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14 Triagem Transporte e Sistemas de Transporte de Trauma

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Tria 
Transporte 
i i temas 
Traum 
Ao final deste capítulo, o leitor estará apto a: 
9 Dado um cenário com múltiplas vítimas, aplicar os critérios de triagem 
para tomar as decisões sobre recursos necessários, tratamento e transporte. 
• Discutir as conseqüências da subtriagem e da supertriagem para o paciente 
e para o sistema de trauma. 
• Discutir o nível ótimo e o grau de envolvimento do controle médico num 
sistema de trauma. 
• Justificar a opção por transporte terrestre ou aéreo. 
• Explicar a importância de cada componente de um sistema de trauma. 
^ 3 6 4 ATENDIMENTO P R É - H O S P I T A L A R AO TRAUMATIZADO 
A sua central recebe um chamado relatando que houve uma colisão envolvendo vários veícu-
los automotores com sete vítimas, numa área rural do seu município. A caminho do local, você 
revisa os recursos disponíveis. O sistema de seu município inclui uma equipe de resgate de 
voluntários e cinco ambulâncias terrestres. O sistema de trauma regional conta com um centro 
de trauma Nível I localizado a cerca de 20 minutos do local da ocorrência por via terrestre e dois 
hospitais comunitários, um deles a 5 minutos do local. O centro de trauma Nível I também 
opera um helicóptero aeromédico. 
A sua ambulância é a primeira a chegar ao local. Duas das vítimas estão fora de seus veículos, 
deambulando, mas apresentam evidências de trauma. Uma outra está obviamente morta, en-
quanto as outras 4 estão encarceradas nos veículos e têm evidência de trauma grave. Enquanto 
você avalia a cena, chegam ao local a equipe de resgate e uma segunda ambulância. 
Como é que vocêfaz? 
Para minimizar a possibilidade de morte e de se-qüelas, o paciente traumatizado deve receber aten-
dimento ideal durante toda a evolução de sua lesão. 
Embora o tratamento cirúrgico definitivo das lesões 
raramente seja feito no local, o atendimento prestado 
pode ler uma influência significativa na evolução do 
paciente. Os socorristas prestam atendimento no lo-
cal em condições longe das ideais para tratar do pa-
ciente, prevenir lesões secundárias e transportar o 
traumatizado para o hospital apropriado, a fim de re-
ceber o tratamento definitivo no tempo mais adequa-
do possível. Para atingir esies objetivos, é necessário 
planejamento prévio e compreensão do sistema de 
trauma regional. Este capítulo discule alguns destes 
assuntos que devem ser considerados nesse processo 
de planejamento prévio. 
Triagem 
A triagem pode referir-se a várias situações diferentes 
no pré-hospitalar. O significado mais comum do ter-
mo triagem refere-se à necessidade de identificar os 
pacientes que podem ter lesões graves e assegurar que 
serão transportados para um centro de trauma apro-
priado. Esta forma de triagem pode ser dificultada 
por algumas lesões com risco de vida que não são 
imediatamente evidentes no local. A vítima pode não 
apresentar lesão evidente, estar deambulando no lo-
cal ou mesmo recusar tratamento. Outro objetivo do 
atendimento pré-hospitalar é minimizar o tempo no 
local, o que requer avaliação rápida do paciente para 
decidir quem necessita de transporte em vez de ten-
tar descobrir todas as lesões que o paciente possa ter 
sofrido. Para tornar este processo mais rápido e pre-
ciso, os princípios de triagem devem ser estabeleci-
dos previamente. O protocolo de triagem mais co-
nhecido é o do Comitê de Trauma do Colégio Ameri-
cano de Cirurgiões (Figura 14-1). Este guia usa um 
processo de quatro etapas para determinar quais pa-
cientes devem ser levados para um centro de trauma 
e, dependendo da estrutura do sistema de trauma re-
gional, para qual centro de trauma: 
1. São usados critêrios fisiológicos para identificar 
os pacientes instáveis que devem ser levados rapi-
damente para o centro de trauma de maior com-
plexidade disponível. 
2. E avaliada a anatomia da lesão para identificar os 
pacientes que estão fisiologicamente estáveis, mas 
têm lesões evidentes que necessitam de atendimen-
to num centro de trauma. Os pacientes em ambas 
as categorias devem ser transportados para cen-
tros de trauma, avisando-se a equipe de trauma 
que o paciente está a caminho. 
3. O mecanismo de trauma é usado para identificar 
os pacientes que estão fisiologicamente estáveis. 
não têm lesões evidentes, mas, mesmo assim, têm 
alto risco de lesão grave por causa da alta energia 
envolvida no trauma. Dependendo do sistema de 
trauma regional, deve ser considerada a possibili-
dade de transportar estes pacientes para um cen-
tro de trauma, após consultar o conlrole médico. 
CAPÍTULO 14 T r i a g e m , T r a n s p o r t e e S i s t e m a s de T r a u m a 365 
ESQUEMA  DE DECISAO  DE TRIAGEM NO  LOCAL 
Etapa  1 
Medir os sinais vitais e avaliar o nível de consciência 
' 
Escala de Coma de Glasgow  < 14 ou 
Pressão arterial sistólica  < 90 ou 
Freqüência ventilatória  <10 ou > 29 ou 
Escore Revisado de Trauma (RTS)  < 11 
SIM  NAO 
Levar  para  um centro  de trauma; avisar  a equipe  de  trauma 
As etapas  1 e 2 da  triagem tentam  identificar  já  no  local  os  traumatizados 
mais  graves. Num sistema  de trauma, estes  pacientes  devem 
preferencialmente  ser  transportados  para  o nível de  tratamento 
mais  elevado dentro do  sistema 
Avaliar  a  anatomia 
da  lesão 
Etapa  2  • Ferimento  penetrante  de  crânio, pescoço, dorso e extremidades,  proximal 
ao cotovelo  ou ao  joelho 
• Tórax  instável 
' Associação de trauma com  queimadura 
1
 Duas ou mais  fraturas  proximais de  ossos  longos 
' Fraturas  de  bacia 
1
 Fratura  exposta ou afundamento  de  crânio 
1
 Paralisia 
' Amputação  proximal ao punho ou ao  tornozelo 
• Queimaduras  graves 
SIM  NAO 
Etapa  3 
Levar para um centro de trauma; avisar a equipe de  trauma. 
As  etapas  1 e 2 da  triagem  tentam  identificar  já  no  local  os 
traumatizados  mais graves. Num  sistema de  trauma,  estes 
pacientes  devem  preferencialmente  ser  transportados  para 
o  nível  de  tratamento  mais  elevado dentro  do  sistema 
Procurar evidências  de 
mecanismo  de  lesão 
e  impacto de alta  energia 
• Ejeção  do  carro 
• Morte  de ocupante  no mesmo  carro 
1
 Tempo  de  retirada > 20  minutos 
1
 Queda  > 6 metros 
■ Capotamento 
1
 Colisão em  alta  velocidade  Velocidade  > 65  km/h 
Deformidade  do veículo > 50  cm 
Intrusão do compartimento  de  passageiros  maior  que 30  cm 
' Atropelamento  de pedestre/ciclista  com  impacto  significativo  (> 10  km/h) 
1
 Pedestre arremessado  ou passagem  do carro  sobre  o  pedestre 
1
 Colisão de motocicleta  > 35  km/h  ou motociclista jogado da  motocicleta 
Etapa  4 
SIM 
Contatar controle  médico  e  pensar 
em  transportar  para  um centro  de  trauma 
Considerar  avisar  a equipe de  trauma 
SIM 
NAO 
• Idade < 5 ou > 55  anos 
Doença cardíaca ou  respiratória 
Diabetes  dependente  de  insulina,  cirrose  ou obesidade  mórbida 
Gravidez 
Pacientes  imunossuprimidos 
Pacientes  com  distúrbios  de coagulação  ou  anticoagulados 
NAO 
Contatar  controle médico e pensar  em  transportar 
para um  centro de trauma. Considerar  avisar  a equipe  de  trauma 
Reavaliar  com  controle 
médico 
NA DÚVIDA, LEVE A VÍTIMA PARA UM CENTRO DE TRAUMA 
Figura 14-1 Esquema de decisão de triagem. (Extraído de American College of Surgeons Committee on Trauma: Resources 
for oplimal care of the injureá patient: 1999, Chicago, 1998, American College oí Surgeons.) 
3 6 6 ATENDIMENTO P R É - H O S P I T A L A R AO TRAUMATIZADO 
4. Devem ser identificados pacientes com co-morbi-
clades que podem aumentar o risco de evolução 
desfavorável. Deve ser considerada a possibili-
dade de transportar esses pacientes para um cen-
tro de trauma, após consultar o controle médico. 
Outra formaimportante, mas menos comum, de 
triagem ocorre quando o socorrista enfrenta um inci-
dente com múltiplas vítimas (IMV). Esta triagem en-
volve transporte e tratamento dos pacientes trauma-
tizados de modo a conseguir o melhor resultado para 
o maior número de pacientes. Duas situações podem 
ocorrer: 
1. Há muitas vítimas, mas o número de pacientes e a 
gravidade das lesões permitem que os recursos 
disponíveis no local e no sistema regional de trau-
ma sejam suficientes para atender a todos de for-
ma eficiente. Neste caso, os pacientes devem ser 
triados como já descrito - tentando identificar os 
que têm lesões com risco de vida mais imediato 
e assegurar que eles recebam transporte rápido 
para o centro de trauma de nível mais elevado 
disponível. 
2. O número e a gravidade das lesões são lais que os 
recursos do sistema de atendimento são insufi-
cientes. Neste caso, os recursos devem ser usados 
de forma que os pacientes com maior chance de 
sobrevida sejam tratados mais rapidamente. Esta 
situação em geral obrigará a ativação dos planos 
regionais de atendimento a catástrofes, que devem 
ser previamente organizados e testados e irão, por 
vezes, necessitar de vários níveis de controle mé-
dico, inclusive no local. 
Subtriagem e supertriagem 
O socorrista deve levar em consideração o esquema 
de triagem e a situação do sistema regional de atendi-
mento ao traumatizado antes de tomar as decisões 
no local, de forma a minimizar a sublriagem e a su-
pertriagem. Ocorre subtriagem quando pacientes trau-
matizados graves não são reconhecidos como tais, 
sendo erroneamente encaminhados a hospitais que 
não são centros de trauma. Isto pode levar a aumento 
de morbidade e mortalidade nestes pacientes. Embo-
ra ocorra algum grau de subtriagem em quase todos 
os sistemas, os sistemas de trauma (e o esquema de 
triagem já mostrado) foram organizados para mini-
mizar a subtriagem, minimizando, assim, as mortes 
evitáveis e as seqüelas. Contudo, esta organização 
lende a aumentar a supertriagem, que ocorre quando 
pacientes com trauma leve ou sem lesão alguma são 
levados para um centro de trauma. Embora isto não 
resulte em problemas significativos para o paciente, 
pode representar sobrecarga para o centro de trauma, 
que terá de lidar com mais pacientes, com os recur-
sos limitados. Isto pode levar a problemas internos 
por necessidade de triar vários pacientes e aumentar 
os custos para o centro. O objetivo de um sistema de 
trauma regional deve ser aceitar uma taxa de super-
triagem que não resulte em sobrecarga dos centros 
de trauma e leve a um nível aceitavelmente baixo de 
subtriagem que minimize morbidade e mortalidade 
evitáveis nos pacientes traumatizados. Os programas 
de melhoria de qualidade dos serviços envolvidos 
devem monitorar a taxa de subtriagem e reexaminá-
la para poder aprimorar o sistema. 
Controle Médico 
A triagem apropriada, como já discutido, depende da 
compreensão do sistema de trauma no qual o socor-
rista trabalha, dos fatores de risco e do tratamento 
apropriado dos vários tipos de lesão traumática. Es-
tas questões devem ser discutidas com o diretor mé-
dico antes que o evento traumático ocorra. Os socor-
ristas devem realizar avaliações e tratamento sob o 
controle de um médico. Por isso, estas discussões 
devem resultar em protocolos escritos que possam 
orientar a maior parte clas condulas no pré-hospita-
lar. Às vezes, surgirá alguma situação que não se en-
quadra nos protocolos. O sistema de trauma deve 
permitir acesso rápido, confiável e direto ao controle 
médico através de rádio ou telefone. Este sistema com-
binado de controle médico, direto e indireto, permi-
tirá a conduta mais eficiente na maior parte das situ-
ações de trauma, permitindo flexibilidade e apoio nas 
situações incomuns. 
Transporte 
A sobrevida dos pacientes traumatizados graves de-
pende do transporte rápido para um centro que ofe-
reça tratamento cirúrgico definitivo imediato, não do 
transporte de qualquer jeito para o hospital mais 
próximo. O paciente deve ser transportado pelo meio 
mais rápido e seguro, após o atendimento inicial, para 
o centro mais próximo que possa oferecer tratamen-
to definitivo. Dependendo do sistema de trauma re-
gional, isto pode ser efetuado de várias formas. 
Antes do transporte, o paciente deve acessar o sis-
tema para ativar o Serviços Médicos de Emergência 
(SME). Na maior parte da América do Norte, isto pode 
ser feito por meio do sistema de chamada do 911 (no 
Brasil, os telefones são 192 ou 193), que oferece acesso 
imediato ao serviço de SME. Em todos os lugares exis-
te possibilidade de ativação similar, por meio de dife-
rentes sistemas de chamada. 
CAPITULO 14 T r i a g e m , T r a n s p o r t e e S i s t e m a s de T r a u m a 3 6 7 
Uma vez no local e após a avaliação da cena, os 
socorristas fazem a retirada e a imobilização. O paci-
ente pode precisar de intervenções imediatas que 
possam salvar sua vida, tais como intubação traqueal 
e descompressão torácica. A imobilizaçào do pacien-
te em prancha longa e a colocação de talas nas lesões 
de extremidades facilitam o deslocamento do paci-
ente e minimizam a ocorrência de lesões secundá-
rias. O acesso venoso deve ser iniciado a caminho do 
hospital. Deve ser gasto no local o tempo adequado 
necessário para permitir que o transporte do pacien-
te seja seguro. Contudo, deve ser evitado gastar tem-
po excessivo no local, pois o tratamento cirúrgico 
definitivo da maior parte das lesões não pode ser fei-
to no local e o paciente estará correndo risco de san-
gramento continuado, choque e outras complicações. 
Se o trauma ocorrer a minutos de distãncia do centro 
de trauma, o princípio de "carregar-e-levar", segun-
do o qual o paciente é imobilizado em prancha longa 
para permitir fácil mobilização e transportado rapi-
damente para o centro de trauma, é via de regra a 
melhor opção. Na área rural, com tempo de transpor-
te prolongado até o centro de trauma, pode ser útil 
transportar inicialmente o paciente para o hospital 
local para fazer a reanimação inicial avançada, esta-
bilizar e preparar para a viagem até o centro de trau-
ma. Contudo, a avaliação do paciente no hospital de 
origem não deve retardar o transporte para o centro 
de trauma. 
Na maioria dos sistemas regionais de transporte, 
há duas opções já organizadas - transporte terrestre e 
aéreo (helicóplero). Ambos permitem transportar e 
monitorar os pacientes. 
Transporte  terrestre 
Para a maioria dos pacientes, o transporte terrestre é 
a melhor opção, oferecendo resposta rápida na maior 
parte das ocorrências. Permite carregar grande quan-
tidade de equipamento, tem capacidade de monito-
rar adequadamente o doente e o peso do veículo nunca 
é um problema. Os veículos de transporte terrestre 
são de operação mais econômica e a maioria dos sis-
temas tem muitas unidades de transporte terrestre 
disponíveis, com vários níveis de atendimento. Parti-
cularmente nas zonas urbanas, os veículos terrestres 
podem chegar ao local, imobilizar e transportar o 
paciente para o centro de trauma mais rapidamente 
do que o tempo que um helicóptero gastaria para de-
colar e encontrar um local para pousar. O maior pro-
blema do transporte terrestre é muitas vezes o risco 
de colisão com outros veículos que não tenham nota-
do a ambulância correndo com suas luzes e sirene. A 
segurança do paciente, da equipe e dos populares 
exige cme se seja muito cuidadoso. 
Transporte aéreo 
O transporte civil de helicóptero dos doentes trau-
matizados começou depoís que as guerras da Coréia 
e do Vietnã mostraram sua utüidade. Seu uso no trans-
porte civil, embora difundido. tem sido controverso. 
Os helicópteros podem oferecer transporte rápido para 
distâncias mais longas e para terrenos mais difíceis 
do que as ambulâncias terrestres. Nas áreas rurais. os 
helicópteros podempermitir o acesso do suporte 
avançado de vida a locais que não dispõem dele. Con-
tudo, os helicópteros são mais caros do que os veícu-
los de transporte terrestre, têm acesso limitado ao local 
devido a condições climáticas e/ou do terreno e po-
dem ter problemas de segurança para o paciente. a 
equipe e os populares. Em muitas situações. os heli-
cópteros não poderão prover transporte mais rápido 
porque têm de ser ativados (geralmente depois que 
as unidades terrestres já chegaram ao local), decolar. 
voar até o local e pousar. O paciente deve, então. ser 
embarcado, para o helicóptero voar de volta e desem-
barcado quando chegar novamente ao solo, no hos-
pilal de destino. Para transportes terrestres de menos 
de 15 minutos, embarcar na ambulância e conduzir 
até o centro de trauma geralmente é mais rápido do 
que esperar pelo helicóptero. 
Sistemas de trauma 
Este capítulo fez várias referèncias à lomada de de-
cisões com base no sistema de trauma regional no 
qual o socorrista atua. Assim, o socorrista deve en-
tencler o significado do termo sistema de trauma e 
como os diversos sistemas podem ser diferentes. As 
discussões sobre o atendimento ao traumatizado em 
geral centravam-se no atendimento pré-hospitalar e 
hospitalar (ou em centro de trauma), consideran-
do-os como importantes, mas completamente sepa-
rados. O sistema de trauma reconhece que os resul-
tados do atendimento ao traumatizado melhoram 
muito com o desenvolvimento de um sistema que 
integre o atendimento ao longo de lodo o processo 
- iniciando no local, passando pela hospilalização e 
continuando com a reabilitação. Este sistema tenta 
atender as necessidades de todos os traumaüzados 
numa determinada área, ao mesmo lempo que mi-
nimiza as taxas de subtriagem e supertriagem. Cui-
da também da prevenção e das atividades de educa-
ção pública para tentar minimizar as lesões. A orga-
nização de um sistema como esse requer apoio pú-
blico e tem implicações políticas e íinanceiras que 
levam os sistemas a ser desenvolvidos de forma di-
ferenciada, dependendo dessas circunstâncias. Um 
sistema de trauma regional numa grande área me-
3 6 8 ATENDIMENTO PRÉ-HOSPITALAR AO TRAUMATIZADO 
tropolitana irá diferir de um sistema de uma área 
rural que cubra vários estados. 
Um sistema regional de trauma é organizado com 
base nas necessidades da região e nos recursos dispo-
níveis para suprir essas necessidades. O Colégio Ame-
ricano de Cirurgiões estabeleceu critérios que são fre-
qüentemente utilizados para determinar a designa-
ção dos centros de trauma. Estes critérios podem ser 
adaptados conforme os recursos da região: 
1. Um centro de trauma Nível I deve ser um centro 
de referência regional e encontra-se geralmente em 
áreas de grande população. 
2. Um centro de trauma Nível II oferece tratamen-
to completo ao traumatizado. tanto numa área 
densamente povoada, onde pode complemen-
tar um centro de trauma Nível I, como em áreas 
menos populosas, onde pode ser o nível de mais 
alta complexidade disponível. Ambos os centros 
oferecem disponibilidade cirúrgica imecliata e 
diferem sobretudo nas atividades educacionais 
e de pesquisa. 
3. Um centro de trauma Nível III geralmente tem co-
bertura de cirurgia geral e capacidade de tratar a 
maior parte das lesões, mas deve estar vinculado a 
um centro de trauma de maior complexidade para 
tratar dos pacientes traumatizados mais graves. 
4. Um centro de trauma Nível IV situa-se habitual-
mente numa área rural e está habilitado a fazer a 
estabilização inicial. 
O conceito de sistema de trauma evoluiu com o 
tempo. No início, os sistemas foram considerados ape-
nas em termos de centros de trauma e do tratamento 
que poderiam oferecer aos pacientes traumatizados 
(sistemas de trauma exclusivos). Contudo, a avalia-
Figura 14-2 Componentes de um sistema de atendimenio iniegrado ao traumatizado. (Extraído de 
American College of Surgeons Committee on Trauma: Resources for optimal care of the injured patient: 
1999, Chicago, 1998, American College of Surgeons.) 
CAPÍTULO 14 T r i a g e m , T r a n s p o r t e e S i s t e m a s de T r a u m a 369 
ção atual do sistema de trauma regional inclui não 
apenas os centros de trauma disponíveis mas tam-
bém outros componentes (Figura 14-2). 
Muitas entidades de atendimento pré-hospitalar 
podem operar num sistema de trauma com variados 
níveis de treinamento e de serviços oferecidos, espe-
cialmente num sistema que cubra uma área extensa. 
O despacho pode ser operado cle vários pontos dife-
rentes, resultando em problemas de comunicação e 
coordenação. Deve haver protocolos para o uso de 
transporte aeromédico e o socorrista deve observá-
los. A capacidacle de os hospitais gerais fazerem a es-
tabilização inicial e tratarem os traumatizados me-
nos graves também deve ser levada em consideração. 
O conhecimento de todos esses componentes regio-
nais antes da chegada ao local permitirá um atendi-
mento melhor dos pacientes traumatizados dentro do 
sistema. A discussão dos problemas que surgirem 
entre as várias entidades envolvidas ajudará a melho-
rar o atendimento no futuro. Cada componente do 
sistema de trauma regional deve ter um processo de 
melhoria de qualidade que avalie e estude formas de 
melhorar o atendimento. O sistema deve também 
permitir que todos os componentes do sistema de 
trauma regional discutam as questões de melhoria de 
qualiclade de forma conjunta. 
O aumento da integração entre todos os compo-
nentes envolvidos no tratamento do traumarizado le-
vará a melhores resultados, à medida que os sistemas 
de trauma evoluem. Uma área de fragilidade na maio-
ria dos sistemas continua sendo a comunicação 
as várias entidades e a documentação do que é feiu 
com o paciente e a resposta do paciente à intervenção. 
Isto significa que, à medida que o paciente passa pelos 
diversos componentes do sistema, freqüentemente h 
duplicação de esforços e desperdício de tempo. O de-
senvolvimento contínuo de sistemas integrados regio-
nais, associado ao uso de novas tecnologias, como a 
telemedicina, deve permitir a passagem mais tranqüi-
la do paciente através do sistema com menos duplica-
ção e menos perda cle tempo. Esta integração, combi-
nada com a contínua melhoria da qualidade, ajudará 
os socorristas a garantir que o paciente certo chegue 
ao local certo no tempo certo. 
Para que os traumatizados tenham o melhor prog-
nóstico possível, é necessária a organização de siste-
mas de trauma regionais. Um sistema de trauma regio-
nal deve ser planejado levando em conta os recursos 
da comunidade. O ACS-COT (American College of 
Surgeons Committe on Trauma - Comitê de Trauma 
do Colégio Americano de Cirurgiões) tem liderado o 
desenvolvimento dos sistemas regionais de trauma. 
A sua contribuição inclui a criação de critérios para o 
reconhecimento dos centros de trauma e o desenvol-
vimento de protocolos de triagem. 
O socorrista deve entender bem os princípios ge-
rais e os objetivos de um sistema de trauma e conhe-
cer as particularidades do sistema de trauma da sua 
região. Todos componentes do sistema de trauma 
devem funcionar bem para assegurar eficiéncia, efi-
cácia e disponibilidade permanente de atendimento 
médico de emergência. O socorrista deve estar fami-
liarizado com os critérios de triagem de seu sistema, 
os recursos de sua comunidade e a classificação e os 
recursos clos hospitais da sua área. Um sólido proces-
so de tomada de decisões deve ser baseado em crité-
rios estabelecidos para otimizar o uso dos recursos 
sem sobrecarregar desnecessariamente o sistema ou 
prejudicar a evolução dos pacientes. 
Para maximizar a efetividade dos sistemas de 
trauma, todos os envolvidos devem participar de um 
processo contínuo de melhoria de qualidade para 
aumentar a eficiência do sistema, superar as barrei-
ras que dificultam o seu funcionamenloadequado e 
integrar melhor todos os componentes do sistema 
de trauma. 
370  A T E N D I M E N T O P R É - H O S P I T A L A R AO T R A U M A T I Z A D O 
1
olumo iln deuário 
Com sete pacientes neste incidente, inicialmen-
te os números superam os recursos disponíveis. 
Por isso, você deve avaliar rapidamente todos 
os doentes, como foi feito, para ter uma idéia 
melhor de como direcionar os recursos, à medi-
da que forem chegando. O paciente morto deve 
ser deixado de lado e os "feridos que estão an-
dando" devem ser acalmados temporariamen-
te, se seus sinais vitais forem aceitáveis, a fim de 
concentrar os recursos nas vítimas mais graves, 
que estão presas nas ferragens. Se chegarem re-
cursos suficientes, considere a possibilidade de 
transportar esses "feridos que estão andando" 
para o hospital mais próximo, onde poderão ser 
avaliados, podendo as ambulâncias talvez vol-
tar rapidamente para o local do incidente. En-
quanto as vítimas restantes são retiradas, pode-
rão ser feitas as intervenções fundamentais. 
Como há vítimas encarceradas e o centro de trau-
ma fica a 20 minutos por terra, pense na possi-
bilidade de mobilizar o helicóptero, desde que 
haja área apropriada para pouso próximo ao lo-
cal e alguém que possa ajudar a nave a pousar. 
Contudo, se a retirada não for demorar ou se 
não houver local próximo apropriado para pou-
so, obrigando a transportar o doente até o heli-
cóptero, talvez seja melhor transportar os doen-
tes por terra diretamente para o centro de trau-
ma, avisando antes para permitir a mobilização 
da equipe de trauma. 
CAPÍTULO 14 T r i a g e m , T r a n s p o r t e e S i s t e m a s de T r a u m a 371 
Qüestões de Reviâo 
As respostas encontram-se na página 424. 
1. A palavra triagem refere-se a: 
a. Um processo pelo qual o Colégio Americano de 
Cirurgiões garante que os cloentes traumatiza-
dos não são levados para os hospitais locais. 
b. Transportar todos os traumatizados para um 
centro de trauma. 
c. Uma maneira de evitar a sobrecarga dos servi-
ços de trauma. 
d. Um processo pelo qual existe garantia de que os 
doentes potencialmente graves receberão o ní-
vel apropriado de tratamento. 
2. Os problemas relacionados com triagcm incluem: 
a. Traumatizados graves que não são levados para 
um centro de trauma. 
b. Levar todos os traumatizados para um único 
centro de trauma. 
c. Subtriagem que pode levar a morte evitável ou 
seqüela. 
d. Todas as anteriores. 
3. O diretor médico dos Sistemas Médicos de Emer-
gência: 
a. Não tem papel no atendimento pré-hospitalar. 
b. É responsável por todo o atendimento prestado. 
c. Interfere com o atendimento rápido dos doen-
tes traumatizados. 
d. Deve estar continuamente em comunicação di-
reta via rádio. 
4. Assinale a alternativa correta a respeito do trans-
porte dos traumatizados: 
a. O transporte de helicóptero é sempre mais rápi-
do e melhor do que o transporte por terra. 
b. As técnicas de "carregar-e-levar" não exigem 
imobilização. 
c. O socorrista deve escolher o método mais rápi-
do e seguro para todos os envolvidos. 
d. O socorrista deve levar sempre os pacientes di-
retamente para o centro de trauma. 
5. Característica dos centros de trauma regionais: 
a. Têm todos a mesma classificação. 
b. Só atendem doentes traumatizados. 
c. Não são importantes nas áreas rurais. 
d. Sua estruturação depende da política e de finan-
ciamentos locais. 
REFERÊNCIAS 
American College of Surgeons Committee on Trauma: Resour-
ces for optimal care of the injured patienl: 1999, Chicago, 
1998, American College of Surgeons. 
Callahan M: Emergency medical ser\'ices base station func-
tion and design: on-line medical control, Prehosp Emerg 
Care July-September, 1989. 
Clawson JJ, Torbuss R, Hauert SA, and other members of the 
Emergency Medical Response Task Force: Use of warning 
lights and siren in emergency medical vehicle response 
and patient transport, Prchosp Emerg Care April-June, 1994. 
National Association of Emergency Medical Service Physicians: 
Air medical dispatch: guidelines for trauma scene respon-
se. Prehosp Emerg Care 7(1):75, 1992.

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