Buscar

AULA 7

Esta é uma pré-visualização de arquivo. Entre para ver o arquivo original

Suspensão Condicional da Pena e Livramento Condicional
Suspensão Condicional da Pena
1- Conceito Suspensão Condicional da Pena (Sursis)
A suspensão condicional da pena, ou sursis, consiste na suspensão da execução da pena privativa de liberdade aplicada pelo juiz na sentença condenatória, desde que presentes os requisitos legais, ficando o condenado sujeito ao cumprimento de certas condições durante o período de prova determinado também na sentença, de forma que, se após seu término o sentenciado não tiver dado causa à revogação do benefício, será declarada extinta a pena (GONÇALVES, 2016, p. 609).
Concessão do Sursis após a fixação da pena
O juiz deve julgar procedente a ação penal e fixar a pena em sua integralidade, estabelecendo seu montante final de acordo com o critério trifásico e o regime prisional inicial. Somente depois disso poderá ser concedido o sursis.
Caso o condenado perca o benefício do sursis, volta a cumprir a pena fixada.
2- Espécie de sursis
O Código Penal prevê três modalidades de sursis:
a) sursis simples (art. 77, caput); 
b) sursis especial (art. 78, § 2º); 
c) sursis etário e humanitário (art. 77, § 2º).
2.1- Sursis simples
Art. 77 - A execução da pena privativa de liberdade, não superior a 2 (dois) anos, poderá ser suspensa, por 2 (dois) a 4 (quatro) anos, desde que: 
        I - o condenado não seja reincidente em crime doloso;
        II - a culpabilidade, os antecedentes, a conduta social e personalidade do agente, bem como os motivos e as circunstâncias autorizem a concessão do benefício;
        III - Não seja indicada ou cabível a substituição prevista no art. 44 deste Código. (pena restritiva de direito) (o crime não for cometido com violência ou grave ameaça à pessoa)
A a modalidade em que o réu ainda não reparou o dano causado pelo crime ou quando não lhe forem inteiramente favoráveis os requisitos do art. 59 do Código Penal, uma vez que, se presentes estes requisitos, estaremos diante do sursis especial.
§ 2° Se o condenado houver reparado o dano, salvo impossibilidade de fazê-lo, e se as circunstâncias do art. 59 deste Código lhe forem inteiramente favoráveis [...] 
     
2.1.1-Punição no Sursis simples
Art. 78 - Durante o prazo da suspensão, o condenado ficará sujeito à observação e ao cumprimento das condições estabelecidas pelo juiz. 
   § 1º - No primeiro ano do prazo, deverá o condenado prestar serviços à comunidade (art. 46) ou submeter-se à limitação de fim de semana (art. 48).
2.2- Sursis especial 
Art. 78, § 2°-CP. Se o condenado houver reparado o dano, salvo impossibilidade de fazê-lo, e se as circunstâncias do art. 59 deste Código lhe forem inteiramente favoráveis, o juiz poderá substituir a exigência do parágrafo anterior pelas seguintes condições, aplicadas cumulativamente: 
        a) proibição de freqüentar determinados lugares; 
        b) proibição de ausentar-se da comarca onde reside, sem autorização do juiz;  
      c) comparecimento pessoal e obrigatório a juízo, mensalmente, para informar e justificar suas atividades. 
Obs.: O condenado se submete a condições menos rigorosas também por 1 ano: 
Importante: São aplicadas cumulativamente
2.3- Sursis etário e sursis humanitário
Art. 77, § 2º -CP. A execução da pena privativa de liberdade, não superior a quatro anos, poderá ser suspensa, por quatro a seis anos, desde que o condenado seja maior de setenta anos de idade, ou razões de saúde justifiquem a suspensão. 
Sursis etário: suspende-se a pena em razão da idade de 70 anos à data da sentença.
 Sursis humanitário: suspende-se a pena por razões de saúde do acusado.
A revogação do benefício pressupõe que o condenado esteja em período de prova, isto é, que já tenha sido realizada a audiência admonitória. 
A revogação implicará a necessidade de cumprimento integral da pena originariamente imposta na sentença, não havendo desconto proporcional ao tempo já cumprido antes da revogação. 
3-Revogação do Sursis
 Art. 81 - A suspensão será revogada se, no curso do prazo, o beneficiário:  
        I - é condenado, em sentença irrecorrível, por crime doloso; 
        II - frustra, embora solvente, a execução de pena de multa ou não efetua, sem motivo justificado, a reparação do dano; 
        III - descumpre a condição do § 1º do art. 78 deste Código. (No primeiro ano do prazo, deverá o condenado prestar serviços à comunidade ou submeter-se à limitação de fim de semana )
Obs.: Em tais casos, o juiz não tem discricionariedade, deve revogar o sursis.
Importante: Cassação de sursis, se dá antes da realização da audiência admonitória. Revogação ocorre depois, na execução da pena.
3.1-Revogação Obrigatória
3.2- Revogação facultativa
Art. 81, § 1º-CP. A suspensão poderá ser revogada se o condenado descumpre qualquer outra condição imposta (art. 79) ou é irrecorrivelmente condenado, por crime culposo ou por contravenção, a pena privativa de liberdade ou restritiva de direitos. 
Art. 79 –CP. A sentença poderá especificar outras condições a que fica subordinada a suspensão, desde que adequadas ao fato e à situação pessoal do condenado.
Verificada uma das situações previstas em lei, caberá ao juiz, de acordo com as circunstâncias do caso concreto, proferir decisão revogando o sursis, mantendo​-o ou, ainda, prorrogando o período de prova até o seu limite máximo, se este não foi o fixado na sentença.
Art. 81, § 3º, do CP - Quando facultativa a revogação, o juiz pode, ao invés de decretá-la, prorrogar o período de prova até o máximo, se este não foi o fixado.
vxv
4- Prorrogação do período de prova
Art. 81, § 2º -CP. Se o beneficiário está sendo processado por outro crime ou contravenção, considera-se prorrogado o prazo da suspensão até o julgamento definitivo. 
Se o agente vier a ser condenado, poderá dar​-se a revogação do sursis, hipótese em que o agente terá de cumprir a pena privativa de liberdade suspensa condicionalmente na sentença originária. 
Se o agente vier a ser absolvido, o juiz decretará a extinção da pena referente ao processo no qual foi concedida a suspensão condicional. 
5- Sursis e detração penal
A detração é incabível porque o sursis é benefício que não guarda proporção com a pena privativa de liberdade fixada na sentença.
Ex.: se alguém for condenado a 1 ano e 4 meses de reclusão e o juiz conceder o sursis por 2 anos, não poderão ser descontados desse período de prova, por exemplo, os 3 meses em que o réu permaneceu preso provisóriamente. 
6- Distinção entre suspensão condicional da pena (sursis) e suspensão condicional do processo (sursis processual)
Suspensão condicional da pena: se dá na execução da pena. 
Suspensão condicional do processo: criada pelo art. 89 da Lei n. 9.099/95, se dá durante o processo no oferecimento da denúncia.
Livramento Condicional 
1- Conceito Livramento Condicional 
Consiste na antecipação da liberdade plena do condenado, de caráter precário, decretada após o cumprimento de parte da pena, concedida pelo juízo das execuções criminais, quando preenchidos os requisitos legais, ficando o sentenciado sujeito ao cumprimento de certas obrigações (GONÇALVES, 2016, p. 627).
Obs.: O livramento tem caráter precário porque pode ser revogado pelo descumprimento das obrigações impostas e por outras razões.
Importante: O livramento condicional é incidente da execução da pena. Não é concedido, portanto, pelo juiz que profere a sentença, e sim pelo juízo das execuções. 
Obs.: ao término do período de prova o livramento não foi revogado ou prorrogado, o juiz deverá declarar a extinção da pena, ouvindo antes o Ministério Público.
2- Requisitos
São diversos os requisitos enumerados no art. 83 do Código Penal para a obtenção do livramento condicional, sendo alguns de natureza objetiva e outros de cunho subjetivo.
2.1- Requisitos Objetivos
a) Pena não superior a 2 anos: que o juiz tenha aplicado na sentença pena privativa de liberdade igual ou superior a 2 anos (art. 83, caput, do CP). 
Obs.: Caso a pena tenha sido fixada em patamar inferior, o livramento
não será possível, pois pode ocorrer a substituição por pena restritiva de direito ou o benefício do sursis.
 Importante: O livramento pode ser deferido a quem está cumprindo pena em regime fechado, semiaberto ou aberto. 
b)Reparação do dano: Que o condenado tenha reparado o dano causado pela infração, salvo impossibilidade de fazê​-lo (art. 83, IV , do CP). 
Obs.: É certo que, se a vítima não tiver sofrido qualquer prejuízo, não haverá que se cogitar deste requisito. 
Ex.: nos crimes contra o patrimônio quando o réu é preso logo após o delito e os bens restituídos integralmente ao dono. 
2.1- Requisitos Objetivos
c) Cumprimento de parte da pena (art. 83, I e II e V , do CP): Dependendo da espécie de crime cometido e dos antecedentes do reeducando, o tempo de cumprimento da pena para a obtenção do livramento varia, de acordo com as seguintes regras:
c.1) livramento condicional simples: ocorre em crime comum, não sendo o condenado reincidente em crime doloso, bem como apresentando bons antecedentes, deve ter cumprido mais de um terço (1/3) da pena (art. 83, I, do CP). 
c.2) livramento condicional qualificado: se o réu for reincidente em crime doloso, deve ter cumprido mais de metade (1/2) da pena (art. 83, II, do CP). 
Obs.: Se o condenado não for reincidente e tiver maus antecedentes?
Para a concessão de livramento condicional a réu primário, possuidor de maus antecedentes, ante a falta de previsão legal, como requisito objetivo, exige​-se o cumprimento de um terço da sanção imposta, a teor do disposto no artigo 83, I, do Código Penal” (HC 25.299/RJ, 6ª Turma, Rel. Min. Paulo Gallotti, DJ 14.06.2004, p. 277).
2.2- Requisitos Subjetivos
a) Comprovação de comportamento satisfatório durante a execução da pena (art. 83, III, 1ª parte): A comprovação deste requisito é feita pela elaboração de atestado de boa conduta carcerária pelo diretor do presídio. 
b) Comprovação de bom desempenho no trabalho que lhe foi atribuído (art. 83, III, 2ª parte): A prova é também feita por intermédio de atestado do diretor do estabelecimento. 
c) Comprovação de aptidão para prover à própria subsistência mediante trabalho honesto (art. 83, III, 3ª parte): O preso pode apresentar, por exemplo, proposta de emprego ou demonstrar que irá trabalhar com parentes ou por conta própria etc. 
d) Para o condenado por crime doloso, cometido mediante violência ou grave ameaça à pessoa, a constatação de que o acusado apresenta condições pessoais que façam presumir que, uma vez liberado, não voltará a delinquir (art. 83, parágrafo único, do CP): Esta prova pode ser feita pelo exame criminológico.
Obs.: Exame criminológico: é realizado por equipe multidisciplinar de peritos (assistentes sociais, psicólogos, psiquiatras, educadores) que, fazem entrevistas e exames no preso, os quais visam trazer subsídios para que o juiz tome a decisão acertada, concedendo ou negando o benefício. 
O juiz das execuções criminais que deferir o livramento deve especificar na sentença concessiva quais as condições a que deve submeter​-se o sentenciado. 
A Lei de Execuções Penais, em seu art. 132, contém um rol de condições a serem impostas pelo juiz. Algumas delas são obrigatórias e outras facultativas.
Obs.: o benefício é concedido por meio da Carta de Livramento expedida pelo juiz.
3- Especificação das condições do livramento condicional
 Condições obrigatórias São previstas no art. 132, § 1º, da Lei de Execuções, segundo o qual o juiz sempre imporá ao condenado as seguintes condições: 
obtenção de ocupação lícita, dentro de prazo razoável (fixado pelo próprio juiz); 
comparecimento periódico para informar ao juízo sobre suas atividades; 
não mudar do território da comarca do Juízo da Execução sem prévia autorização deste.
3.1- Condições obrigatórias 
3.2- Condições facultativas
Previstas no art. 132, § 2º, da Lei de Execuções. 
Tal dispositivo contém um rol exemplificativo de condições que o juiz também poderá impor ao beneficiário, sem prejuízo de outras que o magistrado entenda pertinentes. 
São as seguintes as condições:
não mudar de residência sem comunicação ao juiz e à autoridade incumbida da observação cautelar e de proteção; 
recolher​-se à sua residência em hora fixada pelo juiz; 
não frequentar determinados lugares. Estes locais devem ser expressamente mencionados na sentença concessiva do benefício.
Obs.: Condição indireta à extinção da pena: não realizar o condenado condutas que possam dar causa à revogação do benefício.
4- Revogação do livramento
O livramento condicional pode ser revogado pelo juízo das execuções:
de ofício
a requerimento do Ministério Público
representação do Conselho Penitenciário. 
Obs.: Antes de decidir o juiz deve ouvir o condenado (art. 143 da LEP). 
4.1- Causas obrigatórias de revogação 
Estão previstas no art. 86 do Código Penal: 
Se o beneficiário vem a ser condenado, por sentença transitada em julgado, a pena privativa de liberdade por crime cometido durante a vigência do benefício (art. 86, I, do CP). 
Importante: Nesse caso, dispõe o art. 88 do Código Penal que o tempo em que o sentenciado permaneceu em liberdade não será descontado, devendo, portanto, cumprir integralmente a pena que restava por ocasião do início do benefício, 
Obs.: Uma vez revogado o benefício, o condenado só terá direito ao benefício em relação à segunda condenação.
4.1- Causas obrigatórias de revogação 
b) Se o beneficiário vem a ser condenado, por sentença transitada em julgado, a pena privativa de liberdade, por crime cometido antes do benefício (art. 86, II, do CP). 
Importante: Nessa hipótese, o art. 88 do Código Penal permite que seja descontado o perío​do em que o condenado esteve em liber​dade, podendo, ainda, ser somado o tempo restante à pena referente à segunda condenação para fim de obtenção de novo benefício (conforme o art. 84 do CP). 
Ex.: uma pessoa foi condenada a 9 anos de reclusão e já havia cumprido 5 anos quando obteve o livramento, restando, assim, 4 anos de pena a cumprir. Após 2 anos, sofre condenação por crime cometido antes da obtenção do benefício e, dessa forma, terá de cumprir os 2 anos faltantes. Suponha​-se que, em relação à segunda condenação, tenha sido aplicada pena de 6 anos de reclusão. As penas serão somadas, atingindo​-se um total de 8 anos, tendo o condenado de cumprir mais de um terço dessa pena (ou metade, se reincidente em crime doloso​) para obter novamente o livramento.
4.2- Causas facultativas de revogação 
Causa de revogação facultativa: Estão descritas no art. 87 do Código Penal.
a) Se o liberado deixa de cumprir qualquer das obrigações impostas na sentença.
Obs.: Nesse caso, não se desconta da pena o período do livramento e o condenado não mais poderá obter o benefício. 
b) Se o liberado for irrecorrivelmente condenado, por crime ou contravenção, a pena que não seja privativa de liberdade. 
Obs.: Se a condenação for por delito anterior, será descontado o tempo do livramento. Se a condenação se refere a delito cometido na vigência do benefício, não haverá tal desconto. 
5- Prorrogação do período de prova
Considera​-se prorrogado o período de prova se, ao término do prazo, o agente estiver sendo processado por crime cometido em sua vigência (art. 89 do CP). 
a) Se ao final da nova ação penal houver condenação a pena privativa de liberdade, o juiz decretará obrigatoriamente a revogação do benefício (art. 86, I, do CP). 
b) Se a condenação for a outra espécie de pena, a revogação se mostra facultativa (art. 87 do CP). 
c) Caso o réu venha a ser absolvido, o juiz decretará a extinção da pena. 
6- Distinção entre suspensão condicional da pena e livramento condicional 
O sursis é concedido na sentença e evita o início do cumprimento da pena privativa de liberdade, o livramento condicional é concedido durante a execução da pena, após o cumprimento de parte da pena de prisão. 
No sursis, o tempo do período de prova é fixado na sentença, em regra, entre 2 e 4 anos. No livramento, o período de prova corresponde ao tempo restante da
pena. 
O sursis é concedido, quando a pena fixada não superar 2 anos, ao passo que o livramento só é cabível quando referida pena for igual ou superior a 2 anos.
Obs.: livramento condicional humanitário: por ausência de previsão legal, não é admitido em nosso ordenamento jurídico, apenas no sursis.

Teste o Premium para desbloquear

Aproveite todos os benefícios por 3 dias sem pagar! 😉
Já tem cadastro?

Outros materiais

Materiais relacionados

Perguntas relacionadas

Perguntas Recentes