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Descolamento prematuro de placenta Introdução e conceito: Descolamento prematuro de placenta (DPP) é definido como o descolamento total ou parcial da placenta, que esta inserida normalmente, em uma gestação de mais de 20 semanas (antes disso é considerado aborto, portanto esta definição exclui os abortos); Incide em 0,4 a 3,5% de todas as gestações; é um quadro de grande intensidade e gravidade, podendo levar a importante sofrimento e morte fetal e em menor proporção morte materna (menos frequente). Etiopatogenia / Fatores de Risco: Algumas situações estão associadas a maior risco de DPP - Síndromes hipertensivas: obstruções arteriais e infartos placentários podem levar ao DPP - Traumatismo abdominal: principalmente quando a inserção é anterior. - Retração uterina: retração abrupta de volume por exemplo após um esvaziamento rápido de líquido amniótico ou nas cimento do primeiro gemeo - Brevidade de cordão: cordão umbilical tracionando diretamente a placenta -Versão fetal externa: procedimento raramente indicado que pode provocar descolamento por traumatismo - Tabagismo: leva a má perfusão placentária por infartos e necrose da decídua basal - Anemia: isquemia placentária Fisiopatologia: O processo se inicia com um sangramento retroplacentário, iniciando uma separação entre parte do útero e da placenta; o sangue infiltra e irrita o miométrio, provocando contração miometrial, aumentando o tônus e a freqüência das contrações. A contração miometrial vai comprimir os vasos para o miométrio e para a placenta, diminuindo a perfusão para o miométrio e diminuindo a perfusão para a placenta (causa sofrimento fetal). Enquanto isso, como o útero esta se contraindo mais, sua necessidade de sangue/O2 é maior, mas ele esta mal perfundido!! A hipoperfusão miometrial e a necessidade aumentada do miométrio vão conduzir o útero a hipóxia e edema miometrial; e em um segundo momento a hipercontratilidade uterina vai dar lugar a hipotonia/atonia uterina (útero de Couvelaire) A infiltração de sangue no miométrio também provoca um desequilíbrio da arquitetura do miométrio e contribui para a hipotonia uterina. Sangramento retroplacentário, separação entre região da placenta e do útero; ↓ Infiltração do sangue no miométrio; irritando esse miométrio; e promovendo desequilíbrio da arquitetura do miométrio ↓ Aumento da contratilidade uterina e da demanda de sangue/O2 pelo miométrio ↓ Contrações uterinas comprimem os vasos uterinos e placentários, diminuindo a oferta de sangue para a placenta (sofrimento fetal) e diminuindo a oferta de sangue para o miométrio (hipoperfusão miometrial) ↓ teremos hipoperfusão e hipóxia para o miométrio, edema miometrial e desequilíbrio da arquitetura do miométrio ↓ A contratilidade uterina aumentada da lugar a hipotonia/atonia uterina O feto, por sua vez, vai apresentar um importante sofrimento devido: - diminuição da área placentária funcionante; (levando a hipoperfusão placentária) - hipertonia uterina e compressão dos vasos que irrigam a placenta (levando a hipoperfusão placentária) - hipovolemia materna resultante do sangramento grave (levando a hipoperfusão placentária) Todos os fatores que citei acima (hipovolemia materna, compressão dos vasos que irrigam a placenta e diminuição da área placentária funcionante) vão levar a hipoperfusão para a placenta e hipóxia fetal, provocando importante sofrimento fetal (pode levar a morte do feto). (provoca hipóxia fetal, hipercapnia e acidose) Um descolamento placentário acima de 50% já é incompatível com a vida do feto. Classificação: A maioria dos autores classifica o descolamento em três graus, que vão ajudar na orientação da conduta e prognóstico. Quadro clínico: Obstétrico: - Hemorragia vaginal:em 80% dos casos um sangue vermelho rutilante se exterioriza pela vagina, em outros 20% o sangue fica oculto, caracterizando um hematoma retroplacentário. - Hipertonia: elevcação do tônus basal (hipertonia autentica), agravado pela polissistolia - Dor abdominal: intensa e de início abrupto! Decorrente da atividade uterina exacerbada. - Hemoamnio: (sangue no líquido amniótico) se houver solução de continuidade o sangue do descolamento pode atingir o líquido amniótico, tingindo esse líquido. Fetal: - As formas iniciais de DPP geralmente não causam sofrimento fetal, por isso é importante o diagnóstico e a intervenção precoce. - Com a progressão do quadro sem tratamento adequado, teremos uma rápida evolução para sofrimento fetal e ate óbito fetal (a área descolada e a duração do descolamento influenciam com o sofrimento) - A cardiotocografia é um exame que pode mostrar os batimentos fetais, sendo possível identificar oscilações nos batimentos cardíacos do concepto, sinais de hipóxia, desacelerações tardias (DIP II) e bradicardia fetal grave. Cardiovascular: - Taquicardia/ Hipotensão /Choque: o organismo materno responde à perda sanguínea aguda com uma taquicardia compensatória, e dependendo do volume da sangue perdido pode ocorrer hipotensão e choque hipovolêmico. - Palidez cutâneo mucosa e sudorese: ocorre em função da perda de sangue e comprometimento hemodinâmico da mãe. - Pulso paradoxal de Boero: ocorre nas fases iniciais, compreende um pulso com amplitude e freqüência normais, discordando do estado hipovolêmico da mãe. Porem rapidamente o pulso se adapta à hipovolemia materna (fica rápido e fino) Renal: - Oligúria: a mãe hipovolêmica e hipotensa vai fazer má perfusão renal, levando a oligúria e ate anúria em casos graves. Diagnóstico: Clínico: * Anamnese: - Dor abdominal intensa e súbita; - Queixa de sangramento pela vagina; - história de síndrome hipertensiva, traumatismo abdominal, esvaziamento de polidramnio (retração uterina), brevidade do cordão, versões externas, tabagismo e anemia. - Sinais de hipovolemia/hipotensão aguda: palpitação, sudorese, lipotimia, náuseas. * Exame físico: - Sangramento transvaginal; - Hipertonia uterina por vezes associada a polissistolia; - Sinais de hipovolemia aguda: taquicardia, hipotensão, palidez cutâneo mucosa. - Ausculta fetal mostrando batimentos cardíacos inaudíveis (pode ser obito) ou bradicardia importante - toque transvaginal: ausência de tecido placentário próximo ao orifício interno do colo uterino, bolsa das águas tensa, apresentação fetal forçando o colo uterino. USG (diagnóstico ultrasonografico) - O professor disse que não é usado de rotina (geralmente o diagnóstico se da pelo quadro clínico) - A USG confirma o diagnóstico quando visualiza o hematoma retroplacentário (mas a ausência não exclui o diagnóstico) - útil para diagnóstico diferencial com placenta prévia e rotura uterina. Conduta: * Medidas Gerais: - (após avaliação hemodinâmica) iniciar reposição volêmica; com cristalóides (ex: Ringer lactato), se necessário concentrado de hemácias e plasma fresco (tem fatores de coagulação. Quando instalada a coagulopatia de consumo a transfusão de fatores de coagulação é essencial) - Monitorização da PVC (pressão venosa central), importante para orientar a reposição volêmica, não deve exceder 12cmH2O. * Conduta obstétrica: (Ou seja, no caso do feto morto considerar o estágio do trabalho de parto; se o parto já se anuncia (>=8cm apresentação baixa) pode-se retirar o bebe pela via transvaginal, em caso contrário o feto morto deve ser retirado por cesárea). Complicações: - Útero de Couvelaire (é a apoplexia uterina), nesses casos a medida resolutiva é a histerectomia (retira só o corpo do útero). Em situações que se quer manter o útero (ex: primíparas jovens), pode ser tentadoa ligadura das artérias hipogástricas para conter o sangramento. - Choque hipovolêmico (hipotensão e hipoperfusão generalizada) e suas complicações (Insuficiência renal aguda, necrose hipofisária (Sheehan)). - Coagulação intravascular disseminada (CIVD) Considerações finais: - DPP crônico: alguns autores chamam de DPP crônico aquele descolamento de pequena área e que não interfere com a perfusão placentária, o quadro clínico é bom e geralmente evolui bem. A conduta é conservadora (monitorizar e acompanhar o bem estar fetal). Geralmente o diagnóstico é firmado por uma USG de rotina ou por uma USG para explicar um discreto sangramento vaginal.
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