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FOMENTO A INOVAÇÃO, CIÊNCIA E TECNOLOGIA NA CONSTRUÇÃO CIVIL A PARTIR DA CAPACITAÇÃO DE TÉCNICO- EMPREENDEDORES DO IFPA – CAMPUS BELÉM. José Diego Pereira da Costa Aldeson Henrique Caetano Alencar Thaminma Francinete de Lisboa Castro Profª Drª Mary Lucy Mendes Guimarães RESUMO O artigo apresenta uma pesquisa bibliográfica e documental realizada por discentes do curso técnico em Edificações que aborda a cadeia da construção civil no Estado do Pará, mostra detalhes sobre os elos que formam esta cadeia e quais destes são mais significantes, do ponto de vista econômico, nas regiões de integração do Estado. A discussão aborda ainda a necessidade de emprego de materiais alternativos e sustentáveis para a construção civil, que privilegie a vocação produtiva de cada região, preserve o meio ambiente, e ainda crie ambiente favorável à produção de habitações populares para dirimir alarmante déficit habitacional que limita melhores condições de vida da população paraense. Palavras-chave: Construção Civil; Empreendedorismo; Sustentabilidade. PROMOTION INNOVATION, SCIENCE AND TECHNOLOGY IN THE CIVIL CONSTRUCTION FROM THE TECHNICAL TRAINING ENTREPRENEURS OF IFPA - CAMPUS BELEM ABSTRACT The article presents a bibliographic and documentary research realized by technical class in Buildings students that deals the civil construction chain and which of these are more significant, of the economic point of view, in the integration regions of the state. The discussion yet deals the necessity of use alternative and sustainability materials for civil construction, that privilege each region productive vocation, environment preserves, and yet create enabling environment to popular housing production to settle the alarming housing deficit that limits best living conditions of paraense population. RELATÓRIO FINAL DO PROGRAMA DE INICIAÇÃO À PESQUISA CIENTÍFICA, TECNOLÓGICA E INOVAÇÃO – PIBCTI 01/2010 . Keywords: Civil construction; Entrepreneurship; Sustainability. 1.0. INTRODUÇÃO O artigo apresenta como tema de pesquisa e estudo o emprego de novas tecnologias, materiais alternativos, para o setor da Construção Civil, mais especificamente a indústria da construção civil voltada à habitação popular, a partir da formação e capacitação de discentes de nível médio com fundamentos, técnicas e instrumentos da prática empreendedora. A Construção civil no Brasil, sem margem de dúvida, é uma grande alavanca para o desenvolvimento do país, com repercussões econômicas e sociais importantes, grande geradora de produção, empregos, renda, qualidade de vida e promoção da inclusão social. Sua ação sempre é de grande volume, ligada diretamente aos bons ou maus resultados da política econômica dos governantes. Para corroborar o cenário, acima descrito, sabe-se que o nível de emprego na construção civil brasileira cresceu 7,87% até abril de 2010, com a contratação de 193.386 trabalhadores formais. Os dados foram divulgados pelo Sindicato da Indústria da Construção Civil do Estado de São Paulo (SINDUSCON-SP) e pela Fundação Getúlio Vargas (FGV). Com isso, o setor registra novo recorde, de 2,650 milhões de trabalhadores com carteira assinada empregados na construção brasileira. Este é o mais alto patamar da série histórica representa um crescimento recorde, de 9%, do produto da construção brasileira em 2010. Entretanto, também há de se registrar a contradição existente, quando esses dados são confrontados com os dados sobre o déficit habitacional brasileiro que chega hoje ao número de 7,0 milhões de unidades habitacionais. Por este motivo, diversas organizações, públicas e privadas, entre elas as de ensino e pesquisa, vêm dedicando esforços ao desenvolvimento de soluções técnicas e tecnológicas inovadoras para a construção civil no Brasil. A formação e capacitação de técnicos com perfil empreendedor se torna prerrogativa imprescindível para a qualificação com excelência de profissionais que irão atender a crescente demanda da indústria da construção civil. RELATÓRIO FINAL DO PROGRAMA DE INICIAÇÃO À PESQUISA CIENTÍFICA, TECNOLÓGICA E INOVAÇÃO – PIBCTI 01/2010 2.0. O SETOR DA CONSTRUÇÃO CIVIL NO BRASIL E NA REGIÃO NORTE. 2.1. A CADEIA PRODUTIVA DA CONTRUÇÃO CIVIL E SUA INFLUÊNCIA NA ECONOMIA NACIONAL E REGIONAL A cadeia produtiva da Construção Civil é de extrema relevância para a economia brasileira, seja por sua elevada participação no PIB (produção de bens finais no país), pela capacidade de movimentar e dinamizar serviços e setores industriais em grande número seja pela expressiva geração de empregos ou ainda pela capacidade das regiões e municípios de diversificar a sua produção com o propósito de atender a demanda interna e externa de comercialização de materiais de construção. Segundo Castro e Lima (2001) uma cadeia produtiva deve ser priorizada pela sua importância econômica e estratégica no setor da construção habitacional em um determinado espaço. A composição da cadeia consiste em quatro elos de atividades (Figura 1) que se inter-relacionam e são dependentes entre si: 1) Extração e Beneficiamento; 2) Construção Civil; 3) Indústria de Materiais de Construção; 4) Comércio de Materiais de Construção. Figura 1: Cadeia Produtiva da Construção Civil. Fonte: CATRO e LIMA, 2001. Esse macro-complexo é responsável por 15,5 % do PIB (Produto Interno Bruto) do país, segundo dados do CONSTRUBUSINESS (2003). O setor de construção, que engloba edificações e construção pesada, responde por cerca de 9,1 % do PIB e, dentro desse, estima-se que a construção de edificações residenciais represente cerca de 6% do PIB. Segundo a PAIC (2007) o setor da construção apresentou crescimento em suas atividades estando em consonância com o crescimento do PIB do Brasil. Os principais fatores que possibilitaram um ambiente favorável para a construção civil no Brasil foram os seguintes: crescimento da renda familiar e do emprego, (PAIC, 2007). RELATÓRIO FINAL DO PROGRAMA DE INICIAÇÃO À PESQUISA CIENTÍFICA, TECNOLÓGICA E INOVAÇÃO – PIBCTI 01/2010 É importante ressaltar que um conjunto de fatores permite explicar o crescimento do elo da construção em termos de participação no PIB da cadeia no Brasil: a melhora do ambiente de negócios voltados à construção, estabilidade econômica, elevação da renda das famílias, a geração de empregos no setor, aumento do crédito ao consumidor, maior oferta de crédito imobiliário e manutenção da redução do Imposto sobre Produtos Industrializados – IPI de diversos insumos da construção. Soma-se a esses fatores a decisão do governo federal em priorizar investimentos em infra-estrutura através do PAC, e programas sociais voltados a habitação que se constituem em instrumentos importantes para que as empresas deste setor se preparem para desempenhar esses serviços. Uma vez preparada, cresce as expectativas de geração de emprego no setor e conseqüentemente a geração de renda. No tocante a geração de emprego a análise feita por regiões destaca o seguinte quadro: a Região Sudeste continua liderando o número de empregos gerados na construção civil do Brasil. Em 2003, esta Região ocupava 52,1% do total de pessoas na construção civil do país, passando para 51,1%, em 2007. A maior queda foi verificada no Rio de Janeiro (22%), seguida deSão Paulo (1%), enquanto que em Minas Gerais e Espírito Santo o número de pessoas ocupadas na construção aumentou em respectivamente 1,4% e 9% (PAIC, 2007). As maiores perdas observadas na construção civil se concentraram na Região Sul, tanto no número de pessoal ocupado, que passou de 15,3% em 2003, para 13,3%, em 2007, quanto nos salários pagos (de 14,1%, em 2003, para 12,2%, em 2007). Sobre isso no relatório da Pesquisa Anual da Indústria da Construção Civil é feito o seguinte comentário: “A perda de participação das Regiões Sudeste e Sul entre os anos de 2003 e 2007 pode ser explicada pelo desenvolvimento industrial da Zona Franca de Manaus; pela instalação de novas indústrias no Nordeste atraídas por incentivos fiscais concedidos pelos governos estaduais e por menores custos de terrenos e mão-de-obra; pela expansão do turismo, que impulsionou obras no setor hoteleiro; e pela continuidade da expansão da fronteira agropecuária em direção às Regiões Centro-Oeste e Norte, que resultou na instalação de agroindústrias, no crescimento populacional e na urbanização, impulsionando a execução de obras de infraestrutura e de edificações” (PAIC, 2007). Para a Região Norte existem dados da PAIC (2007) onde a análise do desempenho da construção civil no que tange a geração de empregos apresentou RELATÓRIO FINAL DO PROGRAMA DE INICIAÇÃO À PESQUISA CIENTÍFICA, TECNOLÓGICA E INOVAÇÃO – PIBCTI 01/2010 crescimento expressivo no pessoal ocupado (6% - 2006 para 7,1%- 2007), devido, sobretudo aos Estados do Pará e Amazonas, que apresentaram, respectivamente, aumentos de 6% e 3% na contratação de pessoas na construção civil. No contexto da Região Norte, o Estado do Pará é o mais atuante no setor da construção civil em termos de geração de renda e emprego (CBIC, 2007). De acordo com MTE (2007) na maioria das atividades da construção, o Estado do Pará lidera em números de estabelecimentos (1449), em segundo lugar vem o Estado de Rondônia, com 932 estabelecimentos, seguido pelo Estado do Tocantins, com 760 estabelecimentos. Isto reflete diretamente na expansão de outros setores ligados a construção. No total, no período de 2007 para 2008, foram gerados 13.971 novos empregos no Estado do Pará o que corresponde a um crescimento de 42,08% neste mesmo período. Segundo o Sinduscon-PA (2007), a evolução no número de pessoas admitidas na construção civil no Estado do Pará, tem sido bastante influenciada pelas diversas ações do Governo do Estado para a concretização das obras do PAC nos municípios de Belém, Ananindeua, Marituba, Castanhal, Marabá, Santarém, Nova Esperança do Piriá e Bagre, que atenderam, até o momento, cerca de 1,8 milhões de pessoas. O reflexo destas obras atinge diretamente o desempenho da cadeia produtiva da construção civil no Estado, impulsionando novos investimentos em todos os elos da cadeia. A análise do PIB da construção civil no Pará, e o seu desmembramento por Regiões de Integração1 mostraram que a oferta de materiais de construção é encontrada de forma abundante em algumas Regiões enquanto que outras regiões apresentaram limitações na produção desses materiais. A falta de capital de giro, escala de produção e acesso a linhas de crédito para a aquisição de máquinas e equipamentos, a baixa qualificação da mão-de-obra e o alto grau de informalidade das empresas, principalmente as que atuam na extração da areia, argila, calcário são alguns dos gargalos que impedem o desenvolvimento da cadeia da construção civil no Pará. 1 Regiões de Integração: o Governo do Estado estabeleceu nova metodologia para divisão territorial do Estado do Pará, levando em conta a diversidade sócio-econômica, cultural e ambiental de cada município, resultando no agrupamento dos 143 municípios que compõem o Pará em doze áreas chamadas de regiões de integração. São elas: Metropolitana; Guamá; Rio Caetés; Araguaia; Carajás; Tocantins; Baixo Amazonas; Lago de Tucuruí; Rio Capim; Xingu; Marajó e Tapajós. RELATÓRIO FINAL DO PROGRAMA DE INICIAÇÃO À PESQUISA CIENTÍFICA, TECNOLÓGICA E INOVAÇÃO – PIBCTI 01/2010 Esses gargalos refletem na qualidade dos materiais de construção comercializados na maioria das Regiões de Integração do Estado. Necessita-se, portanto, que aumente a capacidade tecnológica na produção de materiais de construção o que implica na expansão das linhas de créditos para a aquisição de máquinas e equipamentos (PEHIS, 2009). Em vistas disso, é importante discutir quais são as ações alavancadas pelo poder público para incrementar o setor e dirimir os problemas de ordem social. 2.2. A ATUAÇÃO DO PODER PÚBLICO PARA INCREMENTO DO SETOR DA CONSTRUÇÃO CIVIL NO ESTADO DO PARÁ. Segundo o Construbusiness (2008) um dos principais sustentáculos da participação de 18,5% do elo indústria de materiais de construção no PIB da cadeia produtiva é a forte expansão verificada ao longo dos últimos anos do crédito em geral e do crédito imobiliário em particular. Entre 2004 e 2007, houve um salto de mais de 200% no total de financiamento à habitação por meio do Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS) e do Sistema Brasileiro de Poupança e Empréstimo (SBPE) – base na caderneta de poupança, que passou a ser a principal linha de financiamento à habitação no país, posição antes ocupada pelo FGTS. Se os créditos e os financiamentos a habitação crescem no Brasil, isto sinaliza boas oportunidades de expansão dos negócios na construção civil em todos os elos da cadeia produtiva, segundo Instituto de Desenvolvimento Econômico, Social e Ambiental do Pará (2009). É evidente que a cadeia produtiva da construção civil no Estado do Pará é reflexo e condicionante, ao mesmo tempo, do cenário nacional, entretanto, guarda algumas particularidades, conforme assinala o Instituto de Desenvolvimento Econômico, Social e Ambiental do Pará (2009). O trabalho que tem como título “A cadeia produtiva da construção civil no Estado do Pará” apresenta uma análise da participação do Estado na formação do PIB da cadeia produtiva da construção civil do Brasil, e ainda apresenta a formação do PIB da cadeia produtiva da construção civil por Região de Integração do Estado. RELATÓRIO FINAL DO PROGRAMA DE INICIAÇÃO À PESQUISA CIENTÍFICA, TECNOLÓGICA E INOVAÇÃO – PIBCTI 01/2010 Diante deste quadro, de crescimento da construção civil e a sua sinergia com todos os elos que compõem a cadeia produtiva da construção, faz-se relevante conhecer a importância da atuação do poder público, governo federal e estadual. Estes através das políticas habitacionais têm o dever de fomentar o desenvolvimento desta cadeia viabilizando a dinâmica da produção e comercialização dos materiais de construção em cada região de integração2 do Estado. No sentido de se reduzir os custos da construção de habitações de interesse social e, o consequente aumento da produção de habitações necessárias para se combater o déficit habitacional no Estado. E ainda, fomentar o desenvolvimento da cadeia produtiva da construção civil no Pará serão relacionadas algumas ações empreendidas pelo Governo do Estado: a) Programa Brasileiro de Qualidade e Produtividade no Habitat (PBQP-h): Este Programa é um instrumento do Governo Federal que se integra a Secretaria Nacional de Habitação,do Ministério das Cidades, e está formalmente inserido como um dos programas do Plano Plurianual (PPA 2008- 2011). As metas do Programa organizam o setor da construção civil em torno de duas questões: melhoria da qualidade do habitat e a modernização produtiva da cadeia produtiva da construção civil. Para atingir as metas estabelecidas busca-se avaliar a conformidade das empresas de serviços e obras, melhorias da qualidade dos materiais, formação e requalificação da mão-de-obra, normalização técnicas dos serviços, avaliação de tecnologias inovadoras, no intuito de aumentar a competitividade no setor, a melhoria da qualidade de produtos e serviços, a redução dos custos dos materiais e a otimização dos recursos públicos voltados para a criação de soluções mais baratas e de melhor qualidade para a redução do déficit habitacional no país, atendendo, em especial, a produção de habitação de interesse social. O objetivo geral do PBQP-H é o de elevar os patamares da qualidade e produtividade da construção civil, por meio da criação e implantação de mecanismos de 2 Regiões de Integração: o Governo do Estado estabeleceu nova metodologia para divisão territorial do Estado do Pará, levando em conta a diversidade sócio-econômica, cultural e ambiental de cada município, resultando no agrupamento dos 143 municípios que compõem o Pará em doze áreas chamadas de regiões de integração. São elas: Metropolitana; Guamá; Rio Caetés; Araguaia; Carajás; Tocantins; Baixo Amazonas; Lago de Tucuruí; Rio Capim; Xingu; Marajó e Tapajós. RELATÓRIO FINAL DO PROGRAMA DE INICIAÇÃO À PESQUISA CIENTÍFICA, TECNOLÓGICA E INOVAÇÃO – PIBCTI 01/2010 modernização tecnológica e gerencial, contribuindo para ampliar o acesso à moradia, em especial para a população de menor renda. b) Políticas Fiscais (isenção de impostos): A carga tributária na cadeia da construção civil vem sendo apontada por diversos estudos como um dos gargalos na composição do custo final da habitação, em particular em habitações populares. Em relação à incidência de impostos na cadeia produtiva da construção, recentemente o Governo Federal implantou uma política fiscal de redução do Imposto sobre produtos industrializados (IPI), que no Estado do Pará se refletiu no aumento das vendas dos materiais de construção. A desoneração do ICMS (Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços), medida esta que incidiu sobre os produtos oleiros-cerâmicos adotado pelo Governo Estadual, também contribuiu para a redução do custo da construção de habitação popular no estado. Estudos realizados pela FIESP (2008) mostram que a incidência de impostos na Cadeia Produtiva da Construção Civil pode inviabilizar novos investimentos dos agentes econômicos envolvidos em cada Elo da Cadeia. O ICMS (Imposto sobre circulação de mercadorias e serviços) e o IPI (Impostos sobre produtos industrializados) incidem exclusivamente sobre a indústria de materiais de construção, enquanto que o ISS (Imposto sobre serviços) e ITBI (Imposto sobre transmissão de bens imóveis), também municipais oneram apenas o setor de serviços da Construção civil. c) Programa CHEQUE MORADIA: Considerando-se que a incidência de impostos na Cadeia produtiva da Construção Civil interfere diretamente no custo de produção da unidade habitacional é possível que se crie propostas ou programas que desonere os impostos para as empresas que atuam diretamente na produção de habitações, com o objetivo de baratear o custo dos materiais de construção para as famílias de baixa renda e permitir que as mesmas tenham acesso à moradia. Isto acontece com o Programa Cheque Moradia. O Programa Cheque Moradia foi instituído pelo Decreto Estadual nº 432 de 23 de Setembro de 2003 tendo como objetivo possibilitar às famílias com renda de até 3 salários mínimos, construir, ampliar e/ou reformar suas casas. Na lógica do Plano Estadual de Habitação de Interesse Social (PEHIS), este programa tem por finalidade combater o problema do déficit e a inadequação habitacional em que se encontra o RELATÓRIO FINAL DO PROGRAMA DE INICIAÇÃO À PESQUISA CIENTÍFICA, TECNOLÓGICA E INOVAÇÃO – PIBCTI 01/2010 estado do Pará, além de contribuir também para movimentar a economia como um todo através do aumento das vendas de materiais de construção e, consequentemente a dinamização da cadeia produtiva da construção civil no Pará. Dados da COHAB (2008) demonstram que as maiores concentrações de pessoas atendidas pelo Programa Cheque Moradia estão nas Regiões: Metropolitana (69,95%), Guamá, (9,37%) e Baixo Amazonas (4,04%). O uso deste programa atendeu a diversas finalidades como a construção de novas moradias, melhorias/reformas e ampliações. Do volume total de recursos liberados para o Programa Cheque Moradia 68,25% foram destinados a Região Metropolitana, Região do Guamá (9,66%), Baixo Amazonas (4,46%) e Caeté (4,52%). Quanto às melhorias das moradias mais as ampliações, pode- se dizer que 73,54% dos recursos para este fim se concentraram na Região Metropolitana, Região do Guamá, 8,89%, Região Caeté, 3,63% 3.0. DESENVOLVIMENTO E UTILIZAÇÃO DE MATERIAIS ALTERNATIVOS E SUSTENTÁVEIS NA CONSTRUÇÃO CIVIL 3.1. A SUSTENTABILIDADE AMBIENTAL NA CONTRUÇÃO CIVIL O homem vem explorando o planeta há anos e nunca se preocupou com preservação do meio ambiente. Usufruiu dos recursos naturais disponíveis no planeta e não se preocupou em preservar seu habitat, assegurando com isso condições seguras de reprodução e bem-estar das futuras gerações. Em decorrência dessa relação antrópica do homem com a natureza o mundo está à beira de um colapso ambiental, vários exemplos, de fato, já podem ser observados em diversos locais do planeta. A década de 80 representa uma mudança paradigmática dessa relação antrópica, quando surge como novo marco teórico e conceitual a discussão sobre o desenvolvimento sustentável. Nesse momento, passa então a se pensar, pelo menos no plano do discurso, em se promover uma interação positiva e equilibrada do homem com a natureza. Uma resposta para essa questão seria uma uniformidade na forma de pensar os problemas ambientais globais. A indústria da construção civil tem grande participação no que diz respeito a exploração e aproveitamento dos recursos naturais. Essa relação de exploração e aproveitamento se estabeleceu de forma degradante e caracterizada por grandes RELATÓRIO FINAL DO PROGRAMA DE INICIAÇÃO À PESQUISA CIENTÍFICA, TECNOLÓGICA E INOVAÇÃO – PIBCTI 01/2010 desperdícios3. Há de se acentuar ainda que grande parte da energia produzida no planeta está diretamente relacionada com o processo construtivo. Caracterizando um quadro alarmante, visto que, muitos países ainda têm sua matriz energética baseada nos combustíveis fósseis, como petróleo e o carvão. Uma obra sustentável leva em conta o processo na qual o projeto é concebido, quem vai usar os ambientes, quanto tempo terá sua vida útil e se, depois desse tempo todo, ela poderá servir para outros propósitos ou não. Tudo o que diz respeito aos materiais empregados nela devem levar em conta a necessidade, o desperdício, a energia gasta no processo até ser implantado na construção e, depois, se esses materiais podem ser reaproveitados. A auto-suficiência da edificação deve ser levada em consideração. Muitas vezes, alguma parcela da energia pode sergerada no próprio lugar e a água pode ser reaproveitada, fazendo com que no longo prazo se obtenha uma grande economia de energia e água. 3.1.1. Utilização de materiais alternativos A escassez de recursos públicos e o empobrecimento populacional vêm tornando cada vez mais complexo o problema do déficit habitacional do país. Nos tempos atuais, faz-se cada vez mais necessária a busca por novas alternativas no ramo da construção civil, principalmente, quando o interesse está relacionado às unidades habitacionais para a população de mais baixa renda. Novos materiais vêm sendo estudados buscando utilização adequada, de forma a aproveitar todas as potencialidades disponíveis. a) Os tijolos adobe: A fabricação de tijolos de cerâmica vermelha, produzidos tradicionalmente com argilas, é uma técnica que já está consolidada. Entretanto, o processo de produção desses tijolos está sujeito a vários problemas, que se iniciam na fase de exploração das jazidas até a sua fase de acabamento. Evidenciam-se os desperdícios e constata-se a baixa qualidade do material produzido. A desvastação do meio ambiente nas lavras das jazidas e a utilização de vegetação nativa para a produção de lenha – o combustível mais utilizado na indústria cerâmica – produzindo graves danos ambientais. 3 Apenas muito recentemente é que foram desenvolvidas tecnologias para reaproveitamento de resíduos (entulhos e de demolição) oriundos da construção civil. RELATÓRIO FINAL DO PROGRAMA DE INICIAÇÃO À PESQUISA CIENTÍFICA, TECNOLÓGICA E INOVAÇÃO – PIBCTI 01/2010 Uma técnica de produção de um novo tipo de tijolo simples (adobe), de baixo custo e sem danos ambientais, pode ser uma alternativa viável para diminuir o custo desse componente na construção civil, e, consequentemente, na construção de casa populares . A composição do tijolo adobe é a seguinte: argila, fibras vegetais naturais, cimento e gesso em um processo totalmente artesanal e manual. b) O bambu: O Bambu é um vegetal que possui cerca de 45 gêneros e 1.300 espécies diferentes, todas de origem asiática. No Brasil são encontrados 34 gêneros e 232 espécies existem espécies nativas e exógenas (não-nativas). As principais espécies existentes no país: Bambusa vulgaris; Bambusa lako; Bambusa ventricosa; Phyllostachys áurea; Phyllostachys Moso; Phyllostachys nigra; Dendrocalamus asper; Dendrocalamus giganteus; e Guadua. É um vegetal que cresce mais do qualquer outro vegetal, para se ter exemplo, nas espécies "gigantes" um broto pode chegar à altura de 30m, apenas no período de 3 a 6 meses. Uma grande vantagem é que após seu corte não é necessário o replantio. Sua superfície é lisa e o material do caule facilita nos processos de corte e fracionalização. Existem pesquisas científicas que comprovam a aplicabilidade do bambu como material alternativo para a construção civil. A maioria dos trabalhos consultados citam a viabilidade econômica e ambiental do emprego do bambu. Entretanto, é considerado tema polêmico porque o uso e beneficiamento do bambu ainda não é uma prática comum no Brasil, tornando-se difícil à localização de mão de obra e materiais adequados. Comprovadamente, o bambu pode ser utilizado como material alternativo para a construção civil de diversas formas, citar-se-á algumas delas: • Em placas pré-moldadas para alvenaria de vedação, pode reduzir consideravelmente o custo da obra, além de auxiliar na preservação do meio ambiente, pois o mesmo é um material renovável, abundante na natureza e não emite gases prejudiciais durante seu beneficiamento; • Como reforço ao concreto, seu colmo possui células alinhadas no sentido axial e envolvidas por fibras de alta resistência a tração. RELATÓRIO FINAL DO PROGRAMA DE INICIAÇÃO À PESQUISA CIENTÍFICA, TECNOLÓGICA E INOVAÇÃO – PIBCTI 01/2010 Comparativamente, sua resistência é 1/5 da resistência do aço CA-50, a parte mais resistente dessa planta é a superficial. O grau de resistência mecânica depende da idade do colmo; • È um material leve e flexível, por ter uma elevada relação peso / resistência tem sido muito utilizada para a substituição da madeira e do aço na construção civil. O bambu apresenta baixa durabilidade natural por causa da presença do amido, que atrai fungos e insetos. Para prolongar a vida útil do bambu, existem algumas técnicas naturais e artificiais quais foram adotadas para o tratamento antes de sua utilização nas pesquisas, como: Observação para idade do corte, importante observação, pois deve possuir no mínimo três anos para uso na construção civil; Cura na mata, os colmos devem permanecer em posição vertical para facilitar a degradação do amido e da seiva presentes no mesmo, aumentando a durabilidade; Tratamento por imersão, os colmos podem ser imersos em água (parada ou corrente), ou em soluções preservativas. Em alguns casos os colmos devem ser recém-cortados. Em outros, pode- se utilizar colmos secos ao ar. Quando feito por aspersão, apresenta pouca eficiência, já que a absorção do produto é feita apenas pelas extremidades do colmo. Outros meios de tratamento são químicos, o ácido bórico é o elemento mais utilizado neste tipo de tratamento do bambu. Pode-se utilizar um produto pronto (como o BORAX) ou preparar uma solução. c) As lajes pré-moldadas com enchementos de materiais recicláveis: A indústria da Construção Civil busca de maneira constante e insistente, materiais alternativos ecologicamente corretos, que venham atender as condições de redução de custos, agilidade de execução e durabilidade. Dessa forma, tendo em vista propósitos de mudança e reutilização de materiais recicláveis no processo de construção e montagem de laje pré-moldada convencional com enchimento composto por tavelas, estuda-se a substituição e adaptação dessas por garrafas PET e embalagens Longa Vida Tetra Pak. A utilização de laje pré-moldada ainda nos remete a ideia de custo alto e difícil acessibilidade para aqueles que pretendem adquiri-la (devido, especialmente a logística de sua produção e materiais que neste sistema são utilizados). Por isso, são poucas as pessoas de baixa renda que constroem habitações utilizando esse sistema. Contudo, o RELATÓRIO FINAL DO PROGRAMA DE INICIAÇÃO À PESQUISA CIENTÍFICA, TECNOLÓGICA E INOVAÇÃO – PIBCTI 01/2010 processo de evolução rápida e continua de profissionais da área e projetos que visam à reutilização de resíduos sólidos, dentro da construção civil, garante cada vez mais aqueles que não possuem capacidade econômica, acesso a novos sistemas, de uma maneira simples e economicamente acessível. 3.1.2. Tratamento da água A água é um dos recursos naturais mais abundantes no planeta, com um volume total estimado em 1.386 milhões km³, entretanto, apenas pequena parte pode ser consumida. Esse gigantesco volume está distribuído da seguinte forma: 97,5% de toda água na Terra estão nos mares e oceanos (água salgada), 1,7% nas geleiras e calotas polares, 0,7% está nos aquíferos subterrâneos, menos que 0,01% formam os rios, lagos e reservatórios e, ainda, uma porcentagem ínfima da água está distribuída em forma de vapor na atmosfera (água doce) (SHIKLOMANOV, 1999). O Brasil é o país que apresenta maior disponibilidade de água, sendo a vazão média anual dos rios em território nacional estimada em 180 mil metros cúbicos por segundo, representando12% dos recursos hídricos mundiais. Entre os estados, o Pará é o que apresenta maior concentração desse recurso, possuindo grande capacidade na geração de energia através de hidroelétricas, que é distribuída para todo o País. Porém, esse recurso não vem sendo utilizado da melhor forma, pois devido a sua enorme quantidade, acreditam que o seu esgotamento nunca deverá acontecer, e não se preocupam em consumir de maneira consciente. No entanto, essa mentalidade deve ser mudada, pois, a água que nós consumimos é esgotável. E para que esse recurso tão importante não venha se esgotar é preciso que se tenha consciência, para o seu reaproveitamento, principalmente a água da chuva abundante em nossa região, e com isso, utilizando-a em abastecimentos de áreas residenciais, gerando economia e contribuindo para a preservação do recurso já tão escasso em boa parte do mundo. É uma ação de responsabilidade social, já adotada por boa parte das construtoras e por cidadãos comuns na Europa, mas que, infelizmente, ainda é rara no Brasil. O reuso da água é uma tendência internacional irreversível no mercado da construção civil. RELATÓRIO FINAL DO PROGRAMA DE INICIAÇÃO À PESQUISA CIENTÍFICA, TECNOLÓGICA E INOVAÇÃO – PIBCTI 01/2010 Vantagens: Redução do consumo de água da rede pública e do custo de fornecimento da mesma; Evita a utilização de água potável onde esta não é necessária, como por exemplo, na descarga de vasos sanitários, irrigação de jardins e lavagem de pisos; Faz sentido ecológica e financeiramente não desperdiçar um recurso natural escasso em boa parte do mundo, e disponível em abundância no nosso telhado; Ajuda a conter as enchentes, represando parte da água que teria de ser drenada para galerias e rios. 3.1.3. Construção sustentável Construção Sustentável é um sistema construtivo que promove intervenções sobre o meio ambiente, adaptando-o para suas necessidades de uso, produção e consumo humano, sem esgotar os recursos naturais, preservando-os para as gerações futuras. A Construção Sustentável faz uso de materiais e de soluções tecnológicas visando o bom aproveitamento, conforto e a economia de recursos finitos (água e energia elétrica), a redução da poluição e a melhoria da qualidade do ar no ambiente interno de seus moradores e usuários. Esse tipo de interação, o uso de materiais com baixo impacto ambiental e bom aproveitamento das construções gera o que podemos chamar de uma construção sustentável. Um bom modelo de Casa Sustentável deve usar: a) Recursos naturais passivos e de design para promover conforto e integração na habitação; b) Materiais que não comprometam o meio ambiente e a saúde de seus ocupantes e que contribuam para tornar seu estilo de vida cotidiano mais sustentável (por exemplo, o usuário de embalagens descartáveis deveria usar produtos reciclados a partir dos materiais que, em algum momento, ele mesmo usou); c) Resolver ou atenuar os problemas e necessidades gerados pela sua implantação (consumo de água e energia); RELATÓRIO FINAL DO PROGRAMA DE INICIAÇÃO À PESQUISA CIENTÍFICA, TECNOLÓGICA E INOVAÇÃO – PIBCTI 01/2010 d) Promover saúde e bem-estar aos seus ocupantes e moradores e preservar ou melhorar o meio ambiente. Os materiais usados na Construção Sustentável deveriam, em princípio, obedecer a critérios de preservação, recuperação e responsabilidade ambiental. Isso significa que, ao se iniciar uma construção, é importante considerar os tipos de materiais que estão de acordo com o local (como sua geografia, ecossistema, história, etc.) e que podem contribuir para conservar e melhorar o meio ambiente onde será inserida. Deve-se lembrar que toda Construção Sustentável é saudável. Esse tipo de obra caracteriza-se pelo uso de materiais e tecnologias biocompatíveis4, que melhoram a condição de vida do morador ou, no mínimo, não agridem o meio ambiente em seu processo de obtenção e fabricação, nem durante a aplicação e em sua vida útil. É importante evitar também materiais que reconhecidamente estão envolvidos com graves problemas ambientais, e sobre os quais hoje há consenso entre todas as entidades sérias que trabalham com Construção Sustentável e Bioconstrução no mundo. Outros produtos devem ser usados de maneira bastante criteriosa principalmente no interior de casa, como compensados e OSBs (colados com cola à base de formaldeído), o mesmo vale para madeiras de reflorestamento tratadas por autoclave (Sistema CCA, CCB ou CCC). Diretrizes Projetuais O projeto arquitetônico deve levar em considerações diversas variáveis para sua proposição, tais como: as condições climáticas do local, buscando o aproveitamento dos condicionantes naturais e assim melhor eficiência energética, materiais e mão-de-obra locais, e o conhecimento do lote e seu entorno. a) Orientação e Insolação: Deve-se analisar a intensidade do sol no local, a posição relativa do sol, quanto do calor do sol a edificação necessitará ou não, bem como qual a capacidade de armazenagem que a edificação deve ter em relação ao ganho solar disponível no local para suprir suas necessidades, tudo em relação a diferentes épocas do ano; 4 Para tanto, é necessário utilizar produtos à base de água ou 100% sólidos, pois estes materiais não emitem gases nem odores quando em contato com o oxigênio. Diferentemente, dos materiais e produtos convencionais que são todos aqueles que emitem gases voláteis (os famosos COVs - compostos orgânicos voláteis), como tintas, solventes, resinas, vernizes, colas, carpetes sintéticos e de madeira. RELATÓRIO FINAL DO PROGRAMA DE INICIAÇÃO À PESQUISA CIENTÍFICA, TECNOLÓGICA E INOVAÇÃO – PIBCTI 01/2010 b) Fachadas: As cores das fachadas e das coberturas influenciam diretamente o conforto térmico. Considere que as cores claras não absorvem tanto calor como as mais escuras, uma fachada branca absorve só 25% do calor do sol, enquanto que a mesma fachada na cor preta pode absorver até 90% de calor; c) Cobertura: Utilizar materiais alternativos como o teto jardim, além dos materiais reciclados como telhas feitas a partir de caixas TetraPak, ambas os casos tem comprovada garantia e eficiência, além de custo baixo. Instalar coletores solares térmicos e/ou painéis solares fotovoltaicos; d) Abertura: As aberturas devem estar adequadas ao sentido dos ventos locais e iluminação natural. Devem-se utilizar vidros adequados ao clima. A altura das janelas deverá considerar os limites de alcance visual, exceto em locais onde deva prevalecer a segurança e a privacidade; e) Iluminação: A geometria dos ambientes deverá ter pouca profundidade para ser mais bem iluminada. Dever-se-á verificar o ângulo de incidência da luz. Aberturas simétricas e localizadas em paredes opostas, para que assim, ocorra uma melhor distribuição de iluminância. Superfícies claras são excelentes refletoras e não direcionam o calor para dentro do ambiente. A cor utilizada no forro é considerada o elemento mais responsável pelos níveis de iluminância de um ambiente, se comparado às cores das paredes e do piso. Dever-se-á optar por lâmpadas de baixo consumo e procurar usar iluminação localizada, colocando luz só onde seja de fato necessário. Priorizar lâmpadas fluorescentes compactas, pois elas têm o mesmo potencial de iluminação de lâmpadas incandescentes e das lâmpadas fluorescentes, mas consomem menosenergia. 4. POTENCIALIDADES ECONÔMICA, SOCIAL E AMBIENTAL DAS REGIÕES DE INTEGRAÇÃO DO ESTADO DO PARÁ. O estado do Pará está dividido em doze regiões de integração conforme mostra o Mapa 1. São elas: Araguaia; Tocantins; Tapajós; Metropolitana; Guamá; Baixo Amazonas; Rio Caetés; Marajó; Rio Capim; Xingu; Lago de Tucuruí; e Carajás. Essas regiões territoriais foram estabelecidas seguindo metodologia que privilegiou a vocação econômica, produtiva, cultural e ambiental dos municípios pertencentes ao Pará. RELATÓRIO FINAL DO PROGRAMA DE INICIAÇÃO À PESQUISA CIENTÍFICA, TECNOLÓGICA E INOVAÇÃO – PIBCTI 01/2010 Mapa 1: Regiões de integração do Estado do Pará. Fonte: http://redeteatrodafloresta.ning.com/ As regiões de integração com seus respectivos municípios estão apresentados no Quadro 1. O PIB da cadeia produtiva da construção civil na região Norte é o menor entre as regiões brasileiras. Quanto aos estados da região Norte, o PIB do estado do Pará é o maior seguido pelo estado de Rondônia. Entretanto, a composição do PIB da cadeia produtiva da construção civil no estado do Pará obedece a mesma lógica de composição do PIB da cadeia produtiva da construção civil do Brasil. REGIÃO DE INTEGRAÇÃO MUNICÍPIOS ARAGUAIA Água Azul do Norte, Bannach, Conceição do Araguaia, Cumaru do Norte, Floresta do Araguaia, Ourilândia do Norte, Pau D'arco, Redenção, Rio Maria, Santa Maria das Barreiras, Santana do Araguaia, São Félix do Xingu, Sapucaia, Tucumã, Xinguara. BAIXO AMAZONAS Alenquer, Almeirim, Belterra, Curuá, Faro, Juruti, Monte Alegre, Óbidos, Oriximiná, Prainha, Santarém, Terra Santa. CARAJÁS Bom Jesus do Tocantins, Brejo Grande do Araguaia, Canaã dos Carajás, Curionópolis, Eldorado dos Carajás, Marabá, Palestina do Pará, Parauapebas, Piçarra, São Domingos do Araguaia, São Geraldo do Araguaia, São João do Araguaia RELATÓRIO FINAL DO PROGRAMA DE INICIAÇÃO À PESQUISA CIENTÍFICA, TECNOLÓGICA E INOVAÇÃO – PIBCTI 01/2010 GUAMÁ Castanhal, Colares, Curuçá, Igarapé-Açu, Inhangapi, Magalhães Barata, Maracanã, Marapanim, Santa Isabel do Pará, Santa Maria do Pará, Santo Antônio do Tauá, São Caetano de Odivelas, São Domingos do Capim, São Francisco do Pará, São João da Ponta, São Miguel do Guamá, Terra Alta, Vigia. LAGO DE TUCURUÍ Breu Branco, Goianésia do Pará, Itupiranga, Jacundá, Nova Ipixuna, Novo Repartimento, Tucuruí MARAJÓ Afuá, Anajás, Bagre, Breves, Cachoeira do Arari, Chaves, Curralinho, Melgaço, Muaná, Ponta de Pedras, Portel, Salvaterra, Santa Cruz do Arari, São Sebastião da Boa Vista, Soure METROPOLITANA Ananindeua, Belém, Benevides, Marituba, Santa Bárbara do Pará RIO CAETÉS Augusto Corrêa, Bonito, Bragança, Cachoeira do Piriá, Capanema, Nova Timboteua, Peixe Boi, Primavera, Quatipuru, Salinópolis, Santa Luzia do Pará, Santarém Novo, São João de Pirabas, Tracuateua, Viseu RIO CAPIM Abel Figueiredo, Aurora do Pará, Bujarú ,Capitão Poço, Concórdia do Pará, Dom Eliseu, Garrafão do Norte, Ipixuna do Pará, Irituia, Mãe do Rio, Nova Esperança do Piriá, Ourém, Paragominas, Rondon do Pará, Tomé-Açu, Ulianópolis. TAPAJÓS Aveiro, Itaituba, Jacareacanga, Novo Progresso, Rurópolis, Trairão TOCANTINS Abaetetuba, Acará, Baião, Barcarena, Cametá, Igarapé Miri, Limoeiro do Ajuru, Mocajuba, Moju, Oeiras do Pará, Tailândia XINGU Altamira, Anapu, Brasil Novo, Gurupá, Medicilândia, Pacajá, Placas, Porto de Moz, Senador José Porfírio, Uruará, Vitória do Xingu Quadro 1: Municípios pertencentes as regiões de integração do Estado do Pará. Fonte: IDESP, 2009. Conforme mostra a Tabela 1, ocorreu um crescimento de 114,67% no total do PIB da cadeia da construção civil paraense entre os anos de 2006 e 2007. Esse impulso foi gerado em virtude do ano do lançamento das obras do PAC (Programa de Aceleração do Crescimento) pelo Governo Federal. Entre os elos que formam a composição do PIB cadeia produtiva da construção civil do Pará, aquele que se destaca é o elo da indústria da construção, com um percentual que chega a 71, 16% no ano 2007. TABELA 1: COMPOSIÇÃO DO PIB DA CADEIA DA CONSTRUÇÃO CIVIL NO PARÁ. ELOS % ANO 2006 % ANO 2007 1. EXTRAÇÃO E BENEFICIAMENTO 10,10 9,07 2. INDÚSTRIA DA CONSTRUÇÃO 72,42 71,16 3. CONSTRUÇÃO 0,22 1,25 4. COMÉRCIO DE MATERIAIS DE CONSTRUÇÃO RELATÓRIO FINAL DO PROGRAMA DE INICIAÇÃO À PESQUISA CIENTÍFICA, TECNOLÓGICA E INOVAÇÃO – PIBCTI 01/2010 4.1. ATACADO 9,8 11,38 4.2. VAREJO 7,46 7,14 TOTAL (%) 100,0 100,0 TOTAL (R$ BILHÕES) 4,96 10,65 Fonte: IDESP, 2009. Entre as obras de infra-estrutura e energia programadas pelo PAC para 2007 estava à conclusão das Eclusas do Tucuruí, que impactou positivamente no valor adicionado do Elo Construção na Região do Lago do Tucuruí, onde se constata um acréscimo de 468,18%. No entanto, o percentual do Elo Construção comparativamente aos outros elos é o de menor representatividade, alcançando percentual em 2007 de 1,25%. Segundo IDESP (2009) a baixa participação do Elo Construção na cadeia produtiva da construção civil no Pará pode ser explicada pela baixa arrecadação de ICMS (Impostos sobre circulação de mercadorias e serviços) pelas empresas ligadas a este setor, por exemplo, as construtoras que atuam nas atividades de edificações não recolhem ICMS para o Estado, isto reflete, portanto, na reduzida participação do Elo construção no total do PIB da cadeia no Estado. A seguir, será dada ênfase a analise sobre o Elo Extração e Beneficiamento com objetivo de detalhar as especificidades deste Elo por região de integração paraense, que tem como setores de maior representatividade à extração: de areia; cascalho; argila; e ainda extração e beneficiamento da madeira. Na formação deste Elo a Tabela 2 mostra o ranking das regiões de integração quanto a extração de areia e cascalho. TABELA 2: RANKING DAS REGIÕES DE INTEGRAÇÃO PARAENSES QUANTO A EXTRAÇÃO DE CASCALHO E AREIA. REGIÃO DE INTEGRAÇÃO PARTICIPAÇÃO NO ELO EXTRAÇÃO DE AREIA E CASCALHO(%) RANKING XINGU 39,73 1º CARAJÁS 29,64 2º LAGO DE TUCURUÍ 17,90 3º METROPOLITANA 5,76 4º TOCANTINS 4,44 5º RIO CAPIM 1,07 6º GUAMÁ 0,39 7º RELATÓRIO FINAL DO PROGRAMA DE INICIAÇÃO À PESQUISA CIENTÍFICA, TECNOLÓGICA E INOVAÇÃO – PIBCTI 01/2010 RIO CAETÉS 0,35 8º TAPAJÓS 0,22 9º MARAJÓ 0,20 10º BAIXO AMAZONAS 0,18 11º ARAGUAIA 0,12 12º Fonte: IDESP, 2009. Na Tabela 2 fica demonstrado que apenas as regiões de integração do Xingu, de Carajás e do Lago de Tucuruí somam 87,27% da extração de areia e cascalho no estado do Pará. Segundo IDESP (2009) um percentual médio de 40% dos municípios pertencentes às regiões do Xingu e Carajás extraíram areia e cascalho para fins da construção civil. Esse quadro demonstra claramente as fragilidades desta atividade no setor da construção civil de cada região de integração, mais precisamente, na produção habitacional local. No tocante ao Elo da Indústria da Construção a atividade econômica que se destaca é a fabricação de artefatos cerâmicos de barro cozido, ou seja, produção de telhas e tijolos cerâmicos para utilização na construção civil. A Tabela 3 revela o ranking das regiões de integração paraenses quanto a produção de telhas e tijolos cerâmicos. A região de integração do Guamá é a de maior destaque, ocupando o primeiro lugar, e no município de São Miguel do Guamá está instaladoo principal pólo cerâmico do norte do Brasil, que atualmente conta com mais de 40 fábricas instaladas na região. TABELA 3: RANKING DAS REGIÕES DE INTEGRAÇÃO PARAENSES QUANTO A PRODUÇÃO DE CERÂMICAS (TELHAS E TIJOLOS). REGIÃO DE INTEGRAÇÃO MUNICÍPIOS RANKING GUAMÁ Castanhal, Inhangapi, Santa Isabel do Pará, Santa Maria do Pará e São Miguel do Guamá. 1º CARAJÁS Bom Jesus do Tocantins, Eldorado dos Carajás, Marabá, Palestina do Pará, Parauapebas, São Domingos do Araguaia, São Geraldo do Araguaia e Piçarra. 2º ARAGUAIA Conceição do Araguaia, Floresta do Araguaia, Ourilândia do Norte, Pau D'arco, Redenção, Rio Maria, Santana do Araguaia, São Félix do Xingu, Tucumã, Xinguara. 3º RIO CAPIM Capitão Poço, Irituia, Paragominas, Tomé-Açu, Ulianópolis. 4º BAIXO AMAZONAS Alenquer, Juruti, Monte Alegre, Oriximiná, e Santarém. 5º METROPOLITANA Ananindeua, Benevides e Marituba. 6º LAGO DE TUCURUÍ Goianésia do Pará, Itupiranga, Jacundá, e Tucuruí. 7º XINGU Altamira, Brasil Novo, Pacajá, Uruará e Vitória do Xingu 8º RIO CAETÉS Bragança e Capanema. 9º TOCANTINS Acará e Barcarena. 10º RELATÓRIO FINAL DO PROGRAMA DE INICIAÇÃO À PESQUISA CIENTÍFICA, TECNOLÓGICA E INOVAÇÃO – PIBCTI 01/2010 TAPAJÓS Itaituba e Rurópolis. 11º MARAJÓ NÃO APRESENTOU PRODUÇÃO Fonte: IDESP, 2009. Outra atividade do Elo da Indústria da Construção que merece destaque é a produção de cimento. As regiões de integração que concentram toda a produção de cimento do estado do Pará são as seguintes: Rio Caetés; Tapajós; Metropolitana; e Tocantins. A Tabela 4 mostra as regiões de integração e os respectivos municípios produtores de cimento. TABELA 4: RANKING DAS REGIÕES DE INTEGRAÇÃO PARAENSES QUANTO A PRODUÇÃO DE CIMENTO. REGIÃO DE INTEGRAÇÃO MUNICÍPIOS RANKING RIO CAETÉS Capanema. 1º TAPAJÓS Itaituba. 2º METROPOLITANA Belém. 3º TOCANTINS Barcarena. 4º Fonte: IDESP, 2009. 5. CONSIDERAÇÕES FINAIS. É de suma importância a compreensão da influencia da cadeia produtiva da construção civil na dinamização da economia de um país para a geração de emprego e renda. Neste sentido, tornou-se necessário uma análise mais aprofundada sobre o comportamento da construção civil no Pará, nas regiões de integração, assim como compreender os movimentos da economia com as constantes transformações que este setor está sofrendo atualmente, seja na atuação do governo federal na produção de habitações, seja no mercado imobiliário expandindo a sua atuação no estado. Segundo análise das regiões de integração paraense, os principais materiais da cadeia produtiva da construção civil paraense são a areia, as telhas e tijolos cerâmicos e o cimento. Todos os materiais tradicionalmente utilizados na construção civil. A maior parte da extração e produção desses materiais está concentrada, ou mesmo, restrita a alguns municípios paraenses, ou mesmo apenas um município, como é o caso da produção de telhas e tijolos cerâmicos, cujo principal produtor é São Miguel do Guamá. Com isso, fica evidente a fragilidade para a produção e comercialização desses materiais utilizados na construção civil. Isso reflete em dificuldades de obtenção dos materiais e, principalmente, custos mais elevados, o que inviabiliza a produção de RELATÓRIO FINAL DO PROGRAMA DE INICIAÇÃO À PESQUISA CIENTÍFICA, TECNOLÓGICA E INOVAÇÃO – PIBCTI 01/2010 unidades habitacionais para diminuir, ou mesmo, eliminar as necessidades habitacionais, seja por conta do déficit habitacional ou das habitações inadequadas realidade existente em todos os municípios do estado do Pará. Na cadeia produtiva da construção civil paraense não existe a cultura para a utilização de materiais alternativos e, muito menos, que promovam a sustentabilidade ambiental. Ao contrário, a extração e a produção dos materiais tradicionalmente utilizados na construção civil é feita de forma a degradar e poluir o meio ambiente, resultando, muitas vezes, em dano irreversível com esgotamento de recursos naturais não-renováveis. 6. REFERÊNCIAS CASTRO, A.M.G.; LIMA, S.M.V. Curso de capacitação de equipes para estudos prospectivos de cadeias produtivas industriais. MDIC/STI, 2001. CONSTRUBUSINESS. 7º Seminário da Indústria Brasileira da Construção. São Paulo: FIESP, 2008. INSTITUTO DE DESENVOLVIMENTO SOCIAL E AMBIENTAL DO PARÁ. IDESP. Cadeia produtiva da construção civil no estado do Pará. Belém. 2009. PESQUISA ANUAL DA INDÚSTRIA DA CONSTRUÇÃO. Rio de Janeiro: IBGE, 2007. RELATÓRIOS DAS OFICINAS DO PEHIS PARA AS REGIÕES DE INTEGRAÇÃO DO ESTADO DO PARÁ. Pará: COHAB/IDESP, 2009. RELATÓRIO FINAL DO PROGRAMA DE INICIAÇÃO À PESQUISA CIENTÍFICA, TECNOLÓGICA E INOVAÇÃO – PIBCTI 01/2010 Diretrizes Projetuais
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