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Gestão Integrada de Treinamento e Competências Interface de T&D com Gestão de Pessoas Profa. Ms. Dália Denner UnP - Universidade PotiguarInterface de T&D com Gestão de Pessoas2 Interface de T&D com Gestão de Pessoas • Apresentar e analisar a forma que as ações de T&D se relacionam com alguns dos processos de gestão de pessoas. • Demonstrar as contribuições de T&D nos processos de mudança organizacional. Tópicos da Unidade • Breve evolução de gestão de pessoas • Alinhando os processos de gestão de pessoas • T&D e o desenvolvimento de competências • Contribuição de T&D para a implementação e manutenção das ferramentas de gestão de pessoas • T&D como facilitador de mudanças Breve Evolução de Gestão de Pessoas As ações de T&D propõem-se a atender não só aos objetivos organizacionais, mas também otimizar as competências dos colaboradores e a reflexão sobre interesses, expectativas e objetivos. Para Gonzalez (2006), o trabalho, no mundo contemporâneo, passa a figurar como meio de se obter auto-realização, contribuindo para o exercício da cidadania. Para a autora é correto supor que T&D foi permanece sendo objeto de pesquisas, em razão do reconhecimento de que exerce o papel de criar condições para compatibilizar anseios, atingir metas, respeitando interesses diversos. Objetivos da Unidade UnP - Universidade PotiguarInterface de T&D com Gestão de Pessoas3 Gonzalez (2006) tece uma retrospectiva da evolução de gestão de pessoas nas organizações: Na metade do século XX, o chefe de pessoal brasileiro tinha como principais atribuições advertir, punir e demitir pessoas. Com os estudos behavioristas sobre liderança, motivação e autocracia/democracia, a função de chefiar pessoas passou a merecer maior atenção, o que iniciou uma fase na qual o chefe de pessoal passou a ter maior status na organização. Figurando como gerente, seu cargo passou a abranger os cuidados com as pessoas, envolvendo atribuições de cargos e salários, higiene e segurança do trabalho e benefícios. A partir de 1980 a gestão empresarial passou a se caracterizar pela flexibilidade. Com o advento da qualidade, e dos círculos de controle de qualidade, os grupos operacionais passaram a ocupar papel importante nos processos de analise e solução de problemas, deixando de serem considerados meros executores. Com esse movimento, fez-se necessário o trabalho em equipe, onde todos deveriam colaborar e focar, não mais os objetivos individuais, mas o alcance dos objetivos macros da organização; novas competências - tais como: o autodesenvolvimento, o trabalho em equipe, a iniciativa etc. - passaram a ser requeridas. O poder da alta administração migrou para a operação e se observa o fortalecimento das relações de reciprocidade e compromisso por meio da obtenção de resultados. Por consequência, os colaboradores passaram a ter consciência do quanto são reconhecidos, mediante sua contribuição para os resultados da empresa. Nos anos de 1990, o cenário da área de RH era o desequilíbrio na relação oferta e procura de mão de obra, exigência de maior qualidade de desempenho, flexibilidade para trabalhar em ambientes diversos, alteração nos valores e objetivos dos profissionais. Desde os anos 2000 as organizações tem se tornado mais dinâmicas, devido às mudanças nas estratégias empresariais, à competitividade e à popularização do uso de recursos da tecnologia de informação e da comunicação. A relação da prestação de serviços também sofreu transformações: o contrato de trabalho regido pela CLT vem cedendo espaço às parcerias, na forma de profissionais terceirizados, contratados e temporários. UnP - Universidade PotiguarInterface de T&D com Gestão de Pessoas4 Alinhando os Processos de Gestão de Pessoas Segundo Gonzalez (2006) em uma perspectiva estratégica, quando as empresas estabelecem sua visão de futuro, elas têm claro o que pretendem para o seu negócio. Quando um processo de recrutamento e seleção é realizado de forma ética e profissional, pressupõe- se que os aprovados apresentem a qualificação e potencial compatíveis com as funções a serem exercidas de imediato, assim como se torna possível prever a trajetória de carreira destes profissionais. Cabe a T&D desenvolver ações que possam favorecer a retenção desses profissionais, quer seja pela ascensão na carreira, quer seja pela cultura e clima organizacionais. Por outro lado, quando se trata de candidatos potencialmente competentes, mas que, no entanto, não apresentam desenvolvidas todas as competências requeridas, cabe uma ação de T&D no sentido de implementar programas de treinamento técnico e/ou comportamental para que os candidatos tenham a oportunidade de se desenvolver e contribuir de modo mais efetivo para o alcance dos objetivos organizacionais. Para Gonzalez (2006) as ações de T&D passam pelo nível tático e operacional, mas não podem também deixar de passar pela perspectiva estratégica, alinhada à visão de futuro da empresa. Infelizmente, ainda são comuns em algumas empresas, programas de T&D orientados em atender aos modelos tradicionais de gestão, baseados em escala de poder, ou seja, os colaboradores acabam aprendendo o que o gestor quer e considera correto, sendo que nem sempre a criatividade, a solução de problemas e outros aspectos importantes à organização são considerados. No que se refere à remuneração e carreira, as ações de T&D devem ser compreendidas como um investimento da empresa e um benefício para os profissionais, que podem ampliar suas competências e por consequência, seguir trajetória de carreira ascendente. Gonzalez (2006) ressalta que T&D, entendido como processo contínuo, deve objetivar permear toda a carreira do profissional, de forma a que ele tenha a qualificação necessária para o seu crescimento, tanto horizontal como vertical. A empresa, por sua vez, também ganha com as atividades de T&D, através do alinhamento das competências com as estratégias empresariais. UnP - Universidade PotiguarInterface de T&D com Gestão de Pessoas5 Gonzalez (2006) afirma que as ações de T&D podem ser desenvolvidas tendo-se em vista a relação competência e motivação: é importante perguntar ao colaborador sobre suas expectativas em relação à empresa e às atividades que exercerá; é uma postura que favorece a compreensão de suas necessidades e motivação. Por outro lado, é importante o acompanhamento e feedback constantes, comparando o desempenho esperado e apresentado, pois contribui para a compreensão e determinação das ações a serem tomadas. Na era da administração científica a carreira estava baseada em aprendizagem e poder, ou seja, acreditava-se que o profissional tivesse uma escala de complexidade de tarefas, sendo que as mais simples o preparariam para as mais complexas, em um processo cartesiano de aquisição de competências. O processo de capacitação de pessoas, para Gonzalez (2006:227) diz respeito ao processo de desenvolvimento, que pode ser traduzido pela “capacidade de desenvolver competências requeridas pela organização, a fim de que os profissionais possam encontrar um espaço de contribuição”. As premissas subjacentes a isso são que fazer carreira não é mais ascender verticalmente, nem acumular conhecimentos: as carreiras são múltiplas e horizontais. T&D e o Desenvolvimento de Competências Teixeira (2006) afirma que o treinamento em um processo de gestão por competência deve mostrar o significado da contribuição do colaborador para os resultados da organização. Para Resende (2006) o treinamento é a mais ampla e polivalente atividade auxiliar de desenvolvimento de competências técnicas, universais, organizacionais, de gestão e de liderança. Para este autor devem ser observadas as competências do próprio T&D, em trêsaspectos fundamentais: • Competência do treinamento como apoio às outras atividades, atentando para a eficiência e eficácia das atividades de qualificação e dos objetivos a serem atingidos com a atividade; • competência no desenvolvimento de programas de interesse geral da empresa e, • a competência de atuação das atividades de T&D no levantamento de necessidades, no planejamento e desenvolvimento das atividades etc. UnP - Universidade PotiguarInterface de T&D com Gestão de Pessoas6 De acordo com Resende (2006:338) as atividades de T&D têm obtido melhores resultados no treinamento operacional, pois: • Respondem às necessidades fundamentais das empresas, sendo voltados para capacitar (ou reciclar) profissionais para exercerem funções essenciais das operações de serviços e/ou produção. • Obtêm melhores resultados práticos porque são mais objetivos, lidam com situações concretas, há mais facilidade de dispor de instrutores e seus custos são mais baixos. • Os próprios fornecedores das tecnologias ou know how operacional possuem treinadores especializados que costumam cumprir essa tarefa de forma eficiente. Para o autor os programas de T&D mais voltados à eficiência são aqueles que visam instruir, aprender a executar tarefas, operar máquinas, cumprir procedimentos. São destinadas a preparar profissionais para exercer atividades técnicas ou operacionais por meio de atividades de treinamento. O resultado destes treinamentos será melhor caso seja dada atenção ao fator competência na metodologia do treinamento e no resultado a ser obtido para melhor desempenho dos treinandos. Desenvolver as competências comportamentais é o maior desafio dos profissionais de treinamento. Os resultados práticos, de acordo com Resende (2006), raramente são concretos e visíveis. Soma- se a isso a superficialidade da identificação de necessidades de treinamento. Uma das razões para a pouca objetividade dos programas de treinamento comportamental, conforme o autor, é que, em muitas empresas, a prática de definir as competências e habilidades requeridas pelos cargos foi pouco desenvolvida, assim como poucas são as horas reservadas para capacitar e reciclar, por exemplo, lideranças, cujas necessidades de treinamento são maiores e mais diversificadas. Os programas de T&D com enfoque em atuação competente, de acordo com Resende (2006:339) são aqueles que possibilitam maximizar os resultados na atuação das pessoas e/ou equipes, não apenas resultados quantitativos ou qualitativos, mas também resultados que agregam valor a organização, como exemplo, pode-se citar um treinamento educativo para prevenção de acidentes. O treinamento tradicional é mais voltado ao ensino de procedimentos, enquanto o educativo agrega outros objetivos de aprendizagem, como, por exemplo, trabalha valores, estimula as pessoas a se interessar pela questão de segurança em diversas situações na vida (e não só no trabalho) etc. UnP - Universidade PotiguarInterface de T&D com Gestão de Pessoas7 Contribuição de T&D para Implantação e Manutenção das Ferramentas de Gestão de Pessoas Os investimentos em T&D podem se tornar despesas se não forem bem administrados. Para que o processo de T&D funcione adequadamente em uma organização é necessário que os investimentos em T&D estejam em conformidade com o que a empresa precisa e espera versus os resultados obtidos. Muitas são as ferramentas usadas em gestão de pessoas; as voltadas aos processos de desenvolvimento devem ter por objetivo a geração de dados que possam nortear as ações no âmbito do individuo, grupo e organização como um todo. De acordo com Pereira (2006), muitas vezes podem ser observadas políticas, práticas e ferramentas de gestão de pessoas tratadas como meros instrumentos burocráticos, sem estarem alinhados aos valores, missão e objetivos organizacionais, sem fornecerem subsídios para tomadas de decisão. Ocorre, por vezes, uma preocupação maior com o funcionamento do processo, em detrimento do aproveitamento dos recursos e geração de resultados. Os processos de T&D, para Pereira (2006) tem uma relação direta com demais processos de gestão de pessoas. Algumas ferramentas de gestão de pessoas, tais como avaliação de desempenho, mapeamento 360 graus e pesquisa de clima organizacional, por um lado, para serem implantadas e mantidas requerem a capacitação dos envolvidos com relação aos seus objetivos e operacionalização. Sem as ações de T&D, por melhores que sejam as ferramentas, dificilmente gerarão as informações esperadas, uma vez que as pessoas precisam estar mobilizadas e preparadas para trabalhar com estas ferramentas. Por outro lado, a análise das variáveis advindas da aplicação destas ferramentas pressupõe identificação de necessidades de desenvolvimento e decisões relacionadas às ações de T&D em termos de planejamento, determinação de prioridades, nível de conteúdo, público-alvo etc. O que há em comum entre os níveis de satisfação e insatisfação obtidos nas pesquisas de clima, resultados de mapeamento em 360 graus e a apurações de padrões de desempenho é que todas essas informações visam mensurar o nível de desenvolvimento das pessoas e da organização como um todo no decorrer do tempo, além de subsidiar ações para alavancar o grau de satisfação das pessoas e dos resultados, considerando-se a realidade e as necessidades da empresa, daí a sua interface com T&D. UnP - Universidade PotiguarInterface de T&D com Gestão de Pessoas8 T&D como Facilitadores de Mudança Para Moreira (2006) mudanças organizacionais são processos que ocorrem de maneira por vezes até imperceptíveis nas organizações, sendo suas motivações mais básicas os movimentos e adaptação da empresa às novas necessidades que surgem. No entanto, ao focar as mudanças formais, estas ocorrem baseadas em um planejamento, fundamentado em diagnósticos, com uma sistemática formal de condução. A metodologia pode variar com relação à velocidade de implementação, à abrangência e aos níveis de profundidade, mas independente dessas variações, a participação das pessoas é fundamental. Para o autor, as mudanças se referem principalmente aos fatores comportamentais e de valores das organizações, ou seja, dizem repeito às mudanças de posicionamento e atitudes das pessoas. É neste momento, que T&D se torna fundamental, pois é por meio de suas ações que se consegue atingir os objetivos determinantes do processo de mudança. Para Moreira (2006:232) as grandes contribuições de T&D para as mudanças organizacionais são: • Possibilitar que a mudança seja entendida como parte do trabalho. • Comunicar sistematicamente o processo envolvendo a comunidade empresarial nos ganhos gradativos da mudança e nas eventuais perdas. • Trabalhar eventuais perdas promovidas pelo processo (preparar, conscientizar e fortalecer o amadurecimento da mudança vencendo as resistências). • Reforçar e fazer entender a relação de interdependência das áreas. • Monitorar algumas tensões, que são inevitáveis. • Reorganizar as novas posturas no cenário organizacional. As ações de T&D devem se focar também na transferência de novas informações e na ação de permanência e acompanhamento da instalação de novos posicionamentos. “Você quer melhores desempenhos?”, artigo de Flavio Horneaux Jr., na revista “T&D -Inteligência Corporativa”, nr 165, de 2010, discute algumas barreiras para a implementação da gestão de desempenho nas organizações. O artigo pode ser acessado através do link http:// www.rtd.com.br/Revista/Revista165/ Na 36º edição do Congresso Nacional sobre Gestão de Pessoas, Rogerio Leme ministrou a palestra “Aplicação prática da integração dos instrumentos de Gestão de Competências, T&D e BSC: mensurando resultados e ROI para o RH”. O vídeo desta palestrapode ser visto através do link http://www.youtube. com/watch?v=gMoJoRnzto8 Participação no programa “Gente Inteligente”, entrevistado por Lelé Arantes, do canal RPTV. Alcides Ferri, formado em Recursos Humanos e Pós-Graduado em Gestão Estratégica de Pessoas, atua com Consultor Palestrante Comportamental, fala sobre a importância da área de T&D - Treinamento/Desenvolvimento e de ações efetivas para desenvolver equipes de trabalho. A entrevista pode ser vista através dos links: Parte 1/2 - http://www.youtube.com/ watch?v=-d9oLtCfAS8 Parte 2/2 - http://www. youtube.com/watch?v=_ LzOcwGQE74&feature=related UnP - Universidade PotiguarInterface de T&D com Gestão de Pessoas9 GONZALES, Marina. T&D e as interfaces com a gestão de pessoas. In: BOOG, Gustavo G; BOOG, Magdalena T (Coord). Manual de treinamento e desenvolvimento: gestão e estratégias. São Paulo: Pearson Prentice Hall, 2006. LEITE, Luiz Augusto M da Costa. Interface T&D com gestão de pessoas. In: BOOG, Gustavo G; BOOG, Magdalena T (Coord). Manual de treinamento e desenvolvimento: gestão e estratégias. São Paulo: Pearson Prentice Hall, 2006. MOREIRA, Bernardo Leite. T&D como facilitador das mudanças organizacionais: inovação e empreendedorismo. In: BOOG, Gustavo G; BOOG, Magdalena T (Coord). Manual de treinamento e desenvolvimento: gestão e estratégias. São Paulo: Pearson Prentice Hall, 2006. PEREIRA, Rosemeire Fuzzo. T&D e avaliação de desempenho, pesquisa de clima e mapeamento 360 graus: como utilizar os dados. In: BOOG, Gustavo G.; BOOG, Magdalena T. (Coord). Manual de treinamento e desenvolvimento: processos e operações. São Paulo: Pearson Prentice Hall, 2006. RESENDE, Enio. T&D e a gestão de competências. In: BOOG, Gustavo G.; BOOG, Magdalena T. (Coord). Manual de treinamento e desenvolvimento: processos e operações. São Paulo: Pearson Prentice Hall, 2006. TEIXEIRA, Vicente Carlos. Aplicação em T&D das ferramentas de gestão de pessoas. In: BOOG, Gustavo G.; BOOG, Magdalena T. (Coord). Manual de treinamento e desenvolvimento: processos e operações. São Paulo: Pearson Prentice Hall, 2006. Bibliografia UnP - Universidade PotiguarInterface de T&D com Gestão de Pessoas10
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