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Endarterectomia da Artéria Carótida Extracraniana José Baptista 17/12/2004 Página 1 de 44 Pitta GBB, Castro AA, Burihan E, editores. Angiologia e cirurgia vascular: guia ilustrado. Maceió: UNCISAL/ECMAL & LAVA; 2003. Disponível em: URL: http://www.lava.med.br/livro Endarterectomia da artéria carótida Extracraniana Extracranial Carotid Endarterectomy Unitermos: endarterectomia de carótida, acidente vascular cerebral Key words: carotid endarterectomy, stroke José Carlos Costa Baptista-Silva INTRODUÇÃO A palavra carótida é originária do grego (Karotides) e significa estupor ou sono profundo (devida a compressão da artéria carótida provocar inconsciência).1 O acidente (ataque) vascular cerebral por ser definido como sendo um déficit neurológico focal súbito devido a uma lesão vascular.2 Thomas Willis (1685) descreveu os episódios precedentes do acidente vascular, e que partículas estranhas seriam enviadas ao cérebro desencadeando apoplexia.3 _____"The seat of apoplexy seems to be within the same inward portion of the brain. Both affects, the imagination and common sense, though in far differing degree affected, viz. In the latter the irradiation of the spirits is wont. to be interrupted with little clouds, as it were, scattered here and there, but in the former, the same is forthwith wholly darkened and undergoes total eclipse. The apoplexy, according to the import of the word, denotes a striking, and, by reason of the stupendous nature of the affect, as though it contained something divine; it is called a sideration; those who are seized with it, as though they were planet struck, or smitten by an invisible Deity, fall on the ground on a sudden being deprived of sense and motion. Its practical causes are like, as in most other affects of the brain, the blood is in fault, that either engendering of itself or taking from elsewhere extraneous particles and such as are very averse to the texture or constitution of the animal spirits and, as it were. sends them to the brain. If, after the first seizure of a speechlessness being well over, the diseased afterward becomes more drowsy and dull, is affected with a scotoma, and a frequent vertigo, it is a sign that he will be obnoxious to other accesses of the apoplexy". Tromboembolismo cerebral é um sério problema de saúde pública em todos países que têm população numerosa envelhecida.4-17 Nos Estados Unidos da América estimam em 730.000 novos17 casos de acidente vascular cerebral por ano e tendo despesas diretas e indiretas de 30 bilhões de dólares. Aproximadamente uma em cada cinco pessoas com acidente vascular cerebral irá morrer nos próximos 30 dias. Metade dos sobreviventes irá Endarterectomia da Artéria Carótida Extracraniana José Baptista 17/12/2004 Página 2 de 44 Pitta GBB, Castro AA, Burihan E, editores. Angiologia e cirurgia vascular: guia ilustrado. Maceió: UNCISAL/ECMAL & LAVA; 2003. Disponível em: URL: http://www.lava.med.br/livro precisar de cuidados especiais, o que acarretará um grande problema sócio-econômico para a família e ao país. O acidente vascular cerebral isquêmico de origem carotídea é estimado em 20% de todos acidentes os vasculares cerebrais. 2,4-17 Ferris et al (1998) relataram que o acidente vascular cerebral é a terceira causa de morte no Reino Unido, sendo responsável por 12% de todos os óbitos. Dos doentes que tiveram acidente vascular isquêmico 80% tinham estenose de carótida e, destes, 20% tinham estenose entre 70 e 99%. O acidente vascular cerebral consome quatro por cento do produto interno daquele país em tratamento e cuidados especiais dos doentes.18 Mackey, Côté, Battista (1994) constataram que no Canadá o acidente vascular cerebral é responsável por 7% de todos óbitos e com gastos anuais de 1,5 bilhões de dólares.19 Inicialmente, o acidente vascular cerebral era relacionado à doença vascular intracerebral, porém, Savory(1856), Gowers (1875), e Hunt (1914), chamaram a atenção para a importância das doenças vasculares extracranianas na isquemia cerebral.20-30 As primeiras operações de carótida foram realizadas através de ligadura para controlar a hemorragia devida a trauma.31-35 Móniz (1927,1937) foi o primeiro a descrever a arteriografia de carótida, o que permitiu fazer o diagnóstico das lesões vasculares extracranianas e intracranianas36,37 (figura1). Figura 1 - Oclusão da carótida interna direita devido ao ferimento por arma de fogo, tentativa de suicídio (segundo Moniz 1937). A primeira reconstrução da artéria carótida por lesão aterosclerótica estenosante foi realizada por Carrea, Mollins, Murphy (1951) na Argentina, e a primeira endarterectomia bem sucedida foi realizada por Debakey (1953).38-48 Porém, foram Eastcott, Pickering, Rob (1954) quem divulgaram a operação de carótida como um método de prevenção de acidente vascular cerebral.49 Endarterectomia é a melhor evidência terapêutica para doentes si ntomáticos e assintomáticos com estenose de carótida maior que 70%, 15. Esta operação está sendo realizada com aumento progressivo de 15.000 em 1971 para 107.000 casos em 1985. Estima -se que atualmente são realizadas de 110.000 a 120.000 endarterectomias de carótida por ano nos Estados Unidos da América para prevenir o acidente vascular cerebral.11,12,15-19,49-55 ANATOMIA E FISIOLOGIA DA CIRCULAÇÃO CEREBRAL O cérebro e o cerebelo são irrigados por uma importante anastomose poligonal (polígono de Willis) ao nível da base do crânio entre quatro artérias: duas carótidas internas e duas Endarterectomia da Artéria Carótida Extracraniana José Baptista 17/12/2004 Página 3 de 44 Pitta GBB, Castro AA, Burihan E, editores. Angiologia e cirurgia vascular: guia ilustrado. Maceió: UNCISAL/ECMAL & LAVA; 2003. Disponível em: URL: http://www.lava.med.br/livro vertebrais. Normalmente as artérias vertebrais são originadas das artérias subclávias, enquanto as carótidas internas são ramos das artérias carótidas comuns. A artéria carótidas comum à direita é ramo do tronco arterial braquiocefálico e à esquerda do arco aórtico. Variações anatômicas arteriais são encontradas tanto no extra como no intracraniano, exemplos: a artéria carótida comum esquerda originando do tronco arterial braquiocefálico; ausência da artéria comunicante anterior etc.8,51,55,56 Os troncos arteriais tirocervical e costocervical ramos da artéria subclávia são importantes vias de circulação colateral cerebral em caso de estenoses e oclusões das artérias carótidas e vertebrais.8,55 As artérias intracranianas distais ao polígono de Willis têm irrigação terminal, sendo que uma oclusão a este nível levará a lesão cerebral, por falta de colaterais8,15,55 (figuras 2,3). Figura 2 - Irrigação Cerebral e cerebelar Figura 3 - Cérebro e cerebelo O cérebro corresponde apenas 2% do peso total do corpo, recebe 12 a 15 % do débito cardíaco, o que reflete a sua grande atividade metabólica. O fluxo sangüíneo cerebral é, em média, de 50ml/100g/min, já o volume de sangue cerebral é de 3 a 4 ml por 100 g de tecido cerebral. Lesão cerebral pode ocorrer quando o fluxo for menor que 30 ml/100g/min. Ocorre perda da consciência como resultado da isquemia cortical quando o fluxo cerebral diminui abaixo de 20 ml/100g/min. Mas, a atividade elétrica cerebral só cessa quando o fluxo cerebral diminui abaixo de 15 ml/100g/min. Porém, a insuficência metabólica e morte celular só ocorrem quando o fluxo cerebral aproxima de 6 ml/100g/min. Nos indivíduos sadios o fluxo cerebral permanece constante para a pressão arterial média entre 50 e 150 mmHg, em razão da alteração da resistência vascular. A resistência vascular cerebral diminui com a diminuiçãoda pressão eaumenta com com a elevação da pressão até 150 mmHg, quando a pressão arterial elava-se acima de 150 mmHg a resistência vascular cerebral diminui, procurando compensar a elevação da pressão, daí o risco de ruptura de vasos e acidente vascular hemorrágico. Porém, Endarterectomia da Artéria Carótida Extracraniana José Baptista 17/12/2004 Página 4 de 44 Pitta GBB, Castro AA, Burihan E, editores. Angiologia e cirurgia vascular: guia ilustrado. Maceió: UNCISAL/ECMAL & LAVA; 2003. Disponível em: URL: http://www.lava.med.br/livro esta autoregulação é alterada em algumas doenças como na hipertensão arterial, na aterosclerose e também nas áreas isquêmicas cerebrais. O consumo de oxigênio pelo cérebro está diretamente relacionado com a atividade metabólica cerebral. Variações do fluxo cerebral dependem das variações da atividade metabólica cerebral. Os anestésicos, exceção á ketamina, diminuem o consumo de oxigênio pelo cérebro. Parece que os anestésicos intravenosos barbitúricos conferem proteção cerebral durante os períodos de isquemia focal. A redução do consumo de oxigênio cerebral, a normocarbia e a utilização a hipotermia determinam proteção da função cerebral. Mas a hipotermia (proporcional ao grau de queda da temperatura) reduz o consumo de oxigênio cerebral e também o fluxo sanguíneo cerebral.8,50,51,55,56 (figuras 4,5). Figura 4 - Variação do fluxo cerebral e do diâmetro das artérias intracerebrais em função da pressão arterial média (segundo Chilon & Baumbach 1997). Figura 5 - Alterações do fluxo sangüíneo cerebral causadas por variações independentes na pressão de CO2, pressão de O2 e na pressão arterial (modificado de Hannallah 1995). A aterosclerose é a causa mais freqüente de estenose e trombose da artéria carótida. Figura 6. Porém, podemos mencionar a arterite, trauma, displasia fibromuscular, dissecção, homocisteína, como outras causas. 8,15,39,52,58-71 A bifurcação carotídea é mais propensa à formação de placa de ateroma, pois é uma área de separação do fluxo sangüíneo com estresse de cisalhamento oscilante de alta e baixa amplitudes. Os estudos sobre a formação da placa de ateroma nas bifurcações carotídeas e aórtica humanas demonstram que as placas da íntima formam-se nas áreas de estresse de cisalhamento baixa amplitude. A bifurcação carotídea é acometida em 40% de todas as lesões estenosantes da artéria carótida. 13, 51, 56 Figura 6 - Placa de ateroma retirada das carótidas comum, interna e externa por eversão. Definição de isquemia cerebral é a diminuição do fluxo cerebral suficiente para interferir com a função normal do cérebro. A isquemia leva a hipóxia, porém, estes dois termos não são permutáveis. Hipóxia significa baixa oxigenação sangüínea. Já a isquemia implica na diminuição ou ausência do fluxo arterial (oxigênio, glicose e demais elementos do sangue) e a diminuição ou ausência de remoção dos metabólitos (dióxido de carbono, ácido láctico etc).8,15,51 A isquemia cerebral pode ser global ou focal. A isquemia global é usualmente produzida por abrupta e profunda redução da pressão arterial, tal como ocorre no choque e na parada cardíaca, ou mesmo quando o doente tem lesões significativas das carótidas e das vertebrais. O cérebro é o mais nobre dos tecidos e a ausência Endarterectomia da Artéria Carótida Extracraniana José Baptista 17/12/2004 Página 5 de 44 Pitta GBB, Castro AA, Burihan E, editores. Angiologia e cirurgia vascular: guia ilustrado. Maceió: UNCISAL/ECMAL & LAVA; 2003. Disponível em: URL: http://www.lava.med.br/livro de irrigação por poucos minutos poderá ter lesões irreversíveis 8,58. Um exemplo de isquemia global irreversível é caso de morte cerebral por parada abrupta da circulação cerebral devido ao trauma ou tumor cerebral ou ainda hemorragia cerebral, como acontece no doador “cadáver” de órgãos. Isquemia focal é o que acontece na embolia, onde a artéria é ocluída e o tecido cerebral cerebral correspondente não recebe fluxo sangüíneo e entra em necrose. Podemos citar o ataque isquêmico transitório até acidente cerebral com déficit permanente.8,58 Quadro clínico de isquemia cerebral de origem carotídea A doença carotídea pode ser devida à lesão estenótica ou oclusiva, sendo sintomática ou assintomática. 4,5,33,35,71-73 Os quatro mecanismos principais que produzem insuficiência cerebrovascular nas artérias principais que irrigam o cérebro são (a) ulceração produzindo microembolização; (b) redução do fluxo devido a múltiplas lesões arteriais; (c) "síndrome de roubo" por onde é o sangue desviado do cérebro através de vasos colaterais; e (d) embolia de locais distantes, principalmente do coração.6, 39,40,51 Doentes assintomáticos são aqueles que têm lesões carotídeas hemodinamicamente significantes e ou ulceradas e sem manifestação clínica neurológica.73,74. Foi encontrado por métodos não -invasivos que pouco mais de um terço dos doentes com sopro no pescoço tem lesão significante na artéria carótida.8,69-80 O ataque isquêmico transitório é definido como sendo déficit neurológico (hemisférico, amaurose fugax, vestibulobasilar) com duração menor que 24 horas e completa recuperação clínica, embora tenha lesão anatômica. Na área cerebral suprida pela carótida há normalmente discreta disfunção motora e sensorial. Fraqueza motora facial e dos membros contralateral e perda sensorial são clássicas (Cérebro: fraqueza ou dormência contralateral, afasia, alterações comportamentais e cognitivas). Em 95 % da população o hemisfério dominante é o esquerdo, ataque isquêmico transitório neste lado pode causar alteração receptiva e expressiva afasia. No territótio vértebro–basilar pode causar ataxia (desequlíbrio), tonteira, vertigem, disartria, diplopia, fraqueza ou dormência unilateral ou bilateral, hemianopsia ou cegueira cortical.2,8,10-12,78-80 Isquemia cerebral progressiva, é a piora do quadro neurológico, após o quadro de isquemia cerebral já instalado.8,11,12 Acidente cerebral completo é quando o quadro neurológico tem pouca alteração após a sua instalação, deixando o doente com seqüela detectada clinicamente e pode ser classificado em: a-leve: sínais e sintomas neurológicos residuais sem alterar a função; b-moderado: sínais e sintomas neurológicos residuais com alteraração da função (membros superiores e inferiores, fala); c- grave: sínais e sintomas neurológicos residuais com perda funcional sem condições de sobrevivência independente.2,8,11,12 A palpação do pulso carotídeo fornece pouca informação, pois só conseguimos palpar a carótida comum com segurança. A palpação da artéria temporal (continuação da artéria carótida externa) é importante, pois, esta artéria tem relação com lesão na bifurcação e também nos casos de arterite temporal.8, 59-61 A palpação dos pulsos (inclusive a aorta) e mensuração da pressão arterial dos membros superiores e inferiores são de extrema importância pela alta associação entre lesão de artérias como aorta e seus ramos, artérias períféricas com lesão carotídea e dessas com a doença coronariana.8,59-61 Ausculta do pescoço é indicada em todos doentes examinados, especialmente se portadores de doença coronariana estenótica ou colusiva, doença da aorta e seus grandes ramos, doença arterial periférica, etc). Se for ouvido sopro, deve -se investigar com mapeamento dúplex, se encontrar estenose de carótida com mais de 70%, o doente poderá ser investigado Endarterectomia da Artéria Carótida Extracraniana José Baptista 17/12/2004 Página 6 de 44 Pitta GBB, Castro AA, Burihan E, editores. Angiologia e cirurgia vascular: guia ilustrado. Maceió: UNCISAL/ECMAL & LAVA; 2003. Disponível em: URL: http://www.lava.med.br/livrocom arteriografia digital [alguns serviços já indicam endarterectomia de carótida só com o mapeamento dúplex], porém, a arteriografia ainda é o padrão ouro para North American Symptomatic Carotid Endarterctomy Trial (NASCET)87,94-96,99,100 e European Carotid Surgery Trialist Collaboration Group (ECST).84,97,98 Observação: apenas 60% das lesões carotídeas demonstradas pela arteriografia apresentam sopros. Doentes com lesões menores que 50% ou maiores que 95%, e ou com oclusão não apresentam sopro, 6,11,12,53,58-100. A estenose de carótida é responsável por 20% dos acidentes cerebrais isquêmicos.16,58,78-100 Fundo de olho Thomas, Eascott (1992) referiram que o fundo de olho é um exame simples, não- invasivo e pode trazer informações importantíssimas da isquemia retiniana e correlação com a estenose de carótida. Ocasionalmente durante a amaurose fugax, podemos detectar a movimentação das plaquetas nas artérias retinianas. O mais comum achado no fundo de olho de doentes com doença vascular periférica e co m placa de colesterol na bifurcação carotídea é infarto retiniano dedido a embolia devido a: plaqueta-fibrina, colesterol (placa de Hollenhorst), e calcificação. Mas origem a origem deste material na retina pode ser da bifurcação carotídea ou de ulcerações mais proximais do arco aórtico ou dos grandes vasos, ou ainda do coração. Isto representa um sinal de arteriopatia. Na arterite de células gigantes (arterite temporal) pode demonstrar alterações na retina por hipofluxo, que por muitas vezes já se apresenta com cegueira antes do diagnóstico da doença de base. Os olhos, como o cérebro, estão sujeitos a níveis críticos de perfusão, resultando em cegueira em alguns doentes com oclusão arterial extracraniana por aterosclerose ou arterite. Cegueira em associação com ausência de pulsos pulsos dos membros superiores foi descrita por Takayasu em 1908, que encontrou no fundo de olho neoformação capilar retiniana com fístulas arteriovenosas. Oclusão da artéria da retina pode ser central ou somente de artéria secundária, sendo que a retina pode ter lesão total ou parcial. Estas alterações da retina acontecem devidas a atrofia da artéria e veia retinianas. Pressão intraocular pode ser reduzida pela isquemia, ou aumentada por obstrução neovascular do humor aquoso no ângulo da câmara anterior, causando glaucoma secundário. Drenagem pode ser necessária se a cirurgia carótida está programada, pois a hiperemia da revascularização poderia conduzir a cegueira. Assim, a operação pode ser requerida no acompanhamento de problemas cerebrais. Esta forma de isquemia oftálmica acontece em doentes com doença estenosante ou oclusiva bilateral, por exemplo, nos casos da doença sem pulso como da arterite primária da aorta (doença de Takayasu).2,8,88 Diagnóstico diferencial Diagnóstico diferencial com isquemia cerebral de origem carotídeaextracraniana deve ser feito com: cefaléia, irritação meníngea, hemorragia intracraniana, neoplasia (primitiva ou metástase cerebral), abscesso cerebral, desmielinização, paresia de Todd (após convulsão parcial motora), conversão histérica, encefalite, doença vértebro-basilar, acidente vascular cerebral não de origem da carótida extracraniana, aneurisma de artéria intracraniana, cardiopatia, embolia de origem cardíaca, da croça da aorta e paradoxal, vasculite, trombofilia, angiodisplasias, crise hipertensiva arterial, trauma de crânio, drogas que agem no sistema nervoso central, síndrome do anticorpo anticardiolipina, homocisteinúria, hipoglicemia, hiperlipidemia, tumor do corpo carotídeo etc.8,48,55,88-90 Indicação de correção de estenose de carótida extracraniana Todo procedimento médico deverá seguir rigorosamente a seguinte tríade: benefício, risco e custo (Kekomäki 1998, Lepäntalo 1998, Myhre 1998).73,91 -93 A endarterectomia de carótida extracraniana sintomática com estenose maior de 70% do Endarterectomia da Artéria Carótida Extracraniana José Baptista 17/12/2004 Página 7 de 44 Pitta GBB, Castro AA, Burihan E, editores. Angiologia e cirurgia vascular: guia ilustrado. Maceió: UNCISAL/ECMAL & LAVA; 2003. Disponível em: URL: http://www.lava.med.br/livro diâmetro interno está bem estabelecida, tendo evidência clínica que reduz em 17% o risco de acidente vascular cerebral em relação ao tratamento clínico. Porém, a equipe cirúrgica não poderá ter mais de 5% decomplicações globais como acidente vascular cerebral e óbito (Moore et al. 1995, ECST 1991, 1996, 1998, NASCET 1991, 1998a,b).10-12,73,84,87,94-98 A endarterectomia de carótida extracraniana com estenose entre 50 e 69% do diâmetro interno, só poderá ser indicada em doentes selecionados, pois reduz pouco o risco de acidente vascular cerebral em relação ao tratamento clínico, e somente onde as condições hospitalares e profissionais sejam excepcionais. E mais, a equipe cirúrgica não poderá ter mais de 2% de complicações globais como acidente vascular cerebral e óbito (NASCET 1998b).96 A endarterectomia de carótida extracraniana com estenose menor que 50% do diâmetro interno, não traz nenhum benefício em relação ao tratamento clínico (Moore et al 1995, ECST 1996, NASCET 1998b).10-12,73,94-98 Embora já exista indício de benefício da endarterectomia de carótida extracraniana para doente assintomático com estenose de 60%, como ainda tem controvérsia, é prudente aguardar novos ensaios clínicos para melhor julgamento (ACAS 1995, Moore 1995, Safa 1999). Também aqui as complicações globais terão que ser menores que 3% (ACAS 1995, Moore 1995).11,12,14,16,19,64,73,101-105,108 O tratamento operatório das lesões estenóticas carotídeas não é indicado em doentes que apresentam com demência devida a lesões cerebrais múltiplas, evidência de hemorragia intracranial, ou lesão cerebral com avançada incapacidade, na insuficiência cardíaca descompensada, infarto do miocárdio recente, angina instável, neoplasia avançada, diabetes melito e hipertensão descontroladas, e ainda diagnóstico duvidoso.68,69,73,76-106 O doente que apresentar ataque isquêmico transitório ou acidente vascular cerebral com pouca incapacidade associados a estenose significante da carótida deve ser hospitalizado imediatamente e realizar avaliação neurológica, clínica médica geral criteriosa e especialmente da função cardiopulmonar, lembrando da associação entre aterosclerose de carótida e da artéria coronária. Heparina intravenosa é freqüentemente útil no doente com ataque isquêmico transitório. Heparina é contra- indicada se o doente tem hipertensão arterial maligna, fonte hemorrágica cerebral potencial ou uma úlcera ativa do sistema digestório. Se o doente for hipertenso grave, deverá ser controlado antes da operação de carótida. Doença pulmonar obstrutiva grave pode ser uma contra-indicação para cirurgia, cuidados clínicos devem ser instituídos no pré-operatório para melhorar a função pulmonar.73,75-80, 91-106 Se o doente estiver anêmico e a operação for urgente, a anemia deve ser corrigida através de transfusão sanguínea antes da indução da anestesia geral.51 Estudos randomizados norte-americanos e europeus (NASCET, VACS, ECST), foram realizados para melhor avaliar as indicações de endarterectomia de carótida. Estes estudos mostraram que a endarterectomia de carótida tem benefício tanto para o homem quanto para a mulher em doentes sintomáticos com lesão estenosante maior que 70% do diâmetro interno.10-12,72-100,105 Atualmente está pesquisando a indicação de operação ou angioplastia com stent nos doentes com estenose de carótida maior ou igual a 50%.107,108 Outro estudo norte-americano o "ACAS"101 provou que a endarterectomia de carótida era a terapia de escolha para prevenir acidente vascularcerebral em doentes assintomáticos que tinham aterosclerose de carótida com estenose maior de 60% e que estavam em boas condições clínicas. Este estudo também definiu que o resultado era cirurgião dependente, e que as complicações como morte e acidente vascular cerebral devidas ao ato operatório não podem superar 2%.14,12,54,64,73,101,102 Endarterectomia da Artéria Carótida Extracraniana José Baptista 17/12/2004 Página 8 de 44 Pitta GBB, Castro AA, Burihan E, editores. Angiologia e cirurgia vascular: guia ilustrado. Maceió: UNCISAL/ECMAL & LAVA; 2003. Disponível em: URL: http://www.lava.med.br/livro A endarterectomia de carótida bilateral em um único ato operatório atualmente está sendo realizada com resultados comparáveis quando é realizada em dois tempos, com indicação bem precisa. Muitos autores recomendam um intervalo mínimo de quatro a cinco dias entre a operação de um lado em relação ao outro pelo risco de edema cerebral, porém o doente será exposto aos riscos inerentes dessa operação duas vezes. A pressão aumentada em vasos intracerebrais em áreas previamente isquêmicas pode conduzir sangria intracraniana. Atualmente vários autores estão realizando a endarterectomia de carótida bilateral e revascularização do miocárdio em uma única operação com resultados excelentes, sendo morte e acidente vascular cerebral menores que 6%.43,73,109-129 A associação entre estenose de carótida maior que 70% e doença coronariana com indicação com indicação de revascularização do miocárdio é de 8%, 129. A realização de endarterectomia de carótida (inclusive bilateral) e revascularização do miocárdio no mesmo ato operatório estão indicadas entre 0,4 a 3,4%, com resultados excelentes (óbito e AVC menor que 6%), embora haja discordância.8,12,63,73,116,121,127,130-140 Oclusão de carótida de um lado e estenose significante do ou tro, a operação deste último tem indicação e com bons resultados.141 -147 Alguns doentes selecionados com oclusão completa da artéria carótida interna que também tem estenose da carótida externa do mesmo lado, podem se beneficiar da endarterectomia desta última, por ser uma via colateral externa significante para a circulação intracranial.40-43,47,146,147. 2 A associação de estenose de carótida extracraniana com indicação de endarterectomia e aneurisma arterial intracerebral tem que discutir com o neurocirurgão a prioridade da primeira operação. Aneurismas de artérias cerebrais são mais freqüentes nos doentes portadores: de rins policísticos autossômico dominante, arterites, doença de Marfan, síndrome de Ehlers-Danlos tipos I e IV, deficiênica da á 1-antitripisina, doença de Fabri, alcaptonúria, acondroplasia, síndrome de Cohen, síndrome de Kahn, neurofibromatosis, síndrome de Noonan, doença de Osler-Rendu-Weber, osteogênese imperfeita tipo I, doença de Pompe, pseudoxantoma elasticum, síndrome de Rambaud, esclerose tuberosa, síndrome de Wermer, síndrome 3M, aldosteronismo primário (GRA) regulado pelo hormônio corticotrófico(ACTH) etc.148 -166. Aneurisma de carótida extracraniana tem indicação de correção operatória devido aos riscos de: embolia, trombose e ruptur.9,32,33,42,43,45,52,63,167 As lesões estenosantes significantes escalonadas (tandem lesions) na carótida interna tem indicações de tratamento (operação ou angioplastia) com resultados satisfatórios, embora haja controvérsia.41,168-187 A dissecação aguda de carótida existe controvérsia qual o melhor tratamento, mas nos casos assintomática parece que o tratamento clínico é a melhor opção.5,12,187-195 Tortuosidades de carótida (Elongation, coiling, kinking, looping), embora haja muita controvérsia, mas prevalece que o tratamento operatório deve ser indicado quando o doente for sintomático.43,195-224 Angioplastia de carótida via endovascular A angioplastia de carótida com ou sem suporte interno (stent) tem sido utilizada por neuroradiologistas, radiologistas, cardiologistas, cirurgiões vasculares, porém ainda não tem suporte científico para sua utilização de rotina . Este é um procedimento inovador e pode levar risco significante de acidente vascular cerebral. Por outro lado, se o procedimento será acreditado, deve ser estudado adequadamente através de estudos randomizados, multicêntricos para obter ou não credibilidade na correção de estenose de carótida no pescoço. Endarterectomia da Artéria Carótida Extracraniana José Baptista 17/12/2004 Página 9 de 44 Pitta GBB, Castro AA, Burihan E, editores. Angiologia e cirurgia vascular: guia ilustrado. Maceió: UNCISAL/ECMAL & LAVA; 2003. Disponível em: URL: http://www.lava.med.br/livro Atualmente, pode ser utilizado com cautela no doente sintomático e que tem um risco cirúrgico muito alto devido a outras doenças. Também poderia ser indicada nos casos lesão alta de carótida interna ou em pescoço de difícil acesso cirúrgico, exemplo pescoço com cicatrizes e retrações por queimadura, pós-esvaziamento cervical e radioterapia. Recentemente foi publicado um consenso americano-europeu (Veith et al 2001)229 ratificando que a angioplastia por via endovascular de corótida mesmo com proteção cerebral e stent ainda não tem sustenção científica para sua indicação de rotina, sendo necessário aguardar os resultados dos estudos randomizados em andamento.16,66,73,225-255 Vários ensaios clínicos independentes e ou com conflito de interesse (maioria) {Archer (Guidant), Beach (Boston Scientific), Cabernet (Boston Scientific, EndoTex), Caress (ISI), Crest (Guidant, NIH, NINDS), ICSS (Cavatas-2, UK stroke association), Maveric (Medtronic), Sapphire (Cordis), Security (Abbott), Shelter (Boston Scientific), Space (German government, Boston Scientific, Guidant)} estão pesquisando em doentes de alto (maioria) e baixo risco para operação aberta (endarterectomia) versus angioplastia endovascular com stent e proteção cerebral contra embolia (Ouriel K, Yadav JS 2003).251 Após a publicação desses ensaios a sociedade médica deverá pronunciar quando deverá ser utilizada a angioplastia endovascular com stent e a endaterectomia de carótida. Até o momento a operação aberta (endarterectomia) de carótida continua sendo a escolha padrão.66,107,108,225-256 Lembre-se que a somatória de mortalidade e acidente vascular cerebral nos primeiros trinta dias está entre 0,9 a 4% (média 2,11%), e a re- estenose tardia maior que 50% está entre 0,1 a 14% (média 3,8%) para os trabalhos publicados com mais de 500 endarterectomias de carótida.252,253,255 Avaliação pré-operatória Exames indicados no pré-operatório de endarterectomia de carótida extracraniana: mapeamento dúplex das artérias carótidas e vertebrais, fundo de olho, tomografia computadorizada de crânio; arteriografia digital do arco aórtico, dos vasos supra-aórticos, vasos intracranianos (artérias e veias) em várias posições para ter uma orientação tridimensional dos vasos (SBACV 1998, ECST 1996,1998, NASCET 1991,1998).87,95-100,257-270 Fatores de risco para a endatrectomia de carótida A idade não parece ser fator limitante para indicação de endarterectomia, desde que o doente esteja em boas condições clínicas e com sobrevida esperada maior que o risco da operação. 87,95-100,252,253,257-270 Além da doença vascular cerebral, os doentes que vão ser submetidos a endarterectomia carotídea extracraniana costumam ter outras doenças associadas que devem ser minuciosamente avaliadas antes da operação. Em dois estudos com um total de 1,546 doentes submetidos a endarterectomia da carótida extracraniana 50% a 56% tinham antecedentes de hipertensão, 41% a 49% tinham coronariopatia, 13% a 18% apresentaram diabetes melito e entre 42% e 61% relataram uma história de tabagismo (Ennixet al. 1979 e Riles et al. 1979).271-274 A coronariopatia é a principal causa de morbidade e mortalidade depois da endarterectomia de carótida extracraniana (Ennix et al 1979, Riles et al. 1979, Prough 1984).271-275 Os riscos de infarto do miocárdio depois da endarterectomia da carótida extracraniana e de infarto cerebral durante e após a revascularização miocárdica estimularam a indicação operatória combinada (estagiada ou simultânea).276-281 A associação de endarterectomia de carótida sintomática com estenose maior que 70% ou assintomática com lesões críticas e revascularização do miocárdio simultaneamente tem indicações específicas e apresentam Endarterectomia da Artéria Carótida Extracraniana José Baptista 17/12/2004 Página 10 de 44 Pitta GBB, Castro AA, Burihan E, editores. Angiologia e cirurgia vascular: guia ilustrado. Maceió: UNCISAL/ECMAL & LAVA; 2003. Disponível em: URL: http://www.lava.med.br/livro resultados comparáveis quando se pratica operações em dois estágios e com menor custo. 8,11,12,63,73,83,86,94,116,121,126,127,129-140,280 -286 Para Safa et al. (1999), a revascularização isolada do miocárdio é segura em presença de estenose da carótida assintomática significante.103 Os doentes hipertensos submetidos a endarterectomia da carótida extracraniana têm maior risco de desenvolver hipertensão arterial sistêmica pós-operatória, que se associa a maior morbidade neurológica e mortalidade.287,288 Portanto, tais doentes devem ter a pressão arterial sistêmica estabilizada no pré-operatório e continuar com suas medicações anti- hipertensivas até a manhã da cirurgia, voltando a elas tão logo possível no pós-operatório. Todavia, não é aconselhável reduzir rapidamente a elevação crônica da pressão arterial sistêmica antes da cirurgia, pelo risco de hipotensão e complicações cerebrais e cardíacas. A mensuração da pressão arterial sistêmica pré- operatória diariamente ajuda a determinar a faixa de valores que o doente é capaz de tolerar durante a operação. A pressão arterial sistêmica deve ser medida em ambos os braços, já que os doentes com doença vascular periférica têm uma alta incidência de discrepância da pressão arterial entre os braços direito e esquerdo.289- 293 Existem evidências sugerindo que a hiperglicemia aumenta a gravidade da lesão neurológica causada pela isquemia cerebral.294-311 Assim, é prudente controlar rigorosamente a glicemia dos doentes diabéticos e evitar a prescrição de solução glicosada durante a endarterectomia da carótida extracraniana.293 Ainda deve-se recomendar a interrupção do tabagismo pelo maior tempo possível antes da cirurgia (durante este período o doente está exposto ao maior risco de AVC). A interrupção do tabagismo pelo menos oito semanas diminui as complicações respiratórias após a revascularização do miocárdio.312Os doentes com doença pulmonar obstrutiva crônica também podem beneficiar-se da fisioterapia e do uso de broncodilatadores.313 Recomendava -se um intervalo de seis semanas antes endarterectomia da carótida extracraniana depois de um acidente vascular cerebral, para evitar o desenvolvimento de um infarto hemorrágico que, com freqüência, é uma complicação fatal.78,314,315 Contudo, em estudos mais recentes concluíram que é possível fazer a endarterectomia da carótida extracraniana depois de um acidente vascular cerebral agudo sem risco maior, desde que a recuperação neurológica seja segura.128-130,315-324 Tanto NASCET (1991) quanto ECST (1991) orientam a realização de rotina de arteriografia convencional pré-operatória para estimar o grau da estenose arterial, mas esta angiografia tem risco estimado de 0,4% a 1,0% de acidente vascular cerebral. Espera-se que os progressos nos métodos de imagens não-invasivos, incluindo a angiografia por ressonância magnética, possam eliminar a necessidade da angiografia convencional como um pré-requisito para a endarterectomia da carótida extracraniana.11,95- 111,184,319 A arteriografia continua sendo o padrão ouro na decisão de endarterectomia (ECST 1996, NASCET 1998, SBACV 1998), porém tem muitos serviços no mundo indicam endarterectomia de carótida extracraniana só com ultra-som.95-111 A seleção dos doentes sintomáticos e assintomáticos é realizada através do ultra -som (mapeamento dúplex) e arteriografia. A arteriografia é o padrão -ouro na decisão operatória ou para angioplastia ou tratamento clínico (ECST 1996, NASCET 1999). O mapeamento dúplex (scan dúplex) é o método de escolha para seleção inicial e seguimento dos doentes. Porém muitos serviços já estão operando somente com mapeamento dúplex, porém, existe o risco de não avaliar lesões nos vasos intratorácicos (tumores, aneurisma, angiodisplasias). A arteriografia é indicada na Endarterectomia da Artéria Carótida Extracraniana José Baptista 17/12/2004 Página 11 de 44 Pitta GBB, Castro AA, Burihan E, editores. Angiologia e cirurgia vascular: guia ilustrado. Maceió: UNCISAL/ECMAL & LAVA; 2003. Disponível em: URL: http://www.lava.med.br/livro emergência nos casos de trombose, embolia e dissecação.11,12,95-111,169,177,180,256,316,324-347 A tomografia cerebral é de extrema importância nos casos sintomáticos e assintomáticos. Nos sintomáticos avalia se a lesão cerebral é estável ajudando na decisão, quando indicar a endarterectomia. Avalia lesões tumorais malígnas e benígnas, angidisplasias, hematomas, isquemia etc. Se diagnosticar lesão intracraniana isquêmica nos doentes assintomáticos, os mesmos serão considerados sintomáticos.18,19,53,54,256,316,325-347 Ressonância magnética é indicada nos casos de alergia ao contraste iodado, e mais recentemente com melhor resolução é até possível substituir a arteriografia digital. 177,325- 347 Anestesia para Cirurgia Carótida Ainda não existe nenhuma justificativa científica demonstrando qual o ti po de anestesia protege melhor o cérebro: loco-regional ou geral? A equipe cirúrgica deverá optar por um tipo e adquirir experiência para que as complicações globais (morte mais acidente vascular cerebral) não ultrapassem 6% para doentes sintomáticos e 3% para assintomáticos.38-49,64,81,84,87,94- 105,144,145,168,189,261,349-356 Controle anestésico O planejamento anestésico dos doentes que vão ser submetidos a endarterectomia da carótida extracraniana deve visar dois objetivos principais. O primeiro é manter a estabilidade hemodinâmica para otimizar a perfusão do cérebro e do coração. O segundo é proporcionar uma recuperação rápida da anestesia ao término da operação, para facilitar o exame da função neurológica dos doentes.51,144,145,349-356 Pré-medicação Uma conversa tranqüilizadora com o doente durante a visita pré-operatória pode ser muito útil para eliminar ou reduzir a necessidade de sedativos. É preferível evitar a sedação intensa e o uso de drogas de ação prolongada antes da endarterectomia da carótida extracraniana, já que elas podem interferir na avaliação pós- operatória da função mental. Operação Endarterectomia clássica: o doente é posicionado em decúbito dorsal, sob anestesia geral intra-traqueal (preferência do autor), é realizada rotação da cabeça a 45° contralateral ao lado da operação. Realiza-se anti-sepsia do pescoço e proteção com campos esterilizados. Uma incisão vertical é feita paralela à margem anterior do músculo esternocleidomastóideo com abertura do músculo platisma (a incisão pode ser transversa acompanhando as linhas de força, pode melhorar a estética, porém, esta incisação não é recomendada para lesão alta e para endaterectomia extensa). A artéria carótida comum é exposta afastando lateralmente o músculo esternocleidomastóideo, com cuidado para não lesar a veia jugular interna. As veiastributárias da veia jugular interna que cruzam a artéria carótida comum e sua bifurcação são ligadas e divididas. O nervo alça cervical do hipoglosso é afastado lateralmente e preservado-o sempre que possível. As artérias carótidas comum, interna e externa são dissecadas, e apresentadas com fita atraumáticas de silicone, tomando-se cuidado para não provocar embolização. Todos os nervos da região devem ser preservados como o hipoglosso, o glossofaríngeo, o vago, o ramo mandibular marginal do nervo facial, o laríngeo externo, laríngeo recorrente, tronco simpático e o nervo do corpo carotídeo. Este último deve ser anestesiado localmente com lidocaína para prevenir alterações como hipotensão e bradicardia. A heparina é utilizada sistêmica na dosagem de 2 mg/kg de peso corpóreo três minutos antes do pinçamento carotídeo. A fita de silicone que apresenta a artéria carótida interna pode ser utilizada para afastar cefalicamente o nervo hipoglosso. A artéria carótida interna é pinçada primeiro, seguida pela carótida comum e finalmente carótida externa, diminuindo o risco de embolização para a Endarterectomia da Artéria Carótida Extracraniana José Baptista 17/12/2004 Página 12 de 44 Pitta GBB, Castro AA, Burihan E, editores. Angiologia e cirurgia vascular: guia ilustrado. Maceió: UNCISAL/ECMAL & LAVA; 2003. Disponível em: URL: http://www.lava.med.br/livro carótida interna principalmente nos casos de trombos recentes. Embora muitos autores defendam o uso de desvio interno durante oclusão carotídea de rotina, ou particularmente se a pressão distal na carótida interna for menor que 50 mmHg, ou quando existe alteração no eletroencefalograma ou no doppler transcraniano; como não existe evidência científica que justifique o uso de desvio interno, optei por não utilizá-lo. Achamos que a proteção cerebral é dada pelo menor tempo possível de pinçamento , pela anestesia geral e dose heparina adequadas, e pela manutenção da pressão sangüínea arterial normal ou moderadamente elevada de 15 a 20%. Uma arteriotomia vertical é feita na artéria carótida comum com uma lâmina número 11, estendendo-se na artéria carótida interna com tesoura de Potts ou de Debakey. A dissecção da placa deve-se seguir o plano de clivagem subintimal tomando -se cuidado para não lesar a camada média da artéria carótida. A placa é removida através de dissecação sob visão direta iniciando na carótida comum, depois na carótida externa e por último na interna. Se sobrar alguma saliência principalmente na carótida interna deverá ser fixada com pontos separados com fio monofilamentar não absorvível 6-0 ou 7- 0. O fechamento da carótida de mulher sempre e de homem com menos de 5 milímetros na carótida interna deverá ser realizada com remendo (veia, pericárdio bovino ou dacron r) para prevenir estenose. O remendo deve ter uma largura apropriada para restabelecer a circunferência normal da artéria (cuidado para não alargar muito a carótida, pois pode provocar turbilhonamento e provocar embolia). A anastomose é iniciada pelo ângulo distal da carótida interna para a carótida comum. Antes do fechamento final sempre realizamos a sangria controlada e isolada de cada carótida e aspiração cuidadosa para retirar todos os detritos, e então terminamos o fechamento. A carótida externa é liberada primeira, seguida da comum e após alguns segundos a interna, para evitar embolização para as artérias cerebrais. 50% da dose da heparina sistêmica utilizada é revertida com protamina intravenosa (cuidado protamina pode causar hipotensão e arritmia). O fechamento da incisão é realizado por planos após rigorosa hemostasia. Não é nossa rotina o uso de dreno, porém o utilizamos sempre quando associamos a endarterectomia de carótida com revascularização do miocárdio.38-49,64,81,84,87,94- 105,144,145,168,189,261349-356 Recomendamos que o doente seja acordado na sala de operação para verificar se há comprometimento neurológico. A endarterectomia por eversão A endarterectomia por eversão da carótida interna (Everest trial) e ou da comum, interna e externa (técnica de Etheredge),390 são empregadas principalmente nos casos de dolicoartéria, são técnicas que dispensão o uso de remendo e o risco de reestenose é baixo mesmo em mulheres. A técnica de endarterectomia da interna com reimplante da mesma é uma variação de Everest trial,357-390. Nós realizamos estas técnicas com freqüência. Comprometimento do fluxo sangüíneo cerebral durante a endarterectomia carotídea extracraniana. Embora o objetivo da endarterectomia da carótida extracraniana seja evitar o acidente vascular cerebral, o próprio procedimento pode acarretar déficits neurológicos. Segundo Steed et al. (1982), as possíveis causas são: A) Interrupção do fluxo sangüíneo na carótida. O pinçamento da artéria carótida proximal e distalmente ao local da cirurgia é parte essencial do procedimento e interrompe temporariamente o fluxo sangüíneo no vaso. Durante este período, a perfusão do hemisfério cerebral homolateral costuma ser mantida pelo fluxo sangüíneo proveniente da carótida contralateral e da artéria vertebral através do polígono de Willis. Pode ocorrer isquemia do cérebro caso este fluxo retrógrado seja inadequado. Pode-se instalar um desvio interno (shunt) no local operado para manter o fluxo sangüíneo na carótida durante sua oclusão; Endarterectomia da Artéria Carótida Extracraniana José Baptista 17/12/2004 Página 13 de 44 Pitta GBB, Castro AA, Burihan E, editores. Angiologia e cirurgia vascular: guia ilustrado. Maceió: UNCISAL/ECMAL & LAVA; 2003. Disponível em: URL: http://www.lava.med.br/livro todavia, a utilização de um desvio interno pode associar-se a riscos tais como embolização de resíduos ateromatosos, dissecção da íntima causando oclusão aguda e limitação da exposição da placa e, portanto, da suficiência da endarterectomia (Ferguson 1982). B) Hipotensão sistêmica. O fluxo sangüíneo para regiões do cérebro irrigadas por vasos ateroscleróticos e estenosados pode estar dependente da pressão e, por isso, a perfusão desses locais pode ficar seriamente comprometida em decorrência da hipotensão sistêmica prolongada. C) Síndrome de hiperperfusão. O fluxo sangüíneo para regiões do cérebro irrigadas por vasos estenosados poderia aumentar significativamente depois da endarterectomia da carótida extracraniana, causando edema cerebral e hemorragia. Doentes no pré- operatório com estenose crítica de carótida têm freqüentemente má autorregulação vascular cerebral. Retorno ao fluxo normal nestes doentes é normalmente associado com hiperfluxo no hemisfério cerebral durante vários dias até a autoregulação ser restabelecida. Neste tipo de doentes, particularmente os que tiveram uma apresentação neurológica instável, hemorragia intracerebral pode acontecer no hemisfério de hiperfluxo. É obrigatório o controle cuidadoso da pressão sangüínea a níveis normais. Esta é a melhor profilaxia da síndrome do hiperluxo cerebral, pelo risco de óbito por sangramento intracerebral (Wylie et al. 1964, NINCDS 1995, Papanicolaou et al. 1996, Rockman et al. 1996, Hertzer et al. 1997, Robertson 1997). D) Endarterectomia carotídea e a disfunção dos barorreceptores. O local mais comum de estreitamento ateromatoso da artéria carótida é na sua bifurcação especialmente na interna e na externa, junto do seio carótido, que contém barorreceptores reguladores da pressão arterial sistêmica. As disfunções dos barorreceptores são, com freqüência, responsáveis pelas variações da pressão arterial sistêmica que ocorrem depois da endarterectomia de carótida extracraniana, embora sejam transitórias no pós-operatório. Normalmente, a hipertensão arterial sistêmica estira osreceptores, que enviam impulsos ao centro vasomotor no bulbo através do nervo do seio carótido, em resposta o tônus vagal aumenta causando vasodilatação e bradicardia. A estimulação do seio carótido durante a endarterectomia da carótida extracraniana pode levar a hipotensão e bradicardia. A estimulação pode ser decorrente da manipulação cirúrgica ou do fato de barorreceptores interpretarem o aumento fluxo sangüíneo subseqüente à endarterectomia como hipertensão sistêmica. Por outro lado, a lesão do nervo do seio carótido durante o procedimento pode interromper os impulsos provenientes dos barorreceptores, isso que poderia ser interpretado pelo cérebro como hipotensão sistêmica e causar estimulação simpática, hipertensão e taquicardia, principalmente no caso de lesão nervosa bilateral (Wade, Larson, Rickey 1968, Bove et al. 1979, Cafferta, Merchant, De Palma 1982, Artru, Merriman 1989). Pode-se diminuir a incidência de hipertensão no pós-operatório preservando-se o feixe nervoso intercarotídeo que inerva os barorreceptores (Cafferta et al 1982). Algumas vezes, a hipotensão intra - operatória pode ser controlada com a infiltração de anestésico local nos nervos do seio carótido durante a operação (Elliott et al. 1986). Todavia, esta técnica não pode ser recomenda como profilática, por causa da grande incidência de hipertensão que acompanha seu uso rotineiro. Como alternativa, coloca-se um cateter na região da bifurcação carotídea para o bloqueio pós-operatório dos nervos do seio carótido seja realizado em caso de hipotensão (Cafferta et al 1982). NASCET (1998a) não encontrou relação entre a endarterectomia de carótida e alteração de pressão arterial sistêmica no pós-operatório tardio. Monitorização intra-operatória Endarterectomia da Artéria Carótida Extracraniana José Baptista 17/12/2004 Página 14 de 44 Pitta GBB, Castro AA, Burihan E, editores. Angiologia e cirurgia vascular: guia ilustrado. Maceió: UNCISAL/ECMAL & LAVA; 2003. Disponível em: URL: http://www.lava.med.br/livro A monitorização rotineira dos doentes submetidos a endarterectomia da carótida extracraniana deve incluir a eletrocardiografia contínua das derivações II e V5, a oximetria de pulso e da temperatura. O uso de um analisador do CO2 expirado e, no caso, de emprego de miorrelaxantes, de um estimulador do nervo periférico são importantes na anestesia geral. A instalação de um cateter intra -arterial é essencial, visto que ele permite a monitorização contínua da pressão arterial sistêmica desde o início da anestesia até o período pós-operatório. De maneira geral, a monito rização da pressão venosa central durante a endarterectomia da carótida extracraniana não é essencial, porque o potencial desequilíbrio hídrico durante o procedimento é pequeno e a hemorragia intra- operatória quando presente é evidente e fácil de calcular. Contudo, o cateter de pressão venosa central é útil para a administração de drogas vasoativas. A instalação de um cateter longo de pressão venosa central na fossa antecubital associa-se a um tempo de fornecimento da droga um pouco prolongado, quando comparado ao cateter curto de pressão venosa central introduzido no pescoço. No entanto, o cateter no braço evita os riscos da canalização de veias do pescoço, incluindo a punção acidental de artérias e formação de hematoma cervical, que poderiam comprometer o fluxo sangüíneo da carótida. Em raros casos, os doentes com disfunção miocárdica significativa exigem a instalação de um cateter na artéria pulmonar para monitorizar e ajudar a otimizar os parâmetros hemodinâmicos e orientar a escolha das drogas vasoativas. Em mãos experientes, a ecocardiografia transesofágica pode ser útil nesse grupo de doentes durante a anestesia geral (Chiappa et al 1979, Nehls 1987, Benjamin et al. 1993, Fetter et al 1995, Hannallah 1995, Nehler et al. 1996, Cao 1997). Monitorização da Perfusão Cerebral Segundo Hannallah (1995), a monitorização da perfusão cerebral durante a endarterectomia da artéria carótida extracraniana varia muito entre diferentes centros, em decorrência da falta de evidências conclusivas demonstrando que uma variabilidade de conduta. A perfusão cerebral não é monitorizada durante a endarterectomia da artéria carótida extracraniana em outros centros. Ferguson (1982) afirmou que não são necessários a monitorização intra-operatória nem o desvio interno para evitar o acidente vascular cerebral intra-operatório na endarterectomia da artéria carótida extracraniana. Baseia tal recomendação no fato de que a causa habitual do acidente vascular cerebral é um êmbolo, na falta de confiabilidade das diferentes técnicas de monitorização e nos riscos associados ao uso de desvio interno. Ele também afirma que a anestesia geral realizada por anestesiologista experiente, junto com tempos de oclusão relativamente curtos, bastam para impedir uma lesão celular irreversível durante os períodos de redução do fluxo sangüíneo cerebral no momento da oclusão da carótida, conforme mostrado pelos bons resultados descritos por autores que evitam o uso de desvio interno. Thompson & Talkington (1976), Prough et al. (1984), Thompson (1997) também afirmam que a monitorização intra- operatória da perfusão cerebral durante a endarterectomia da artéria carótida extracraniana é desnecessária, mas recomendam o uso rotineiro de desvio interno durante o pinçamento da carótida. Estes baseiam suas recomendações no fato de o desvio interno proporcionar o fluxo constante na artéria carótida interna durante a operação, permitindo uma cirurgia tranqüila nos casos de lesões complicadas e possibilitar o ensino aos residentes de cirurgia. Para Hannallah (1995), todavia, a maioria dos centros que utiliza algum meio de monitorizar a perfusão cerebral durante a endarterectomia da artéria carótida extracraniana, emprega seletivamente o desvio interno durante a oclusão da carótida, caso surjam sinais de perfusão inadequada. Segue-se um resumo das diferentes técnicas de monitorização usadas hoje em dia: Endarterectomia da Artéria Carótida Extracraniana José Baptista 17/12/2004 Página 15 de 44 Pitta GBB, Castro AA, Burihan E, editores. Angiologia e cirurgia vascular: guia ilustrado. Maceió: UNCISAL/ECMAL & LAVA; 2003. Disponível em: URL: http://www.lava.med.br/livro A) Avaliação da função neurológica no doente acordado. A realização da endarterectomia da artéria carótida extracraniana com anestesia local ou regional permite a avaliação da função neurológica no doente acordado. Pinça-se a artéria carótida durante um período teste de geralmente dois a três minutos, qualquer alteração da consciência ou redução na força da pegada contralateral é considerada indicação para a instalação de um desvio (shunt). Esta técnica é descrita por seus defensores como sensível, simples e barata (Zuccarello, Yeh, Tew, 1988). B) Monitorização Eletrencefalográfica. Para Hannallah (1995), o eletroencefalograma é largamente empregado para monitorizar a perfusão cerebral durante a endarterectomia da artéria carótida extracraniana. Oenfraquecimento da voltagem ou a lentidão mantida no eletroencefalograma após o pinçamento da carótida são considerados indicações para a instalação de um desvio (Chiappa, Burke, Young, 1979). Os defensores da monitorização eletroencefalográfica sugerem que ela é um indicador extremamente sensível da isquemia peri-operatória. Sundt et al. (1987) afirmaram que jamais despertaram um doente da anestesia com um novo déficit que não houvesse sido previsto pelo eletroencefalograma. Todavia, outros têm questionado a sensibilidade da monitorização por eletroencefalograma na detecção da isquemia cerebral intra -operatória (Rob 1969, Greenet al. 1985, Kresowik et al. 1991). Pruitt (1983) demonstrou as limitações da monitorização eletrencefalográfica em 1.009 endarterectomias da artéria carótida extracraniana, em que se utilizou bloqueio cervical e monitorização eletroencefalograma. O eletroencefalograma continuou normal, porém, o estado clinico mostrou isquemia cerebral óbvia em 39 doentes, explicada pelo fato de o eletroencefalograma ter mostrado alterações principalmente superficiais; assim, não se poderia esperar que ele revelasse a isquemia nas regiões mais profundas do cérebro. O eletroencefalograma mostrou isquemia em 52 doentes, mas, o estado clinico deles não se alterou, o que pode ter relação com o fato de que o limiar de insuficiência celular elétrica ser inferior ao da insuficiência metabólica. O eletroencefalograma computadorizado, composto de monitor da função cerebral e o conjunto espectral comprimido, tem um sinal mais fácil de interpretar do que o do eletroencefalograma simples, porém, requer um técnico para monitorizá-lo continuamente durante a cirurgia (Rampil et al., 1983). Rockman et al. (1996) relataram que o eletroencefalograma tem 20% a 25 % de falso positivo e negativo (figura 4). C) Medida da Pressão no Coto. A pressão no coto cranial é a pressão da carótida interna quando as artérias carótidas comum e externa estão pinçadas. Reflete a pressão retrógrada do fluxo colateral proveniente do polígono de Willis. A pressão de coto mínima aceitável descrita, dita como indicação de um fluxo sangüíneo colateral adequado para o hemisfério cerebral homolateral durante a oclusão da carótida, varia de 25 a 70 mm Hg (Archie, 1991). A técnica é bastante simples, mas sua exatidão em termos de determinar a suficiência do fluxo sangüíneo colateral foi questionada (MacKay 1976, Connolly et al. 1977, Erwin 1980, Rosenthal 1981). Isto poderia serexplicado pelo fato de que a pressão nem sempre se correlaciona com o fluxo. Além disso, a pressão do coto reflete o fluxo sangüíneo médio para todo o hemisfério cerebral e, por isso, talvez seja incapaz de detectar focos de perfusão comprometida (Hannallah 1995). Endarterectomia da Artéria Carótida Extracraniana José Baptista 17/12/2004 Página 16 de 44 Pitta GBB, Castro AA, Burihan E, editores. Angiologia e cirurgia vascular: guia ilustrado. Maceió: UNCISAL/ECMAL & LAVA; 2003. Disponível em: URL: http://www.lava.med.br/livro Figura 7 - Limiar de isquemia cerebral depende do tempo de isquemia, da circulação colateral, da temperatura etc. Área escura corresponde à penumbra. (modificado de Hachinski 1984). Outras técnicas que foram usadas no passado ou estão sendo avaliadas atualmente para monitorizar a perfusão cerebral durante a endarterectomia da artéria carótida extracraniana são a medida da saturação de oxigênio no sangue venoso jugular, a medida de eliminação do xenônio do fluxo sangüíneo cerebral, a ultra-sonografia Doppler transcraniana e o potencial somatossensorial evocado (Spencer 1992, Kearse 1992, Kuntsevich et al. 1995, Giannonni et al. 1996, Cão et al. 1997, Gossett 1997, Lennard 1997, Jordan et al. 1999a,b, Lennard et al. 1999). Desvio interno (shunt) Desvio interno (shunt) ainda não tem consenso para uso rotineiro e muitos autores nunca o usam Cooley 1956, Thompson & Austin 1962, Akin 1975, Cooley & Wukasch 1979, Winslow et al 1988, Benjamin et al. 1993, Sbarigia et al. 1993, Fetter et al. 1995, Souza et al. 1995, Frawley et al. 1966, Griewing, Doherty, Kessler 1996, Cao et al. 1997, Frawley et al. 1997, Pistolese et al. 1993,1997, Salvian et al. 1997, Thompson 1997, Counsell 1999). Os riscos do uso do desvio interno (shunt) são: embolia de ateroma e ar, lesão da íntima distalmente e ainda a necessidade de incisão mais longa (Moore, 1977). Imparato at al. (1982) relataram que por muitos anos utilizaram anestesia regional e desvio interno seletivo. O desvio interno foi utilizado nos doentes acordados que apresentavam sinais de isquemia cerebral no teste de pinçamento (por exemplo, perda de consciência, afasia, fraqueza de extremidade, contusão, ou reduzindo a velocidade atividade mental), enquanto nos doentes sob anestesia geral foi sempre usado o desvio interno. Observando o estado neurológico do doente acordado, puderam determinar o início do evento isquêmico temporário e permanente. Estes autores relataram suas experiências em dez doentes que apresentaram acidente vascular cerebral relacionados a isquemia durante o endarterectomia, sendo que cinco casos foram relacionados a dificuldade com colocação do desvio interno. Eles aprenderam destes casos e de outros, que podem surgir dificuldades com a colocação do desvio, como dissecação da parede arterial, dificuldade na introdução do desvio devida a placa de ateroma, e deslocamento Endarterectomia da Artéria Carótida Extracraniana José Baptista 17/12/2004 Página 17 de 44 Pitta GBB, Castro AA, Burihan E, editores. Angiologia e cirurgia vascular: guia ilustrado. Maceió: UNCISAL/ECMAL & LAVA; 2003. Disponível em: URL: http://www.lava.med.br/livro intraarterial do desvio interno. Um doente desenvolveu hipotensão enquanto o desvio interno era colocado. O evento isquêmico foi devido a inadequada perfusão cerebral durante hipotensão. Outro doente tolerou a endarterectomia sem o desvio, após bradicardia desenvolveu isquemia cerebral. Isto pareceu que o cérebro estava bem perfundido pelo fluxo colateral contanto que houvesse um débito cardíaca adequado. A bradicardia resultou em redução de fluxo sangüíneo cerebral e isquemia cerebral subseqüente. Os outros três acidentes vasculares cerebrais aconteceram no hemisfério contralateral com oclusão da artéria carótida interna. Nestas circunstâncias a artéria operada é freqüentemente a principal artéria de irrigação dos dois hemisférios cerebrais. Explicaram que às vezes é difícil de monitorar isquemia particularmente no hemisfério contralateral se o doente já teve acidente vascular cerebral desse lado. Tendo identificado isto como uma situação de alto risco, eles normatizaram o uso rotineiro de desvio interno nos doentes com oclusão de contralateral e também em qualquer doente com um déficit neurológico pré-operatório ou infarto cerebral recente diagnosticado pela tomografia computadorizada. Considerando que antes de 1985 só 21% dos doentes com oclusão da carótida contralateral, sendo que mais recente esta conduta é utilizada em 53%. Houve uma diminuição na taxa de acidente vascular cerebral em doentes com oclusão de contralateral para 0,7%, quando comparado com a taxa anterior que era de 6,7% (Adelman et al. 1995). Outro fator importante na prevenção do infarto cerebral é uma técnica cirúrgica meticulosa para a introdução do desvio intra -arterial. E ainda, após o desvio interno estar colocado e funcionando corretamente, é importante que o débito cardíaco seja normal para manutenção do fluxo cerebral adequado. Hertzer et al. (1978), Perdue (1982) lembraram que é importante ter cuidado na dissecação do bulbo carotídeo e também na passagem da fita de apresentação da artéria para não desprender placa de ateroma e trombo, e provocar embolização. Estes mecanismos foram identificados prontamente em doentes acordados que demonstram mudanças no estado mental associadas com o tempo e a seqüência da operação. Frawley et al (1996) relataram numa série de 259 endarterectomias de carótida extracraniana, sendo que o lado contralateral 56 vezes estava ocluído e nos outros 203 tinham estenose mais 70%, e em nenhum caso utilizou desvio interno, tendo 1,3% de complicação (óbito e acidente vascular cerebral). Concluíram que o desvio interno é obsoleto, e que a proteção cerebral é dada pela anestesia geral,uso de barbitúricos e a manutenção da homeostase. Thompson (1997) explicou a proteção cerebral é dada pela anestesia geral e pelo uso rotineiro de desvio interno. Embora reconheça que para a maioria dos seus casos não haveria necessidade do uso do desvio interno. A pressão sangüínea do doente é controlada rigorosamente para evitar episódios de hipotensão ou de hipertensão arterial sistêmica. O doente é observado na unidade de terapia intensiva por período mínimo de 24 horas. Esta observação em terapia intensiva deve incluir atenção meticulosa para o pescoço pelo risco de formação de hematoma. A avaliação deve incluir: controle da oxigenação, exames neurológicos periódicos e também exame geral (DeWeese et al. 1968, Goldstone & Moore 1978, ACAS 1995, Darling et al. 1996a,b, Frawley et al. 1996, Frawley et al.1997, Habozit et al. 1997, Robertson 1997, Welch et al. 1997, ACAS 1998, Baptista -Silva 1998). Complicações da operação da artéria carótida A complicação grave durante a endarterectomia de carótida é a embolização de placa aterosclerótica. Isto pode ser prevenido com dissecação cuidadosa e dose adequada de heparina. Pós endarterectomia, a complicação mais séria é trombose carotídea. Se o doente acordar hemiparético ou com um déficit neurológico significante, esta complicação é a causa mais provável. É recomendado que o Endarterectomia da Artéria Carótida Extracraniana José Baptista 17/12/2004 Página 18 de 44 Pitta GBB, Castro AA, Burihan E, editores. Angiologia e cirurgia vascular: guia ilustrado. Maceió: UNCISAL/ECMAL & LAVA; 2003. Disponível em: URL: http://www.lava.med.br/livro doente seja encaminhado imediatamente ao centro cirúrgico, reabrir a ferida operatória realizar uma arteriografia para determinar se a artéria ocluiu. Se a houve oclusão arterial, deve- se reabri-la e realizar sangria retrógrada da carótida interna para remoção dos trombos. Antes de restabelecer fluxo na carótida interna, é recomendado que uma outra arteriografia seja realizada, e se encontrar trombos distais na carótida interna e ou artérias cerebrais, deve- se realizar terapia regional com trombolítico (estreptoquinase, uroquinase, ativador tecidual do plasminogênio). Esta terapia requer trabalho conjunto com neuroradiologista com experiência em terapia trombolítica cerebral regional. Se terapia trombolítica for aplicada, o remendo só pode ser de veia para evitar sangria. Cuidado especial com a hemostasia na ferida operatória para evitar hematoma, que é a complicação mais freqüente. Doentes no pré-operatório com estenose crítica de carótida têm freqüentemente má autoregulação vascular cerebral. Retorno ao fluxo normal nestes doentes é freqüentemente associado com hiperfluxo no hemisfério cerebral durante vários dias até a autoregulação ser restabelecida. Neste tipo de doentes, particularmente esses que tiveram uma apresentação neurológica instável, hemorragia intracerebral pode acontecer no hemisfério de hiperfluxo. É obrigatório o controle cuidadoso da pressão arterial sistêmica em níveis normais. Esta é a melhor profilaxia na síndrome do hiperluxo cerebral, pelo risco de óbito por sangria intracerebral. Outras complicações pós-operatórias incluem dano para os nervos hipoglosso, facial, vago, etc. Freqüentemente os nervos auricular magno e cervical transverso são seccionados com a incisão de pele que conduzem a entorpecimento da orelha até o ângulo da mandíbula. O dano de nervo auricular magno normalmente pode ser evitado, considerando que a seção de nervo cervical transverso é inevitável na incisão vertical habitual. Re-estenose de carótida de algum grau acontece de 15 a 20% dos casos operados mas é sintomática só em 2 a 3%,. Muitos cirurgiões realizam estudo ultra-sonográfico no 30º dia de pós-operatório para investigar a perviedade e se existe estenose da corótida endarterectomizada. É recomendável uma avaliação ultra-sonográfica da carótida operada uma vez por por ano. Se a re-estenosefor maior que 70% ou sintomática, a re-operação pode ser necessária. Ainda há dúvida quanto à indicação de operação para re-estenose assintomática. Nesses casos raros que são sintomáticos, é obrigatória a utilização de remendo para aumentar o diâmetro interno da carótida, pois normalmente a re- estenose é devida a hiperplasia miointimal e não placa aterosclerótica, normalmente não é possível realizar endarterectomia. Re-estenose após endarterectomia descrita por Cossman et al (1978) como sendo o resultado principalmente de proliferação de miointimal exuberante. Porém, Cooley & Wukasch (1979) acreditam que a maioria dos casos de re- estenose de endarterectomia de carótida é devido ao fechamento primário e a contratura fibrosa subseqüente da parede arterial,. A técnica de correção de re -estenose pós endarterectomia de carótida merece menção especial, porque o tecido cicatricial dificulta dissecação e exposição distal da artéria carótida interna. A artéria carótida interna não deve ser dissecada, depois do pinçamento das artérias carótidas comum e externa, realiza-se a incisão longitudinal em toda área de estenose e introduz -se um cateter de embolectomia "Fogarty" na carótida interna para controlar a sangria retrógrada sem interferir com o procedimento. O fechamento da carótida com re-estenose tem que ser realizado com colocação de remendo. A re-operação para correção de estenose reincidente tem um risco significativamente aumentado de acidente vascular cerebral. Endarterectomia da Artéria Carótida Extracraniana José Baptista 17/12/2004 Página 19 de 44 Pitta GBB, Castro AA, Burihan E, editores. Angiologia e cirurgia vascular: guia ilustrado. Maceió: UNCISAL/ECMAL & LAVA; 2003. Disponível em: URL: http://www.lava.med.br/livro Complicações imediatas da endarterectomia de carótida extracraniana As operações para corrigir as lesões estenosantes da artéria carótida extracraniana foram propostas para prevenir a isquemia cerebral e óbito, porém, o ato operatório pode ter conseqüências desastrosas (Fisher 1951, Strully, Hurwitt, Blankenberg 1953, Carrea, Mollins, Murphy 1955, DeBakey 1975). As complicações imediatas da endarterectomia de carótida podem ser divididas em: lesões cerebrais devidas a isquemia e hemorragia; óbito; lesões de nervos, estenose e pseudoaneurisma da artéria carótida, infecção, hemorragia da ferida operatória e outras. Segundo Moore (1977), Thompson (1997), a endarterectomia de carótida extracraniana traz benefício duradouro, protegendo o cérebro de acidente vascular de 85 a 90% em 10 anos. Segundo Segal et al. (1993), Anthony, Johansen 1994, Hertzer (1995), Steiger (1995), a segurança da operação de carótida depende de vários fatores como: seleção dos doentes, técnica cirúrgica, experiência e número de operação realizadas pelo cirurgião e da estrutura hospitalar. Em 1989, um subcomitê de Stroke Council of the American Heart Association recomendou que as complicações como mortalidade e acidente vascular cerebral durante os 30 primeiros dias da endarterectomia da carótida extracraniana fossem menores que: 3% para doentes assintomáticos, 5% para os com história de ataque isquêmico transitório, 7% para os com acidente vascular cerebral prévio e 10% para reoperação de reestenose de carótida. Os ensaios clínicos ECST (1991), NASCET (1991), VA (1993) e ACAS (1995) mostraram uma incidência de morte e acidente vascular cerebral de 7,5%, 5,8%, 4,3% e 1,5% respectivamente, nos trinta primeiros dias após a endarterectomia de carótida. Em 1996, SVS/ISCS-NA estimaram que a incidência de morte e acidente vascular cerebral deveria ser menor que 3% para doentes assintomáticos e menor que 6% para sintomáticos. Em 1998b, NASCETesclareceu que para doentes sintomáticos com estenose de carótida entre 50 e 69%, as complicações devem ser menores que 2% para que o referido procedimento fosse justificado. Segundo Jacobowitz & Riles (1997), a incidência do acidente vascular cerebral peri-operatório tem diminuído com o aumento da experiência mundial. Isto em parte tem acontecido devida a seleção criteriosa dos doentes para a operação, melhora da técnica operatória e anestésica, e melhor treinamento do cirurgião. Muitos centros têm relatado a incidência de acidente vascular cerebral menor que 3%. Entretanto, as complicações estão diretamente relacionadas com a técnica empregada, normalmente manifestadas como acidente vascular cerebral em alguns casos, e raramente como oclusão assintomática da artéria operada. Por muitos anos, os cirurgiões têm usado as taxas de acidente vascular cerebral peri-operatório para justificar ou criticar técnicas particulares (anestesia local versus geral, fechamento com remendo versus primário, uso de desvio interno seletivo ou de rotina, monitorização intra- operatória com eletroencefalograma versus pressão arterial de coto distal, Doppler transcraniano etc.). Vários cirurgiões experientes usando uma variedade de técnicas têm tido baixas taxas de complicações, demonstrando que não é só uma técnica particular que vai eliminar o acidente vascular cerebral peri -operatório. Após muitos anos de pesquisa em várias partes do mundo, o acidente vascular cerebral continua sendo a principal causa de morbidade e mortalidade da operação de carótida extracraniana (Anderson et al. 1999). Riles et al. (1994) descreveram os mecanismos de acidente vascular cerebral decorrentes da operação de carótida como: I - Isquemia cerebral durante a operação devida: a) dificuldade na colocação do desvio Endarterectomia da Artéria Carótida Extracraniana José Baptista 17/12/2004 Página 20 de 44 Pitta GBB, Castro AA, Burihan E, editores. Angiologia e cirurgia vascular: guia ilustrado. Maceió: UNCISAL/ECMAL & LAVA; 2003. Disponível em: URL: http://www.lava.med.br/livro interno (shunt), b) hipotensão com o desvio interno dentro da carótida, c) bradicardia, d- oclusão da carótida interna contralateral; II - Trombose e embolia no pós-operatório. III - Hemorragia intracraniana (aneurismas intracranianos, angiodisplasia, tumores etc).25 IV- Acidente vascular cerebral decorrente de: a) trombectomia da artéria carótida interna (hemorragia, reperfusão; trombose; fístula carótido -seio cavernoso); b) acidente vascular cerebral relacionado: à infecção da ferida com hemorragia cervical; hemorragia na sutura; anóxia global devida a extubação precoce, c) acidente vascular cerebral em outros territórios vasculares: occipital; tronco cerebral; hemisfério contralate ral; acidente vascular cerebral decorrentes de outras fontes (ateroembolismo do arco aórtico; embolia cardíaca e angiografia cerebral). V - Embolia intraoperatória devida: a dissecção da carótida e ao despinçamento da carótida. Trombose e embolia pós-operatórias Bandyk et al. (1988), Sandmann et al. (1993) referiram que usam o mapeamento dúplex e arteriografia no intraoperatório para pesquisar erro técnico. Quando encontraram fluxo anormal, na reexploração encontraram alguns defeitos técnicos como: dissecção de placa e de íntima distal (flap), e estrangulamento (stricture) do diâmetro interno. Jacobowitz, Rilesl (1997) descreveram dois subgrupos importantes de acidente vascular cerebral: a) trombose de carótida interna pós- operatória imediata com embolização, b) embolização pós-operatório sem evidência de oclusão arterial. Ambos os subgrupos são parte má técnica operatória durante a endarterectomia da carótida. Muitos de seus doentes ainda estavam na sala de recuperação quando ocorreu o acidente vascular cerebral. E que a maioria tinha suportado o pinçamento da carótida sob anestesia local e provavelmente houve embolização de trombos formados antes da oclusão. Durante a reexploração foi encontrado defeito técnico no local de agregação plaquetária. Os defeitos encontrados foram lesão arterial pela pinça, dobras em vasos redundantes, saliência (ledge) distal, estenose no fechamento e área endarterectomizada rugosa. Mas em muitos doentes não foi possível identificar a falha técnica na reoperação. Fode (1986) relatou que nos Estados Unidos da América um terço dos cirurgiões usam derivação interna (shunt), um terço nunca usam, e um terço ás vezes; Murie (1994) na Inglaterra 60% dos cirurgiões nunca usam shunt. Frawley (1996 e 1997) nunca usa e acha obsoleto, Thompson (1997) usa sempre embora esclareça que na maioria dos doentes não seria necessário. Nós não usamos shunt devido risco de embolia (de ateroma, de coágulo e gasosa), de lesão distal da carótida, e sobretudo porque não existe um método preditivo seguro ( Doppler transcraniano, Eletrencelograma, pressão retrógada, anestesia loco-regional etc...) de quando utilizá-lo, corforme a literatura ( Streichenberger et al 1995, Frawley et al 1996, Imparato et al 1996, Frawley et al 1997, Thompson 1997, Counsell et al 19 99). Mas usamos heparina e a manutenção da pressão arterial em níveis normais do doente, dissecação cuidadosa das carótidas, no nosso entender são medidas mais seguras para prevenção de acidente vascular cerebral no peri-operatório. Norris, Krajewski, Bornstein (1990) descreveram a importância da circulação colateral na isquemia cerebral e que o teste da reatividade do dióxido de carbono cerebral junto com a compressão carotídea pode discriminar os potenciais doentes que vão ter lesão cerebral durante o pinçamento da carótida. Sundt et al (1975) lançaram empiricamente a idéia de predizer as complicações da endarterectomia de carótida baseado em fatores de risco como estabilidade neurológica, clínico e achados angiográficos. McCrory et al (1993) basearam-se nos dados clínicos dos doentes para predizerem as complicações Endarterectomia da Artéria Carótida Extracraniana José Baptista 17/12/2004 Página 21 de 44 Pitta GBB, Castro AA, Burihan E, editores. Angiologia e cirurgia vascular: guia ilustrado. Maceió: UNCISAL/ECMAL & LAVA; 2003. Disponível em: URL: http://www.lava.med.br/livro endarterectomia de carótida. Nenhum destes modelos usou tomografia computadorizada para verificar infarto cerebral. Moore, Yee, Hall (1973), Taylor & Porter (1986), Troëng et al (1995) relataram que doentes portadores de acidente vascular cerebral prévio estão com risco aumentado de complicações pós- endarterectomia do que os que tem ataque isquêmico transitório ou amaurose fugax. Entretanto, Kearse et al (1995) não conseguiram demonstrar qualquer relação entre alterações da eletrencefalografia pré-operatória e o padrão de isquemia cerebral pela monitorização eletrencefalograficamente durante o pinçamento de carótida. Rothwell et al (1997) em revisão sistemática não encontraram diferença entre os fatores de risco pré- operatórios como acidente vascular cerebral e ataque isquêmico transitório no surgimento peri- operatório de acidente vascular cerebral e óbito. Eles concluíram que a dicotomia não é entre acidente vascular cerebral e ataque isquêmico transitório, mas sim entre isquemia ocular e cerebral. Colledge et al (1996), Rothell et al (1997), Blohmé et al (1998) verificaram que o infarto cerebral diagnosticado pela tomografia computadorizada é mais freqüente nos doentes que tem sintomas corticais do que os que têm sintomas só de retina. Cao et al (1996) verificaram que os doentes que tinham clínica de acidente vascular cerebral, na avaliação pela tomografia computadorizada tem mais infarto cerebral do que os doentes que tem clínica de ataque
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