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Aprendizagem e Controle Motor Prof. Tiago Figueiredo PhD. tiago.figueiredo@estacio.br COMPORTAMENTO MOTOR NO ADULTO E NO IDOSO Durante a idade adulta, alterações nos sistemas fisiológicos do corpo podem influenciar o desempenho motor e podem representar um mecanismo do processo do envelhecimento” (GALLAHUE, 2005) ENVELHECER É UM PROCESSO NATURAL Longevidade com Qualidade Cada vez mais a expectativa de vida média do ser humano vem enfrentando aumento estável. Quais seriam os motivos???? 1. Melhoras na saúde; 2. Avanços da medicina e comportamentos; 3. Redução de doenças; 4. Mudanças no estilo de vida. Brasileiro nasce com esperança de vida de 74 anos e 29 dias, diz IBGE Expectativa de vida foi, em 2011, 3,65 anos superior em relação a 2000. Em 2011, a esperança de vida ao nascer no Brasil era de 74anos e 29 dias, um incremento de 3 meses e 22 dias em relação a 2010 (73,76 anos) e de 3,65 anos (3 anos, 7 meses e 24 dias) sobre o indicador de 2000. Assim, ao longo de 11 anos, a esperança de vida ao nascer no Brasil, incrementou-se anualmente, em média, em 3 meses e 29 dias. Esse ganho na última década foi maior para os homens, 3,8 anos, contra 3,4 anos para mulheres, correspondendo um acréscimo de 5 meses e 23 dias a mais para os homens do que para a população feminina. Mesmo assim, em 2011 um recém-nascido homem esperaria viver 70,6 anos, ao passo que as mulheres viveriam 77,7 anos. Essas informações estão na Tábua de Mortalidade da população do Brasil para 2011, que incorpora os dados populacionais do Censo Demográfico 2010. http://saladeimprensa.ibge.gov.br/noticias?view=noticia&id=1&busca=1&idnoticia=2271 Projeção da População Brasileira 2008- 2050 - Revisão do IBGE de 2008 Anos População Total Menos de 18 anos 60 anos ou mais 2008 189.612.814 60.019.562 17.984.922 2020 207.143.243 51.672.639 28.231.799 2030 216.410.030 44.701.632 40.472.804 2039 219.124.700 40.461.423 50.793.941 2050 215.287.463 34.693.159 64.050.980 Fonte: IBGE 256,1% O Brasil será um país velho em 2050, quando a população terá 64 milhões de idosos. Se em 1980 eram 10 idosos para cada 100 jovens, em 2050 serão 172 idosos para cada 100 jovens. Isto porque a esperança de vida ao nascer saiu de 43,3 anos, na década de 1950, para 77,7 anos em 2011 (sexo feminino). Idade adulta jovem Período de aprendizado Período de fixação 20-40 anos 20-30 anos 30-40 anos Meia-idade Transição para meia-idade Meia-idade 40-60 anos 40-45 anos 45-60 anos Adulto mais velho Início da terceira idade Período intermediário Senilidade 60-80 + anos 60-70 anos 70-80 anos 80 + anos Comportamento Motor na idade adulta até a terceira idade O comportamento motor de um indivíduo é dependente da interação entre: Exigências da tarefa – envolve elementos como grau de dificuldade, duração e necessidade de velocidade e precisão; Circunstâncias ambientais – envolve temperatura do aposento, iluminação, textura do assoalho e grau de familiaridade ao redor ; Características individuais - Cognitiva: habilidade de compreender instruções; - Afetiva: motivação, amizade e autoconfiança; - Motora: alterações fisiológicas As características individuais (cognitivas, afetivas e motoras), as exigências da tarefa e as circunstâncias do ambiente, são fatores importantes na determinação do nível de sucesso experimentado pelo adulto (jovem, de meia idade e terceira idade) no desempenho de uma tarefa motora. Princípio da especificidade da tarefa O sucesso ao realizar uma tarefa motora, vai depender das exigências específicas para sua realização. Ex: Se a exigência da tarefa requer que o indivíduo use um sistema fisiológico que está em declínio, o desempenho poderá ficar abaixo do ideal. Princípio da variação inter-individual A genética e o estilo de vida variam de indivíduo para indivíduo e, consequentemente, afetam o desempenho motor de tarefas específicas e são importantes na determinação do ciclo de vida dos indivíduos. O nível de atividade física, o fumo, o estresse, as drogas e a dieta alimentar são variáveis que vão influenciar no número de anos que viveremos. Princípio da variação intra-individual Os sistemas fisiológicos não declinam no mesmo ritmo. Generalizar sobre o nível de desenvolvimento global de um indivíduo, sem considerar variações entre suas características pessoais, pode limitar o potencial motor do indivíduo. Aspectos do Desempenho Motor Por que envelhecemos ? Alterações no nível celular, no nível do sistema imunológico e/ou na interação dos sistemas fisiológicos podem representar as causas subjacentes do envelhecimento (GALLAHUE, 2005). TEORIAS Nível celular ▪ Divisão celular: nº de vezes que uma célula pode dividir-se é limitado. ▪ Alteração Celular: o material genético que comanda a função celular pode alterar-se ou mudar à medida que envelhecemos, provocando a deterioração no tecido ou órgão, surgindo assim, deficiências no desempenho motor, na saúde geral ou em ambas. ▪ Radicais livres: são componentes moleculares altamente reativos. Eles tentam se agrupar com outras moléculas de células saudáveis, influenciando negativamente a função normal da célula e podendo causar dano ao DNA. Sistema imunológico ▪ Diminui eficiência – reduz proteção. Sistemas fisiológicos ▪ Homeostasia – manutenção da estabilidade dos sistemas do corpo (sensorial, digestivo e cardiovascular) e suas inter-relações para manter o corpo em condição normal e saudável. Alterações Fisiológicas Esqueleto • “Encolhimento” ou seja, encurtamento da estatura. Causa: Aumento na compressão dos discos intervertebrais, devido à perda de água (ficam mais fibrosos); redução da densidade mineral óssea (osteoporose) nas vértebras; mau alinhamento da coluna e má postura. • A osteoporose é maior nas mulheres pós- menopausa. • Os ossos porosos e frágeis – fraturas dentro do osso fazendo com que ele se comprima. • Fraturas de compressão são comumente observadas na coluna vertebral de adultos idosos com osteoporose, podendo a longo prazo, alterar a posição do tórax. • Osteopenia indicador (alerta) de diminuição da massa óssea. • Sarcopenia – perda de massa e função muscular com o avançar da idade. – A massa muscular diminui ao mesmo tempo que o nº e o tamanho das fibras declinam, provocando a diminuição da força muscular. Segundo Matsudo (2010), a força começa a declinar a partir dos 40 anos, e se acelera após 65-70 ou mais. A força de MMII declina mais rápido que a dos MMSS. – A potência declina mais rápido que a força. Já a resistência é menos afetada. – Déficits na força e potência predizem incapacidade na velhice e risco de mortalidade. Alterações Fisiológicas Músculo e Articulação • Flexibilidade - As articulações tornam-se menos flexíveis, devido a perda de água no tecido conectivo (conjuntivo), resultando em maior rigidez de ligamentos e tendões. O pico máximo ocorre entre os 20 e 30 anos. Aos 70 anos, há uma diminuição significativa da flexibilidade da flexão do quadril e da coluna (20 – 30%) (MATSUDO, 2010). Pouca flexibilidade pode aumentar o risco de lesão, queda e dor na coluna em idosos. • Osteoartrite ou artrose – doença articular relacionada à degeneração da cartilagem e do osso, que pode causar dor articular, rigidez e redução da funcionalidade articular. Tratamento: terapia para manter a atividade e a flexibilidade das articulações, aumento de força, redução do peso, alivio das dores com analgésicos, ou em casos extremos, cirurgia. • Sistema Cardiovascular – Paredes arteriais menos elásticas e mais rígidas (condição de arteriosclerose). Já a aterosclerose (doença cardiovascular) são depósitos de gorduras nas artérias. Ambas afetam o desempenho do sistema circulatório. • Função pulmonar – sua funçãodeclina gradualmente a partir dos 30 anos, declínio de 1% do Vo2máx ao ano. Alterações Fisiológicas cardiovascular e pulmonar “ Grande parte desta perda contínua, durante a meia-idade, pode ser atribuída a outras condições, associadas à idade, como o declínio na quantidade de sangue bombeado pelo coração para os tecidos e uma perda na massa muscular (GALLAHUE, 2005)” Alterações Fisiológicas SNC • Contínua perda de neurônios - cérebro do idoso é menor e pesa menos do que de um adulto jovem. • Natureza adaptável do cérebro “plasticidade cerebral” – neurônios vivos ativos desenvolvem ramificações dendríticas compensatórias para ajudar a manter as conexões. Mas, a força do sinal pode ser reduzida ou distorcida, quando uma quantidade menor de neurônios está envolvida na transmissão do sinal. • A quantidade de neurotransmissores disponíveis diminui com o envelhecimento. As transmissões de sinais em todo o SNC são de natureza elétrica e química Substância química = neurotransmissores Regulam a passagem de sinais através da junção sináptica • Hipóxia – cérebro recebe uma quantidade inadequada de oxigênio. As células nervosas do cérebro são vulneráveis a deficiências de oxigênio, afetando sua função e longevidade. Com a idade, a circulação do sangue, que carrega oxigênio, gradualmente declina devido a alterações estruturais no sistema circulatório e decréscimo na atividade física. O profissional de Ed. Física deve lembrar que o aumento no nível de atividade física para o idoso pode melhorar o fluxo sanguíneo para o cérebro e, por sua vez, aumentar a quantidade de oxigênio que alcança as células nervosas (GALLAHUE, 2005) Alterações Fisiológicas sistemas sensoriais Déficits sensoriais Visão Audição Propriocepção Visão – com a idade, o olho tende a passar por uma série de alterações estruturais e funcionais que afetam a qualidade da visão. Essas alterações iniciam-se na meia-idade, mas não necessariamente afetam as AVDs (levantar da cama, vestir- se, tomar banho e preparar as refeições, etc.) ▪ Aos 40 anos, a capacidade do indivíduo de focalizar distâncias próximas diminui (presbiopia). ▪ Diminui a habilidade de acompanhar objetos em movimento. Têm papeis cruciais no desempenho motor • Audição – Presbiacusia, perda da audição com a idade. • Propriocepção (cinestesia) - é o termo utilizado para nomear a capacidade em reconhecer a localização espacial do corpo, sua posição e orientação. – O sistema vestibular (canais semicirculares, utrículo e o sáculo) tem como função básica fornecer informações relativas aos movimentos e a posição da cabeça através das células sensórias que ficam dentro das estruturas do sistema vestibular. O idoso apresenta perda no número destas células sensoriais, afetando o equilíbrio. Alteração no equilíbrio: manutenção do controle postural e do equilíbrio torna-se menos eficiente. FATORES DE RISCO DE QUEDAS E POSSIVEIS ESTRATÉGIAS DE INTERVENÇÃO Possíveis fatores de risco para idosos Possíveis estratégias de intervenção Diminuição da força Exercícios de força Aparelhos de assistência (bengalas, andadores, corrimãos) Diminuição da flexibilidade Estilo de vida ativo Exercícios de alongamento Diminuição das habilidades visuais Aumento da iluminação da sala Redução do ofuscamento Óculos Tratamentos cirúrgicos Diminuição das habilidades auditivas Remoção da cera do ouvido Aparelhos de assistência Diminuição das habilidades proprioceptivas Superfícies firmes para caminhar Calçados apropriados Melhora visual do ambiente Evitar superfícies irregulares Aparelhos de assistência Lentidão no tempo de reação Estilo de vida ativo Atenção focada Prescrição da prática de atividades Motivação Certos indivíduos podem ser capazes de desempenhar tarefas motoras em níveis de elite, independente da sua idade. O estado de saúde de vários sistemas fisiológicos, o estilo de vida presente e passado, características genéticas, condições do ambiente e exigências da tarefa interagem, criando uma escala de resultados motores em que se destacam o desempenho extremamente bom, adequado e deficiente (GALLAHUE, 2005) Maria Lenk (1915 – 2007) Baterias de Teste para Avaliar o Desempenho Motor em Idosos • GDLAM – Grupo de Desenvolvimento Latino- Americano para a Maturidade (2004, 2006). • Matsudo – Celafiscs (Centro de Estudos do Laboratório de aptidão Física de São Caetano do Sul – SP. • Avaliação Motora para Terceira Idade. Francisco Rosa Neto, 2009. • Teste de Aptidão Física para Idosos. Rikli e Jones, 2008. Bibliografia • GALLAHUE e OZMUN. Compreendendo o Desenvolvimento Motor. Editora Phorte, 3ª ed., 2005. • Matsudo. Avaliação do Idoso – física e funcional, 2010. • Dantas, E.H.M., Vale, R.G.S. Protocolo GDLAM de avaliação da autonomia funcional. Revista Fitness e Performance, 2004. • Rosa Neto. Avaliação Motora para terceira idade. Artmed, 2009.
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