem urbana. 
Enrique Peñalosa, ex-prefeito de Bogotá, 
na Colômbia, e grande especialista em 
transporte coletivo, diz que não basta criar 
corredores de ônibus bem asfaltados e 
servidos por diversas linhas. Abrigos 
confortáveis, boa iluminação, calçamento, 
limpeza e paisagismo que circundam 
estações de metrô ou pontos de ônibus 
precisam mostrar o status que o transporte 
público tem em uma determinada cidade. 
 Se no entorno do ponto de ônibus, a 
calçada está esburacada, há sujeira e a 
escuridão afugenta pessoas à noite, é 
normal que moradores não queiram a 
chegada do transporte de massa. 
 A instalação de linhas de monotrilho ou de 
corredores de ônibus precisa vitaminar 
uma área, não destruí-la. 
 Quando as grades da Nove de Julho foram 
retiradas, a avenida ficou menos tétrica, 
quase bonita. Quando o corredor da 
Rebouças fez pontos muito modestos, que 
acumulam diversos ônibus sem dar vazão a 
desembarques, a imagem do 
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engarrafamento e da bagunça vira um 
desastre de relações públicas. 
Em Istambul, monotrilhos foram instalados 
no nível da rua, como os “trams” das 
cidades alemãs e suíças. Mesmo em uma 
cidade de 16 milhões de habitantes na 
Turquia, país emergente como o Brasil, 
houve cuidado com os abrigos feitos de 
vidro, com os bancos caprichados – em 
formato de livro – e com a iluminação. 
Restou menos espaço para os carros 
porque a ideia ali era tentar convencer na 
marra os motoristas a deixarem mais seus 
carros em casa e usarem o transporte 
público. 
Se os monotrilhos do Morumbi, de fato, se 
parecerem com um Minhocão*, o Godzilla 
do centro de São Paulo, os moradores 
deveriam protestar, pedindo melhorias no 
projeto, detalhamento dos materiais, 
condições e impacto dos trilhos na 
paisagem urbana. Se forem como os 
antigos bondes, ótimo. 
 Mas se os moradores simplesmente 
recusarem qualquer ampliação do 
transporte público, que beneficiará 
diretamente os milhares de prestadores de 
serviço que precisam trabalhar na região 
do Morumbi, vai ser difícil acreditar que o 
problema deles não seja a gente 
diferenciada que precisa circular por São 
Paulo. (LORES, Raul J. Folha de S. Paulo, 7 
out. 2010. Adaptado.) 
(*) Elevado Presidente Costa e Silva, ou 
Minhocão, é uma via expressa que liga o 
Centro à Zona Oeste da cidade de São 
Paulo. 
 
Em sentido amplo, a relação de causa e 
efeito nem sempre é estabelecida por 
conectores (porque, visto que, já que, pois 
etc). Outros recursos também são usados 
para atribuir relação de causa e efeito 
entre dois ou mais segmentos. Isso ocorre 
nas opções a seguir, EXCETO em 
 
A) (...) a abertura de uma estação de metrô 
na avenida Angélica traria “gente 
diferenciada” ao bairro. 
B) (...) a escuridão afugenta pessoas à noite 
(...). 
C) A instalação de linhas de monotrilho ou 
de corredores de ônibus precisa vitaminar 
uma área (...). 
D) Quando as grades da Nove de Julho 
foram retiradas, a avenida ficou menos 
tétrica (...). 
E) (...) a imagem do engarrafamento e da 
bagunça vira um desastre de relações 
públicas. 
 
07. (PUC-Camp) Perto do alpendre, o 
cheiro das açucenas-brancas se misturava 
com o do filho caçula. Então ela sentava no 
chão, rezava sozinha e chorava, desejando 
a volta de Omar. Antes de abandonar a 
casa, Zana via o vulto do pai e do esposo 
nos pesadelos das últimas noites, depois 
sentia a presença de ambos no quarto em 
que haviam dormido. Durante o dia eu a 
ouvia repetir as palavras do pesadelo, “Eles 
andam por aqui, meu pai e Halim vieram 
me visitar... eles estão nesta casa”, e ai de 
quem duvidasse disso com uma palavra, 
um gesto, um olhar. 
(Milton Hatoum. Dois irmãos.) 
 
Considerado sempre o contexto, é correto 
afirmar: 
(A) O modo de formação do plural notado 
em açucenas-brancas é o mesmo que 
ocorre em se tratando da palavra “abaixo-
assinado”. 
(B) A oração desenvolvida que corresponde 
à reduzida desejando a volta de Omar é “a 
desejar a volta de Omar”. 
(C) As formas verbais via, sentia e haviam 
dormido remetem todas a ações ocorridas 
no mesmo momento do passado. 
(D) Em eu a ouvia repetir as palavras do 
pesadelo, a coesão estabelecida 
explicitamente com a frase anterior é 
produzida pelos termos a e do pesadelo. 
(E) O segmento com uma palavra, um 
gesto, um olhar constitui uma sequência 
cumulativa, isto é, os três termos se 
relacionam por adição obrigatória. 
 
08. (Uece) Indique a opção em que é 
explicitada, pelo uso do conectivo, a 
relação que se estabelece entre as duas 
orações do período seguinte — No meio da 
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noite despertei sonhando com minha filha 
Rita. 
 
A) No meio da noite despertei, porque 
sonhava com minha filha Rita. 
B) No meio da noite despertei, embora 
sonhasse com minha filha Rita. 
C) No meio da noite despertei, quando 
sonhava com minha filha Rita. 
D) No meio da noite despertei, portanto 
sonhava com minha filha Rita.
 
 
 
 
(www.custodio.net) 
 
09. (UCSal) Na frase "Porém meus olhos não perguntam nada." a conjunção em destaque 
estabelece relação de sentido definida como 
(A) causa. 
(B) condicionalidade. 
(C) adversidade. 
(D) conclusão. 
(E) finalidade. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
G
A
B
A
R
IT
O
 
1.B
 
2
.D
 
3
.A
 
4
.B
 
0
5
. C
 
0
6
. C
 
0
7
. D
 
0
8
. C
 
0
9
. C
 
 
Material

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