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José Ozildo dos Santos (Organizador) ____________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ 0 José Ozildo dos Santos (Organizador) Práticas Pedagógicas na EJA em Economia Solidária e Educação Ambiental Campina Grande - PB 2018 Práticas Pedagógicas na EJA em Economia Solidária e Educação Ambiental __________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ l 1 José Ozildo dos Santos (Organizador) Práticas Pedagógicas na EJA em Economia Solidária e Educação Ambiental Campina Grande - PB 2018 José Ozildo dos Santos (Organizador) ____________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ 2 Ficha Catalográfica Catalogação na Fonte _____________________________________________________________________________________ Santos, José Ozildo dos. Práticas Pedagógicas na EJA em Economia Solidária e Educação Ambiental. /José Ozildo dos Santos (organizador). – Campina Grande - PB, Grupo de Estudos Sociais, Econômicos e Ambientais – GESEA, 2018. 128p. E-book – ISBN – 979-85-7675-981-2 1. Educação de Jovens e Adultos. 2. Economia Solidária. 3. Educação Ambiental. I. Título. CDU: 616-083 _____________________________________________________________________________ A reprodução de partes ou do todo deste trabalho é permitida, desde que haja a devida citação bibliográfica dos autores, conforme a legislação brasileira vigente. Práticas Pedagógicas na EJA em Economia Solidária e Educação Ambiental __________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ l 3 Práticas Pedagógicas na EJA em Economia Solidária e Educação Ambiental José Ozildo dos Santos (Organizador) ____________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ 4 Práticas Pedagógicas na EJA em Economia Solidária e Educação Ambiental __________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ l 5 Sumário José Ozildo dos Santos (Organizador) ____________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ 6 Práticas Pedagógicas na EJA em Economia Solidária e Educação Ambiental __________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ l 7 Sumário APRESENTAÇÃO 11 EDUCAÇÃO AMBIENTAL NA EJA: Os desafios enfrentados pelos professores de uma escola pública no interior paraibano Elismar Abílio da Silva José Ozildo dos Santos 13 ECOSOL E SUSTENTABILIDADE: Horta escolar com auxilio do Programa Mais Educação Geonardo Vicente da Silva José Ozildo dos Santos 37 OS DESAFIOS ENFRENTADOS PELOS PROFESSORES DE CIÊNCIAS DA NATUREZA QUE ATUAM NA EJA PROMOVIDA EM UMA PERSPECTIVA DA ECONOMIA SOLIDÁRIA Maria do Bonsucesso Pereira Morais José Ozildo dos Santos 63 AVALIANDO A PERCEPÇÃO DOS PROFESSORES DE UMA ESCOLA PÚBLICA DO INTERIOR PARAIBANO SOBRE A CONTRIBUIÇÃO DA ECONOMIA SOLIDÁRIA AO DESENVOLVIMENTO LOCAL Maria José Roberto Nóbrega da Silva José Ozildo dos Santos 91 PERFIL DO ALUNO DA EJA DE UMA ESCOLA PÚBLICA DO INTERIOR PARAIBANO Uilcoana Valesca Cavalcante de Lacerda José Ozildo dos Santos 115 José Ozildo dos Santos (Organizador) ____________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ 8 Práticas Pedagógicas na EJA em Economia Solidária e Educação Ambiental __________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ l 9 Apresentação José Ozildo dos Santos (Organizador) ____________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ 10 Práticas Pedagógicas na EJA em Economia Solidária e Educação Ambiental __________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ l 11 APRESENTAÇÃO José Ozildo dos Santos Faculdade Rebouças de Campina Grande Na Educação de Jovens e Adultos a inovação deve ser algo sempre presente, principalmente, quando se quer abordar temas atuais como Educação Ambiental e Economia Solidária. Na verdade, tratam-se de temáticas que se convergem no cenário de aprendizagem da Educação de Jovens e Adultos (EJA). A Economia Solidária busca a promoção da autonomia do indivíduo envolvido em seu processo. E, uma das formas de se promover essa autonomia é educando-o e capacitando para a vida. Dito como outras palavras, promovendo-se a EJA, fortalecendo-a, fazendo com que aqueles que não tiveram acesso ao processo educativo ou que dele saíram antes de concluírem seus estudos básicos, consigam um diploma, facilitando a sua inserção no mundo do trabalho e/ou nele permanecendo. Deve-se ressaltar que a Economia Solidária (Ecosol) também tem compromisso com a sustentabilidade. Se mediante a promoção EJA ela privilegia o pilar social, o ambiental não é esquecido, pois existe uma preocupação real com a preservação do meio ambiente, mediante a adoção e o ensino de práticas agrícolas sustentáveis. O desenvolvimento local, sustentável e solidário, além da autogestão, da justiça social e do trabalho, é algo privilegiado pela economia solidária, enquanto prática de produção e de consumo. Sempre apoiados pelas entidades de assessoria e/ou fomento, os empreendimentos solidários materializam a economia solidária, enquanto estratégia de desenvolvimento, fazendo com esta prática de produção e de consumo sai da teoria e se manifeste enquanto prática. Contudo, apesar de ser amplamente discutida no contexto acadêmico, a articulação da Educação Ambientale da Economia Solidária, ainda é pouco explorada na prática. Diante da necessidade de reduzir os obstáculos existentes acredita-se que o processo educativo pode dá uma grande contribuição nesse sentido. E, por essa razão, deve-se criar espaço no contexto das salas de aulas da José Ozildo dos Santos (Organizador) ____________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ 12 EJA para se promover discussões que privilegiem essa articulação, sempre reconhecendo a necessidade de se construir uma consciência ambiental coletiva. De forma bem clara, a articulação entre Economia Solidária e Educação Ambiental mostra ao educando a necessidade que este possui de repensar suas práticas quotidianas, sejam estas individuais, coletivas ou institucionais. Isso é possível porque tal articulação possui um forte aspecto cultural, capaz de mexer com todo o indivíduo, principalmente, no que diz respeito à forma de ver o consumo e a produção. O presente livro é fruto de cinco pesquisas distintas desenvolvidas por alunos do Curso de Especialização em Educação de Jovens e Adultos com Ênfase em Economia Solidária no Semiárido, promovido pela Universidade Federal de Campina Grande, na cidade de Cajazeirinhas-PB, objetivando mostrar, dentre outras particularidades, os desafios enfrentados pelos professores que atuam na EJA, na promoção da Educação Ambiental e da Economia Solidária. As imperfeições do presente livro podem [e devem] ser deixadas de lado diante de sua iniciativa pioneira, configurando-se na materialização do sonho de uma equipe de professores-alunos, que sabem que “não há ensino sem pesquisa e pesquisa sem ensino”, que, enquanto ensinam, continuam buscando, reprocurando novas formas de ensinar, indagando e indagando-se. E assim, colocando em prática os ensinamentos do grande pedagogo Paulo Freire, que ensinava porque buscava, porque indagava, são cientes de que o educador precisa pesquisar para conhecer o que ainda não conhece, ampliando sua capacidade de comunicar-se e de saber anunciar em sala novidades, que levem à produção de uma aprendizagem significativa. Práticas Pedagógicas na EJA em Economia Solidária e Educação Ambiental __________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ l 13 Capítulo 1 José Ozildo dos Santos (Organizador) ____________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ 14 Práticas Pedagógicas na EJA em Economia Solidária e Educação Ambiental __________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ l 15 EDUCAÇÃO AMBIENTAL NA EJA: Os desafios enfrentados pelos professores de uma escola pública no interior paraibano Elismar Abílio da Silva José Ozildo dos Santos 1 INTRODUÇÃO Atualmente, a educação ambiental é uma ferramenta de grande significância para a promoção da sustentabilidade e tem sido um componente importante para se repensar as teorias e práticas, que fundamentam as ações educativas nos contextos formais ou informais, visando construir verdadeiras comunidades de aprendizagem com vista a um desenvolvimento sustentável. Facilmente observa-se que muitas pessoas não têm interesse pelos assuntos e problemas relacionados ao meio ambiente. Quando se fala que o ser humano está destruindo a natureza ou que por falta de cuidados pode-se acabar com os recursos naturais, a sociedade não demonstra preocupação. No entanto, todos devem lutar para que o pior não aconteça e essa luta deve começar na escola para que todos fiquem conscientes da real situação e possam abraçar essa causa. Diante disso, é fundamental a conscientização das pessoas em relação ao meio ambiente em que vivem para que possam ter acesso a uma melhor qualidade de vida, sem desrespeitarem a natureza, tentando assim criar um modelo de comportamento que leve toda a sociedade a refletir e repensar seus valores e condutas. A sustentabilidade é um termo usado para mostrar a importância do desenvolvimento sustentável nos dias atuais, proporcionando que futuramente a população não sofra as consequências dos atos impensados promovidos pela sociedade do presente. O aceitamento de ações sustentáveis garante um planeta com melhores condições de vida, principalmente, para o ser humano. Quando o assunto é meio ambiente, deve-se destacar que a Educação de Jovens e Adultos (EJA) vem contribuindo para a sua promoção. O currículo dessa modalidade de ensino, que é destinada às pessoas que não tiveram acesso ou oportunidades de estudar na idade adequada, tem contribuindo com as discussões em torno das questões ambientais. Tais questões constituem um grande desafio para toda a humanidade. Pois, a crise ambiental na atualidade, é resultado do mau relacionamento entre o ambiente natural e o social, o que vem provocando o desequilíbrio socioambiental. Assim, são necessárias medidas urgentes quanto a uma conscientização das pessoas, que as levem a se conscientizarem da importância da preservação do meio ambiente. Nesse contexto, a formação do professor é de José Ozildo dos Santos (Organizador) ____________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ 16 essencial importância na prática da educação ambiental. O tipo de formação inicial e continuada que um educador tem, vai fazer toda uma diferença em sua prática pedagógica. Contudo, para se promover a prática educacional integradora é preciso também valorizar os saberes trazidos pelos alunos, considerando que estes indivíduos trazem influências do meio para o processo de ensino e de aprendizagem. Diante de uma crise socioambiental que vem afetando a sociedade e que tem sido uma preocupação mundial, a busca por ações que possam reverter ou desacelerar o processo de degradação ambiental, configura- se em um grande desafio para a sociedade atual. Segundo Diógenes e Rocha (2010), o aproveitamento dos recursos naturais de forma desordenada levou a sociedade a questionar por quanto tempo tais recursos aguentariam de forma que, se o modo de produção continuasse a se perpetuar da mesma maneira, existiria a possibilidade de uma crise ambiental. Partindo do princípio de que a educação ambiental na EJA é considerada uma ferramenta de formação e de emancipação do educando, esta pode dá uma grande importância para o enfrentamento dessa crise. Para tanto, é necessário que os professores passem a trabalhar temáticas em sala de aula, que possuam uma correlação direta com as questões ambientais. Por sua vez, a escola como espaço social responsável por promover um processo contínuo de socialização dos alunos, deverá oferecer/desenvolver meios efetivos para que cada aluno compreenda a importância da relação homem/natureza, suas causas, efeitos e consequências. Assim, através da Educação Ambiental é possível desenvolver no aluno uma postura crítica para repensar suas atitudes, enquanto agente transformadordo meio em que vive. Na EJA, a Educação Ambiental pode contribuir para aquisição da consciência ambiental, associação do conteúdo programático das diferentes disciplinas à realidade social, cultural e ambiental vivenciadas pelo aluno. 2 REVISÃO DE LITERATURA 2.1 A educação ambiental no contexto escolar Nesses últimos anos a Terra vem passando por acontecimentos estranhos, fatos inusitados jamais vistos. Isso acontece pelo modo de vida que o ser humano está levando, esgotando os recursos naturais do planeta. Assim, ou ele muda a forma de como explora tais recursos ou estes deixaram de existir. Como a sociedade precisa ter uma consciência ecológica coletiva, a escola tem um grande desafio: contribuir para que este processo seja concretizado. E a forma para começar a desenvolver essa prática de convencimento é promovendo a Educação Ambiental, destacando as práticas sustentáveis (BEZERRA; BURSZTYN, 2000). Por sua vez, a Educação Ambiental é um ensino contínuo, que deve ser iniciado nas séries inicias e continuar para a vida toda. Assim sendo, para alcançar respostas positivas, as escolas devem abordar a sustentabilidade como Práticas Pedagógicas na EJA em Economia Solidária e Educação Ambiental __________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ l 17 destaque em todas as disciplinas. Ela deve trabalhar com projetos voltados para os temas ambientais, envolvendo alunos e professores. Esse novo processo educativo pode ser iniciado com palestras, com cursos sobre reciclagem. No entanto, independentemente da realização de projetos, o tema seja discutido todos os dias na escola. A prática sustentável diária na escola incentiva o aluno a praticarem atividades politicamente corretas não só na referida instituição, mas também no ambiente familiar e na sociedade como um todo. Essa e uma forma de se salva o planeta. As questões ambientais estão cada dia mais presente no cotidiano do homem. Por essa razão, a escola deve esta ciente dos problemas ambientais e capacitar os professores. Pois, eles são instrumentos transformadores, que educarão a sociedade para o amanhã. Como bem destaca a ‘Carta da Terra’, elaborada pela ONU, o homem deve somar forças para gerar uma sociedade sustentável global, baseada no respeito pela natureza, nos direitos humanos universais, na justiça econômica e numa cultura pela paz (ONU, 2002). De acordo com Segura (2001, p. 61): ‘A Carta da Terra’ é uma grande estratégia de educação ambiental. Pois, pois ela fala da atualidade e do futuro, se agora no presente não cuidarmos do nosso planeta as futuras gerações vão sofrer as consequências, pois nós já estamos vendo o inicio do que vai acontecer se não cuidarmos a tendência é piorar cada vez mais. Diante dessa realidade, percebe-se que todos os temas sobre sustentabilidade devem ser trabalhados nas escolas para formar nos alunos uma consciência ecológica, transformando-os em agente protetores do meio ambiente. Contudo, não e fácil conscientizar o mundo, mas também não é impossível. Deve-se sempre lembrar que a educação tem a capacidade de promover valores e não pode ser vista como um simples meio de transmitir informações. Por isso, essa ‘conscientização’ é algo possível. Ainda segundo Segura (2001, p. 165): Quando a gente fala em educação ambiental pode viajar em muitas coisas, mais a primeira coisa que se passa na cabeça ser humano é o meio ambiente. Ele não é só o meio ambiente físico, quer dizer, o ar, a terra, a água, o solo. É também o ambiente que a gente vive – a escola, a casa, o bairro, a cidade. É o planeta de modo geral. [...] não adianta nada a gente explicar o que é efeito estufa; problemas no buraco da camada de ozônio sem antes os alunos, as pessoas perceberem a importância e a ligação que se tem com o meio ambiente, no geral, no todo e que faz parte deles. A conscientização é muito importante e isso tem a ver com a educação no sentido mais amplo da palavra. [...] conhecimento em termos de consciência [...]. A gente só pode primeiro conhecer para depois aprender amar, principalmente, de respeitar o ambiente. José Ozildo dos Santos (Organizador) ____________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ 18 O ser humano é o responsável direto pelos problemas ambientais. E, por essa razão, ele mesmo deve buscar os meios adequados para reparar os danos causados, solucionando os problemas que ele mesmo contribuiu para agravá- los, procurando, assim, viver nos campos ou nas cidades sem prejudicar o meio ambiente. Se não houver um equilíbrio ambiental, serão as futuras gerações que irão sofrer as consequências. Por sua importância para o desenvolvimento de uma consciência ecológica coletiva, a Educação Ambiental precisa ser implantada logo nos anos iniciais do ensino fundamental para que a criança tenha noção dos problemas que o ser humano está enfrentando em relação ao meio ambiente. De acordo com Barreto et al. (2011), através da educação ambiental, pode- se sensibilizar os alunos sobre os problemas ambientais, mostrando que todos são responsáveis pela preservação da natureza, visto que o meio ambiente saudável é um direito de todos. É importante destacar que quando o educador consegue ligar o conteúdo das ciências às questões do cotidiano, ele torna a aprendizagem mais significativa. É através de um ensino investigativo, provocativo que o aluno começa a pensar e a refletir sobre o processo de construção do conhecimento (FREIRE, 1996). O certo é especializar os professores e as escolas públicas/privadas para lidarem com essas questões ambientais. E estas sejam trabalhadas individualmente e/ou em grupos. Pois, somente assim será possível se criar uma sociedade com uma consciência ecológica coletiva. 2.2 A EJA enquanto modalidade educativa A história da EJA no Brasil se reproduz à margem do sistema educacional, impulsionado pela luta dos movimentos sociais, marcada pelo domínio e pela exclusão estabelecida por décadas entre a elite e as classes populares neste país (SAMPAIO; ALMEIDA, 2009). Para Miranda (2003), o papel do educador na EJA é suprir a escolarização regular para os adolescentes e adultos que não a tenham ou não concluíram na idade própria. E, proporcionar mediante repetida volta à escola, estudo de aperfeiçoamento ou atualização para os que tenham seguido o ensino regular no todo ou em parte. Acrescenta Leal (2005), que alfabetizar na EJA envolve também a afetividade, o gosto e a responsabilidade. É fundamental que o professor da EJA tenha a consciência da valorização do outro. Ele precisa saber valorizar o conhecimento que este aluno possui. Pois, durante toda a vida o discente adquire um vasto conhecimento do senso comum. Logo, cabe ao professor valorizar também as experiências de vida de seus educandos. Para tanto, o diálogo entre o professor e o aluno tem que está presente nas aulas. Nesse diálogo, o professor tem que usar uma linguagem simples e acessível. O professor é um incentivador da aprendizagem. Um meio Práticas Pedagógicas na EJA em Economia Solidária e Educação Ambiental __________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ l 19 para se alcançar a motivação dos alunos nesta modalidade de ensino é a motivação, que em todo processo educativo possui um aspecto fundamental. A prática da ação-reflexão-ação permite ao professor lançar estratégias para o sucesso do processode ensino-aprendizagem. Ao observar turmas da EJA é comum observar que os professores regentes em tais turmas são geralmente professores experientes, que despertam a confiança em seus alunos e que acredita na educação como foco de mudança. A grande maioria dos sujeitos da EJA pertence a grupos/classes em situação/estado de vulnerabilidade social, submetidos às desigualdades econômicas. Diante disso, pode-se dizer que o objetivo da EJA vai muito mais além da missão de diminuir o analfabetismo. Ela busca com seus métodos específicos formar jovens e adultos para o mercado de trabalho, onde os mesmos irão poder desfrutar dos seus direitos enquanto cidadãos. A EJA, enquanto modalidade de ensino regulamentada pela Lei de Diretrizes e Bases da Educação (LDB), é um direito assegurado a todos e quaisquer cidadãos, com mais de 15 anos completos, que queiram e necessitem exercer o seu direito de estudar. Atualmente, um significativo contingente de pessoas ainda não se usufrui desse direito, apesar da existência dessa modalidade de ensino no Brasil. Para Barreto et al. (2011), a EJA deve ser entendida enquanto espaço de participação, de exercício de cidadania, de construção partilhada de conhecimentos, de valorização dos seus sujeitos, respeitando seus interesses, motivações, necessidades e angústias. E, considerando as diversas histórias de vida que compõem a sala de aula. Por isso, para desenvolver uma educação de forma significativa, a EJA deve valorizar e respeitar sua maior especificidade: seus sujeitos. Por outro lado, os educadores que se comprometem com a Educação de Jovens e Adultos, têm que possuir consciência da necessidade de buscar mecanismos, métodos e teorias que estimulem o público alvo a não abandonar a sala de aula, ou seja, o professor é o estimulador, o mediador de seus alunos. Esses educadores devem ser comprometidos com a aprendizagem dessas pessoas, adequando métodos incessantemente cada vez mais relacionados à realidade do público que estão trabalhando, inserindo no currículo a realidade do aluno. 2.3 Discutindo a educação ambiental na EJA A Educação de Jovens e Adultos é uma modalidade de ensino destinada a pessoas que não tiveram oportunidade de estudar na idade adequada. Muitos deixaram de frequentar a escola, obrigados, por terem que trabalhar para o seu sustento ou para o sustento da família. Na EJA, existe a oportunidade de se estudar e de aprender. Por isso, tal modalidade de ensino deve ser promovida. A Educação de Jovens e Adultos foi idealizada com o objetivo de proporcionar o acesso ao processo educativo a uma parcela da população, que por razões diversas [principalmente de natureza econômica], não conseguiu ingressa na escola, ou se ingressou, foi obrigada a abandoná-la. Na atualidade, a José Ozildo dos Santos (Organizador) ____________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ 20 maioria do aluno da EJA deixou a escola para trabalhar, evidenciando a exclusão social. (OLIVEIRA; SANTOS, 2009) Ressalta Arroyo (2001, p. 136) que: Na Educação de Jovens e Adultos (EJA), modalidade de ensino ligada a Paulo Freire e a sua proposta de educação libertadora, sobretudo, é preciso a compreensão de que os educandos vivenciam problemas de preconceito, discriminação, falta de aceitação, cansaço, dificuldades sociais, dentre outros, que muitas vezes dificultam o desenvolvimento dos conteúdos programados. O grande desafio é perceber que é possível contribuir com a formação desses sujeitos sociais, evidenciando que a EJA é uma possibilidade de formação cidadã capaz de mudar significativamente suas vidas, possibilitando-lhes uma nova leitura do mundo, a aquisição de novas habilidades, o desenvolvimento de novas posturas e a transformação para que reescrevam sua própria história de vida. Quando se analisa a citação acima, percebe-se que a EJA possui um caráter emancipador. Ela não somente forma como informa, dando ao educando a oportunidade de ter um certificar e de ingressar no mercado de trabalho ou nele permanecer. Assim, além de ter um público específico, essa modalidade de ensino também tem um modelo todo especial de promover o processo educativo. Por outro lado, quando o assunto é a discussão das questões relacionadas ao meio ambiente no contexto da sala de aula da EJA, verifica-se que nem sempre se trata de uma tarefa fácil. E, geralmente, despertar o interesse do aluno dessa modalidade para a educação ambiental é algo difícil. No entanto, a educação ambiental deve ser sempre vista como uma ferramenta de ensino para resolver os problemas ambientais do planeta. Para solucionar esses problemas tem que haver uma relação de amor, ou por amor. A Educação Ambiental é uma forma abrangente que necessita atingir todos os cidadãos permanentemente e procura influenciar o aluno a ter uma visão diferenciada, influente e critica sobre a problemática ambiental. Diante do exposto, cabe o seguinte questionamento: A EA na EJA deve estar pautada em atividades e discussões que despertem a conscientização crítica ou mágica? Para responder a essa pergunta, é oportuno recorrer a Freire (2000, p. 117) que assim expressa: [...] toda compreensão de algo corresponde, cedo ou tarde, a uma ação. Captado um desafio, compreendido, admitidas as hipóteses de resposta, o homem age. A natureza da ação corresponde à natureza da compreensão. Se a compreensão é crítica ou preponderantemente crítica, a ação também o será. Se é mágica a compreensão, mágica será a ação. Desta forma, a Educação Ambiental deve está presente no processo educativo direcionado aos jovens e adultos por ser uma modalidade de ensino Práticas Pedagógicas na EJA em Economia Solidária e Educação Ambiental __________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ l 21 básico. Mediante a prática educativa desenvolvida em sala de aula da EJA, é possível conscientizar o jovem e o adulto quanto à necessidade de se preservar o meio ambiente, fazendo com eles entendam e coloquem em prática o conhecimento repassado. O objetivo da EA na Educação de Jovens e Adultos é sensibilizar os alunos da importância da preservação do meio ambiente, para uma melhor qualidade de vida, que também deverá ser garantida às futuras gerações. Esclarece Grün (2003), que através da educação ambiental, o ser humano pode mudar a sua forma de ver e de se comprometer com o meio ambiente, aprendendo a viver em harmonia com o planeta. Ele passa a ser um indivíduo consciente de suas responsabilidades para com o meio ambiente, tornando-se, muitas das vezes, um multiplicador das informações sobre a necessidade da promoção da sustentabilidade (MORAES, SHUVARTZ, PARANHOS, 2008). Em relação ao meio ambiente, a sociedade precisa lutar para que as futuras gerações possam viver com qualidade de vida. Mais do que nunca, é necessário se discutir as questões ambientais no espaço escolar. Na EJA, o processo educativo deve apresentar ao aluno os conceitos necessários para que este possa compreender melhor as questões ambientais. Para resolver ou minimizar os impactos ambientais, o processo educativo na EJA deve conscientizar os alunos de que tais impactos são resultantes da ação humana sobre o meio ambiente. Sempre deverá ser mostrado ao aluno da EJA o quanto o meio ambiente é importante na vida do ser humano, para que o discente se conscientize quanto à importância da preservação do meio ambiente. 2.4 A formação do docente e a promoção da educação ambiental na EJA A formação de docentes é uma forma de se trazerpara o centro da discussão, não só novas maneiras de ensinar, mas também de refletir como os professores devem atuar em sala de aula. Essa reflexão é necessária porque pode contribuir para o preenchimento das lacunas deixadas pela formação inicial, obtida na graduação. Como agente facilitador da aprendizagem o professor precisa está preparado para atender às diversas exigências da sociedade, que se apresenta em constantes transformações (TARDIF; LESSARD, 2009). A formação de educadores ambientais implica em uma reformulação metodológica, conceitual e curricular. Na verdade, trata-se de um novo tipo de docente. Esse professor deve assumir o conhecimento enquanto um processo dialético resultante da interação entre o sujeito e o objeto do conhecimento, possuindo uma dimensão afetiva e uma visão da complexidade, tendo ainda a capacidade de contextualizar o ensino para que o aluno melhor possa compreender os problemas ambientais (TAGLIEBER, 2004). Segundo Mattos (2004), no processo de formação do professor para atuar no contexto atual, deve ser privilegiada prática pedagógica que contemple as necessidades políticas, educativas, sociais e ambientais. José Ozildo dos Santos (Organizador) ____________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ 22 Isto porque tais situações são vivenciadas pelos professores no cotidiano escolar. Capacitado de forma completa, o professor está mais apto para atuar no cenário escolar, desenvolvendo práticas educativas disseminadora de valores e crenças, que devem ir de encontro aos sabres culturais produzidos pelas comunidades. A formação continuada do docente também contribui para a valorização da escola. Ela implica em um conhecimento complementar, que dá ao professor uma maior vivência com o processo educativo, inserindo-o em um cenário de produção do conhecimento. Por outro lado, quando essa formação continuada é no campo da EA, ela contribui para o desenvolvimento de um processo educativo, que privilegia uma nova ética, encontrando-se vinculada e condicionada à mudança de valores, atitudes e práticas individuais e coletivas (ABÍLIO, 2011). Grün (2003) afirma que a Educação Ambiental surgiu a partir da constatação de que ela poderia ser capaz de reorientar as premissas do agir humano em sua relação com o ambiente. Pois, para se alcançar um futuro sustentável é necessário fomentar, entre a população, a consciência da importância do meio ambiente através da EA. Assim, é notório que a formação continuada de docentes para a na EJA. Estes precisam estar aptos. Pois, irão lidar com jovens e adultos de várias idades, bem como com pessoas que não sabem ler. Para tanto, o docente precisa utilizar metodologias que façam com que a aprendizagem dos jovens e adultos seja sempre significativa. Em resumo, e por ter que mostrar a realidade ambiental e fazer com o aluno compreenda essa realidade, que a Educação Ambiental deve também ter um espaço especial dentro da EJA. 3 MATERIAIS E MÉTODOS 3.1 Tipo e local de estudo Trata-se de um estudo exploratório de abordagem quantitativa. Quanto à natureza, este pode ser classificado como sendo uma pesquisa aplicada, partindo do princípio de vista gerar conhecimento para aplicação prática no cenário do estudo. Inicialmente, foi realizada uma pesquisa bibliográfica, mediante busca eletrônica utilizando-se dos principais bancos de dados, bem como do acervo bibliográfico existente em bibliotecas públicas e acervo particular. Em um segundo momento, foi aplicado um questionário junto aos professores que atuam na Escola de Ensino Fundamental e Médio ‘Advogado Nobel Vita’, localizada na cidade de Coremas, Estado da Paraíba. 3.2 População e amostra Para o presente estudo, foi considerada como população todos os professores que exercem suas atividades na citada escola, totalizando 31 docentes. Deste, retirou-se uma amostra composta por 10 (dez) professores, Práticas Pedagógicas na EJA em Economia Solidária e Educação Ambiental __________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ l 23 escolhidos entre aqueles que demonstraram o interesse de participarem desta pesquisa. 3.3 Instrumentos para coleta de dados Para a recolha/coleta dos dados foi utilizado um questionário previamente estruturado, dividido em duas partes. A primeira, voltada para traçar o perfil da amostra entrevistada. E, a segunda, composta por dez (10) questões subjetivas, privilegiando os objetivos do presente trabalho. 3.4 Análises dos dados colhidos Após a recolha dos dados, estes receberam tratamento estatístico e foram apresentados em Gráficos. E, no final, comentados à luz da literatura especializada. 4 RESULTADOS E DISCUSSÃO 4.1 Perfil da amostra Inicialmente, procurou-se colher dados para traçar o perfil da amostra entrevistada na presente pesquisa, no que diz respeito ao sexo, à formação acadêmica e à disciplina que leciona. A Tabela 1 apresenta os dados coletados através da primeira parte do questionário aplicado aos professores. Tabela 1 - Distribuição da amostra quanto ao perfil profissional apresentado Variáveis Frequência Percentual Gênero Masculino 03 30% Feminino 07 70% Total 10 100% Formação Acadêmica Superior completo 04 40% Superior + Especialização 06 60% Total 10 100% Disciplina que leciona Química 01 10% Língua Espanhola 01 10% Filosofia 01 10% Artes e Língua Portuguesa 01 10% Matemática 01 10% História 02 20% Sociologia 01 10% Ciências 01 10% Física 01 10% Total 10 100% Fonte: Pesquisa de campo (maio/2017). José Ozildo dos Santos (Organizador) ____________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ 24 Quando se analisa os dados apresentados na Tabela 1, verifica-se que a amostra foi composta por 10 (doze) participantes, sendo que 6 eram do sexo feminino e que os demais pertenciam ao sexo masculino. Quanto à formação acadêmica, todos os entrevistados possuíam curso superior completo, sendo que 40% possuíam apenas a graduação e 60%, além da graduação possuía um curso de especialização. Quanto às disciplinas que os entrevistados lecionam, 20% ministram história e os demais, em parcelas iguais de 10%, lecionam as seguintes disciplinas: Química, Língua Espanhola, Filosofia, Artes e Língua Portuguesa, Matemática, Sociologia, Ciências e Física. Um dos pontos apresentados por estes dados, que refletem positivamente no processo educativo, diz respeito à formação acadêmica dos professores entrevistados: todos possuíam formação superior. 4.2 Dados relativos aos objetivos da pesquisa A segunda fase do questionário identifica os dados relativos aos objetivos da pesquisa. Através da primeira pergunta procurou-se saber se os participantes discutem as questões ambientais nas reuniões pedagógicas que ocorrem em sua escola. Os dados colhidos foram apresentados no Gráfico 1. Gráfico 1. Distribuição dos participantes quanto ao fato se discutem as questões ambientais nas reuniões pedagógicas que ocorrem em sua escola Fonte: Pesquisa de campo (maio/2017) Quando se analisa os dados apresentados no Gráfico 1, verifica-se que 70% dos participantes discutem as questões ambientais nas reuniões pedagógicas de forma informal; 20% discutem periodicamente e 10%, apenas mensalmente. 0% 10% 20% 30% 40%50% 60% 70% 80% 20% 70% 10% Periodicamente (n=2) Informalmente (n=7) Mensalmente (n=1) Práticas Pedagógicas na EJA em Economia Solidária e Educação Ambiental __________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ l 25 Tomando por base os dados colhidos, pode-se afirmar que a escola que serviu de campo para a presente pesquisa, precisa mudar sua metodologia de ensino e observar com maiores detalhes o que preceituam os Parâmetros Curriculares Nacionais, no que diz respeito ao meio ambiente. Pois, segundo aquelas orientações pedagógicas, o meio ambiente é um tema que deve ser trabalhado amplamente na escola, seja como conteúdo específico ou em forma de tema transversal. De acordo Zeppone (2011), utilizando da transversalidade, a escola ganha um novo sentido, passando de um mero espaço de acesso a informações para um espaço de formação socialmente relevante, no qual as informações são um meio, mas nunca um fim em si mesmo. É preciso que o professor entenda que os temas transversais devem ser o eixo em torno do qual deve girar a temática das áreas curriculares. Pois, através de tais instrumentos pode-se inserir dentro do contexto escolar, as atuais preocupações sociais. Em síntese, é preciso que o professor aprenda que o melhor professor de Matemática nem sempre é aquele que somente ensina a ciência matemática. Mas, aquele que ensina o aluno a multiplicar o conhecimento e ter uma vida melhor, de forma digna e responsável. Tal princípio também se aplica a tudo aquilo que diz respeito ao meio ambiente. Mediante o segundo questionamento, procurou-se saber dos entrevistados se os conteúdos ministrados em sua escola estimulam a educação ambiental. O Gráfico 2 relaciona-se a esse questionamento. Gráfico 2. Distribuição dos participantes quanto ao fato se os conteúdos ministrados em sua escola estimulam a educação ambiental Fonte: Pesquisa de campo (maio/2017) 0% 5% 10% 15% 20% 25% 30% 35% 40% 45% 50% 50% 40% 10% Apenas em disciplinas ligadas à natureza (n=5) Na maioria das disciplinas (n=4) Deixa-se à vontade (n=1) José Ozildo dos Santos (Organizador) ____________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ 26 De acordo com os dados apresentados no Gráfico 2, segundo 50% dos entrevistados os conteúdos ministrados em sua escola estimulam a educação ambiental apenas em disciplinas ligadas à natureza. Contudo, 40% dos entrevistados afirmaram que este estímulo ocorre na maioria das disciplinas. E, 10% afirmaram que a escola deixa essa abordagem à vontade, não exigindo que seja tratada em disciplinas específicas. Na concepção de Meller (2007), a escola ainda é o lugar mais adequado para trabalhar a relação homem-ambiente-sociedade, sendo um espaço adequado para formar um novo homem, crítico e criativo, com uma nova visão de mundo que supere o antropocentrismo. Trabalhar a Educação Ambiental a partir de eixos temáticos exige do professor pesquisa, trabalho em equipe, criatividade, entre outros atributos. A princípio, isto pode provocar atitudes de medo, insegurança, recusa e, até mesmo, insatisfação e indisponibilidade. Entretanto, com compromisso o docente consegue superar tudo isto. Em síntese, a educação ambiental como uma ação destinada a reformular comportamentos humanos, pode proporcionar a conscientização para a preservação do meio ambiente, por ser “um processo educativo fundamental para garantir um ambiente sadio para todos os homens e todas as formas de vida” (TOZONI-REIS, 2004, p. 73). Através do terceiro questionamento, indagou-se aos participantes como se dá a participação de sua escola nas atividades relacionadas à educação ambiental. Todos os dados colhidos foram apresentados no Gráfico 3. Gráfico 3. Distribuição dos participantes quanto à forma de como se dá a participação de sua escola nas atividades relacionadas à educação ambiental Fonte: Pesquisa de campo (maio/2017) 0% 10% 20% 30% 40% 50% 60% 70% 80% 90% 10% 90% Eventos (n=1) Feiras de Ciências (n=9) Práticas Pedagógicas na EJA em Economia Solidária e Educação Ambiental __________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ l 27 Quando se analisa os dados apresentados no Gráfico 3, constata-se que segundo 90% dos entrevistados a participação da sua escola em eventos ou atividades de educação ambiental, dar-se através de feiras de ciências. No entanto, 10% ressaltaram que essa participação é através de eventos realizados na própria escola. Destaca Pereira (2007), que geralmente, entre os eventos promovidos pela escola que abordam a temática do meio ambiente, encontram-se as gincanas escolares, os seminários, as feiras de ciências, caminhadas ecológicas, aulas práticas no campo, visitas aos mananciais, bem como a parques e áreas de preservação ambiental, etc. Assim sendo, vê-se que para promover o ensino sobre o meio ambiente, a escola tem a sua disposição várias opções. No entanto, cabe aos professores escolher uma metodologia que melhor se relacione com à realidade da escola e de seus alunos e possa proporcionar uma aprendizagem significativa no contexto de sua sala de aula. Em resumo, trata-se de um sucesso que depende muito do compromisso do professor e de seu envolvimento com seus alunos, na busca da construção do conhecimento e na promoção da conscientização ambiental coletiva. Posteriormente, perguntou-se aos professores que participaram desta pesquisa, a qual a contribuição dos Parâmetros Curriculares Nacionais para o estudo dos temas transversais, a exemplo do Meio Ambiente. O Gráfico 4 esboça os dados colhidos através desse questionamento. Gráfico 4. Distribuição dos participantes quanto à contribuição dos Parâmetros Curriculares Nacionais para o estudo dos temas transversais, a exemplo do Meio Ambiente Fonte: Pesquisa de campo (maio/2017) 0% 10% 20% 30% 40% 50% 60% 70% 60% 40% Estimulam em sala de aula a discussão sobre a preservação da natureza (n=6) Estimulam a conscientização ecológica entre os jovens (n=4) José Ozildo dos Santos (Organizador) ____________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ 28 Os dados esboçados no Gráfico 4 mostram que segundo 60% dos professores entrevistados os Parâmetros Curriculares Nacionais contribuem para o estudo dos temas transversais, a exemplo do Meio Ambiente, estimulando em sala de aula a discussão sobre a preservação da natureza. Contudo, 40% ressaltaram que estes estimulam a conscientização ecológica entre os jovens. Destaca Figueiredo (2004), que um dos objetivos dos Paramentos Curriculares Nacionais, editados pelo Ministério da Educação, é disciplinar o processo de ensino, fixando diretrizes e estabelecendo conteúdos para cada ciclo de ensino. Tal documento trouxe para a discussão pedagógica a necessidade de se trabalhar em sala de aula a transversalidade, por entender que através da interdisciplinaridade pode-se promover melhor o rendimento escolar. Os PCN se configuram-se como sendo verdadeiros instrumentos norteadores da prática pedagógica, mostrando como contextualizar oensino e tornando-o mais transversal. Mediante o quinto questionamento, procurou-se saber dos entrevistados se a Educação Ambiental é importante para a formação do cidadão. A esse questionamento todos os entrevistados (100%) responderam que ‘sim’, ou seja, que a Educação Ambiental é importante para a formação do cidadão. Assim, considerando que somente obteve-se uma resposta, deixou-se de construir um gráfico representativo para tal resultado obtido. Mas, a discussão desses dados também se faz necessária. De acordo com Figueiredo (2004, p. 54): A educação ambiental é um processo que visa formar uma população mundial consciente e preocupada com o ambiente e com os problemas que lhe dizem respeito, uma população que tenha os conhecimentos, as competências, o estado de espírito, as motivações e o sentido de participação e engajamento que lhe permitam trabalhar individual e coletivamente para resolver os problemas atuais e impedir que se repitam. Nesse sentido, a educação ambiental deverá ser trabalhada na escola como processo educacional em todas as instâncias de formação e em todas a disciplinas do currículo, pois ela se integra ao processo educacional como um tema transversal que permeia os diferentes conteúdos disciplinares e envolve a apropriação de conteúdos, formação de conceitos e a aquisição de competências para agir na realidade de forma transformadora. No contexto escolar, ela deve proporcionar a produção da consciência ambiental em geral, bem como a compreensão crítica das questões ambientais decorrentes da utilização do meio ambiente pelas sociedades humanas no seu percurso histórico, permitindo desenvolver nos alunos um profundo interesse pelas questões ambientais. E, a vontade de participar ativamente na sua proteção e melhoramento, bem como adquirir os conhecimentos necessários Práticas Pedagógicas na EJA em Economia Solidária e Educação Ambiental __________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ l 29 para intervir na resolução dos problemas ambientais, fomentando o valor e a necessidade de cooperação local, nacional e internacional. Em ato contínuo, procurou-se saber dos participantes como eles avaliam o nível de conhecimento dos seus alunos sobre ‘meio ambiente’. As respostas colhidas foram transformadas em dados e apresentadas no Gráfico 5, a seguir. Gráfico 5. Distribuição dos participantes quanto ao fato de como eles avaliam o nível de conhecimento dos seus alunos sobre meio ambiente Fonte: Pesquisa de campo (maio/2017) Os dados apresentados no Gráfico 5 mostram que 70% dos professores entrevistados avaliam como sendo regular o nível de conhecimento de seus alunos sobre Meio Ambiente; 10% avaliam como sendo insatisfatório e 20%, como satisfatório. Destaca o próprio Ministério da Educação (BRASIL, 2006, p. 37) que: Para garantir que todos os alunos aprendam, a escola precisa ter uma proposta pedagógica com orientações claras. É na proposta pedagógica que ficam definidos quais os objetivos para cada etapa, que tipo de atividade precisa ser realizado na sala de aula e na escola, como será a avaliação. Orientados por essa proposta é que os professores planejam suas aulas. Partir desse princípio, a escola, em sua proposta pedagógica deve priorizar questões atuais, a exemplo da problemática do meio ambiente, possibilitando que seus alunos tenham as melhores informações sobre o referido tema e adquiriram os conhecimentos necessários para participarem das discussões em sociedade, que o referido tema requer. 0% 10% 20% 30% 40% 50% 60% 70% 80% 10% 20% 70% Insatisfatório (n=1) Satisfatório (n=2) Regular (n=7) José Ozildo dos Santos (Organizador) ____________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ 30 Mediante o sétimo questionamento, indagou-se dos participantes se em sua escola existe algum projeto que trabalhe a Educação Ambiental. O Gráfico 6 relaciona-se a esse questionamento. Gráfico 6. Distribuição dos participantes quanto ao fato em sua escola existe algum projeto que trabalhe a Educação Ambiental Fonte: Pesquisa de campo (maio/2017) Quando se analisar os dados apresentados no Gráfico acima, verifica-se que segundo 50% dos entrevistados, em sua escolha existe projeto que trabalha com a Educação Ambiental. Contudo, outros 50% afirmaram que não existe. Para trabalhar Educação Ambiental nas escolas, existem vários procedimentos metodológicos, entre os quais destacam-se: atividades artísticas, experiências práticas, trabalhos de campo, produção de materiais locais, projetos ou qualquer outra atividade que conduza os alunos no processo que norteia a política ambientalista. Na concepção de Sato (2003, p. 31): É extremamente importante introduzir mais criatividade nas novas metodologias, abandonando os modelos mais tradicionais e buscando novas alternativas. Nesse contexto, o professor é o fator-chave para mediar o processo de aprendizagem. O método selecionado pelo professor depende do que ele aceita com o objetivo da educação ambiental, seu interesse e sua formação construtiva. Nessa linha, cabe aos professores, por intermédio de uma prática interdisciplinar, promoverem novas metodologias nas aulas, que favoreçam a implementação da Educação Ambiental; considerar o ambiente da comunidade escolar, relacionando-o a problemas ambientais atualizados, deve ser uma 0% 5% 10% 15% 20% 25% 30% 35% 40% 45% 50% 50% 50% Sim (n=5) Não (n=5) Práticas Pedagógicas na EJA em Economia Solidária e Educação Ambiental __________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ l 31 forma de inclusão de conteúdos nas diversas disciplinas dos currículos escolares. Àqueles participantes que responderam ‘sim’ à questão anterior, perguntou-se como eles avaliam o envolvimento do aluno no projeto de educação ambiental existente em sua escola. Nesse caso, a amostra se limitou a cinco participantes. O Gráfico 7 relaciona-se a esse questionamento, traduzindo em percentuais os dados colhidos. Gráfico 7. Distribuição dos participantes quanto ao fato de como avaliam o envolvimento do aluno no projeto de educação ambiental existente em sua escola Fonte: Pesquisa de campo (maio/2017) Os dados esboçados no Gráfico 7 mostram que 60% dos entrevistados avaliam de forma satisfatória o projeto sobre o meio ambiente existente em sua escola. Os demais, em duas parcelas iguais de 20% avaliam de forma insatisfatória e de forma regular, respectivamente. A pedagogia de projeto vem se apresentando com sendo um dos recursos mais utilizados para se trabalhar a educação ambiental no contexto escolar. Contudo, destaca Roldão (2006, p. 59), que “trabalhar a Educação Ambiental a partir de eixos temáticos, exige do professor pesquisa, trabalho em equipe, criatividade, entre outros atributos”. Assim, quanto mais criativo for o professor no desenvolvimento de seu projeto ambiental, maior poderá ser o envolvimento do alunado nas ações educativas. Logo, é necessário trazer uma inquietação para educadores e cidadãos, principalmente, aqueles preocupados em estudar esta temática e buscarem alternativas teórico-metodológicas, com potencial para produzir aprendizagem entre os educandos. Através do penúltimo questionamento procurou-se saber dos participantes se durantea formação acadêmica deles, como as questões 0% 10% 20% 30% 40% 50% 60% 70% 20% 60% 20% De forma insatisfatória (n=1) De forma satisfatória (n=3) De forma regular (n=1) José Ozildo dos Santos (Organizador) ____________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ 32 ambientais foram abordadas. O gráfico a seguir diz respeito a esse questionamento. Gráfico 8. Distribuição dos participantes quanto ao fato de como as questões ambientais foram abordadas durante suas formações acadêmicas Fonte: Pesquisa de campo (maio/2017) Com base nos dados apresentados no Gráfico 8, segundo 70% dos entrevistados, as questões ambientais foram abordadas de forma excelente durante suas formações acadêmicas. E, de acordo com os demais participantes, divididos em três parcelas iguais de 10%, tais questões foram abordadas de forma insatisfatória, de forma regular e de forma satisfatória, respectivamente. De acordo com Leff (2001, p. 113), “a educação ambiental se fundamenta em dois princípios básicos: uma nova ética que orienta os valores e comportamentos para os objetivos de sustentabilidade ecológica e a equidade social; uma nova concepção do mundo como sistemas complexos, a reconstituição do conhecimento e o diálogo de saberes”. Levando em consideração a relevância das questões ambientais, durante a formação do futuro professor, a educação ambiental é algo que não pode faltar. Ela, como construção de conhecimento consiste em proporcionar aos educandos uma compreensão crítica global, sistematizada do ambiente. Por essa razão, durante a formação do futuro docente, é essencial que o currículo privilegie o máximo possível a temática da Educação Ambiental. Se não houver essa preocupação, cabe ao futuro docente procurar suprir essa deficiência participando de algum de formação continuada ou uma capacitação, que abordem o assunto de forma eficiente. Através do último questionamento indagou-se dos entrevistados se eles, na condição de docentes, enfrentam alguma dificuldade para trabalhar a 0% 10% 20% 30% 40% 50% 60% 70% 80% 10% 10% 10% 70% De forma insatisfatória (n=1) De forma regular (n=1) De forma satisfatória (n=1) De forma excelente (n=7) Práticas Pedagógicas na EJA em Economia Solidária e Educação Ambiental __________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ l 33 educação ambiental em sala de aula. O Gráfico 9 traz um esboço dos dados colhidos. Gráfico 9. Distribuição dos participantes quanto ao fato se eles, na condição de docentes, enfrentam alguma dificuldade para trabalhar a educação ambiental em sala de aula Fonte: Pesquisa de campo (maio/2017) Quando se analisa os dados contidos no Gráfico 9, verifica-se que 30% dos entrevistados, na condição de condição de docentes, sempre enfrentam alguma dificuldade para trabalhar a educação ambiental em sala de aula; 40% ressaltaram que nunca enfrentam e outros 30%, que às vezes enfrentam alguma dificuldade. De acordo com Baeta et al. (2002, p. 132): A Educação Ambiental permite desenvolver valores e atitudes que levam a uma postura consciente e participativa nas questões relacionadas à conservação, preservação, utilização de recursos naturais, visando sempre à melhoria da qualidade de vida, eliminando a fome, a pobreza e o risco de extinção das mais variadas formas de vida. Levando em consideração o apresentado acima, a Educação Ambiental deve ser trabalhada em todas as modalidades de ensino, bem como em todos os cursos de nível superior, para proporcionar ao acadêmico o conhecimento necessário que sobre a temática meio ambiente. Principalmente, nos cursos de licenciatura, que formam profissionais para atuarem em sala de aula como agentes facilitadores da aprendizagem. Assim, se essa temática é pouco trabalhada na graduação, o futuro professor poderá ter dificuldades de trabalhar as questões ambientais no contexto da sala de aula. Para que isto não ocorra, é de suma importância que 0% 5% 10% 15% 20% 25% 30% 35% 40% 30% 40% 30% Sempre (n=3) Nunca (n=4) Às vezes (n=3) José Ozildo dos Santos (Organizador) ____________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ 34 haja um espaço especial para educação ambiental durante a formação do futuro docente. 5 CONCLUSÃO A Educação Ambiental deve ser considerada uma prática política, sendo essa uma de suas características mais marcantes, visando proporcionar a organização coletiva na busca de soluções para os problemas socioambientais. Além da dimensão coletiva, a Educação Ambiental apresenta também a dimensão individual e se constitui como um processo de grande abrangência, não se limitando aos princípios e às teorias cientificas. No contexto escolar, a Educação Ambiental não pode se restringir apenas aos conceitos ecológicos da natureza. Ela deve abordar também as questões dos valores morais, da cidadania, da justiça, da saúde, da pobreza, da igualdade e das diferenças de desenvolvimento, dentre muitos outras. Por isso, a EA implica a triangulação das relações sociais entre as pessoas, a sociedade e o meio, sendo um processo de construção de novos conhecimentos e valores, que criam condições para que as pessoas consigam atingir seu potencial como cidadãos ambientalistas e possam intervir na realidade, sendo corresponsáveis pela melhoria da triangulação das relações. Por outro lado, os problemas socioambientais precisam ser analisados e discutidos por todos os professores das diferentes áreas e/ou disciplinas, uma vez que a escola se constitui num espaço onde as crianças poderão aprender valores de cidadania em defesa da vida. Uma das contribuições mais importantes da Educação Ambiental é o fato de que ela deve ser trabalhada de forma transversal, em todos os currículos escolares, conforme orientação dos PCN, estimulando a luta pelos direitos humanos e pelos direitos da vida, além de uma reflexão a respeito das relações da sociedade com a natureza e com os seres humanos entre si. Em síntese, é papel da Educação Ambiental preparar as pessoas do presente e do futuro, dispostas e aptas a estabelecerem com o mundo natural novas formas afetivas e vivenciais de educação, ou seja, pessoas capazes de verem e sentirem o ambiente em que vivem. 6 REFERÊNCIAS ABÍLIO, F. J. P. (org.). Educação ambiental para o semiárido. João Pessoa: EDUFPB, 2011. ARROYO, M. A educação de jovens e adultos em tempos de exclusão. Alfabetização e Cidadania, n. 11, p. 9-20, abr., 2001. BARRETO, A. L. P. et al. Educação ambiental na educação de jovens e adultos.In:ABÍLIO, F. J. P. (org.). Educação Ambiental para o semiárido. João Pessoa: EDUFPB, 2011. Práticas Pedagógicas na EJA em Economia Solidária e Educação Ambiental __________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ l 35 BEZERRA, M. C. L.; BURSZTYN, M. (Coord.). Ciência e tecnologia para o desenvolvimento sustentável. Brasília: Ministério do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis: Consórcio CDS/ UNB/ Abipti, 2000. BRASIL. Secretaria de Educação Fundamental. Indicadores de qualidade do ensino. Brasília: MEC/SEF,2006. FIGUEREDO, S. A. Proposta curricular: educação ambiental. Brasília: MEC, 2004. FREIRE, P. Educação de jovens e adultos. São Paulo: Cortez, 2000. FREIRE, P. Pedagogia da autonomia: saberes necessários à prática educativa. 36. ed. São Paulo: Paz e Terra, 1996. GRÜN, M. A Doutridade da natureza na educação ambiental. Reunião Anual da Associação Nacional De Pós-Graduação Em Educação - ANPED, 2003, Poços de Caldas. 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A educação básica numa perspectiva de formação ao longo da vida. In: Revista Inovação, v. 9, p. 205-217. 1996. José Ozildo dos Santos (Organizador) ____________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ 36 SAMPAIO, M. N.; ALMEIDA, R. S. Uma apresentação para recuperar as histórias/experiências. In: SAMPAIO, M. N.; ALMEIDA, R. S. (orgs). Práticas de educação de jovens e adultos: complexidades, desafios e propostas. Belo Horizonte: Autêntica, 2009. SATO, M. Educação ambiental. 2 ed. São Carlos-SP: Rima, 2003. SEGURA, D. S. Educação ambiental na escola pública: da curiosidade ingênua à consciência crítica. São Paulo: ANNABLUME/FAPESP, 2001. TAGLIEBER, J. E. Reflexões sobre a formação docente e a educação ambiental. In: ZAKREZEVSKI, S. B.; BARCELOS, V. (orgs.). Educação ambiental e compromisso social: pensamentos e ações. 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Práticas Pedagógicas na EJA em Economia Solidária e Educação Ambiental __________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ l 37 Capítulo 2 José Ozildo dos Santos (Organizador) ____________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ 38 Práticas Pedagógicas na EJA em Economia Solidária e Educação Ambiental __________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ l 39 ECOSOL E SUSTENTABILIDADE: Horta escolar com auxilio do Programa Mais Educação Geonardo Vicente da Silva José Ozildo dos Santos 1 INTRODUÇÃO Esta pesquisa cientifica pretende mostrar que através de um projeto de hortas escolares pode-se promover conhecimentos educacionais pedagógicos para os educandos da Educação de Jovens e Adultos, como também mostrar a importância do consumo consciente de produtos orgânicos, oriundos de processos naturais, sem agredir o ecossistema. E, tendo ainda o cuidado de apresentar a economia solidária como fonte de renda coletiva na comercialização local, visando o desenvolvimento socioeconômico. Através de uma iniciativa como esta, é possível contribuir com a preservação do meio ambiente, bem como mostrar como os menos favorecidos podem ser inseridos no mercado de trabalho, cooperando com educação ambiental. Para tanto, utilizou-se das ações positivas já desenvolvidas através do ‘Programa Mais Educação’, através do qual foram construídas hortas escolares nas dependências da Escola Estadual de Ensino Fundamental Carlos Luiz de Araújo, localizada na cidade de Coremas, Estado da Paraíba, tendo como objetivo promover os aspectos de segurança alimentar e de mostrar os benefícios para a saúde humana, bem como os ganhos ecológicos. Assim, as ações apresentadas nessa produção acadêmica foram desenvolvidas em parceria com os educandos da EJA, objetivando mostrar a importância do cultivo com qualidade, destinado a suprir as necessidades alimentícias e socioeconômicas, explorando recursos hídricos existentes no município sem desperdício, desenvolvendo um trabalho pedagógico e agrícola na sala de aula. É oportuno destacar que o ‘Mais Educação, como jornada escolar ampliada, é um programa social, que tem por principio fundamental mostrar a autogestão do trabalho, promovendo o empreendedorismo regional. 2 REVISÃO DE LITERATURA 2.1 Consumo sustentável O consumo sustentável propõe escolhas conscientes, privilegiando o consumo de produtos orgânicos sem agrotóxicos, que não ocasionam nenhuma consequência ambiental. E, são produzidos adotando novos valores sociais, promovendo a conscientização de empresas de produtos industrializados a José Ozildo dos Santos (Organizador) ____________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ 40 utilizarem tecnologias que reduzam o desperdício de matérias primas, energia e água. É importante destacar que através do consumo sustentável, se prolonga a chamada ‘vida útil’ do ser humano, a partir das novas escolhas alimentícias, isentas de resíduos químicos que possam trazer danos à saúde humana. O consumo sustentável tem por foco a preservação dos recursos naturais, criando um cenário agradável na sociedade, contribuindo para que se viva em um ambiente agradável e saudável. A respeito disso, Pereira (2008, p. 13) esclarece que: A viabilização da sustentabilidade exige também o estabelecimento de políticas governamentais, ações empresariais e da sociedade. Exige a melhoria da qualidade de vida de parte significativa da população terráquea que vive em condições subumanas e exige, por fim, a modificação dos padrões de consumo das sociedades. Assim, para a concretização do consumo sustentável é preciso se promover mudanças de hábitos de consumo. E, ao mesmo tempo, reduzir as diferenças sociais. É necessário reaprender a consumir. Cada vez mais, os recursos naturais estão ficando escassos no planeta. Tarefas peculiares estão ficando impossíveis de ser praticadas por escassez de espaços naturais adequados. Resultando do desenvolvimento econômico, o planeta vive em um completo abandono.Para tanto, é preciso se estimular a construção de uma vida mais saudável e pura. De acordo com Gonçalves-Dias e Moura (2007, p. 9), o consumo sustentável: [...] realmente inaugura uma fase de transição do modelo de produção e consumo. Sabe-se que, mudança nos padrões de produção e consumo implica aumento do nível de informação da população, conscientização das pessoas, eliminação de desperdício, desenvolvimento de tecnologias, responsabilidades compartilhadas, reciclagem, mas acima de tudo mudança do padrão comportamental da sociedade. Diante do exposto, percebe-se que a promoção do consumo sustentável não é algo fácil: é preciso uma mudança completa da forma de pensar o consumo em si por parte de sociedade. Esta precisa ser esclarecida e conscientizada, levada a aprender apenas a adquirir aquilo que realmente necessita, bem como consumir produzidos oriundos da agricultura sustentável ou frutos de atividades que privilegiem os pilares da sustentabilidade. Na concepção de Barbosa (2008, p. 16), o consumo sustentável: [...] não implica necessariamente, em baixo consumo, mas um modelo de aspectos: ambientais, sociais, econômicos e culturais de forma que assegures a conservação da vida das presentes e futuras gerações, Práticas Pedagógicas na EJA em Economia Solidária e Educação Ambiental __________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ l 41 definido poder escolher, por exemplo, qualidade e preço que promova o aprendizado sem desperdícios na produção de hábitos saudáveis capaz de transformar ações um padrão de desenvolvimento natural. Para a promoção do consumo sustentável exige-se tão somente uma redefinição do consumo por parte da sociedade. A necessidade da preservação do meio ambiente, como um bem de todos e necessário para todos, deve fazer parte das preocupações sociais. O consumo sustentável requer um aprendizado e a adoção de hábitos saudáveis no que diz respeito à alimentação. Dissertando sobre a situação atual, Pereira (2011, p. 4) destaca que: Percebe-se a necessidade urgente de investimentos voltados para esse fim, pois só o trabalho realizado nas escolas ou meios de comunicação não tem surtido efeito para realmente transformar a sociedade em uma sociedade com consumos e hábitos sustentáveis. Desta forma, se existe a necessidade de se promover o consumo sustentável junto e dentro da sociedade é preciso se investir em educação para a vida, primada nos princípios da sustentabilidade, que apresente o ser humano como parte do meio ambiente, conscientizando-o da necessidade de se preservar os recursos naturais e tudo aquilo que a estes digam respeito. Quando se fala em consumo sustentável vem à tona a expressão ‘desenvolvimento sustentável’. Complementando estas informações, Abílio, Feitosa e Vieira (2011, p. 16) registram que: O entendimento acerca da concepção de desenvolvimento sustentável contribui para esse processo por ser contextualizado numa determinada ideologia de progresso que envolve as concepções histórica, econômica e social e também a subjetividade do próprio ser. Representa, nesta era planetária, uma ideia mobilizadora de ações para as iniciativas em favor da construção de um novo modelo de sociedade. Desta forma, percebe-se que desenvolvimento sustentável é um conceito que se abre às características plurais e desafia as instituições contemporâneas e os educadores dos diferentes espaços educativos a construírem processos de formação humana que se complementem nas ações para constituir sujeitos comprometidos com suas aprendizagens, com seu papel no planeta. Segundo Barbosa (2008, p. 21): O aprendizado coletivo nos permitirá cuidar do meio ambiente, utilizando melhor seus recursos, minimizando desgastes e reciclando materiais. Desse modo, estaremos aprendendo a cuidar de nossa cidade (das praças, lugares públicos, casas, escolas, hospitais, igrejas, etc.). José Ozildo dos Santos (Organizador) ____________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ 42 Cuidar do meio é uma responsabilidade de todos. O meio ambiente não existe para um indivíduo ou para grupos de pessoas. Dele depende a existência de todo o ser vivo que existe na terra. Esta é a concepção que tem que ser absorvida pelo ser humano, que precisa ser valorizada e propagada pelo homem em todos e quaisquer contexto: em casa, na escola, na sociedade, etc. Diante dessa necessidade, entra em cena a educação ambiental, definida como um processo de construção do homem consciente de seus deveres e obrigações para com o meio. Na concepção de Silva e Abílio, (2011, p. 50): A Educação Ambiental pode e deve tomar parte neste processo de ruptura para uma sociedade sustentável e não comungar com o sistema degradador, através de medidas paliativas, como se envolver apenas as datas comemorativas ou respaldar medidas que não inibirão o processo de calamidade que muita comunidade já enfrenta ou, então, não estará sendo fiel aos anseios de seus primeiros pensadores que denunciaram a morte do planeta e almejaram um mundo de convivência pacífica com o meio ambiente. A necessidade de uma consciência ecológica coletiva torna-se cada vez mais patente. O homem precisa mudar os meios de produção de forma a degradar completamente o planeta e a educação ambiente tem a missão de conscientizá-lo quanto a isto. De acordo com Barbosa (2008), a desatenção do homem com meio ambiente tem produzido vários impactos ambientais, com destaca para: i. a diminuição da biodiversidade, ii. solos contaminados e desgastados; iii. poluição atmosférica, ligada à intensiva industrialização e à mecanização; iv. agrotóxicos nas cadeias alimentares provocando instabilidade ecológica para agricultura entre outras atividades econômicas; v. alteração da paisagem exibida pela natureza. De acordo como Morgado (2006, p. 13), o próprio Ministério do Desenvolvimento Social, ao abordar o consumo sustentável ressalta que: Os conhecimentos e as habilidades que permitam às pessoas selecionar e consumir alimentos saudáveis, de forma segura e adequada, muito contribuem para promoção da saúde. Contudo, não basta apenas defender a ideia do acesso aos alimentos simplesmente, mas também que eles sejam de qualidade, respeitem a diversidade cultural e que sejam social, econômica e ambientalmente sustentável. Assim, ao buscar uma melhor qualidade de vida e uma vida saudável, através do consumo sustentável, o ser humano estará contribuindo para o desenvolvimento do consumo sustentável. E, consequentemente, para a Práticas Pedagógicas na EJA em Economia Solidária e Educação Ambiental __________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ l 43 promoção da sustentabilidade, mediante a adoção de uma prática que em muito contribuirá para a redução dos danos causados ao meio ambiente. A adoção do consumo sustentável se faz necessária porque o ser humano ao longo da evolução da sociedade, modificou de forma significativa o seu modo de viver e de produzir, gerando consequências negativas para meio ambiente, reduzindo a qualidade do bem estar social. Ao discutir essa realidade, Moreira, (2009, p. 24) faz o seguinte comentário: Tendo em vista esta realidade é necessário realizar um planejamento, correto e eficaz, em que as tecnologias deverão ser empregadas adequadamente. De forma que o desenvolvimento não seja apenas
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