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GABARITO ESTUDO DIRIGIDOS PENAL 2 FASE OAB

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ESTUDO DIRIGIDO 01 – GABARITO 
 
A) PENAL 
 
1. O que é o principio da intervenção mínima? 
 
O principio da intervenção mínima, também chamado da subsidiariedade ou da “ultima ratio”, constitui 
princípio limitador do jus puniendi estatal. Preconiza que a “criminalização de uma conduta só é 
legítima se constituir meio necessário à proteção de determinado bem jurídico. Se outras formas de 
sanção ou outros meios de controle social revelarem-se suficientes para a tutela desse bem, a sua 
criminalização é inadequada e não recomendável. Se para o restabelecimento da ordem jurídica 
violada forem suficientes medidas civis e administrativas, são essas que devem ser empregadas e não 
as penais” (Cezar Roberto Bitencourt. Tratado de Direito Penal – volume 1. 11ª edição. São Paulo, 
Editora Saraiva, 2007, p. 13) 
 
2. Segundo o STF, quais os vetores para a aplicação do principio da insignificância? 
 
Desde 2004, o STF tem adotado 4 vetores para a determinação da insignificância penal. São eles: (a) 
a mínima ofensividade da conduta do agente, (b) a nenhuma periculosidade social da ação, (c) o 
reduzidíssimo grau de reprovabilidade do comportamento e (d) a inexpressividade da lesão jurídica 
provocada 
 
“EMENTA: PRINCÍPIO DA INSIGNIFICÂNCIA - IDENTIFICAÇÃO DOS VETORES CUJA PRESENÇA 
LEGITIMA O RECONHECIMENTO DESSE POSTULADO DE POLÍTICA CRIMINAL - 
CONSEQÜENTE DESCARACTERIZAÇÃO DA TIPICIDADE PENAL EM SEU ASPECTO MATERIAL - 
DELITO DE FURTO - "RES FURTIVA" (UM SIMPLES BONÉ) NO VALOR DE R$ 10,00 - DOUTRINA - 
CONSIDERAÇÕES EM TORNO DA JURISPRUDÊNCIA DO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL - 
MERA EXISTÊNCIA DE INQUÉRITOS OU DE PROCESSOS PENAIS AINDA EM CURSO - 
AUSÊNCIA DE CONDENAÇÃO PENAL IRRECORRÍVEL - PRINCÍPIO CONSTITUCIONAL DA NÃO-
CULPABILIDADE (CF, ART. 5º, LVII) - PEDIDO DEFERIDO. O PRINCÍPIO DA INSIGNIFICÂNCIA 
QUALIFICA-SE COMO FATOR DE DESCARACTERIZAÇÃO MATERIAL DA 
TIPICIDADE PENAL. - O princípio da insignificância - que deve ser analisado em conexão com os 
postulados da fragmentariedade e da intervenção mínima do Estado em matéria penal - tem o sentido 
de excluir ou de afastar a própria tipicidade penal, examinada na perspectiva de seu caráter material. 
Doutrina. Tal postulado - que considera necessária, na aferição do relevo material da tipicidade penal, 
a presença de certos vetores, tais como (a) a mínima ofensividade da conduta do agente, (b) a 
nenhuma periculosidade social da ação, (c) o reduzidíssimo grau de reprovabilidade do 
comportamento e (d) a inexpressividade da lesão jurídica provocada - apoiou-se, em seu processo de 
formulação teórica, no reconhecimento de que o caráter subsidiário do sistema penal reclama e impõe, 
em função dos próprios objetivos por ele visados, a intervenção mínima do Poder Público. O 
POSTULADO DA INSIGNIFICÂNCIA E A FUNÇÃO DO DIREITO PENAL: "DE MINIMIS, NON CURAT 
PRAETOR". - O sistema jurídico há 
de considerar a relevantíssima circunstância de que a privação da liberdade e a restrição de direitos 
do indivíduo somente se justificam quando estritamente necessárias à própria proteção das pessoas, 
da sociedade e de outros bens jurídicos que lhes sejam essenciais, notadamente naqueles casos em 
que os valores penalmente tutelados se exponham a dano, efetivo ou potencial, impregnado de 
significativa lesividade. O direito penal não se deve ocupar de condutas que produzam resultado cujo 
desvalor - por não importar em lesão significativa a bens jurídicos relevantes - não represente, por isso 
mesmo, prejuízo importante, seja ao titular do bem jurídico tutelado, seja à integridade da própria 
ordem social. A MERA EXISTÊNCIA DE INVESTIGAÇÕES POLICIAIS (OU DE PROCESSOS 
PENAIS EM ANDAMENTO) NÃO BASTA, SÓ POR SI, PARA JUSTIFICAR O RECONHECIMENTO 
DE QUE O RÉU NÃO POSSUI 
BONS ANTECEDENTES. - A só existência de inquéritos policiais ou de processos penais, quer em 
andamento, quer arquivados, desde que ausente condenação penal irrecorrível - além de não permitir 
que, com base neles, se formule qualquer juízo de maus antecedentes -, também não pode autorizar, 
na dosimetria da pena, o agravamento do "status poenalis" do réu, nem dar suporte legitimador à 
 
 
privação cautelar da liberdade do indiciado ou do acusado, sob pena de transgressão ao postulado 
constitucional da não-culpabilidade, inscrito no art. 5º, inciso LVII, da Lei Fundamental da República. 
(HC 84687, Relator(a): Min. CELSO DE MELLO, Segunda Turma, julgado em 26/10/2004, DJ 27-10-
2006 PP-00063 
 
3. O que se entende por principio da fragmentariedade? 
 
Entendido como corolário da intervenção mínima, segundo ele, nem todas as condutas que lesionam 
bens jurídicos merecem a tutela penal, mas tão somente aquelas que afetam de forma mais violenta 
os bens jurídicos mais relevantes para a sociedade, daí ter o Direito Penal um caráter fragmentário, 
 
4. Quais são os significados do principio da culpabilidade? 
 
O princípio da culpabilidade, “nulla poena sine culpa” deve ser entendido sob três enfoques. O primeiro 
deles é o de repúdio a qualquer espécie de responsabilidade objetiva (não há crime sem dolo ou 
culpa). Em sua segunda concepção, a culpabilidade atua como o terceiro elemento do conceito 
analítico de crime (ao lado da tipicidade e da antijuridicidade) e consiste na reprovabilidade do injusto 
praticado pelo sujeito, que podia agir de outro modo, mas não o fez. Por fim, a terceira face da 
culpabilidade atua como fundamento e limite da imposição da pena, justificando a punição imposta e 
impedindo que esta seja além do referencial da própria culpabilidade. 
 
5. Cite e explique 3 princípios relacionados à pena. 
 
Princípio da humanidade das penas: A pena não deve servir a instrumentalizar o cidadão, deve mantê-
lo em sua dignidade, respeitando sua integridade física e moral (ver artigo 5º, XLVII e XLIX, da CF). 
Princípio da individualização das penas: A pena deve ser singular, apropriada para cada indivíduo 
determinado em sua condição de único. Tal princípio se apresenta em três fases: legislativa, 
jurisdicional e quando da execução da pena. 
Princípio da personalidade da pena: A pena não passará da pessoa do condenado, podendo a 
obrigação de reparar o dano e a decretação do perdimento de bens ser, nos termos da lei, estendidas 
aos sucessores e contra eles executadas, até o limite do valor do patrimônio transferido (artigo 5º, 
XLV, da CF). 
 
B) PROCESSO 
 
1. Quais as formas de inicio do inquérito policial? 
 
São: de ofício pelo delegado (portaria); - por requisição do MP ou do juiz; - requerimento do 
ofendido/representante legal ou por auto de prisão em flagrante. 
Em se tratando de ação penal pública condicionada, a instauração do IP depende da representação 
do ofendido ou de seu representante legal. Em se tratando de ação penal de iniciativa privada, será 
instaurado mediante requerimento do ofendido ou de seu representante legal. 
 
2. O sigilo do IP aplica-se também ao advogado? Qual o fundamento jurídico? 
 
O sigilo não se aplica ao advogado (Súmula vinculante nº 14 e artigo 7º, XIV, do Estatuto da 
Advogacia). A exceção recai apenas sobre os elementos de prova ainda não documentados ou não 
concluídos (por exemplo, uma interceptação telefônica ainda em andamento). 
 
3. É possível o trancamento do Inquérito Policial? Em que casos é possível o trancamento do IP e 
qual a medida adequada para tanto? 
 
É possível sim o trancamento do IP nos casos de ausência de justa causa para a persecução penal 
 
 
(por exemplo, quando o fato for abstratamente atípico), sendo a medida adequada o habeas corpus. 
 
4. O inquérito arquivado pode ser reaberto? 
 
Pode ser reaberto, desde que surjam provas materialmente novas (artigo 18, CPP). A respeito, a 
súmula 524 do STF 
 
5. Pode a vítima recorrer se o MP se manifesta pelo arquivamento do IP? 
 
Não
há previsão de qualquer recurso. Em sendo a titularidade do MP, a vítima poderia atuar apenas 
(oferecendo a ação penal privada subsidiária) se houvesse inércia por parte do parquet, o que não 
ocorre quando é solicitado o arquivamento. Deve-se recordar que na lei de crimes conta a economia 
popular (Lei 1521/51) está previsto que o juiz recorrerá de oficio da decisão que determinar o 
arquivamento do IP: 
 
Art. 7º. Os juízes recorrerão de ofício sempre que absolverem os acusados em processo por crime 
contra a economia popular ou contra a saúde pública, ou quando determinarem o arquivamento dos 
autos do respectivo inquérito policial. 
Além disso a Lei 1508/51, que regula o processo para julgamento das contravenções de jogo do bicho 
e jogo sobre corrida de cavalo fora do hipódromo (arts. 58 e 60 do Decreto-Lei 6259/44), prevê a 
possibilidade de recurso em sentido estrito: 
 
Art. 6º Quando qualquer do povo provocar a iniciativa do Ministério Público, nos têrmos do Art. 27 do 
Código do Processo Penal, para o processo tratado nesta lei, a representação, depois do registro pelo 
distribuidor do juízo, será por êste enviada, incontinenti, ao Promotor Público, para os fins legais. 
Parágrafo único. Se a representação fôr arquivada, poderá o seu autor interpôr recurso no sentido 
estrito. 
 
C) PENAL 
 
1. Diferencie tipo penal aberto e tipo penal fechado, citando exemplos. 
 
O tipo penal fechado contém, na porção objetiva, apenas elementos descritivos que descrevem a ação 
proibida de forma completa, em todos os seus aspectos fáticos. Por exemplo: artigo 121 do CP 
(homicídio). Já o tipo aberto contém na porção objetiva também elementos normativos, ou seja, 
elementos que exigem uma valoração do julgador. Por exemplo: o artigo 233 do CP (ato obsceno) e a 
maioria dos delitos culposos. 
 
2. Há alguma exceção ao principio da retroatividade da lei mais branda? 
 
As hipóteses de leis temporárias e excepcionais, conforme lista o artigo 3º do CP. 
 
3. Se o crime permanente se inicia na vigência de lei mais branda e durante o seu cometimento 
entra em vigor lei mais severa é possível a aplicação desta última? 
 
Segundo a posição majoritária, é sim, segundo o entendimento consolidado na Súmula nº 711 do STF. 
 
4. Qual a teoria do tempo do crime e lugar do crime, respectivamente? 
 
Para o tempo do crime é a teoria da atividade, já para o local do crime é a teoria da ubiquidade (artigos 
4º e 6º do CP). 
 
 
 
5. Qual a diferença na contagem dos prazos penais e processuais penais? 
 
Nos prazos processuais penais despreza-se o primeiro dia e conta-se o último (CPP, art. 798, §1º). 
Nos prazos penais conta-se o primeiro dia e despreza-se o último (artigo 10 do CP). 
 
D) PROCESSO 
 
1. Quais as espécies de ação penal quanto à titularidade ativa? 
 
São de iniciativa pública e privada. Aquela é de titularidade do MP e esta é de titularidade do ofendido 
ou de seu representante legal. 
 
2. 2 Quais as características da ação pública? E da ação privada? 
 
As características da ação penal de iniciativa pública são: obrigatoriedade, indisponibilidade, 
oficialidade, divisibilidade para o concurso de agentes e intranscendência. Destaque-se que, segundo 
posição majoritária, a transação penal, criada pela lei 9.099/95 e aplicável aos delitos de menor 
potencial ofensivo, configura mitigação do principio da obrigatoriedade da ação penal pública, ou, em 
outras palavras, configura a adoção do princípio da discricionariedade regrada a essas infrações. Por 
sua vez, os princípios que informam a ação penal privada são oportunidade, disponibilidade e 
indivisibilidade. 
 
3. O que se entende por indivisibilidade? A que tipo de ação penal ela se aplica e quais as suas 
consequências? 
 
A indivisibilidade se aplica a ação penal de iniciativa privada. Consiste na obrigação de o ofendido 
propor a queixa- crime em relação a todos os agentes da infração penal de que tenha ciência serem 
dela autores, ou seja, não pode escolher relativamente a quem pretende fazê-lo (artigo 48 do CPP). 
Caso o ofendido não proponha a ação com relação a algum dos agentes da infração penal, ocorrerá 
renúncia tácita, que se estende a todos os autores da ação penal, ensejando a extinção da 
punibilidade. Prevalece que o principio da indivisibilidade não se aplica à ação penal pública: 
 
HABEAS CORPUS. CRIMES DE CALÚNIA CONTRA JUIZ DE DIREITO. TRANCAMENTO DA AÇÃO 
PENAL. DECADÊNCIA. SUPRESSÃO DE INSTÂNCIA. REEXAME DE PROVAS. PRINCÍPIO DA 
INDIVISIBILIDADE. AÇÃO PENAL PÚBLICA, CONDICIONADA A REPRESENTAÇÃO. 
INAPLICABILIDADE. ORDEM DENEGADA. 1. A alegação de decadência do 
direito de representação em relação a alguns dos crimes de calúnia - pelos quais o Paciente foi 
condenado em continuidade delitiva - não foi analisada pelo Tribunal a quo, sendo, desse modo, 
vedado o pronunciamento deste Superior Tribunal de Justiça, sob pena de indevida supressão de 
instância. E não merece reparos o acórdão recorrido, que denegou a ordem originária porque o 
Impetrante não demonstrou o transcurso do prazo decadencial nos autos da ação penal, que já 
contava com sentença condenatória na data da impetração do writ originário. 2. O princípio da 
indivisibilidade da ação penal é aplicável, apenas, à ação penal privada. Precedentes do Supremo 
Tribunal Federal e do Superior Tribunal de Justiça. 3. Ordem denegada. (HC 108.341/BA, Rel. Ministra 
LAURITA VAZ, QUINTA TURMA, julgado em 09/11/2010, DJe 06/12/2010) 
 
4. Qual a diferença entre renúncia e perdão do ofendido? 
 
A renúncia é unilateral, enquanto que o perdão é bilateral. A renúncia se dá antes de iniciada a ação 
penal, enquanto que o perdão ocorre após o início da ação penal. 
 
5. Em que tipos de ação é possível a ocorrência de perempção? 
 
Embora haja certa discussão a respeito, é majoritário o entendimento de que a perempção ocorre na 
 
 
ação penal privada exclusiva e na ação penal privada personalíssima. 
 
De acordo com o que dispõe o CPP acerca da perempção = Considerar-se-á perempta a ação penal 
privada quando, iniciada esta, o querelante deixa de promover o andamento do processo durante 30 
dias seguidos . 
 
E) PENAL 
 
1. Diferencie crime omissivo próprio e crime omissivo impróprio, citando um exemplo de cada 
situação. 
 
No crime omissivo próprio é descrita no tipo a própria omissão, tratam-se de delitos de mera conduta, 
nos quais a obrigação é de tão somente agir (ex: artigo 135 – omissão de socorro). A omissão 
imprópria é punida por adequação típica mediata, pois combina-se um tipo penal comissivo com 
alguma das posições de garante do artigo 13, §2º, o dever é de agir para evitar o resultado (ex: mãe 
que sai para trabalhar e deixa o filho recém nascido sem alimentação na residência ou mergulhador 
experiente que conduz o novato nadador ao fundo do mar) 
 
2. O que é crime material, formal e de mera conduta? 
 
O crime material apresenta a descrição do resultado naturalístico, de modo que este se faz necessário 
para que se consume o crime. No crime formal também há tal descrição, porém o delito se consuma 
com a prática da conduta lesiva. Neste caso, ocorrendo o resultado, há mero exaurimento. Por fim, no 
crime de mera conduta não há descrição no tipo do resultado naturalístico, de modo que se consuma 
também com a prática da conduta. 
 
3. Qual a teoria adotada pelo Brasil em relação ao nexo de causalidade e qual a sua exceção? 
 
É a teoria da “conditio sine qua non” ou equivalência dos antecedentes adotada no artigo 13 do CP. É 
excepcionada pelo §1º do mesmo artigo , (causa superveniente relativamente independente), que, 
segundo posição majoritária, adota a teoria da causalidade adequada. 
 
4. Qual a diferença entre dolo eventual e culpa consciente? 
 
No dolo eventual, o agente
prevê a possibilidade de ocorrência do resultado lesivo e tolera, aceita que 
este ocorra. Na culpa consciente o indivíduo também tem tal previsão, no entanto não aceita, 
sinceramente espera que o resultado lesivo não ocorra. 
 
5. O que é o princípio da confiança? 
 
O princípio da confiança baseia-se na expectativa de que as outras pessoas ajam de um modo já 
esperado, ou seja, normal. Consiste, portanto, na realização da conduta de uma determinada forma na 
confiança de que o comportamento do outro agente se dará conforme o que acontece normalmente. 
 
F) PROCESSO 
 
1. A sentença condenatória faz coisa julgada no âmbito civil? 
 
Faz sim coisa julgada. Nos moldes do artigo 63 do CPP, a sentença penal condenatória é título 
executivo judicial (artigo 584, II do CPC). 
 
2. A sentença penal absolutória faz coisa julgada no âmbito civil? 
 
 
 
Em regra não, salvo quando tenha reconhecido que o fato não existiu (artigo 66 do CPP) ou que foi 
praticado com amparo em excludente de ilicitude (artigo 65 do CPP). 
 
3. Aponte os incisos do artigo 386 em que a absolvição impede o ajuizamento da ação civil? 
 
Incisos I, IV e primeira parte do inciso VI (segundo entendimento majoritário na doutrina). 
 
4. O juiz criminal, em caso de condenação, pode arbitrar o “quantum” da indenização devida à 
vítima? 
 
Ele apenas pode fixar o valor mínimo para reparação dos danos causados pela infração. 
 
5. E se o juiz omitir-se quanto à indenização, qual a medida cabível? 
 
Embargos de declaração, com fulcro no artigo 382 do CPP. 
 
 
ESTUDO DIRIGIDO 02 – GABARITO 
 
A) PENAL 
 
1. Qual a consequência do erro de tipo essencial, que recai sobre elemento do tipo? 
 
O erro sobre elementar de tipo incriminador sempre exclui o dolo. O erro, se inevitável, não permite a 
punição a título de culpa, ficando afastada a tipicidade. Se o erro for evitável, permite a punição por 
culpa, caso haja previsão legal do crime na forma culposa. 
 
2. Qual a teoria adotada pelo Brasil quanto às descriminantes putativas? 
 
Segundo a doutrina, a legislação pátria adota a teoria limitada da culpabilidade, segundo a qual o erro 
sobre tipo permissivo tem a mesma consequência do erro sobre elementar de tipo incriminador, ou 
seja, sempre exclui o dolo. 
 
3. O que é culpa imprópria? 
 
Culpa imprópria é a que deriva de descriminante putativa por erro de tipo evitável (inescusável). 
Assim, apesar de dolosa a conduta do agente, se tal conduta se dá em razão de erro de tipo 
permissivo inescusável, e sendo o crime previsto na forma culposa, deverá o agente ser punido a título 
de culpa. 
 
4. Qual a diferença entre o erro sobre a pessoa e a aberratio ictus? 
 
No erro sobre a pessoa (error in persona), o agente, por equivocada percepção da realidade, atenta 
contra determinada pessoa, imaginando atingir terceiro. Como consequência, responde como se 
tivesse acertado quem queria. Já no erro na execução (aberratio ictus), é por falha na execução que o 
agente vem a atingir pessoa diversa da que queria. No primeiro, o agente tem mira perfeita, mas se 
equivoca quanto à pessoa-alvo (pensa ser outro); no segundo, o agente sabe quem quer acertar, mas 
erra no disparo. 
 
5. Qual a diferença entre aberratio ictus e aberratio criminis? 
 
 
 
Na aberratio criminis (também chamada aberratio delicti ou erro quanto ao resultado), o agente, por 
falha na execução, atinge bem jurídico de natureza diversa e termina por praticar crime diverso do 
pretendido (outro tipo penal). Por exemplo, deseja destruir uma janela (crime de dano), mas acaba 
atingindo uma pessoa (crime de lesão corporal). Na aberratio ictus, o agente pratica o tipo penal 
pretendido, porém, também por falha na execução, acaba atingindo vítima diversa da esperada. 
Exemplo: deseja matar seu inimigo (crime de homicídio) e acaba atingindo seu próprio pai (crime de 
homicídio). 
 
B) PROCESSO 
 
1. Como é a ação penal nos crimes contra a dignidade sexual? (regra e exceções) 
 
Em regra, são de ação penal pública condicionada à representação (artigo 225, caput, do Código 
Penal). Se a vítima, porém, for menor de dezoito anos ou pessoa vulnerável, a ação penal passa a ser 
pública incondicionada (artigo 225, parágrafo único, do Código Penal). 
 
2. Como é a ação penal nos crimes contra a honra? (regra e exceções) 
 
Em regra, são de ação penal privada (artigo 145, caput, do Código Penal). Se o ofendido for o 
Presidente da República ou chefe de governo estrangeiro, a ação penal passa a ser pública 
condicionada à requisição do Ministro da Justiça. Em caso de ofensa contra funcionário público, em 
razão de suas funções, e de injúria qualificada pela referência a cor, raça, etnia, religião, origem ou 
condição de pessoal idosa ou portadora de deficiência (artigo 140, §3º, do Código Penal), a ação será 
pública condicionada a representação do ofendido. Na primeira hipótese, no entanto (crime contra a 
honra de funcionário público em razão da função), há na realidade uma dupla legitimidade (Súmula 
714 do STF): o processo pode ser iniciado tanto por denúncia do Ministério Público, desde que tenha 
sido oferecida tempestivamente a representação (ação penal pública condicionada à representação), 
quanto por queixa-crime do próprio ofendido (ação penal privada). No caso de injúria real da qual 
resultem lesões corporais, conforme o texto da lei, a ação seria sempre pública incondicionada. 
Todavia, a doutrina atualmente sustenta que, caso sejam leves as lesões, a ação deve ser publica 
condicionada à representação, por força da disciplina introduzida pelo artigo 88 da Lei 9.099/95. 
 
3. Como á a ação penal no caso de contravenções penais? E no caso da contravenção de vias de 
fato? 
 
Nos casos de contravenções penais, será a ação pública incondicionada, conforme dispõe artigo 17 
da Lei de Contravenções Penais. Em se tratando, porém, de contravenção de vias de fato, prevalece 
atualmente que a ação deverá ser pública condicionada. Isto porque, nos termos do artigo 88 da Lei 
9.099/95, será pública condicionada a ação penal nos casos de lesões corporais leves e lesões 
culposas; assim, sendo as vias de fato menos graves, por mais razão deve-se proceder mediante 
representação. 
 
4. Qual dos crimes contra a liberdade pessoal não é de ação penal pública incondicionada? 
 
Não é de ação pública incondicionada o crime de ameaça, o qual apenas se procede mediante 
representação. 
 
5. Qual a ação penal do crime de furto cometido por um irmão contra o outro? (cite o fundamento 
legal) 
 
Será de ação pública condicionada à representação, nos termos do artigo 182, inciso II, do Código 
Penal, desde que a vítima não seja idosa (artigo 183, inciso III, do Código Penal). 
 
 
 
C) PENAL 
 
1. O que se entende por exaurimento? 
 
Exaurimento é o esgotamento da potencialidade lesiva da conduta. Para alguns autores, como Greco, 
seria quinta fase do iter criminis, que se dá após a consumação. Por exemplo, o crime de concussão 
consuma-se com a exigência da vantagem e a sua obtenção é mero exaurimento do crime. 
 
2. Qual a diferença entre a tentativa branca e a cruenta? 
 
Diz-se branca a tentativa que não resulta em lesão ao bem jurídico; cruenta, a que lesiona o bem, 
sem, por óbvio, alcançar a consumação. 
 
3. Cite 3 espécies de infrações penais que não admitem tentativa, explicando o motivo. 
 
São corretas as seguintes respostas: 
a) Crimes unissubsistentes, pois o momento do início da execução é o mesmo da consumação, 
de modo que iniciada a execução o crime estará consumado, impedindo a tentativa. Exemplo: injúria 
praticada oralmente. 
 
b) Crimes culposos, e preterdolosos, pois se o agente não quer o resultado, jamais o resultado 
deixará de ser alcançado
por circunstância alheia a sua vontade. Exemplo: homicídio culposo, lesão 
corporal seguida de morte. 
 
c) Crimes habituais, pois prevalece não ser possível tentar ter um hábito. Exemplo: rufianismo. 
 
d) Contravenções penais, pois por expressa do artigo 4O da Lei de Contravenções Penais é 
irrelevante a tentativa. Exemplo: vias de fato. 
 
e) Crimes de atentado, pois a tentativa é ínsita ao próprio tipo penal, de modo que o tipo prevê a 
própria tentativa como crime consumado. É impossível tentar a tentativa. Exemplo: delito de evasão. 
 
4. Qual a natureza jurídica da desistência voluntária? 
 
Prevalece ser a desistência voluntária causa de atipicidade da conduta. Há corrente minoritária no 
sentido de tratar-se de causa pessoal de isenção de pena. 
 
5. Quais os requisitos e consequências do arrependimento posterior? 
 
São requisitos do arrependimento posterior: a) não ser o crime perpetrado com violência ou grave 
ameaça contra a pessoa; b) ser reparado o dano ou restituída a coisa; c) até o recebimento da 
denúncia ou queixa e; d) ser a reparação voluntária (não é preciso ser espontânea). A consequência é 
a redução da pena de um a dois terços, prevalecendo ser a redução tanto maior quanto mais célere a 
reparação. 
 
D) PROCESSO 
 
1. Qual a competência para processo de furto contra a caixa Econômica Federal? E contra o 
Banco do Brasil? (federal ou estadual) 
 
Será de competência da Justiça Federal julgar furto contra a Caixa Econômica Federal, tendo em vista 
cuidar-se de empresa pública federal, nos termos do artigo 109, inciso I, da Constituição Federal. Não 
 
 
fazendo tal dispositivo referência às sociedades de economia mista, como é o Banco do Brasil, a 
competência, nesse caso, será da Justiça Estadual. Nesse sentido é a súmula 42 do STJ. 
 
2. Qual a competência para o crime de homicídio praticado em aeronave pousada no solo 
brasileiro? (federal ou estadual) 
 
Será de competência da Justiça Federal, conforme dispõe o artigo 109, inciso IX, da Constituição 
Federal, sendo indiferente estar a aeronave pousada ou em voo. 
 
3. Qual a competência para o julgamento de homicídio cometido no Acre por juiz de direito do 
Estado de São Paulo contra sua esposa argentina? 
 
A competência será do Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo, pois em casos de magistrados e 
membros do Ministério Público, a competência será do Tribunal ao qual estão vinculados. 
 
4. Qual a competência para o processo por crime de peculato cometido por Prefeito, cujo mandato 
eletivo já terminou? 
 
Será competente a Justiça de primeira instância. A Súmula 394 do STF previa a permanência do foro 
por prerrogativa de função mesmo depois de cessado o mandato eletivo. Em 2001, no entanto a 
súmula em questão foi cancelada. Em 2002, introduziu-se no Código de Processo Penal o §1º do 
artigo 84 que repetia o texto da súmula cancelada. E por fim, em 2005, o Pleno do STF, julgando a 
ADIN 2797, considerou inconstitucional o dispositivo em questão, abolindo, portanto, a possibilidade 
de foro privilegiado a quem não mais se encontra no exercício da função. 
 
5. Qual a competência para o processo de particular que é acusado de ser partícipe de Deputado 
Federal em suposto crime de tráfico de drogas? 
 
Será de competência do Supremo Tribunal Federal, conforme Súmula 704 do STF: “Não viola as 
garantias do juiz natural, da ampla defesa e do devido processo legal a atração por continência ou 
conexão do processo do corréu ao foro por prerrogativa de função de um dos denunciados”. 
 
E) PENAL 
 
1) Qual a diferença entre furto mediante fraude e estelionato? 
 
No furto mediante fraude a mentira é utilizada para afastar a vigilância da vítima. A mentira faz com 
que a vítima descuide na vigilância, permitindo a subtração. Neste caso, a vítima não quer que o 
agente leve a coisa como se fosse sua. 
No estelionato a mentira serve para que a vítima se iluda e entregue a coisa ao agente, que não a 
subtrai. O estelionatário não a tira de forma clandestina ou com dissenso, mas sim com a 
concordância do iludido, que está em erro. 
 
2) O que é roubo impróprio e qual o seu momento consumativo? 
 
Roubo impróprio (art. 157, §1º, do CP) é aquele em que a violência ou a grave ameaça é empregada 
logo após a tirada da coisa, para garantir a sua detenção ou a impunidade do crime. É o inverso do 
roubo próprio, em que a violência ou grave ameaça ocorrem antes da subtração. Seu momento 
consumativo ocorre, para a doutrina majoritária, com o emprego da violência ou grave ameaça após a 
subtração da coisa. Por isso há forte entendimento no sentido de que o roubo impróprio não admite 
tentativa. Ou ocorreu a violência / grave ameaça, e nesse caso há roubo impróprio consumado, ou não 
ocorreu, e nesse caso há furto consumado. 
 
 
 
3) Qual a atual tipificação do sequestro relâmpago? 
 
A conduta daquele que, por exemplo, detém a vítima para obrigá-la a efetuar saques em caixas 
eletrônicos ou a fazer compras se subsume ao tipo previsto no art. 158, §3º, do CP. 
 
4) Quais as posições a respeito do roubo com emprego de arma? 
 
Conforme o §2º, I, do art. 157 do CP, se a violência ou a grave ameaça empregada no roubo é 
exercida com emprego de arma, incide causa de aumento de pena de 1/3 até a metade. Ocorre que, 
para a incidência da referida majorante, alguns entendimentos devem ser destacados: 
 
a) Entendimento majoritário: qualquer tipo de arma caracteriza a majorante; Entendimento 
minoritário: somente arma própria caracteriza a majorante (arma imprópria não configuraria: objeto 
sem utilidade primária de ferir, por exemplo, pedaço de madeira, cadeira, cano). 
 
b) Entendimento majoritário (teoria objetiva): o objeto empregado deve efetivamente possuir poder 
vulnerante e não meramente intimidatório (o que já estaria compreendido na grave ameaça do tipo 
penal do roubo); Entendimento minoritário (teoria subjetiva): basta que o objeto pareça à vítima 
vulnerante, o que reduziria o poder de reação da vítima (com isto permite-se majorar a pena nos casos 
em que o agente emprega no roubo um revolver de brinquedo, ou um revolver sem balas). 
 
c) Entendimento majoritário: não é necessário o laudo pericial da arma para comprovar seu poder 
vulnerante se a arma não tiver sido apreendida, bastando a prova oral neste sentido; Entendimento 
minoritário: a comprovação do poder vulnerante da arma por meio de laudo pericial é essencial, tendo 
em vista a vítima não poder precisar tão somente ao olhar se a arma é verdadeira ou de brinquedo, se 
municiada ou não. 
 
5) Quais as hipóteses de receptação culposa.? 
 
Prevista no art. 180, §3º, do CP, a receptação culposa pode ocorrer nas hipóteses em que se adquire 
ou recebe coisa que, por sua natureza (bem que em si não poderia estar ali, p.ex.: coroa da rainha da 
Inglaterra; pedaço de Marte), ou pela desproporção entre o valor e o preço (que pudesse ensejar 
desconfiança sobre a procedência escusa do bem), ou pela condição de quem a oferece (comprar 
relógio de ouro de um camelô), deve presumir-se obtida por meio criminoso. 
 
F) PROCESSO 
 
1) É possível a detenção em flagrante de ato infracional? 
 
Sim e ela se chama internação provisória, conforme previsão do art. 106 do ECA. 
 
2) Qual o prazo máximo para internação provisória? 
 
45 dias, conforme previsão do art. 108, caput, do ECA. 
 
3) O que é remissão, prevista no ECA? 
 
Remissão, conforme previsão dos art. 126 a 128 do ECA, é uma faculdade que pode ser concedida 
pelo Ministério Público antes da propositura da representação (este é o nome da peça acusatória) ou 
pelo magistrado após iniciado o processo. Tem como finalidade suspender ou excluir o processo, 
atendendo às circunstâncias e consequências do fato, ao contexto social,
bem como à personalidade 
do adolescente e sua maior ou menor participação no ato infracional. A remissão não implica 
necessariamente o reconhecimento ou comprovação da responsabilidade, nem prevalece para efeito 
 
 
de antecedentes, podendo incluir eventualmente a aplicação de qualquer das medidas previstas em 
lei, exceto a colocação em regime de semiliberdade e a internação, as quais poderão ser revistas a 
qualquer tempo a pedido do adolescente, seu representante legal ou do Ministério Público. 
 
4) Quais as medidas sócio-educativas que pode ser aplicadas ao final do procedimento? 
 
Conforme previsão do art. 112 do ECA, são elas: advertência; obrigação de reparar o dano; prestação 
de serviços à comunidade; liberdade assistida; semiliberdade; internação. 
 
5) Qual o prazo máximo de duração das medidas sócio-educativas? 
 
6 meses para a prestação de serviços à comunidade (art. 117, caput, do ECA); 3 anos para a 
internação (art. 121, §3º, do ECA); 3 anos para a semiliberdade (art. 120, §2º, c/c art. 121, §3º, do 
ECA); 3 anos para a liberdade assistida (prazo utilizado por equiparação). 
 
 
ESTUDO DIRIGIDO 03 - GABARITO 
 
A) PENAL 
 
1. Quais os requisitos para o reconhecimento da legítima defesa? 
 
São requisitos da legítima defesa a existência de agressão injusta; seja a agressão atual ou iminente 
(não se podendo falar em legítima defesa contra agressão passada); seja a agressão contra bem 
jurídico próprio ou de terceiro; devendo aquele que se defende fazer uso moderado dos meios 
necessários. 
 
2. Em que consiste a legitima defesa subjetiva? 
 
É aquela em que há excesso exculpante, ou seja, excesso inevitável. 
 
3. Em que situação o excesso de legítima defesa não será punível? 
 
Não será punível o excesso quando, apesar da imoderação na reação, seja o excesso fruto de erro 
escusável ou das normais reações de medo ou surpresa, e não de grave quebra de dever de cuidado. 
 
4. O que são “ofendículos” e qual a sua natureza? 
 
São os mecanismos de defesa a bens jurídicos, capazes de provocar lesão ao agressor, tais como 
cerca elétrica, arame farpado, grades pontiagudas etc. Para alguns, trata-se de exercício regular de 
direito, outros os incluem na legítima defesa preordenada. 
 
5. É possível estado de necessidade quando o perigo não é atual e sim iminente? 
 
A lei não contém essa previsão. Na doutrina, encontram-se duas posições: segundo a primeira, de fato 
é descabido o estado de necessidade se o perigo é meramente iminente. A situação de perigo (ao 
contrário da situação de agressão, que integra a legitima defesa) é a simples potencialidade do dano, 
e não o dano em si. Portanto, deve-se exigir, para justificar a lesão a bens jurídicos alheios, que ao 
menos essa potencialidade já exista de forma atual, e não apenas iminente. Conforme a segunda 
posição, nada obstante a legislação não prever o perigo iminente, seria possível reconhecer-se o 
estado de necessidade por perigo iminente, pois seria absurdo aguardar que o perigo se tornasse 
atual para que se permitisse a reação. 
 
 
 
B) PROCESSO 
 
1. Diferencie prejudicial homogênea e prejudicial heterogênea. 
 
Diz-se prejudicial homogênea a que se refere ao mesmo ramo do direito que a questão prejudicada 
(como a existência de crime anterior para a configuração da receptação); e prejudicial heterogênea a 
que se refere a ramo diverso, por exemplo, uma relação jurídica civil (como o casamento anterior em 
relação ao crime de bigamia). 
 
2. Diferencie prejudicial absoluta e prejudicial relativa. 
 
Prejudicial absoluta (ou obrigatória) é a relacionada com o estado civil da pessoa (art. 92, CPP); 
prejudicial relativa (ou facultativa) é a que versa sobre relação jurídica diversa do estado civil da 
pessoa (art. 93, CPP) 
 
3. Quais as consequências da existência de prejudicial absoluta? 
 
Sendo o juízo criminal incompetente para apreciar as questões relativas ao estado da pessoa, impõe-
se a suspensão obrigatória do processo penal, enquanto se aguarda decisão definitiva do juízo cível. 
 
4. O que acontece com o prazo prescricional no caso de prejudicial? 
 
Havendo suspensão (obrigatória ou facultativa) do processo penal, em virtude de questão prejudicial, 
suspende- se o curso do prazo prescricional, nos termos do art. 116, I, do Código Penal. 
 
5. Cabe recurso contra a decisão do juiz que suspende o processo em virtude de questão 
prejudicial? 
 
Contra decisão que suspende o processo caberá recurso em sentido estrito, conforme art. 581, XVI, 
do CPP. Da decisão que denegar a suspensão não caberá recurso (art. 93, § 2º, CPP). 
 
C) PENAL 
 
1. A teoria da “actio libera in causa” é adotada no Brasil? 
 
Sim. Pelos postulados dessa teoria, o discernimento não precisa ser contemporâneo à ação, desde 
que esteja presente no início da série causal de eventos, que se encerra com o resultado típico. O 
agente se coloca conscientemente em estado de inimputabilidade, com a intenção de produzir o 
evento danoso, ou sem esta intenção, mas tendo previsto a possibilidade de sua ocorrência. Há, 
portanto, um nexo de causalidade psíquica entre a vontade do agente e o crime superveniente. 
 
A adoção da teoria em questão fica clara no tratamento dado pelo ordenamento jurídico brasileiro à 
embriaguez preordenada, voluntária e culposa, que não excluem a culpabilidade (artigo 28, II, do 
Código Penal). O fundamento, segundo a Exposição de Motivos do Código Penal, é a aplicação da 
actio libera in causa: se em um primeiro momento o sujeito tinha liberdade para ingerir ou não a 
substância capaz de embriagar, tal liberdade contamina (se transfere para) o momento da conduta, 
presumindo-se que no instante da prática delitiva o sujeito era livre e culpável. 
 
2. O que é erro de proibição indireto? 
 
O erro de proibição indireto, também conhecido como erro de permissão refere-se à situação em que o 
 
 
sujeito imagina existir causa excludente de antijuridicidade que não é prevista no ordenamento, ou se 
equivoca quanto aos limites da justificação. Se o erro é evitável, a consequência é a diminuição da 
pena. Se inevitável, afasta a culpabilidade. 
 
Exemplo: sujeito chega a casa e vê a esposa aos beijos com vizinho. Imaginando que exista a 
descriminante específica da legítima defesa da honra, lava seu orgulho com sangue, matando ambos. 
Também o sujeito que, por interpretar de forma equivocada a mensagem de determinados filmes 
norte-americanos, entende que pode disparar contra qualquer um que esteja no interior de seus 
domínios sem autorização. No primeiro caso, o sujeito se equivoca quanto à existência de 
descriminante. No segundo, quanto aos limites de descriminante existente. 
 
3. O menor de 18 anos, civilmente emancipado, é criminalmente imputável? Por quê? 
 
Não, pois o menor de 18 anos tem sua inimputabilidade reconhecida pela Constituição Federal – art. 
228 – e pela lei infraconstitucional – art. 27 do CP e art. 2º ECA – (presunção absoluta) por presumido 
desenvolvimento mental incompleto. Não importa se ao tempo da ação ou omissão tinha condições de 
compreender o caráter ilícito de sua conduta, pois o critério adotado, nesse caso é puramente 
biológico. É inimputável simplesmente por ter menos de 18 anos. 
 
4. O que é crime putativo por erro de proibição? 
 
O delito putativo por erro de proibição refere-se à situação em que o sujeito imagina, por equivocada 
percepção do conteúdo do ordenamento jurídico penal, que determinada conduta seja criminosa, mas 
na verdade não é. 
 
É o caso da livre relação incestuosa entre pessoas maiores e capazes. Muitos imaginam que qualquer 
relação sexual entre pais e filhos, ainda que maiores e capazes, seja criminosa. Não é. Trata-se na 
hipótese de delito que apenas
existe na cabeça do agente, ou seja, é imaginário, putativo. O sujeito 
imagina proibida conduta permitida pelo ordenamento e, assim, erra sobre a proibição. 
 
5. A doutrina reconhece alguma causa supralegal de exclusão da culpabilidade? 
 
Sim, a chamada “inexigibilidade de conduta diversa”. Quando o legislador previu determinadas 
condutas, imaginou a atitude do sujeito em circunstâncias normais. Se as circunstâncias estão 
substancialmente alteradas, a reprovabilidade também será influenciada. Assim, se as circunstâncias 
concretas tornam inexigível a conduta diversa (de acordo com o Direito), fica afastada a culpabilidade. 
 
D) PROCESSO 
 
1. Quais os meios de prova admitidos no Brasil? 
 
É admitido como meio de prova tudo aquilo que possa servir, direta ou indiretamente, para a 
comprovação da verdade. O Código de Processo Penal relaciona, em rol exemplificativo, alguns meios 
de prova: exame de corpo de delito, perícias em geral, interrogatório do acusado, confissão, 
declarações do ofendido, testemunhas, reconhecimento de pessoas e coisas, acareação, documentos, 
indícios e busca e apreensão (artigos 158 a 250). 
 
2. A quem cabe o ônus da prova? Qual a consequência do seu descumprimento? 
 
A prova da alegação incumbirá a quem a fizer (artigo 156, caput, do CPP). Havendo descumprimento 
e restando dúvidas acerca da procedência da imputação, o réu deverá ser absolvido (in dubio pro reo). 
 
3. Qual o fundamento legal e constitucional da proibição das provas ilícitas? Existe alguma 
 
 
exceção? 
 
Fundamento legal: artigo 157, caput, do Código de Processo Penal; Fundamento Constitucional: artigo 
5º, LVI, da Constituição Federal; 
Admite-se, como exceção, a prova ilícita em pro reo, uma vez que, o direito fundamental à liberdade e 
o principio constitucional da ampla defesa, preponderam sobre a vedação constitucional. 
 
4. O que é a teoria dos frutos da árvore envenenada? É admitida no Brasil? 
 
Pela teoria dos frutos da árvore envenenada (fruits of the poisonous tree) a inadmissibilidade das 
provas ilícitas alcança ainda as provas derivadas das ilícitas (ilicitude por derivação), salvo quando não 
evidenciado o nexo de causalidade ou quando puderem ser obtidas por uma fonte independente. 
 
O Código de Processo Penal Brasileiro acolhe a teoria dos frutos da árvore envenenada em seu artigo 
157, §3º. 
 
5. Explique a teoria da fonte independente. 
 
Segundo o artigo 157, §2º, do CPP, fonte independente é aquela que por si só, seguindo os trâmites 
típicos e de praxe, próprios da investigação ou da instrução criminal, seria capaz de conduzir ao fato 
objeto da prova. 
 
E) PENAL 
 
1. Quais as qualificadoras do homicídio? 
 
As qualificadoras do delito de homicídio são aquelas previstas nos incisos do §2º do artigo 121 do CP. 
 
Dividem-se em subjetivas (relativas aos motivos do crime) e objetivas (relativas ao meio e ao modo da 
prática delitiva) 
 
As subjetivas são: 
 
Paga ou promessa de recompensa (inciso I, 1ª parte) - É o chamado homicídio mercenário; 
 
Motivo torpe (inciso I, 2ª parte) - Motivo torpe é moralmente reprovável, desprezível, demonstrativo de 
depravação; 
Motivo fútil (inciso II) - Motivo fútil é motivo insignificante, caracterizado pela desproporção entre o 
crime e a sua causa moral; 
Motivo de conexão (inciso V) - Para assegurar a execução, ocultação, impunidade ou vantagem de 
outro crime, impedindo que terceiros saibam do crime. 
 
As objetivas podem ser de meio ou de modo 
 
Meio (inciso III): com emprego de veneno, fogo, explosivo, asfixia, tortura ou qualquer outro meio 
insidioso, cruel ou do qual possa resultar perigo comum; 
 
Modo (inciso IV): à traição, emboscada, dissimulação ou outro modo que dificulte defesa da vítima. 
 
2. A participação em suicídio é punida se a vitima não tem lesões? 
 
 
 
Não. Para que a participação em suicídio seja punida, é preciso que haja ao menos lesão corporal 
grave; caso contrário, não há relevância penal, seja por atipicidade (Noronha, Fragoso, Damásio, 
Bitencourt, Capez, Greco), seja por falta de condição objetiva de punibilidade (Hungria, Regis Prado). 
 
OBS: a OAB já adotou o posicionamento de atipicidade. 
 
3. O crime de infanticídio admite coautoria e participação? 
 
O crime é próprio, mas atualmente prevalece ser possível o concurso de pessoas (ainda que os 
colaboradores não estejam em estado puerperal), diante da comunicabilidade das circunstâncias 
subjetivas elementares do crime (artigo 30 do CP). Nesse sentido: Hungria, Noronha, Frederico 
Marques, Damásio, Delmanto, Capez, Greco. 
 
4. É punível o aborto culposo? 
 
Não, o crime de aborto é punível apenas a título de dolo (direto ou eventual). 
 
Se, no entanto, a intenção do agente é agredir a gestante e ele causa a morte do feto culposamente, 
há lesão corporal gravíssima (artigo 129, §2º, V, do CP). 
Atenção: a gestação deve ser perceptível, pois é necessário que o aborto seja previsível. 
 
5. Quais as hipóteses de aborto legal? 
 
As hipóteses de aborto legal são aquelas previstas nos incisos do artigo 128 do CP: 
 
Inciso I: aborto necessário (terapêutico) – Se há risco para a vida da gestante. Atenção: embora o 
dispositivo mencione apenas o médico, demais agentes que o pratiquem também não serão punidos 
diante da caracterização de estado de necessidade, desde que preenchidos os seus requisitos (artigo 
24 do CP); 
 
Inciso II: aborto sentimental (humanitário) – Se a gravidez decorre de estupro. Deve ser praticado por 
médico, sendo imprescindível o consentimento da gestante ou de seu representante legal. Não é 
necessária autorização judicial. 
 
F) PROCESSO 
 
1. Diferencie nulidades absolutas e nulidades relativas. 
 
Nulidades absolutas acarretam prejuízo presumido e podem ser alegadas ou reconhecidas de ofício a 
qualquer momento, tendo em vista a primazia do interesse público. Note-se que há entendimento no 
sentido de que a violação de norma constitucional gera, sempre, nulidade absoluta. 
 
Nulidades relativas devem ser alegadas pela parte interessada, no momento oportuno e com 
demonstração do prejuízo, sob pena de convalidação, pois prevalece o interesse privado. No processo 
penal, por estar em jogo o direito fundamental à liberdade, mesmo as nulidades relativas podem, 
excepcionalmente, ser reconhecidas de ofício e extemporaneamente, desde que comprovado 
indubitável prejuízo ao réu. 
 
2. Quando se deve pedir a anulação “ab initio” do processo? 
 
Deve-se requerer a anulação ab initio do processo nos casos em que a nulidade afetar o recebimento 
da denúncia, ou seja, nas hipóteses em que a nulidade afetar o processo como um todo. 
 
 
 
3. A nulidade relativa pode ser reconhecida de ofício pelo juiz? 
 
Em regra, não. A nulidade relativa deve ser arguida pelo interessado em sua declaração (aquele que 
sofre o prejuízo dela decorrente), podendo ser reconhecida de ofício (e a qualquer tempo) apenas a 
nulidade absoluta. Tal regra, no entanto, é afastada quando a nulidade, mesmo relativa, implicar claro 
prejuízo para a defesa. 
 
4. A demonstração do prejuízo é necessária em toda a espécie de nulidade? 
 
Prevalece que não. O prejuízo é presumido nas nulidades absolutas, sendo necessária a sua 
demonstração somente para as nulidades relativas. 
 
5. A falta de concessão do prazo para a defesa preliminar, no rito de crimes praticados por 
funcionários públicos contra a administração, gera nulidade? 
 
Em regra, no rito a que alude a questão, há nulidade absoluta, ab initio, do processo em que ausente 
notificação para apresentação da defesa preliminar, por desrespeito aos princípios da ampla defesa e 
do contraditório (artigo 5º, LV, CF). Entretanto, de acordo com
a Súmula 330 do STJ, “é desnecessária 
a resposta preliminar de que trata o art. 514 do CPP, na ação penal instruída por inquérito policial”. 
 
Salienta-se também que, conforme entendimento doutrinário (não unânime), caso o funcionário tenha 
sido exonerado ou tenha se aposentado, perdendo o status de servidor público, torna-se 
desnecessária a defesa preliminar, mesmo que o crime tenha sido praticado durante o exercício da 
função pública. 
 
 
 
 
 
EXERCICIO Nº 07 - Bloco 04 - Gabarito 
 
Data do pedido pelo Professor - 04/04/2018 
 
QUESTÃO 01 
 
Paulo, após responder em liberdade a ação penal pelo crime de roubo que praticou contra Marta, foi 
condenado à pena de oito anos e sete meses de prisão em regime inicialmente fechado. A sentença 
transitou em julgado e ele deu início à execução da pena. Após certo período de execução, seu 
advogado realizou um pedido de livramento condicional, que foi deferido pelo magistrado competente. 
O membro do parquet entendeu que tal benefício era incabível no momento e deseja recorrer da 
decisão. 
 
Diante da situação narrada, pergunta-se: 
 
a) Qual o recurso a ser manejado pelo Ministério Público? 
 
Agravo em execução - Artigo 197 da LEP. 
 
b) Qual o seu prazo? 
 
5 dias. - Súmula 700 do STF. 
 
c) Caso o juiz, após o oferecimento das respectivas razões e contrarrazões, perceba que o 
"parquet" está com a razão, como deve proceder? 
 
Deve retratar-se da decisão, conforme o artigo 589 do PP, aplicável ao agravo em execução (0,20). 
 
QUESTÃO 02 
 
Maira é investigada pelo cometimento de infanticídio, eis que, segundo consta dos autos do inquérito 
policial, matou o seu filho recém-nascido, sob a influência do estado puerperal, mediante a utilização 
de uma faca. 
 
No curso das investigações, o delegado representa ao juiz pela interceptação telefônica de Maira, ao 
argumento de que as demais diligências não seriam suficientes para a apuração dos fatos. 
Atento(a) ao caso narrado, responda, de forma fundamentada e demonstrando o raciocínio jurídico 
empregado, aos seguintes itens: 
a) Pode o juiz deferir o pedido de interceptação telefônica? 
Não, pois, nos termos do artigo 2º, inciso III, da Lei 9296/96 , a medida não é cabível se o crime for 
punido com detenção, como é o caso do crime de infanticídio. 
 
b) Caso ela confesse o delito durante uma conversa interceptada e a prova instruir a respectiva 
ação penal, o que pode a defesa alegar? 
A defesa pode alegar a ilicitude da prova (0,30), nos termos do artigo 157 do Código de Processo 
Penal 
 
QUESTÃO 03 
 
Pedro foi denunciado, em 20 de abril de 2013, pela prática do delito tipificado no artigo 1º, inciso I, da 
Lei 8.137/90, pois, na qualidade de sócio gerente da empresa “PEDRO DOCINHOS ENCANTADOS 
LTDA.”, teria suprimido tributo por esta devido. Recebida a denúncia, foi citado e apresentou Resposta 
 
 
à Acusação, alegando que apresentou defesa administrativa, demonstrando que o crédito cobrado não 
era devido, mas que sua alegação ainda não havia sido apreciada pela autoridade administrativa 
competente. Disse, ainda, que se algum tributo deixou de ser pago foi em razão da crise econômica 
que assola o país. Segundo a sua versão, as dificuldades financeiras sofridas pela empresa, inclusive, 
determinaram o encerramento de suas atividades. 
 
Em face do caso narrado, responda: 
 
a) Caso o juiz acolha as alegações, qual deve ser a sua decisão? Com base em qual 
fundamento? 
 
Absolvição sumária, com fundamento no artigo 397, II ou III, do CPP. 
 
b) Caso as alegações não sejam acolhidas, qual a medida processual que pode ser manejada 
pela defesa e a quem deve ser endereçada? 
 
Habeas corpus, com fundamento no artigo 648, inciso I, do CPP, ao tribunal de segundo grau 
 
QUESTÃO 04 
 
Perla é vítima de ameaça por parte de seu marido, Osvaldo, o qual no passado costumava agredi-la 
constantemente. Apesar de sentir muito medo do marido, ela contou a ameaça a sua vizinha, que a 
aconselhou a ir a uma delegacia. Encorajada pela vizinha e decidida a mudar sua vida, Perla relata a 
ocorrência a autoridade policial, demonstrando de forma inequívoca o seu desejo de que Osvaldo 
fosse responsabilizado por seu ato. 
Ocorre que, passados alguns dias, Perla percebeu que era melhor manter a relação com o marido 
sem a investigação contra ele, já que o amava demais para vê-lo nessa situação. Ela decide, então, 
procurar um advogado para saber como proceder para fazer cessar as investigações em curso contra 
seu marido. 
 
Na qualidade de advogado procurado por Perla, responda: 
 
a) O Ministério Público depende de sua representação para agir? 
 
Sim, pois, nos termos do artigo 147 parágrafo único, do Código Penal, o crime de ameaça é de ação 
penal pública condicionada à representação. 
 
b) Tendo em vista que o Ministério Público acaba de oferecer denúncia contra Osvaldo, mas que 
esta ainda não foi recebida, qual o procedimento a ser adotado para que a pretensão de Perla seja 
atendida? 
 
Nesse caso, a renúncia deve ser feita perante o juiz, em audiência designada especificamente para 
esse fim, antes do recebimento da denúncia e ouvido o Ministério Público (0,50), conforme o artigo 16 
da Lei 11340/06.

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