Buscar

1 Prevenção de Trauma

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você viu 3, do total de 20 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você viu 6, do total de 20 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você viu 9, do total de 20 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Prévia do material em texto

Objetivos  do  capítulo 
Ao final deste capítulo, o leitor estará apto a: 
• Associar os fatores de risco de trauma com o triangulo da doença (ver 
gráfico). 
• Fazer uso eficiente de "momentos instrutivos" na sua prática como um 
prestador de Serviços Medicos de Emergência (SME) para prover educação 
na prevenção de trauma. 
• Relacionar a importãncia da observação precisa e atenta do incidente e 
da documentação de dados pelos prestadores de SME para o sucesso de 
iniciativas na prevenção de trauma. 
• Prestar assistencia no desenvolvimento, na implementação e na avaliação 
de programas de prevenção de trauma da sua comunidade. 
• Defender o papel dos prestadores de SME na prevenção de traumas. 
12  ATENDIMENTO  PRÉ­HOSPITALAR  AO  TRAUMATIZAD0 
Marcos c Patricia são parceiros como socorristas de SME (Serviços Medicos de Emergência), 
há cinco anos, em uma grande area urbana de emergência. Eles atuam em uma região onde 
quase 100% dos residentes são indigentes e de onde recebem um alto número de chamadas. 
Marcos e Patricia estão cada vez mais frustrados com chamadas que envolvem traumas trágicos 
intencionais e não-intencionais. Logo depois de começar seus turnos, eles receberam uma liga-
ção a respeito de uma criança atropelada. Ao chegar ao local, encontraram um garoto de 8 anos 
que tinha sido atingido por um veiculo enquanto andava de bicicleta na rua. A criança não 
estava usando capacete e sofreu um grave trauma na cabeça. O paciente teve apnéia e bradicar-
dia no local. Apesar da resposta de socorro em 3 minutos, atendimento no local de 7 minutos, 
excelente conduta pré-hospitalar e transporte rápido a um hospital de trauma de nivel um, o 
paciente morreu em 40 minutos. 
Quefalores contributram para essa lesão? Como essa e outras inumeráveís lesões poderiam ter sido evitadas? O que 
Marcos e Patricia poderiam ter feito antes deste incidente para reduzir o número de lesões na comunidade onde 
atuam? Como você acha que a percepção dos socorristas de SME sobre os seus empregos é afetada pela exposição a 
um número tão alto de ligações que envolvem traumas? 
Omais imporiante estimulo no desenvolvimenlo de sistemas de Serviços Medicos de Emergência 
(SME) modernos foi a publicação, em 1966, do "rela-
tório público" pela NAS/NRC (Academia Nacional de 
Ciência/Conselho Nacional de Pesquisa) intitulado 
"Accidental Death and Disability: The Neglected Di-
sease of Modern Society". O artigo apontava falhas na 
conduta de traumas nos Estados Unidos, o que ajudou 
a lançar um sislema formal de cuidado no local e trans-
porte rápido para pacientes feridos como resultado de 
"acidentes". Esta iniciativa educacional colaborou para 
a criação de um sistema mais eficiente para propiciar 
cuidados pré-hospitalares aos doentes e feridos. 
A morte e a morbidade decorrentes de traumas 
nos Estados Unidos diminuiram desde a publicação 
do artigo. Apesar desse progresso, o trauma perma-
nece como um grande problema de Saúde Pública. 
Mais de 146 mil americanos morrem de trauma toclo 
ano e outros milhões são afetados de alguma forma. 
Trauma é também um problema global. Aproximada-
mente 5,8 milhões de pessoas morreram de trauma 
no mundo inteiro em 1998. O trauma ainda lidera a 
causa de morte em todas as faixas etárias. Para algu-
mas faixas etárias, particularmente crianças, adoles-
cenles e jovens adultos, os traumas são a principal 
causa de morte. 
O desejo de cuidar de pacientes acometidos de 
traumas atrai muitas pessoas para o campo de SME. 
O curso de PHTLS ensina os socorristas a serem mais 
eficientes e eficazes no atendimento do trauma. A ne-
cessidade de socorristas bem-treinados para cuidar 
de pacientes traumatizados sempre existirá; no en-
lanto, a melhor maneira de ser eficiente e eficaz é, em 
primeiro lugar, prevenir que o trauma aconteça. Os 
socorristas em todos os niveis devem desempenhar 
um papel ativo na prevenção de traumas para alcan-
çar os melhores resultados. 
Até mesmo em 1966, os autores do relatório do 
NAS/NRC reconheceram a importância da prevenção 
de trauma, quando escreveram o seguinte: 
A solução de longo prazo para o problema de trauma é a 
prevenção... A prevenção de acidenies envolve o treina-
mento em casa, na escola e no trabalho, reforçado por cons-
tantes apelos por segurança na midia; cursos de primei-
ros-socorros e reuniões públicas, além de inspeções e fis-
calizações por agêneias reguladoras. 
O pessoal de atendimento pré-hospitalar pode fa-
cilmente desempenhar um papel ativo na maioria, se 
não em todas, das atuais recomendações para a pre-
venção de traumas. 
A prevenção de algumas doenças, tais como a rai-
va, lem sido tão eficiente que a ocorrência de um 
unico caso transforma-se em noticia de primeira pá-
gina. As autoridades de Saúde Pública agora reconhe-
cem que a prevençào resulta na maior recompensa 
para a redução de doenças. Para estimular os siste-
mas de atendimento a desempenhar um papel mais 
ativo, a Agenda EMS for the Future, desenvolvida pela 
e para a comunidade SME (Serviços Medicos de Emer-
CAPÍTULO 1 Prevenção de Trauma 13 
gência), lista a prevenção como um dos 14 atributos 
a serem mais desenvolvidos com o íntuito de "me-
lhorar a saúde da comunidade e otimizar o uso mais 
apropriado dos límitados rccursos da saúde". Um 
movimento nessa direção é evidenciado pelo fato de 
que o ultimo currículo do paramédico do Departa-
mento de Transpories dos EUA (DOT) inclui o trei-
namcnlo para prevenção. Os sistemas de SME estão 
passando óc uma tlisciplina estritamente rcacionária 
a uma disciplina mais ampla e efidente quc inclui a 
prevcnção. Este capítulo foi elaborado para apresen-
tar conceilos-chave de prevenção de traumas para o 
socorrista. 
Abrangência do problema 
A morte decorrentc de trauma é um grande problema 
de saúde no mundo inteiro resultando em qua.se 
16.000 mortcs diárias (Quadro 1-1). Em poucos pai-
ses, independentemente de seu nível de desenvolvi-
mento, traumas não aparecem entrc as cinco princi-
pais causas de morte. Embora os tipos de morte por 
trauma variem pouco entre os paises, existe uma gran-
de variabilidade entre quais tipos influenciam gru-
pos específicos de faixa etária. Devido a questões eco-
nômicas, sociais e de desenvolvimento, a causa das 
mortcs relacionadas com traumas varia de um pais 
para outro c ate mesmo de uma região para outra den-
tro de um mesmo pais. 
Nos paises de renda media e baixa do Pacifico Oci-
dental, as principais causas de morte relacionadas a 
trauma são acidentes de trânsito, afogamento e suici-
dio. Na Africa, as causas principais são guerra, vio-
lência entre pessoas c de trânsito. Nos paises de ren-
da alia das Americas, a principal causa de morte em 
pessoas entrc 15 e 44 anos são os traumas causados 
pelo trânsito. Nos paises de baixa e media rcnda das 
Americas, a causa principal é a violência entre pesso-
as. A Figura 1-1 demonstra que o trauma desempe-
nha um papel em pelo menos uma das 15 maiores 
causas de morte em cada grupo de diferente faixa etá-
ria, particularmente os jovens, em todo o mundo. 
Nos Estados Unidos, o trauma é a terceira maior causa 
de morte depois de doenças cardiovasculares e neopla-
sia, sendo rcsponsávcis por mais dc 146 mil mortcs 
anuais (Fig. 1-2). O trauma é um problema particular-
mente sério para os jovens americanos e das nações mais 
industrializadas do mundo. Nos Estados Unidos, trau-
mas matam mais crianças e jovens adultos do que todas 
as docnças combinadas (quase 19 mil em 1997). 
Infelizmente, as mortes decorrentes de trauma são 
apenas a ponta do iceberg. O '"triângulo do trauma 
fornece uma visão mais completa do impacto de trau-
mas na Saúde Pública (Fig. 1-3, pág. 17). Nos Esta-
dos Unidos, em 1997, um pouco mais de 146.000 
pessoas morreram em decorrência de traumas, mas 
outros 2,5 milhocs foram hospilalizadospor causa 
de traumas não-fatais. Os traumas também provoca-
ram 37 milhões de visitas ao pronto-socorro. 
O impacto em uma nação pocle ser mais bem en-
tendido ao se examinar o número de anos de vida 
poiencial perdida (AVPP) decorrentes de trauma. O 
AVPP é calculado subtraindo da idadc quando da 
morte uma determinada idade fixa, geralmente 65 
ou 70 anos ou a expectativa de vida do grupo em 
questão. Esta medida mostra a comparação de trau-
ma com oulras causas dc morte cm terinos de anos 
pcrdidos de vida. Os traumas matam ou acomctem 
pessoas de todas as idades inutilmente, mas afetam 
as crianças, os jovens e jovens adultos de mancira 
dcsproporcional. em especial nas nações industria-
lizadas. Já que os traumas são a principal causa de 
mortalidade de norie-americanos entre 1 e 44 anos, 
eles são responsáveis por um AVPP maior do que 
quaiquer outra causa. I'm 1995, os traumas ceifa-
ram um mimero estimado em 3,5 milhões de anos 
de suas vitimas comparado com 2 milhões de anos 
das vitimas de cancer apesar de o cancer tirar mais 
vidas do que os traumas. 
Uma outra medida da gravidade dos traumas pode 
ser demonstrada em dólares gastos. Os custos econô-
micos dos traumas tern alcance muito alcm do paci-
ente ou da sua familia imediata. Todos os membros 
da sociedade sentem o efeito já quc os custos dos trau-
mas são arcados por instituições federais e outros ór-
gãos, programas particulares de seguros e emprega-
dores assim como os pacientes. Como resultado dis-
so, todos pagam quando um individuo sofre um trau-
ma grave. As estimativas dos custos por trauma che-
gam a USS 325 bilhões anuais, que inclucm o custo 
direlo da assistência médica e o custo indireto tal 
como lucros cessantes. 
O preço de traumas em termos de inorbidade, 
mortalidade e estresse econômico é excessivo. 
As lesóes sempre foram uma ameaça ao bem-estar publi-
co, mas até a metade do século XX, as doenças infecciosas 
obscureciam a tem'vel contribuição de traumas para a 
morbidade e mortalidade humanas. O succsso da Saude 
Publics em outras areas transformou o trauma em uma 
grave preocupação da Saúde Pública, que tern sido cha-
mada dc "a epidemia negligenciada". (Christoffel and 
Gallagher, 1999) 
A sociedade está fazendo um apelo a todos os 
segmentos da comunidade médica para aumentar as 
suas atividades de prevenção. Com mais de 600.000 
socorristas somente nos Estados Unidos, os siste-
14 ATENDIMENTO PRÉ-HOSPITALAR AO TRAUMATIZADO 
Quadro 1­1 
Estatisticas relacionadas com trauma 
LESÕES GERAIS 
• Traumas causados pelo trânsito e aqueles auto-infligidos são as principais causas de mortes relacionadas com traumas em 
todoo mundo.* 
• Cinco das dez principais causas de morte no mundo em pessoas de 15 a 44 anos são decorrentes de trauma.* 
• Em paises de renda alta, os traumas de trânsito, os auto-infligidos e a violência entre pessoas são as três principais causas 
de morte entre as pessoas de 15 a 44 anos.* 
TRAUMAS RELACIONADOS COM VEÍCUL0 AUTOMOTOR 
• As colisões com veículo automotor são a principal causa de morte por trauma nos Estados Unidos para pessoas de 1 a 34 
anos.1, 
• Nos Estados Unidos, em 1997, quase 42 mil pessoas morreram como resultado de colisões com veiculo automotor e outros 3,5 
milhões sofreram traumas não-fatais.1 
• Colisões com veiculo automotor tiraram a vida de 5.606 adolescentes e 2.027 crianças em 1998. t 
• Nos Estados Unidos, em 1998,5.220 pedestres morreram de traumas relacionados com o trânsito e outros 69 mil pedestres 
sofreram lesões não-fatais.1 
• Os Estados Unidos testemunharam uma diminuição de 90% na taxa anual de morte, envolvendo colisões com veiculo automo-
tor, apesar de um grande aumento no número de motoristas, veiculos e milhas vjajadas em veiculos.1 
• No mundo inteiro, traumas causados pelo trânsito são a principal causa de morte e o motivo principal de doenças em pessoas 
do sexo masculine* 
TRAUMAS CAUSADOS POR BICICLETAS 
• Nos Estados Unidos, em 1997, 813 ciclistas morreram em colisões com veiculos automotores. Entre esses, 31% tinham menos 
de 16 anos e 97% não estavam usando capacetes.1 
• Um numero estimado de 140 mil crianças nos Estados Unidos é tratado a cada ano nos departamentos de emergência por 
traumas sofridos na cabeça enquanto andavam de bicicleta.1 
• Quase 600 mil pessoas nos Estados Unidos são tratadas nos pronto-socorros a cada ano por causa de traumas relacionados 
com bicicleta. Em 1998, 758 ciclistas morreram deste tipo de trauma.f 
TRAUMA D0MÉSTIC0 E EM RECREAÇÃO 
• Afogamento é a segunda maior causa de morte por trauma entre crianças (1 a 14 anos).1 
• Nos Estados Unidos, em 1996, quase 4.000 pessoas se afogaram, incluindo 1.000 crianças com menos de 15 anos.1 
• Nos Estados Unidos, em 1997, incêndios residenciais foram responsáveis por 3.360 mortes e causaram um estimado de US$ 
4,6 bilhões em prejuizos a propriedades residenciais.1 
• Alarmes detectores de fumaça em funcionamento reduzem de 40 a 50% o risco de vida por incêndios residenciais.? 
• A cada 40 segundos alguém procura cuidados medicos nos Estados Unidos por causa de mordida de cachorro.1 
• Nos Estados Unidos, quedas são a principal causa de morte por lesão entre pessoas com 65 anos ou mais. Um em cada três 
americanos com 65 anos ou mais cai a cada ano.1 
• Quedas são a principal causa de traumas não-fatais e não-intencionais e de visitas ao pronto-socorro por crianças entre o 
nascimentoe 14 anos.1 
• A cada ano nos Estados Unidos, 200 mil crianças em idade pré-escolar e de ensino fundamental passam pelo pronto-
socorro por causa de traumas sofridos em equipamentos de parques infantis (cerca de um trauma a cada 2,5 minutos). 
Cerca de 35% dessas lesões são graves (por exemplo, fraturas, lesões internas, concussões, luxações, amputações e 
esmagamentos). 
*De acordo com dados coletados de várias fontes e relatados pela Organização Mundial da Saude. 
t De acordo com dados coletados de várias fontes e relatados pelo Centra Nacional para a Prevenção e Controle de Traumas. 
t De acordo com dados coletados de várias fontes e relatados pela Sociedade para a Educação da Saúde Pública 
CAPÍTULO  1  Prevenção  de  Trauma  15 
0 a 4anos 5 a 14 anos 15 a 44 anos 45 a 59 anos > 60 anos Todas as idades 
Condições perinatais 
2.155.000 
Infecções respiratórias 
agudas das vias aéreas 
inferiores 213.429 
Infecções respiratórias 
agudas das vias aéreas 
inferiores 1.850.412 
Doenças diarréicas 
1.814.158 
Sarampo 
887.671 
Malaria 
793.368 
Anormalidades 
congênitas 
404.849 
HIV/SIDA 
349.885 
Malaria 
209.109 
Traumas de trânsito 
161.956 
Afogamento 
157.573 
Doenças diarréicas 
133.883 
Lesões de guerra 
57.285 
Nefrite/Nefrose 
44.640 
HIV/SIDA 
1.629.726 
Traumas de trânsito 
600.312 
Violência  interpessoal 
509.844 
Lesões auto­infligidas 
508.691 
Tuberculose 
427.314 
Lesões de guerra 
372.935 
Doença cardíaca 
isquêmica 
244.556 
Doença cardíaca 
isquèmica 
887.146 
Doença cardíaca 
isquêmica 
6.239.562 
Doença cardíaca 
isquêmica 
7.375.408 
Doença cerebrovascular 
600.854 
Doença cerebrovascular 
4.247.080 
Doença 
cerebrovascular 
5.106.125 
Tuberculose 
407.737 
Doença pulmonar 
obstrutiva crônica 
1.974.652 
Infecções respiratórias 
agudas das vias aéreas 
nferiores 3.452.178 
Câncer de pulrnão/ 
brõnquios e traquéia 
305.982 
Infecções respiratórias 
agudas das vias aéreas 
inferiores 1.184.698 
HIV/SIDA 
2.285.229 
Cirrose hepática 
264.117 
Cancer de pulmao, 
brônquios e traquéia 
889.873 
Doença pulmonar 
obstruliva crônica 
2.249.252 
HIV/SIDA 
214.571 
Tuberculose 
570.513 
Doenças diarréicas 
2.219.032 
Cancer de fig 
205.394 
Cancer de estômago561.527 
Condições perinatais 
2.155.000 
Coqueluche 
345.771 
Anormalidades 
congênitas 
43.056 
Doença 
cerebrovascular 
195.983 
Cancer de estômago 
205.212 
Diabetes mellitus 
426.964 
Tuberculose 
1.496.061 
10 
11 
12 
13 
14 
15 
Tétano 
302.668 
Doença cardíaca 
inflamatória 
40.802 
Má nutrição 
energética proteíca 
214.717 
Afogamento 
125.301 
DST excluindo HIV 
118.178 
Traumas de guerra 
103.323 
0 
Traumas de trânsito 
82.429 
Meningite 
60.198 
HIV/SIDA 
39.042 
Incêndios 
38.968 
Doença 
cerebrovascular 
38.349 
Tuberculose 
38.093 
Violência 
Interpessoal 
34.938 
Leucemia 
34.503 
Cirrose hepática 
142.445 
Afogamento 
141.922 
Incêndios 
122.666 
Hemorragia materna 
116.771 
Infecções respiratórias 
agudas das vias aéreas 
inferiores 115.100 
Doença cardíaca 
reumática 
104.635 
Cancer de figado 
103.131 
Doença pulmonar 
obstrutiva crônica 
203.192 
Lesões auto­infligidas 
178.478 
Traumas de trânsito 
172.312 
Cancer de mama 
132.238 
Cancer de cólon/reto 
424.463 
Cirrose hepática 
355.615 
Nefrite/Nefrose 
307.832 
Cancer de esòfago 
117.352 
Diabetes Mellitus 
104.855 
Cancer de esôfago 
296.550 
Cancer de pulmão, 
brônquios e traquéia 
1.244.407 
Traumas de trânsito 
1.170.694 
Malaria 
1.110.293 
Lesões auto­infligidas 
947.697 
Cancer de figado 
295.756 
Doença cardíaca 
inflamatória 
97.511 
Doença cardíaca 
inflamatória 
268.545 
Lesões auto­infligidas 
227.724 
Sarampo 
887.671 
Câncer de estômago 
822.069 
Cirrose hepática 
774.563 
=onte: Banco de dados do Relatório da Saúde Mundial de 1999 
Figura 1-1 Principals causas de morie em nivel mundial, ambos os sexos, 1998. Azuh morte por trauma não-intencional; 
Yermelho: morte por trauma intencional cometido por outros; Verde: morte por trauma intencional cometido pela própria 
pessoa. 
mas SME se colocam para dar uma enorme contri-
buição aos esforços comunitários para a prevenção 
de traumas. 
Concertos de trauma 
Definíção de trauma 
A discussão sobre a prevençâo de traumas deveria 
começar com uma definição do termo trauma. A am-
pla variabilidade das causas de trauma representa ini-
cialmente um grande obstáculo no estudo e na sua 
prevenção. Por exemplo, o que um quadril fraturado 
decorrente de uma queda de uma pessoa idosa tem 
em comum com um ferimento de arma de fogo auto-
infligido à cabeça de um jovem adulto? Todas as cau-
sas de trauma, de colisões com veiculos, passando 
por esfaqueamentos e suicídios até afogamentos, tern 
uma coisa em comum: transferência de energia. O 
trauma é agora definido como um evento nocivo que 
advém da liberação de formas especificas de energia 
ou de barreiras fisicas ao fluxo normal de energia. 
Em geral, a energia existe em cinco formas fisicas: 
mecânica, química, térmica, por irradiação ou elétri-
ca. A energia mecânica, a causa mais comum de le-
sões, é despendida quando um motorista sem cinto 
1 6  ATENDIMENTO  PRÉ ­HOSP ITALAR  AO  TRAUMATIZADO 
Posição 
1 
2 
3 
4 
5 
6 
7 
8 
9 
10 
11 
12 
13 
14 
15 
Faixas  Etárias 
<1  1­4  5­9  10­14  15­24  25­34  35­44 
Anomalias 
congênitas 
6.178 
Gestação 
curta 
3.925 
SMSI 
2.991 
Sindrome do 
desconforto 
respiratório 
1.301 
Complicações 
matemais 
1.244 
Complicações do 
cordão umbilical 
e membranas 
960 
Infecções 
perinatais 
777 
Trauma não-
intencional e 
efeitos adversos 
765 
Hipoxia 
intrauterina 
452 
Pneumonia 
e gripe 
(influenza) 
421 
Hemorragia 
neonatal 
339 
Homicídio e 
intervenção 
legal 
317 
Residuo de 
doenças do 
tralo respiratório 
274 
Infecções 
intestinais 
200 
Seplicemia 
196 
Trauma não- Trauma não- Trauma não- Trauma não- Trauma não-  I f f H B P B 
intencionale intencionale intencionale intencional e intencionale  I j f f l j f J M H 
efeitos adversos efeitos adversos efeitos adversos efeitos aoVersos efeitos adversos  ■ j j i e f f l ^ B 
2.005 1.534 1.837 13.367 12.598  J l P Í Í f H 
Anomalias 
congènitas 
589 
Neoplasias 
malignas 
438 
Neoplasias 
malignas 
547 
. 1 Homicidk) e Trauma não-
1  intervençâo Sutód» intencionale 
legal 5.672  efeitos adversos 
6.146  14531 
I J M p ^ l Suicido SUKASO  ertewwcão 
MZM 303 4.186  tega 
5.075 
Homickfoe Homicid»e Horrackuoe  ^ M M H 
intervençâo intervenção intervenção  H M f f M j j f l 
legal legal legal  H E p n f l 
174 283 i  H i f l 
Doença 
cardíaca 
212 
Pneumonia 
e gripe 
(influenza) 
180 
Periodo 
perinatal 
75 
Septicemia 
73 
Neoplasias 
benignas 
65 
Cerebrovascular 
56 
HIV 
54 
Meninqocócica 
45 
Meningite 
44 
Bronquite 
Enfisema 
Asma 
41 
Anemias 
40 
Doença 
cardfaca 
128 
Pneumonia e 
gripe (influenza) 
76 
HIV 
62 
Bronquite 
Enfisema Asma 
50 
Anemias 
38 
Neoplasias 
benignas 
35 
Septicemia 
34 
Periodo 
perinatal 
27 
Cerebrovascular 
25 
Meningocócica 
19 
Meningite 
15 
Anomalias 
congênitas 
224 
Doença 
cardíaca 
185 
Bronquite 
Enfisema Asma 
79 
Pneumonia 
e gripe 
(influenza) 
55 
Cerebrovascular 
51 
Neoplasias 
benignas 
41 
HIV 
40 
Anemias 
25 
Meninoite 
18 
Septicemia 
18 
Duas 
enfermidades 
empatadas 
15 
Doença 
cardíaca 
1.098 
Anomalias 
congênitas 
420 
HIV 
276 
Pneumonia e 
gripe (influenza) 
220 
Bronquite 
Enfisema Asma 
201 
Cerebrovascular 
188 
Diabetes 
129 
Neoplasias 
benignas 
115 
Gravidez 
de risco 
87 
Septicemia 
86 
Anemias 
85 
Neoplasias 
malignas 
4.607 
HIV 
3.993 
Doenca cardiaca 
3.286 
Cerebrovascular 
678 
Diabetes 
620 
Pneumonia 
e gripe 
(influenza) 
534 
Doença 
do figado 
516 
Anomalias 
congênitas 
454 
Bronquite 
Enfisema Asma 
357 
Septicemia 
235 
Neoplasias 
benignas 
187 
Nefrite 
179 
­:•::­
HIV 
7.073 
45­54 
Neoplasias 
malignas 
45.429 
Doenca cardiaca 
35.277 
Trauma não-
intencional e 
efeitos adversos 
10.416 
Cerebrovascular 
5.695 
HB P P H Doença 
^MBM l f l do figado 
5.622 
55­64 
Neoplasias 
malignas 
86.314 
Doença cardiaca 
65.958 
Bronquite 
Enfisema Asma 
10.109 
Cerebrovascular 
9.676 
Diabetes 
8.370 
Trauma não 
Homicidioe S u i d d i 0 in,enci0naie 
intervençao legal 4 m efeitos adversos 
3 6 7 7 7.105 
Doença do 
figado 
3.508 
Cerebrovascular 
2.787 
Diabetes 
1.858 
Pneumonia e 
gripe (influenza) 
1.394 
Bronquite 
Enfisema Asma 
886 
Hepatite viral 
734 
Septicemia 
634 
Anomalias 
congênitas 
534 
Nefrite 
448 
Diabetes 
4.335 
HIV 
3.513 
Doença 
do figado 
5.253 
Pneumonia 
e gripe 
(influenza) 
3.759 
65+ 
Doença cardiaca 
606.913 
Neoplasias 
malignas 
382.913 
Cerebrovascular 
140.366 
Bronquite 
Enfisema Asma 
94.411 
Pneumonia e 
gripe (influenza) 
77.561 
Diabetes 
47.289 
Trauma não-
intencional e 
efeitos adversos 
31.386 
Total 
Doença cardiaca 
726.974 
Neoplasias 
malignas 
539.577 
Cerebrovascular 
159.791 
Bronquite 
Enfisema Asma 
109.029 
Trauma não-
intencional e 
efeitos adversos 
95.644 
Pneumonia e 
gripe (influenza) 
86.449 
Diabetes 
62.636 
Malde 
Alzheimer  K rEÇ i i f l 
22.154 
Bronquite Nefrite 
Enfisema Asma H 21.787 
2.838 
Pneumonia e 
gripe (influenza) 
2.233 
Homicídio e 
intervenção legal 
1.869 
Septicemia 
1.188 
Hepatite viral 
952Nefrite 
867 
Hipertensão 
586 
Septicemia 
1.852 
Nefrite 
1.832 
HIV 
1.065 
Hipertensão 
1.003 
Septicemia 
18.079 
Atercsclerose 
15.273 
Hipertensão 
11.627 
Doença 
do figado 
10.226 
Homicidioe Su i c i d i 0 
intervenção legal c 728 
853 
Neoplasias 
benignas 
726 
Hernia 
5.725 
Nefrite 
25.331 
Doença 
do figado 
25.175 
Malde 
Alzheimer 
22.475 
Septicemia 
22.396 
Homicidio 
e intervenção 
legal 
19.846 
HIV 
16.516 
Aterosclerose 
16.057 
Produzido por: Gabinete de Estatísticas e Programação, Centra Nacional para a Prevenção e 0 Controle de Traumas. 
Fonte de dados: Centra Nacional de Estatisticas de Saude, Sistema Vital de Estatisticas. 
Figura 1-2 Principals causas de morte nos Estados Unidos por faixa etária, 1997. Azul: morie por trauma não-intencional; 
Venneiho: morte por trauma intencional cometido por outros; Verde: morte por trauma intencional cometido pela própria pessoa. 
de segurança colide com o pára-brisa durante uma 
colisão de veiculos. Traumas decorrentes de energia 
quimica ocorrem quando uma criança curiosa bebe 
amônia enconlrada em um armário destrancado na 
cozinha. A energia térmica causa traumas quando um 
cozinheiro borrifa combustivel fluido em carvão que 
está queimando em uma churrasqueira ao ar livre. A 
energia por irradiação produz queimaduras solares 
de pele em adolescentes à procura de um bronzeado 
ciourado no verão. A energia elétrica destrói a pele, 
os nervos e os vasos sangüíneos de um socorrista que 
falha em fazer uma avaliação apropriada antes de to-
car um veiculo que bateu em um poste de energia. 
O corpo requer elementos básicos, tais como oxi-
gênio e calor, para produzir a energia interna necessá-
ria para funcionar adequadamente. Se surgem conch-
CAPÍTULO  1  P r e v en ç ão  de  T rauma  1 7 
ções que impedem o corpo de usar esses elementos 
necessários, o resultado pode ser um trauma. A asfixia 
e a hipotermia são traumas fisicos que resultam de uma 
interrupção do fluxo normal de energia do corpo. 
Qualquer forma de energia fisica em quantidade 
suiiciente pode causar danos ao tecido. O corpo pode 
tolerar transferência de energia dentro de certos li-
mites. Se esse limiar for ultrapassado, ocorre um trau-
ma. Uma bala disparada de uma pistola, à queima-
roupa, atravessa facilmente a pele e o tecido mole, 
causando um grande trauma. Se a vitima de destino 
estiver longe o suficiente, em teoria ela pode simples-
mente colocar a mão na frente e a bala atingiria sua 
palma e cairia ao chão, de maneira inofensiva. A ener-
gia da bala se dissipa no ar durante sua trajetória. Por 
isso ela não tem energia suficiente no impacto para 
ultrapassar o nível de tolerância do corpo. 
Energia  fora de controle 
As pessoas dominant e usam todos as cinco formas 
de energia em muitos empreendimentos produtivos 
diariamente. Nesses casos a energia está sob controle 
e não se permite que ela afete o corpo de forma noci-
va. A habilidade de uma pessoa em manter controle 
da energia depende de dois fatores: desempenho da 
tarefa e exigência da tarefa. Enquanto a habilidade de 
uma pessoa em desempenhar a tarefa for maior que a 
exigência da tarefa, a energia é liberada de uma for-
ma controlada e administrável. 
No entanto, em três casos, a exigência pode exce-
der o desempenho, levando a uma liberação descon-
trolada de energia: 
Quando a dificuldade da tarefa repentinamente ex-
cede a habilidade do desempenho de um individuo. 
Por exemplo, um socorrista pode dirigir uma am-
bulãncia de forma segura durante condições nor-
mais de condução, mas perde controle se o veicu-
lo passa por um trecho coberto com uma camada 
fina de gelo. O aumento abrupto das exigências 
da tarefa ultrapassa a capacidade de desempenho 
do socorrista, levando a uma colisão. 
Quando o nivel de desempenho de um individuo 
cai abaixo da exigêncía da tarefa. Adormecer ao 
volante de um veiculo enquanto estiver diri-
gindo em uma estrada secundária causa uma 
queda repentina de desempenho com nenhu-
ma alteração na exigência da tarefa, levando a 
uma colisão. 
Quando ambos os fatores se alteram simultanea-
mente. Falar ao celular ao dirigir pode reduzir a 
concentração do motorista na via. Se surge um 
animal de repente na frente do veiculo, a exigên-
cia da tarefa aumenta de forma brusca. Sob cir-
cunstâncias nonnais, o motorista pode ser capaz 
de lidar com o aumento das exigências da tarefa. 
Uma queda na concentração no exato momento 
em que a habilidade adicional é solicitada pode 
causar uma colisão. O trauma ocorre durante a 
colisão por causa da quantidade da liberação 
brusca e descontrolada de energia, além do nivel 
de tolerância do corpo. 
0  trauma  como  doença 
Os seguintes itens devem interagir para que uma do-
ença ocorra: (1) um agente que cause a doenca; (2) 
um "hospedeiro" no qual o agente possa residir; e 
(3) um ambiente apropriado no qual o agente e o 
hospedeiro possam interagir. Depois que as autori-
dades da Saúde Pública reconheceram esse "triân-
gulo da doença", descobriram como combater a do-
Figura 1-3 Triângulo do trauma. Figura 1-4 Triãngulo da Doença. 
1 8  ATEND IMENTO  PRÉ ­ HOSP I TA LAR  AO  TRAUMAT I ZADO 
ença (Figura 1-4). A erradicação de certas doenças 
tern sido possível pela vacinação do hospedeiro. des-
truição dos agentes com antibióticos, redução da 
transmissão no ambiente com melhoramento das 
condições sanitárias ou a combinação dessas três 
medidas. Doenças podem ser combatidas quando se 
modifica o hospedeiro e o ambiente, bem como 
quando se destrói o agente. 
Apenas depois do final da década de 1940, ocor-
reu a pesquisa significativa do processo de lesão. 
Os pioneiros no estudo do trauma demonstraram 
que apesar dos resultados obviamente diferentes, a 
doença e o trauma se comportam de modo similar. 
Ambos requerem a presença dos três elementos do 
triângulo da doença e por isso ambos são tratados 
como tal: 
1. Para que um trauma ocorra, um hospedeiro (isto 
é, o ser humano) deve existir. Do mesmo modo 
que na doença, a suscetibilidade do hospedeiro 
não permanece constante de um individuo para 
outro; ela varia como resultado de fa tores inter-
nos e externos. Os fatores internos incluem a in-
teligência, o sexo e o tempo de reação. Os fatores 
externos incluem o nivel de sobriedade, a raiva e 
as crenças. A suscetibilidade também varia com o 
passar do tempo para uma mesma pessoa. 
2. Como descrito anteriormente, o agente do trau-
ma é a energia. A velocidade, a forma, o material e 
o tempo de exposição ao objeto que libera a ener-
gia, todos desempenham um papel na capacidade 
do nivel de tolerância do hospedeiro de ser ultra-
passada. 
3. O hospedeiro e o agente devem juntar-se em um 
ambiente que lhes permita interagir. Comumen-
te, o ambiente é dividido em componentes fisicos 
e sociais. Os fatores ambientais fisicos podem ser 
vistos e tocados. Os fatores ambientais sociais in-
cluem atitudes, crenças e julgamentos. Por exem-
plo, os adolescentes tern mais probabilidade de se 
engajar em comportamentos arriscados porque 
tern um maior sentido de invencibilidade do que 
outros grupos de idade. 
No caso de trauma, o hospedeiro pode ser uma 
criança curiosa de 2 anos que pode se locomover; o 
agente do trauma pode ser uma piscina cheia de água 
com uma bola de praia flutuando próxima à mar-
gem; o ambiente pode ser uma grade de acesso à 
piscina deixada aberta enquanto a babá corre até o 
interior da casa para atender ao telefone. Com o 
hospedeiro, o agente e o ambiente interagindo, um 
trauma não-intencional - neste caso, o afogamento 
- pode ocorrer. 
A matriz de Haddon 
O Dr. William J. Haddon Jr. é considerado o pai da 
ciência de prevenção de trauma. Trabalhando dentro 
do conceito do triángulo da doença, na metade dadécada de 1960, ele percebeu que um trauma pode 
ser desdobrado em três fases temporais: 
1. Pré-evento. Antes do trauma. 
2. Evento. O momento em que a energia nociva é 
liberada. 
3. Pós-evento. As conseqüéncias do trauma. 
Examinando os três fatores do triângulo da doen-
ça durante cada fase temporal, Haddon criou uma 
matriz de nove células "fases fator" (Figura 1-5). Esta 
tabela se tornou conhecida como a Matriz de Haddon. 
Ela fornece um meio de mostrar graficamente os even-
tos ou ações que aumentam ou diminuem as possibi-
lidades de ocorrência de um trauma. Ela também pode 
ser usada para identificar estratégias de prevenção. A 
matriz de Haddon demonstra que múltiplos fatores 
podem levar a uma lesão e, portanto, existem opor-
tunidades multiplas para prevenir ou reduzir sua gra-
vidade. A matriz desempenhou um papel importante 
em dissipar o mi to de que o trauma é resultado de 
uma causa única, má sorte ou destino. 
A Figura 1-5 mostra a matriz de Haddon para uma 
colisão de automóvel. Os componentes em cada célula 
da matriz são diferentes dependendo do trauma em aná-
lise. A fase do pré-evento inclui fatores que contribuem 
para a probabilidade de uma colisão. No entanto, du-
rante esse tempo, a energia ainda está sob controle. Esta 
fase pode durar de alguns segundos até vários anos. A 
fase do evento mostra os fatores que influenciam a gra-
vidade do trauma. Durante esse pen'odo, energia des-
controlada é liberada e um trauma ocorre quando a trans-
ferência de energia excede a tolerância do corpo. A fase 
do evento é em geral muito curta. Pode durar uma fra-
ção de segundo, mas raramente dura mais do que al-
guns minutos. Os fatores da fase do pós-evento afetam 
o resultado uma vez que ocorre um trauma. Dependen-
do do tipo de evento, este pode durar de alguns segun-
dos até o periodo restante da vida do hospedeiro. 
Classificação do trauma 
Um método comum de subclassificar os traumas é 
com base na intenção. 0 trauma pode decorrer de 
causas intencionais ou não-intencionais. Ao mesmo 
tempo que esta é uma forma lógica de considerar os 
traumas, ela salienta a dificuldade dos esforços para 
a prevenção do trauma. 
O trauma intencional está associado com um ato 
de violência interpessoal ou autodirecionado. Proble-
mas, tais como homicidio, suicidio. abuso de cônju-
CAPÍTULO  1  P r e v e n ç ão  de  T r auma  19 
^ s . Fatores do 
sTriángulo da 
Fases ^ \ D o e n ç a 
Temporais^V. 
PRÉ­EVENTO 
EVENTO 
PÓS­EVENTO 
HOSPEDEIRO 
• Visão do motorista 
• Consumo de álcool 
• Experiência e raciocínio 
• Extensão da viagem 
• Nível defadiga 
• Adesão às leis de trânsito 
• Uso do cinto 
de segurança 
• Osteoporose 
• Limiar do trauma 
• Ejeção 
• Idade 
• Condições físicas 
• Tipo ou gravidade do trauma 
• Conhecimento de primeiros-
socorros 
AGENTE 
• Manutenção de freios. 
pneus, etc. 
• Equipamento defeituoso 
• Centro de gravidade 
• Velocidade de viagem 
• Facilidade de controle 
• Programas de inspeção 
de veiculos 
• Capacidade de velocidade 
• Tamanho do veiculo 
• Itens automáticos de 
contenção 
• Superficies de contato 
duras e cortantes 
• Barra de direção 
• Integridade do sistema 
de combustivel 
• Encarceramento 
AMBIENTE 
• Obstáculos à visibilidade 
• Curvatura e inclinação da 
estrada 
• Coeficiente de atrito da 
superficie 
• Acostamentos estreitos 
• Sinalizações de trânsito 
• Limites de velocidade 
• Condições do tempo 
• Atitudes em relação ao álcool 
• Leis relacionadas com 
motoristas deficientes 
• Apoio para iniciativas 
na prevenção de traumas 
• Estradas usadas para ativi-
dades recreativas primárias 
• Falta de grades ou muretas 
de proteção 
• Grades ou muretas entre pistas 
• Distância entre a estrada 
e objetos imóveis 
• Limites de velocidade 
• Trânsito na direção oposta 
• Atitudes sobre o uso do 
cinto de segurança 
• Leis que tratam do uso de cinto 
• Cumprimento das leis para 
assentos de segurança 
para crianças 
• Leis de uso de capacete 
para o motociciista 
• Sistema de comunicação 
de emergência 
• Distância e a qualidade 
do SME 
• Treinamento do pessoal 
do SME 
• Disponibilidade de 
equipamento de retirada rápida 
• Apoio para os sistemas de 
cuidados de traumas 
• Programas de reabilitação 
Figura 1-5 Matriz de Haddon para uma colisão de veiculo. 
ges e guerras, esquadram-se nessa categoria. Antes, a 
prevenção dos traumas intencionais era considerada 
responsabilidade exclusiva da justiça criminal e dos 
sistemas de saúde mental. Embora essas instituições 
sejam essenciais para a redução de mortes violentas, 
a melhor maneira de prevenir os traumas intencio-
nais é uma abordagem multidisciplinar ampla que 
inclui o profissional da medicina. 
Antigamente, os traumas não-intencionais eram 
chamados de acidenLes. Os autores do relatório pú-
blico do NAS/NRC se referiram a eles, de forma ade-
quada, como morte e deficiencia acidental porque era 
a terminologia da época. Prestadores de assistência 
de saude agora entendem que o termo acidental não 
descreve lesão não-intencional decorrente de colisões 
de automóveis, afogamentos, quedas e choques elé-
2 0  ATENDIMENTO  PRÉ ­HOSP ITALAR  AO  TRAUMATIZADO 
tricos. Os sistemas SME acolheram esse conceito usan-
do preferencialmente o termo colisões de veiculo au-
lomoLor em vez de acidentes de veiculo automotor. En-
tretanto, a percepção pública mudou muito mais len-
tamente. Os repórteres de noticiários ainda falam de 
pessoas feridas em "acidentes de automóvel" ou "dis-
paros acidentais". O termo acidente sugere que uma 
pessoa foi ferida como resultado do destino, da inter-
venção divina ou má sorte. Isso implica que a lesao 
foi aleatória e, portanto, inevitável. Enquanto essa 
concepção errônea existir, a implementação de me-
didas corretivas será difícil. 
Prevenção como solução 
Prevenir urn trauma é até mesmo mais importante do 
que tratar um trauma. Quando o trauma é evitado, o 
paciente e sua família são poupados de sofrimenlo e 
apuros econômicos. O Centro Nacional para a Pre-
venção e o Controle de Trauma dos Centres para o 
Controle e Prevenção de Doenças estima o seguinte: 
• 1 dólar empregado em detector de fumaça econo-
miza 69 dólares. 
• 1 dólar empregado em capacetes para ciclistas eco-
nomiza 29 dólares. 
• 1 dólar empregado em assentos de segurança para 
crianças economiza 32 dólares. 
• 1 dólar empregado em faixas sinalizadoras no cen-
tro e na lateral das estradas economiza 3 dólares 
somente em custos medicos. 
• 1 dólar empregado em aconselhamento por pe-
diatras para prevenir traumas economiza 10 do-
lares. 
• 1 dólar empregado em serviços de centres de con-
trole de envenenamento economiza 7 dólares em 
despesas médicas. 
• Um estudo de avaliação patrocinado pelo Centro 
de Controle e Prevenção de Doenças de um siste-
ma regional de tratamento de trauma em Portland, 
Oregon, encontrou uma diminuição de 35% do 
risco de vida nos individuos feridos gravemente 
que foram tratados pelo sistema. 
• Um programa de distribuição de detectores de fu-
maça em Oklahoma reduziu o trauma relaciona-
do com queimaduras em 83%. 
Por causa da variabilidade entre o hospedeiro, o 
agente e o ambiente em qualquer momento, os pres-
tadores de cuidados de saúde nem sempre podem 
prever ou evitar todo e qualquer trauma individual. 
Contudo, eles podem identificar populações, produ-
tos e ambientes de alto risco. Os esforços de preven-
ção voltados para grupos ou cenários de alto risco 
influenciam a maior gama possivel da sociedade. Os 
prestadores de cuidados de saúde podem buscar pre-
venção de diversas formas. Algumas eslratégias se 
provaram bem-sucedidas por todos os Estados Uni-
dos e ao redor do mundo. No entanto, outras estraté-gias luncionam em uma região, mas não em outra. 
Antes de implementar qualquer estratégia de preven-
ção de traumas, os esforços devem concentrar-se em 
saber se ela funcionará. Embora não seja necessário 
"reinventar a roda", os prestadores de cuidados de 
saude talvez tenham que modificar a estratégia de 
prevenção para melhorar suas chances de sucesso. 
Os métodos para se fazer isso são examinados na se-
ção a seguir. 
Conceitos de prevenção 
de trauma 
Objetivo 
O objetivo dos programas de prevenção de trauma é 
propiciar uma mudança no conhecimento, na atitude 
e no comportamento por parte de um segmento pré-
identificado da sociedade. Simplesmente fornecer in-
formação a vitimas em potencial não é suficiente para 
prevenir traumas. Deve ser implementado um progra-
ma de forma a influenciar a atitude da sociedade e, 
mais importante, mudar o comportamento. Qualquer 
mudança no comportamento será para longo prazo. 
Esta tarefa é monumental, mas não inalcançável. 
Oportunidades 
As estratégias de prevenção podem ser organizadas 
de acordo com o seu efeito no evento do trauma. Elas 
coincidem com as fases temporals da matriz de Ha-
ddon. As intervenções no pré-evenlo, conhecidas 
como intervenções primárias, buscam evitar que o 
trauma aconteça. Ações com o objetivo de manter 
motoristas embriagados fora cla estrada, manter limi-
tes de velocidade mais baixos e instalar semáforos são 
tomadas para prevenir a ocorrência de colisões. As 
intervenções na fase do evento têm o fim de reduzir a 
gravidade do trauma aliviando o impacto das lesões 
que ocorrem. O uso de cintos de segurança, a instala-
ção de painéis acolchoados nos veiculos e o cumpri-
mento de leis que tratam de assentos de segurança 
para crianças têm o objetivo de reduzir a gravidade 
das colisões. As intervenções do pós-evento propici-
am um meio de aumentar a probabilidade de sobre-
vivência daqueles que estão traumatizados. lncenti-
var a boa forma fisica, desenvolver sistemas de com-
bustivel para veiculos que não explodam com o im-
CAPÍTULO  1  P r e v enç ão  de  T r auma  2 1 
pacto e implementar sistemas de SME de alta quali-
dade tém o propósilo de reduzir o tempo de recupe-
ração para as pessoas que foram feridas. 
Os sistemas pré-hospitalares tradicionalmente li-
mitaram seu envolvimento à fase pós-evento. Inúme-
ras vidas foram salvas como resultado disso. No en-
tanto, por causa das limitações inerentes ao esperar 
até que o trauma ocorra, os melhores resultados pos-
síveis não foram alcançados. Os SME devem pensar 
em entrar no ciclo do trauma antes. Usando a matriz 
de Haddon, os sistemas SME podem identificar opor-
tunidades para colaborar com outras organizações de 
saúde e de segurança pública para prevenir que trau-
mas ocorram ou amenizar o seu impacto. 
Estratégias potenciais 
Nenhuma única estratégia propicia a melhor aborda-
gem para a prevenção de trauma. A opção, ou opções 
mais eficientes, depende do tipo de trauma sendo 
estudado. No entanto, Haddon desenvolveu uma lis-
ta de 10 estratégias genéricas planejadas com a inten-
ção de quebrar a cadeia de eventos que produzem 
um trauma em numerosos pontos (Figura 1-6). Es-
sas estratégias representam meios que previnem ou 
pelo menos reduzem a liberação de energia descon-
trolada para niveis que o corpo pode tolerar melhor. 
A Figura 1-6 apresenta contramedidas que podem ser 
tomadas nas fases do pré-evento, evento e pós-even-
to e são direcionadas ao hospedeiro, ao agente ou ao 
ambiente. Esta lista não deve ser considerada com-
pleta, mas pode servir como um ponto de partida para 
ajudar a decifrar as opções mais eficientes para um 
problema particular que está sendo estudado. 
A maioria das estratégias para prevenção de trau-
mas é "ativa" ou "passiva". As estratégias passivas re-
querem pouca ou nenhuma ação por parte do indivi-
duo. Os sistemas de chuveiros automáticos para corn-
bate a incêndio e os air bags são exemplos. As estraté-
gias ativas exigem a cooperação da pessoa que está sen-
do protegida, para que funcionem. Exemplos incluem 
cintos de seguranca manuais e a escolha de usar um 
capacete para motocicleta. As medidas passivas são via 
de regra mais eficientes porque as pessoas não têm que 
fazer algo conscientemente para tirar proveito da pro-
teção. Mesmo assim, elas geralmente são mais dificeis 
de se implementar, pois podem ser caras ou exigir ações 
legislativas ou reguladoras. Às vezes uma combinação 
de estratégias passivas e ativas é a melhor opção. 
Implementação das Estratégias 
As três abordagens comuns para se implementar es-
tratégias para a prevenção de traumas são conheci-
das como os três "Es" da Prevenção de Trauma - Edu-
cação, Execução e Engenharia. 
EDUCAÇÃO 
As estratégias de educação têm a intenção de infor-
mar. Para ser eficiente, o público-alvo deve acolher o 
novo conhecimento com entusiasmo suficiente para 
alterar o comportamento da maneira designada pelo 
programa. Já que o público é solicitado a fazer algo, a 
educação é uma contramedida ativa. O público-alvo 
pode constituir-se de individuos que se envolvam com 
atividades de alto risco, criadores de politicas que te-
nham a autoridade de mais tarde instituir legislação 
ou regulamentação adicionais de prevenção ou ainda 
socorristas que estejam aprendendo a se tornar parti-
cipantes ativos na prevenção de traumas. O relatório 
do NASA'RC é um exemplo de iniciativa educacional. 
A educação já foi o principal meio de implemen-
tação de programas de prevenção porque a sociedade 
acreditava que a maioria dos traumas era resultado 
de erro humano. Mesmo que isso seja verdadeiro até 
um certo ponto, as pessoas não conseguiam perceber 
o papel que a energia e o ambiente desempenham na 
ocorrência da lesão. Ainda assim, a educação é co-
mumente usada e é talvez, das três, a estratégia mais 
fácil de implementar. 
As estratégias de educação não têm conseguido 
grande sucesso por várias razões. O público-alvo pode 
nunca ouvir a mensagem. Se a mensagem for ouvida, 
alguns podem rejeitá-la por inteiro ou não acolhê-la 
e mudar seu comportamento. Aqueles que a acolhem 
podem fazê-lo esporadicamente ou com entusiasmo 
declinante à medida que o tempo passa. No entanto, 
a educação ainda pode ser útil na redução de lesões 
em quatro areas: 
1. Ensinando crianças comportamento e habilidades 
básicas de seguranca que permanecerão com elas 
posteriormente em suas vidas. Exemplos podem 
incluir o que fazer quando um detector de fumaça 
dispara um alarme, como ligar para 193 solici-
tando ajuda em uma emergência ou como usar 
cintos de seguranca. 
2. Ensinando sobre certos tipos e causas de trauma e 
para certos grupos etários. A educação pode ser a 
única estratégia disponível para esses grupos. 
3. Alterando a percepção pública do risco c do risco 
tolerável para mudar normas e atitudes sociais. Isto 
já foi feito em relação a beber e dirigir e atualmen-
te trata do uso de capacetes ao andar de bicicleta, 
motocicleta, skates ou patins. 
4. Promovendo mudança de politicas e educando con-
sumidores para exigir produtos mais seguros. 
Como abordagem única para prevenir traumas, os 
programas educacionais tern tido resultados decep-
cionantes. No entanto, quando combinada com ou-
2 2  ATEND IMENTO  PRÉ ­HOSP I TALAR  AO  TRAUMAT IZADO 
ESTRATÉGIA 
Prevenir a criação inicial do 
fator de risco 
Reduzir a quantidade de 
energia contida no fator 
de risco 
Prevenir a liberação de urn 
fator de risco existente 
Modificar a taxa ou 
distribuição espacial do fator 
de risco 
Separar em tempo ou 
espaçar o fator de risco 
daquilo que deve ser 
protegido 
Separar o fator de risco 
daquilo que deve ser 
protegido através de uma 
barreira fisica 
Modificar a natureza básica 
do fator de risco 
Deixar mais resistente ao 
fator de risco àquilo que 
deve ser protegidoComeçar a minimizar o dano 
já causado pelo fator de 
risco 
Estabilizar, consertar e 
reabilitar o objeto do dano 
CONTRAMEDIDAS  POSSÍVEIS 
• Não produzir fogos de artificio, veiculos para enduro de três rodas ou vários tipos de veneno 
• Eliminar colisões intencionais no futebol do colégio 
• Limitar a potência dos motores dos veiculos 
• Embalar drogas tóxicas em quantidades menores e mais seguras 
• Reduzir o limite de velocidade 
• Delegar ao transporte público a redução do número de veiculos na estrada 
• Limitar a temperatura da água das torneiras domésticas através de reguladores nos 
aquecedores de água 
• Limitar a velocidade das balas de armas de fogo 
• Limitar a quantidade de pólvora nos fogos de artificio 
• Guardar armas de fogo em recipientes trancados 
• Fechar piscinas e praias quando não houver salva-vidas de plantão 
• Fazer com que as banheiras sejam menos escorregadias 
• Recipientes "a prova de crianças" para todas as drogas perigosas e produtos quimicos no lar 
• Limitar o uso do telefone celular em veiculos para modelos de viva-voz 
• Exigir escudos de proteção em equipamentos giratórios para uso no campo 
• Melhorar o manuseio de veiculos 
• Usar cinto de seguranca 
• Providenciar freios ABS 
• Usar chuteiras com travas mais curtas de forma a que os pés girem preferencialmente em vez 
de transmitir uma força brusca aos joelhos 
• Exigir air bags nos veiculos 
• Providenciar pára-choques hidráulicos nos veiculos 
• Providenciar redes de proteção para proteger os trabalhadores de quedas 
• Usar roupas antichamas 
• Providenciar passarelas para pedestres em cruzamentos com alto volume de trânsito 
• Manter os acostamentos livres de postes e an/ores 
• Não ter areas aquáticas sem vigilância, proximo a locais recreativos 
• Construir ciclovias 
• Usar inseticidas somente quando não houver pessoas por perto 
• Construir calçadas 
• Limitar o acesso de caminhões transportando material periculoso a vias de pouco trânsito 
• Construir cercas ao redor de piscinas 
• Providenciar equipamento protetor de olhos para esportes que usem raquetes 
• Construir muretas centrais de proteção entre pistas de mãos diferentes 
• Construir escudos de proteção em volta de equipamento perigoso 
• Construir muretas de proteção entre calçadas e pistas de rolamento 
• Instalar painéis de reforço nas portas dos veiculos 
• Exigir que o pessoal dos SME coloque agulhas usadas diretamente dentro de caixas de descarte 
• Providenciar air bags em veiculos automotores 
• Providenciar barras de direção flexíveis 
• Providenciar postes de fácil fragmentação 
• Fazer com que as barras nas laterals dos berços sejam próximas o suficiente para não 
estrangular o bebê 
• Adotar bases de fácil fragmentação no baseball 
• Instalar superficies antiderrapantes nas banheiras 
• Arredondar as bordas dos armários nos compartimentos de paciente em ambulâncias 
• Incentivar a ingestão de cálcio para reduzir a osteoporose 
• Incentivar o condicionamento músculo-esquelético nos atletas 
• Proibir a venda e o consumo de álcool proximo a areas de recreação aquática 
• Tratar doenças clínicas, tais como epilepsia, para prevenir episódios que possam resultar em 
queimaduras, afogamentos e quedas. 
• Códigos de obras prevendo construções resistentes a terremotos em areas suscetiveis 
• Providenciar atendimento medico de emergência 
• Utilizar urn sistema para conduzir as pessoas feridas a socorristas adequadamente treinados 
• Desenvolver protocolos escolares para responder a emergências de trauma 
• Providenciar treinamento de primeiros-socorros a moradores 
• Sistemas de chuveiros antiincêndio automáticos 
• Desenvolver pianos de reabilitação no inicio do tratamento do trauma 
• Utilizar a reabilitação ocupacional para os paraplégicos 
Figura 1-6 Estratégias básicas para coniramedidas de trauma. (Os exemplos listados acima tern somente fins ilustratmjsc 
não sâo necessariamente as recomendações oficias do PHTLS, da Associação Nacional de TEM [Técnicos em Emergên 
Médicas] e do Colégio Americano de Cirurgiòes.) 
tras formas de implementação de estratégias, a edu-
cação pode ser uma ferramenla valiosa. A educação 
freqüentemente serve de ponto de partida para facili-
tar as estralégias de execução e engenharia. 
EXECUÇÃO 
A execução procura canalizar o poder persuasivo da 
lei para garantir a adesão a estratégias de prevenção 
simples, mas eficazes. Certas instituições governa-
menlais tern o poder de aprovar estatutos, regulamen-
tos e leis em um esforço para promover a Saúde Pú-
blica, a segurança e o bem-estar geral mesmo quando 
essas ações restringem a autonomia individual até um 
certo limite. Geralmente, os tribunais tendem a man-
ter leis de prevenção de traumas que impõem uma 
carga minima a individuos desde que elas sejam exe-
cutadas de forma justa e que o beneficio à Saúde Pú-
blica seja substancial. 
Dispositivos estatutários podem tanto exigir como 
proibir e podem ser direcionados ao comportamento 
individual (pessoas), produtos (coisas), ou condições 
ambientais (lugares): 
• Exigências legais que se aplicam a pessoas são o 
uso obrigatório de cinto de seguranca, proteção 
(assentos) para crianças e leis de uso de capacetes. 
• Proibições que se aplicam a pessoas são as leis so-
bre o consumo de álcool e direção, limites de ve-
locidade e transformar o comportamento agressi-
vo em crime. 
• Exigências legais que se aplicam a coisas incluem 
os padrões de desenho e realização, tais como o 
código de Normas Federais para a Seguranca dos 
Veiculos Automotores. 
• Proibições que se aplicam a coisas incluem restri-
ções a animais perigosos e tecidos inflamáveis. 
• Exigências legais que se aplicam a lugares inclu-
em a instalação de postes de sinalização de fácil 
fragmentação ao longo das rodovias e de cercas ao 
redor de piscinas. 
• Proibições que se aplicam a lugares incluem tor-
nar ilegal o uso de estruturas rigidas ao longo das 
rodovias e o porte de armas de fogo em aeroportos. 
A execução também é uma contramedida ativa 
porque as pessoas tern que obedecer à lei para se be-
neficiar dela. A legislação tern ampla aplicação já que 
as leis se aplicam a todos os membros da sociedade 
dentro de uma determinada jurisdição. A eficiência 
das iniciativas de execução depende da boa vontade 
da sociedade em obedecer e da viabilidade e visibili-
dacle de seu cumprimento. O público-alvo pode ficar 
mais relutante em obedecer se eles acharem que o 
código restringe a liberdade pessoal e que há pouca 
CAPÍTUL0  1  P revenção  de  Trauma  2 3 
chance de serem pegos ou que não sofrerão conse-
qüências por violar a lei. Já que a sociedade como um 
todo tende a obedecer às leis ou pelo menos agir pro-
ximo clos limites das leis, a execução sempre é mais 
eficiente do que a educação. A execução coadjuvada 
com a educação parece produzir resultados melhores 
do que se cada um fosse realizado separaclamente. 
ENGENHARIA 
Em geral os meios de prevenção de traumas mais 
eficientes são aqueles nos quais a liberação de ener-
gia destrutiva é permanentemenle separada do hos-
pedeiro. Contramedidas passivas alcançam este ob-
jetivo com pouco ou nenhum esforço da parte do 
indivíduo. Estratégias de engenharia procuram in-
serir a prevenção de traumas em produtos ou am-
bientes de forma que o hospedeiro não tenha que 
agir diretamente para ser protegido. As estratégias 
de engenharia ajuclam as pessoas que de fato pre-
cisam delas e assim o fazem sempre que necessá-
rio. Medidas, tais como sistemas automáticos de 
chuveiros contra incêndio, cascos flutuantes em 
barcos e sistemas de SME, todos provaram que po-
dem salvar vidas com pouco ou nenhum esforço 
por parte do hospedeiro. 
A engenharia parece ser a resposta perfeita para 
a prevençãode traumas. Ela é passiva, eficiente e 
geralmente o menos problemático dos três "Es". In-
felizmente, ela é com freqüência a mais cara de se 
implementar. Inserir seguranca em um produto o 
torna mais caro e pode demandar a criação de nor-
mas ou regulamentações. O preço pode ser maior 
do que aquele que o produtor queira absorver ou 
que o cliente está disposto a pagar. A sociedade dita 
quanta seguranca quer em um produto e quanto está 
disposta a pagar. Estratégias de execução e engenha-
ria deveriam ser precedidas de iniciativas educacio-
nais. As contramedidas mais eficientes podem ser 
aquelas que incorporam todas as três estralégias de 
implemenlação. 
Abordagem da Saúde Pública 
Muito foi aprendido sobre trauma e prevenção de 
traumas. Infelizmente, existe uma grande discre-
pãncia entre o que se sabe sobre traumas e o que 
está sendo feito em relação a isso. Os sistemas de 
SME devem ajudar a preencher essa lacuna. O trau-
ma é um problema complexo em todas as socieda-
des do munclo. Uma única pessoa ou instituição 
não pode preveni-lo. Uma abordagem pela Saúde 
Pública tern demonstrado sucesso em lidar com 
outras doenças e está tendo progresso também com 
a prevenção de traumas. 
2 4  ATENDIMENTO  PRÉ ­HOSP ITALAR  AO  TRAUMATIZADO 
Uma abordagem conduzida pela Saúde Pública cria 
uma coalizao de base comunitária para combater uma 
doença de base comunitária, através de um processo 
de quatro etapas: 
1. Vigilâneia 
2. Identificação do fator de risco 
3. Avaliação da intervenção 
4. Implemcntação 
A coalizão é composta de especialistas de diversas 
areas, tais como epidemiologia, comunidade médica, 
escolas de Saúde Pública, instituições de Saúde Pu-
blica, programas de apoio a comunidades, economia, 
sociologia e justiça criminal comunitária. Os siste-
mas de SME têm um papel imporlante dentro de uma 
ação da Saúde Pública para a prevenção de traumas. 
Participar de um esforço conjunto para melhorar a 
segurança no pátio de recreação pode não ter o efeito 
imediato de prover assistência no local de uma terri-
vel colisão de veiculo, mas os resultados podem ser 
bem mais abrangentes. 
VlGILÂNClA 
A vigilância é o processo de coletar dados. A coleta 
de dados da população da comunidade em questão 
ajuda a descobrir a verdadeira magnitude e efeito do 
trauma na comunidade. Uma comunidade pode ser 
um bairro, uma cidade, um município, estado ou até 
mesmo toda uma nação. Os padrões de trauma po-
dem variar de um pais para outro e até de uma região 
para outra; por isso estratégias de intervenção bem-
sucedidas em uma comunidade podem não produzir 
resultados similares em outra. Apoio ao programa, 
alocação adequada de recursos e até mesmo saber 
quem incluir na equipe multidisciplinar depende de. 
en tender o alcance do problema. 
A seguir há várias fontes de informações disponí-
veis para uma comunidade. 
• Dados de mortalidade 
• Estatísticas de admissões e alias hospitalares 
• Relatórios medicos 
• Registros de traumas 
• Ocorrências policiais 
• Prontuários de SME 
• Relatórios de seguros 
No entanto, esses dados podem conter apenas 
segmentos do panorama completo do trauma, tor-
nando às vezes difícil fazer avaliações precisas. O 
socorrista pode precisar estabelecer um sistema de 
investigação próprio para captar as informações 
mais valiosas. 
I D E N T I F I C A Ç Ã O D O FATOR D E R I S C O 
Depois que um problema é identificado e pesquisa-
do, é necessário saber quem corre riscos para direci-
onar uma estratégia de prevenção a população corre-
ta. Abordagens multidirecionadas de prevenção de 
traumas tern menos sucesso do que aquelas mais en-
focadas. A identificação das causas e dos fatores de 
risco determina quem está traumatizado; que tipos 
de traumas são sofridos e onde, quando e por que 
esses traumas ocorrem. Para assegurar que um fator 
de risco seja determinante na causa de um trauma, 
pode ser necessário comparar um grupo com o fator 
de risco a um grupo sem o fator de risco. As vezes o 
fator de risco é uma causa óbvia, como a presença de 
álcool em colisões fatais de veiculos. Outras vezes, é 
necessária uma pesquisa para descobrir os verdadei-
ros fatores de risco envolvidos em eventos de trau-
ma. Os sistemas SME podem servir como olhos e 
ouvidos da Saúde Pública no local da ocorrência dos 
traumas para identificar os verdadeiros fatores de ris-
co que ninguém mais pode descobrir. Fatores de ris-
cos podem ser enquadrados na matriz de Haddon à 
medida que são adequadamente identificados. 
AVALIAÇÃO DA INTERVENÇÃO 
À medida que os fatores de risco se tornam claros, as 
estrategias de intervenção começam a emergir. A lis-
ta de Haddon das 10 estrategias de prevenção de trau-
mas serve como um ponto de partida (veja Figura 1-6). 
Ao considerar possíveis inlervenções, um socorrista 
deve estar atento aos valores da comunidade (ambi-
ente sociocultural), à população-alvo (hospedeiro) e 
ao custo de implementação. Apesar de as comunida-
des terem caracteristicas diferentes, com algumas 
modificações uma iniciativa de prevenção de trauma 
de uma comunidade pode funcionar em outra. Após 
a escolha de uma intervenção potencial, um progra-
ma-piloto usando um ou mais dos três "Es" pode 
apontar para o sucesso da implementação completa. 
IMPLEMENTAÇÃO 
O passo final na abordagem pela Saúde Pública é a 
implementação e a avaliação da intervenção. Os pro-
cedimentos detalhados da implementação são prepa-
rados de forma que outros interessados na implemen-
tação de programas similares terão um guia para se-
guir. A coleta de dados da avaliação mede a eficiência 
de um programa. Três questões podem ajudar a de-
tenuinar o sucesso de um programa: 
1. As atitudes, as habilidades e a percepção mudaram? 
2. O comportamento mudou? 
3. A mudanca comportamental leva a um resultado 
favorável? 
CAPÍTULO 1 P r e v e n c ã o de T r a u m a 2 5 
A abordagem pela Saúde Pública propicia um meio 
didado para se combater um processo de doença. 
avés de um esforço multidisciplinar baseado na 
minidade, é possível identificar quern, o que, onde, 
indo e por que de um problema de trauma, e de-
olver um piano de ação. Os sistémas de SME pre-
am desempenhar um papel mais substancial em 
rudar a preencher a lacuna entre o que se sabe sobre 
imas e o que é feito a respeito. 
Evolução  do papel  dos SME 
Tradicionalmente, o papel dos socorristas nos cuidados 
de saúde se concentra, quase de maneira exclusiva, no 
tratamento pós-evento e personalizado do individuo. 
Pouca ênfase é colocada no entendimento das causas 
dos traumas ou o que um socorrista poderia fazer para 
preveni-los. Como resultado disso, os pacientes podem 
retornar ao mesmo ambiente para sofrerem traumas 
novamente. Além disso, informações que poderiam aju-
dar no desenvolvimento de um programa de prevenção 
para toda a comunidade, a fim de evitar que outros so-
fram traumas, podem não ser documentadas, portanto 
não estão disponíveis a outros setores da Saúde Pública. 
A Saúde Pública aborda os cuidados de saúde de 
uma perspective diferente. Ela é pró-ativa procuran-
do determinar como alterar o hospedeiro, o agente e 
o ambiente com o intuito de prevenir traumas. Atra-
vés de coalizões que conduzem investigações e im-
plementam intervenções, a Saúde Pública trabalha 
para desenvolver programas de prevenção para toda 
a comunidade. A EMS Agenda for the Future visualiza 
laços mais fortes entre os sistemas SME e a Saúde 
Publica que tornaria mais eficienles esses dois seto-
res de cuidados de saude. 
Os socorristas podem desempenhar um papel mais 
ativo no desenvolvimento de programas de preven-
ção de traumas para toda a comunidade. Os sistemas 
SME gozam de uma posição singular na comunida-
de. Com mais de 600 mil agentes somente nos Esta-
dos Unidos, os socorristas básicos e avançados estão 
distribuídos portoda a comunidade. Eles gozam de 
boa reputação na comunidade, se tornando modelos 
destacados. Além disso, são prontamente recebidos 
nos lares e nas empresas. Todas as fases da aborda-
gem da Saúde Pública para a prevenção de traumas 
se beneficiarão da presença de um socorrista de aten-
dimento pré-hospitalar. 
Intervenções personaíizadas 
Os sistemas SME não tern que abandonar sua aborda-
gem personalizada de cuidados ao paciente para con-
duzir intervenções valiosas para a prevenção de trau-
ma. A abordagem personalizada torna os sistemas SME 
capazes de conduzir iniciativas de prevenção de trau-
mas de forma unica. Os socorristas podem trazer men-
sagens de prevenção de trauma diretamente a indivi-
duos de alto risco. Um dos indicadores de um progra-
ma educacional bem-sucedido é quando a informação 
é recebida com entusiasmo suficiente para alterar com-
portamentos. Os socorristas podem usar seu "status" 
de modelo de conduta para passar importantes men-
sagens de prevenção. Sem dúvida, as pessoas admiram 
outras que são modelos de conduta, esculam o que 
tern para dizer e imitam o que fazem. 
Aconselhamento sobre prevenção dado no local 
tira proveito de um "momento instrutivo". Um mo-
mento instrutivo é quando o paciente, que não ne-
cessita intervenção médica crítica, ou membros da 
familia, pode estar em um estado que o deixa mais 
suscetivel ao que um modelo de conduta diz. O so-
corrista pode considerar o tempo passado no local 
como desperdiçado quando fica aparente que pouca 
ou nenhuma inlervenção médica será necessária. No 
entanto, esse pode ser o melhor momento para ensi-
nar prevenção básica. 
Nem toda chamada permite aconselhamento de 
prevenção de traumas. Chamadas sérias e com riscos 
à vida exigem concentração em cuidados imediatos. 
No entanto, o numero de chamadas sem risco de vicla 
chega a 95% dos casos. Uma proporção significante 
exige tratamento minimo ou nenhum tratamento. O 
aconselhamento personalizado de prevenção pode ser 
apropriado durante essas chamadas não-críticas. 
As interações com o paciente em geral são encon-
tros curtos, especialmente aqueles que exigem pou-
co ou nenhum tratamento. No entanto, eles propici-
am tempo suficiente para discutir e/ou demonstrar 
ao paciente e aos membros da familia as práticas que 
podem prevenir traumas no futuro. Um modelo de 
conduta que discule a importância de substituir uma 
lâmpada queimada e de remover um tapete escorre-
gadio em um corredor mal iluminaclo pode prevenir 
uma queda de um morador idoso. Os socorristas tern 
um público atento durante o percurso até o hospital. 
A prevenção é um tópico mais valioso para se discu-
tir do que o tempo ou o time local de futebol. Mo-
mentos instrutivos levam de 1 a 2 minutos e não in-
terferem com o tratamento ou o transporte. 
Programas educacionais foram desenvolvidos para 
ensinar socorristas a dar aconselhamento sobre pre-
venção de lesões no local da ocorrência. Esses tipos 
de programas tern que ser desenvolvidos e avaliados 
mais profundamente, para descobrir quais são os mais 
valiosos e, portanto, apropriados para serem inclui-
dos na educação básica de um socorrista de atendi-
mentos pré-hospitalares. 
2 6  ATEND IMENTO  PRÉ ­HOSP I TALAR  AO  TRAUMAT IZADO 
Intervenções que abrangem toda 
a comunidade 
A abordagem pela Saúde Pública da prevenção de 
traumas é baseada na comunidade e envolve uma 
equipe multidisciplinar. O sistema de SME tern o 
conhecimento necessário para se tornar um valio-
so membro da equipe. Estratégias de prevenção para 
toda a comunidade dependem de dados que per-
mitam abordar de forma adequada quern, o que, 
quando, onde e por que de um problema de trau-
ma. Como foi descrito antes, diversas fontes de in-
formação fornecem os dados necessários. Os so-
corristas, talvez mais do que qualquer outro mem-
bro da equipe, tern a oportunidade de ver um paci-
ente interagir com o seu ambiente. Isso pode per-
mitir a idenlificação de um individuo de alto risco, 
de uma atitude ou um comportamento de alto ris-
co que não estão presentes no momento em que o 
paciente chega ao pronto-socorro. 
O socorrista pode usar a documentação com in-
formação adquirida a caminho de um hospital ou cli-
nica médica de duas maneiras: 
1. Ela pode ser imediatamente usada pelos emergen-
cistas que recebem o paciente. Medicos e enfer-
meiros da sala de emergência também são solici-
tados a melhorar e aumentar o seu papel na pre-
venção de traumas. Seu "momento instrutivo" 
pode reforçar e suplementar o conselho dado pelo 
socorrista no local da ocorrência se eles já soube-
rem o que foi discutido ou demonstrado. 
2. Outros agentes da Saúde Pública podem usar da-
dos sobre traumas fornecidos pelos socorristas de 
forma retrospectiva para ajudar a desenvolver um 
programa de prevençào de traumas completo que 
abranja toda a comunidade. 
Os socorristas geralmente não criam documenta-
ção para ajudar a construir um programa de preven-
ção para toda a comunidade. Saber o que incluir e 
quando documentar informações úteis ao desenvol-
vimento de programas de prevenção para toda a co-
munidade exige um diálogo com outros membros da 
equipe de Saúde Pública. Líderes do sistema de SME 
precisam criar uma aliança com a Saúde Pública para 
desenvolver politicas que promovam a completa do-
cumentação de traumas. 
Prevenção de Traumas para os 
socorristas de SME 
Em uma empresa prestadora de serviço pré-hospi-
talar, os empregados não são apenas o patrimônio 
mais valioso como também o mais dispendioso. O 
serviço, a comunidade e, mais importante, o em-
pregado, todos se beneficiam quando o empregado 
permanece livre de traumas. Um esforço dentro da 
própria instituição pode ser uma excelente deci-
são para conduzir um programa de prevenção de 
traumas através de uma abordagem pela Saúde Pu-
blica. Se a comunidade (por exemplo, o serviço de 
ambulância) é pequena, há acesso integral a ela e a 
investigação é mais fácil já que o serviço de ambu-
lância tern acesso a muitas das fontes de dados de 
que ela pode precisar. A identificação dos fatores 
de risco é simplificada, pois o público-alvo são co-
legas de trabalho. A obtenção de informação de 
análise pode ser quase imediata, o que permite cor-
reções durante o processo. A coleta de dados dos 
resultados também pode estar à disposição de for-
ma imediata. 
Kinnane e colaboradores mencionam programas 
de prevenção internos que utilizam estratégias de 
implementação de educação, de execução e de en-
genharia. A ampla variabilidade dos programas de-
monstra os perigos envolvidos nos sistemas SME e 
a necessidade de iniciativas de prevenção. Demons-
tra também a variabilidade entre as comunidades 
de SME. Apesar de todas as empresas de SME se-
rem similares, empresas individuals (comunidades) 
tern fatores de risco e prioridades de prevenção di-
ferentes. 
Os programas educacionais descritos anterior-
mente enfatizam o bem-estar, a prevenção de trau-
mas recorrentes e o aumento do reconhecimento do 
potencial em pacientes violentos. Programas de exe-
cução introduziram programas obrigatórios de boa-
forma física e a criação de protocolos para lidar com 
pacientes violentos. Iniciativas de engenharia lida-
ram com a intensificação do uso de cinto de segu-
rança no compartimento do paciente na ambulãn-
cia após avaliar a posição do equipamento e a loca-
lizaçào do assento, além de lidarem com a redução 
de traumas recorrentes através da seleção de tria-
gem e do fortalecimento fisico. 
Um programa de prevenção de lesões de peque-
na escala dentro da própria instituição pode colher 
frutos, além dos resultados óbvios e mais importan-
tes de saúde melhorada dos empregados. Pequenos 
sucessos abrem caminho para uma participação em 
empreendimentos maiores e mais complicados. Eles 
propiciam uma ferramenta valiosa de aprendizado 
no empregopara a prevenção de traumas em todos 
os funcionários. Além disso, programas internos de 
prevenção propiciam uma introdução dos SME a 
outras instituições de Saúde Pública na comunida-
de que ajudam na implementação e avaliação de 
programas internos. 
Resumo 
CAPÍTULO  1  P r evenção  de  T rauma  2 7 
O trauma é, atualmente, a epidemia mais negligenci-
ada. Apesar de os sistemas SME terem tido grande 
progresso no atendimento de traumas desde a publi-
cação do relatório público do NAS/NRC em 1966, a 
indústria de cuidados de saúde fracassou em dimi-
nuir de maneira mensurável a incidência de traumas. 
Mais de 146 mil pessoas morrem em decorrência de 
traumas a cada ano somente nos Estados Unidos ape-
sar do desenvolvimento de sistemas SME altamente 
capacitados. Os socorristas de SME estão em uma 
posição singular para influenciar as taxas de morbi-
dade e mortalidade através da prevenção. Esta posi-
ção foi reconhecida e o papel dos agentes de SME na 
prevenção de doenças e traumas está evoluindo. 
Os agentes de SME devem associar o conheci-
mento, as habilidades e as ferramentas usadas na 
Saude Publica com a prática da profissão de SME. 
Esta é uma oportunidade para que os sistemas SME 
venham a afetar significativamente a saude de to-
dos os individuos. O avanço dos sistemas SME na 
prevenção de traumas depende da adoção desse 
novo papel pelo socorrista em particular. Os so-
corristas devem ter o conhecimento e as habilida-
des para a prevenção de traumas, acreditar na sua 
importância, se dedicar ao esforço e servir como 
urn defensor de seus colegas. 
lução do UeMrio 
Seis meses depois. 
Marcos e Patricia estavam frustrados com a 
incidência de traumas intencionais e não-inten-
cionais em seu bairro. Eles notaram que desde a 
implementação do policiamento na comunida-
de de seu bairro, o número de traumas relacio-
nados com crimes foi reduzido. Após um deba-
te sobre o que tinham observado, Marcos e Pa-
tricia redigiram uma proposta ao diretor de seu 
sistema de SME para um programa SME comu-
nitário no bairro. Marcos e Patricia se tornaram 
muito conhecidos na comunidade e criaram re-
lações cordiais com os moradores, aproveitan-
do todas as oportunidades para discutir a pre-
venção de traumas. Apesar de gostarem de tra-
balhar dessa forma, sentiram que precisavam 
abordar problemas especificos de maior ampli-
tude e desenvolver o seguinte programa. 
Com a autorização do diretor, Marcos e Pa-
tricia combinaram trabalhar juntos com a po-
lícia e o corpo de bombeiros naquela area para 
reduzir traumas em ciclistas. "Especialistas" em 
bicicletas do departamento policial darão cur-
sos sobre segurança para ciclistas juntamente 
com socorristas de SME locais. Unidades do 
corpo de bombeiros localizadas na região es-
tão iniciando um programa no qual as crianças 
do bairro trazem suas bicicletas para inspeção, 
conserto e manutenção. Marcos e Patricia re-
digiram uma proposta de patrocínio e estão 
recebendo 1.500 dólares de uma instituição de 
caridade local para comprar capacetes de ci-
clistas para as crianças da região. Marcos e Pa-
tricia perceberam que embora o conhecimento 
e o equipamento são fatores importantes na 
prevenção de traumas, eles não garantem ade-
são. Eles solicitaram a participação de uma rede 
local de lojas de conveniência para providen-
ciar livros de colorir sobre segurança e estes 
serem distribuídos às crianças por SME locais, 
policiais e bombeiros, reforçando a segurança 
ao andar de bicicleta e promovendo outros 
comportamentos seguros. E o mais importan-
te: crianças usando seus capacetes e andanclo 
com segurança são sempre elogiadas. 
Seis meses depois, uma análise dos dados 
revela uma redução de 45% nos traumas rela-
cionados com as bicicletas na comunidade. 
2 8  ATEND IMENTO  PRÉ ­HOSP I TALAR  AO  TRAUMAT IZADO 
llwstões k kvimo 
Respostas na pág. 424. 
1. Quais dos seguintes elementos são comuns a to-
dos os traumas? 
a. Transferência de energia. 
b. Falta de controles de engenharia. 
c. Uma vitima desinformada. 
d. Comportamento de alto risco. 
2. Um motorista que dorme à direção representa qual 
parte do triângulo da doença? 
a. Ambiente. 
b. Agente. 
c. Hospedeiro. 
d. Mecanismo. 
3. Qual dos seguintes itens é um instrumento util 
na identificação dos fatores responsáveis por 
traumas? 
a. Principio de Fick. 
b. Triade de Cushing. 
c. Escore Revisado de Traumas. 
d. Malriz de Haddon. 
4. Um sistema suplementar de proteção (air bag) em 
um veículo é um exemplo de intervenção em qual 
fase da lesão? 
a. Fase do evento. 
b. Fase do pré-evento. 
c. Fase do evento colateral. 
d. Fase do pós-evento. 
5. Qual dos seguintes itens NÃO é uma das aborda-
gens comuns na implementação de uma estratégia 
de prevenção de trauma? 
a. Educação. 
b. Execução. 
c. Engenharia. 
d. Economia. 
6. Em qual atividade ou atividades de abordagem 
pela Saúde Pública da prevenção de traumas é 
apropriado o envolvimento dos SME? 
a. Identificação do fator de risco. 
b. Investigação. 
c. Implementação. 
d. Todas as anteriores. 
CAPÍTULO  1  P r e v enção  de  T rauma  2 9 
REFERÊNCIAS 
Christoffel T, Gallagher SS: Injury prevention and public health: 
practical knowledge, skills, and strategies, Gaithersburg. Md, 
1999, Aspen. 
Kellerman AL, Hutson HR: Injury control. In Schwartz GR: 
Principles and practice of emergency medicine, Philadelphia, 
1992, Lea & Febiger. 
Kellerman AL, Todd KH: Injury control . In Tintinelli JE, 
Kelen GD, Stapczynski JS, editors: Emergency medici-
ne: a comprehensive study guide. New York, 1999 , 
McGraw-Hill . 
Kinnane JM, Garrison HG, CobenJH, Alonzo-Serra HM: In-
jury preveniion: is there a role for out-of-hospital emer-
gency medical services? Acad Emerg Med 4:306, 1997. 
Martinez R: Injury control: a primer for physicians. Annals of 
Emerg Med 19:1, 1990. 
National Academy of Sciences/National Research Council: 
Accidental death and disability: the neglected disease of mo-
dern society. Washington, DC, 1966, NAS/NRC. 
National Center for Health Statistics: Health, United States, 
1996-1997 and injury chartbook, Hyattsville, Md, 1997, 
NCHS. 
National Center for Health Statistics: Health, United States, 2000 
with adolescent health chartbook, Hyattsville, Md, 2000, 
NCHS. 
National Center for Injun- Prevention and Control: Fact book 
for the year 2000: working to prevent and control injury in 
the United States. 2000. Available at www.cdc.gov/ncipc/ 
pub-res/FactBook/default.htm (accessed 05/01). 
National Committee for Injun- Prevention and Control: In-
jury prevention: meeting the challenge. New York. 1989, 
Oxford University Press (Published as a supplement to the 
Am] Prev Med 5:4, 1989). 
National Highway Traffic Safety Administration. US Depart-
ment of Health and Human Senices. Health Resources and 
Services Administration. Maternal and Child Healdi Bu-
reau: Emergency medical senices agenda/< future. Wa-
shington, DC, 1999, The Administration. 
Todd KH: Accident's aren't: proposal for evaluatio 
prevention curriculum for EMS providers: a grant pi 
the National Association of State EMS Directors. Adanta, 
1998, Department of Emergency Medicine. Emory Uni-
versity School of Medicine. 
Waller JA: Injury control: a guide to the causes am 
trauma, Lexington, Mass, 1985, Lexington Books. 
World Health Organization: Injury: a leading cans 
bal burden of disease, Geneva: 2001. W H ailable at 
www. who . in t / v io l ence_ in ju ry_p revc 
burden.htm (accessed 05/01).

Outros materiais