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APOSTILA SAUDE VOCAL DO PROFESSOR

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A Saúde Vocal do Professor
INTRODUÇÃO À SAÚDE VOCAL DO PROFESSOR
Este curso tem como objetivo a inter-relação da Fonoaudiologia com a Educação, com enfoque principal na realidade
vocal que os professores vivenciam diariamente, a qual se repercute no seu aspecto profissional e sobretudo no sua
performance em sala de aula.
O curso almeja cooperar no desenvolvimento e na edificação do conhecimento cientifico do educador, pois é durante
a produção vocal que o docente deverá dominar seu mecanismo fonatório. Para uma fala ser compreensível é
necessário que o professor tenha os órgãos fonatórios em condições saudáveis, isto é, dentes, cavidade nasal sem
obstrução, uma boa abertura da boca, flexibilidade da língua, mobilidade dos lábios, entre outros. A integridade
desses órgãos colabora para uma melhor dicção e uma adequada impostação vocal, que propiciam um maior
interesse e atenção por parte dos alunos, inclusive uma melhor compreensão dos conteúdos apresentados.
Uma pessoa que tem a voz clara, forte e determinada causa melhor impressão e confiança para o ouvinte,
principalmente quando o assunto entre eles é informação. É o principal instrumento de trabalho utilizado pelos
professores, como ocorre um desconhecimento por parte destes profissionais em utilizar a voz adequadamente, eles
estão mais susceptíveis às alterações vocais e laríngeas.
A rouquidão, fadiga vocal, ardência na garganta, dificuldade em manter o tom fundamental, forte intensidade,
desarmonias na ressonância, articulação tensa e travada, são alguns dos distúrbios comuns após o uso profissional
da voz que caracterizam os sintomas de uma disfonia.
Estes distúrbios vocais compõem uma preocupação em relação ao seu desempenho profissional, e muitas vezes
utilizam mecanismos compensatórios de abuso e mau uso da voz para melhorar a comunicação, que se tornam
hábitos inadequados, tais como: falar alto demais em ambientes ruidosos ou abertos, gritar sem suporte respiratório,
falar excessivamente durante quadros gripais e alérgicos ou período pré-menstrual, pigarro excessivo, tosse e
ataque vocal brusco, piorando o quadro vocal e acarretando alterações da mucosa laríngea, secundárias à este mau
funcionamento, que são os nódulos, pólipos, edemas, laringites de repetição e úlceras de contato.
A voz é o elemento fundamental da comunicação humana, pela qual o professor transmite seus conhecimentos. Os
alunos apropriam-se destes conhecimentos, parcial ou integralmente, dependendo, muitas vezes, das qualidades
acústicas da voz do professor.
Esta voz quando é agradável transmite os valores reais na mensagem proposta, todos as professores deveriam saber
utilizá-la adequadamente. É por ela e pela articulação das palavras que expressamos nossos conhecimentos,
emoção, cultura e personalidade. No processo ensino-aprendizagem, a voz e a fala merecem destaques especiais,
por serem pontos de referência cultural, que refletem na construção do saber, do pensamento e no desenvolvimento
das ciências.
A maioria dos professores não tem consciência da influência da voz no desempenho de sua função, não atentando
para o fato de ser a mesma o principal meio de transmissão de conhecimentos.
Há uma grande falta de informação por parte desses profissionais com relação ao uso e aos cuidados básicos da voz,
talvez pela ausência de orientações adequadas para tal. Geralmente, apenas no momento em que a voz começa a
falhar, dando sinais de fadiga, ou mesmo quando já se estabeleceu uma patologia que os impossibilita de trabalhar
utilizando a mesma, é que o professor desperta para a importância da própria voz e os cuidados a serem tomados
com ela.
Sendo o educador um sólido modelo para seus alunos, um formador de opiniões, a preocupação com a voz e as
repercussões negativas que a mesma traz, tanto para o docente quanto para os alunos, tem sido motivo para
diversos trabalhos nesta área.
É importante que o professor mantenha hábitos corretos de postura, gestos precisos e uma boa qualidade vocal, pois
seu padrão de conduta, além de influenciar na transmissão dos conhecimentos, é constantemente observado, e
muitas vezes imitado pelos alunos.
Na atividade profissional da docência, a voz é o instrumento utilizado para transmitir o saber adquirido e gerar
aprendizagem. A comunicação é sinal de proximidade entre as pessoas, por meio da voz se estabelece o vínculo do
professor com o aluno para o processo de ensino-aprendizagem.
A voz é o resultado do equilíbrio entre duas forças, a força aerodinâmica do ar que sai dos pulmões e a força
mioelástica dos músculos extrínsecos e intrínsecos da laringe. Qualquer desequilíbrio entre essas forças pode gerar
um problema vocal.
Considerando que as alterações da voz prejudicam o desempenho ocupacional docente, temos como hipótese que
grande parte dos distúrbios da voz podem estar relacionados ao desconhecimento de técnicas e cuidados especiais
com a voz, principalmente pelo fato de não existirem, nos cursos de formação de professores, trabalhos curriculares
ou extracurriculares para a promoção da saúde vocal.
Avanços técnicos recentes no exame da laringe, como a fibroscopia, a microscopia e videoestroboscopia tornaram
possível o diagnóstico de lesões não detectadas pelo método tradicional do espelho de laringe, sendo que a
videoestroboscopia permite a visualização em detalhe da vibração das pregas vocais.
Os distúrbios da voz afetam a vida pessoal, social e profissional. É comum a falta de conhecimento da importância de
cuidados para preservar a voz, por parte dos que a usam profissionalmente, levando a abusos e hábitos inadequados
que podem desencadear distúrbios vocais, tecnicamente chamados de disfonias.
Entende-se a disfonia como distúrbio de comunicação, no qual a voz não consegue cumprir o seu papel básico de
transmissão da mensagem verbal e emocional de um indivíduo. Sintomas como cansaço e fadiga vocal com o tempo
evoluem para patologias como nódulos, pólipos, edemas e hiperemia.
As pesquisas recentes sobre a saúde dos professores são unânimes em retratar as condições de trabalho docente
como determinantes do seu estado de saúde. A maioria desses estudos mostra a precariedade do trabalho desses
profissionais e identifica um quadro alarmante da situação de saúde em que o distúrbio vocal e o estresse aparecem
como principais reclamações. Porém, existe uma tendência a serem realizados estudos isolados desses sintomas,
sem estabelecer a relação deles entre si e as condições de trabalho.
O presente curso assume a proposta de identificar a inter-relação entre os sintomas detectados, agora com o olhar
direcionado para as condições de trabalho docente. Para tanto, foram articulados conhecimentos da Saúde,
Psicologia, Educação e Fonoaudiologia, para observar as seguintes variáveis, condições de trabalho, situação de
saúde dos professores, estresse e distúrbio vocal.
A voz é a essência e o canal do desenvolvimento da cultura acadêmica. No contexto pedagógico, a voz do educador
deve ser clara, harmoniosa, com tons definidos, sonoridade adequada, melódica, rítmica, com boa projeção e
coordenação da respiração com a fala. Jamais deve apresentar-se rouca, estridente, abafada ou presa. Dada a
complexidade dos elementos que interferem na produção vocal, não há como o aluno ficar indiferente diante da voz
do professor.
É necessário abordar a questão da saúde vocal em toda sua dimensão, uma vez que o padrão saudável não se
relaciona apenas à integridade física, mas também às condições de organização do trabalho as quais o indivíduo está
submetido, bem como às formas como esse vive e aos seus desafios cotidianos.
Quando uma voz está bem colocada e impostada, o aluno tem maior prazer de ouvi-la. Caso demonstre estar
alterada e com problemas, seja de rouquidão, desequilíbrio de ressonância ou qualquer outra alteração, o aluno
muitas vezes desvia sua atenção da aula e fica maisatento ao modo como a voz do professor está sendo emitida.
Quando estas alterações vocais são tão evidentes, acabam interferindo diretamente no processo ensino-
aprendizagem, simplesmente pela desconcentração do aluno, pois a voz do professor chama mais atenção do que o
conteúdo proposto. Os alunos, por sua vez, querem e almejam pela melhor mensagem que o professor lhe possa
transmitir.
A incapacidade vocal na atividade docente afeta negativamente o processo de aprendizagem, pois aumenta os
afastamentos por licença médica e reduz a transmissão do conhecimento e a satisfação do professor. As alterações
vocais em docentes constituem importante prejuízo social devido aos dias de afastamento e às despesas com o
tratamento.
O objetivo do presente curso é o de identificar a relação entre incapacidade vocal e o esforço vocal profissional.
Hiperemia é caracterizada pelo aumento de volume sanguíneo em um tecido ou área afetada.
CONCEITO SOBRE A VOZ
A voz é o som gerado pelo ser humano e está presente desde o nascimento, podendo ser emitida de inúmeras
formas, como grunhidos, choros, risos, balbucios, gemidos, sons da fala, gritos e cantos.
Ela caracteriza o homem quanto ao sexo, idade, raça, biótipo, origem, aspecto psicoemocional, atributos da
personalidade e nível sociocultural. Também é possível identificar alguns destes padrões quando falamos ao telefone
ou ouvimos qualquer outra forma de mídia.
A voz é uma das capacidades primordiais à comunicação humana, pois é por meio dessa que o homem demonstra
seus conhecimentos, vontades, sentimentos, emoções e pensamentos.
A voz é criada na laringe que é um tubo que acolhe as pregas vocais. Ao inspirar o ar entra nos pulmões e as pregas
vocais se afastam. Ao expirar, o ar sai dos pulmões e, percorrendo a laringe, faz vibrar as pregas vocais. Nesse
momento, é emitido um som de baixa intensidade que vai ser amplificado nas cavidades de ressonância (laringe,
faringe, boca e nariz), se transformando nos diversos sons da fala através dos movimentos dos órgãos miofuncionais
(boca, língua, lábios, bochechas, mandíbula, dentes e palato). Desta forma, para que o som seja produzido com boa
qualidade, existe a necessidade da integridade do sistema respiratório, sistema digestivo e de toda musculatura
envolvida neste processo.
A voz é adquirida e vai se formando através de nosso crescimento físico e emocional. Geralmente os profissionais da
voz (professores, locutores, cantores, entre outros) utilizam atividades verbais impróprias em sua profissão, podendo
comprometer os tecidos da laringe e produzir um distúrbio vocal resultante do abuso ou mau uso da voz.
Dentre todos os profissionais da voz, o professor é o mais passível às alterações vocais, devido a utilização intensiva
de sua voz e por estar despreparado para a grande demanda vocal diária. Por isso, conhecimento sobre o mecanismo
de produção da voz, noções de higiene e técnica vocal são imprescindíveis para auxiliar o educador na conservação
da qualidade da própria voz.
Dessa forma, é vital discriminar o comportamento vocal do professor, as situações de abuso vocal e as possíveis
causas prejudiciais à voz, assim como a influência de fatores psicológicos e de estresse, pois todos esses fatores
serão importantes para a orientação e o tratamento das alterações vocais.
O fluxo de ar que sai dos pulmões, ao passar pela laringe (garganta), encontra dois músculos pequenos, finos e
delicados que são as pregas vocais (popularmente conhecidas por cordas vocais). As pregas vocais estão paralelas ao
solo em posição horizontal e não em posição vertical, como geralmente se pensa. Na inspiração (entrada de ar) dos
pulmões, elas se afastam, e na expiração (saída de ar) se aproximam.
Como a pressão do ar que vem dos pulmões é forte, faz vibrar as pregas vocais. Esta vibração inicia um som que é
muito baixo na região da laringe, mas devido as estruturas de ressonância que funcionam como um amplificador,
ampliam e modificam este som. Como resultado deste mecanismo respiratório e muscular, a voz humana é
produzida. Caso estas estruturas de ressonância forem bem ajustadas, a voz poderá ser projetada para o meio
ambiente ultrapassando os 100 decibéis.
IMPOSTAÇÃO DA VOZ
A oratória teve procedência na Sicília no século V a.C. mas foi na Grécia que encontrou formas para o seu
desenvolvimento.
Consiste em um princípio de comunicação e valorização da expressão oral, pois falar de forma correta é
indispensável para o profissional da voz.
É importante a maneira como se comunica devido a carga de emoção que transmitimos com nossas palavras. A voz
transporta os sentimentos e atinge os ouvintes diretamente, proporcionando-lhes sensações de prazer ou interesse.
Para isso, o orador deve transmitir através de seus gestos, postura e voz uma emoção que envolva os seus ouvintes.
Não podemos falar em voz e comunicação sem nos preocuparmos com o que nossa expressão corporal está
transmitindo.
Para o educador é vital ser bom orador, a fim de atrair seus ouvintes através de uma boa qualidade vocal
acompanhada de uma expressão corporal e gestual adequada ao conteúdo passado.
A maioria dos estudiosos concorda que os ouvintes guardam na memória cerca de 10% do que ouvem, quando veem
ou participam com o corpo, a absorção das informações sobe para 20% ou 30%. Isso demonstra que o professor pode
lançar mão de outros recursos para ensinar e não apenas utilizar a voz como única maneira de transmitir o conteúdo.
Devemos salientar que não significa que a aula deva ser transformada num espetáculo, mas deixar claro que, além
de desenvolver uma qualidade de orador, é interessante que o professor apele à linguagem corporal ou visual, pois
assim conservará a voz, evitando o cansaço vocal tão comum a esses profissionais.
O cuidado com a postura deve começar quando o educador entra em sala de aula, principalmente com alunos mais
velhos, que são mais críticos.
A forma de sentar, olhar, cruzar as pernas, tudo isso é observado pelo aluno, juntamente com a maneira como se fala
e usa a voz. O tamanho e a intensidade do gesto do professor devem ser adaptados ao tipo de sala que ministra sua
aula.
Quanto maior a sala, levando em consideração a série e o conteúdo, um recurso didático utilizado para poupar a voz
são os gestos que maiores e mais largos deverão ser, realçando o que o professor achar necessário dentro do
contexto dado. Porém, os gestos devem ser apenas indicados, usados para reforçar o que o professor deseja, ao
invés de usar a voz para tal. Muitos gestos acabam por desviar a atenção do aluno ao que tema que está sendo
abordado.
Já ouvimos a mesma história de muitos estudantes, o professor domina bem a matéria, mas não sabe ensinar. É
possível que a falha seja da comunicação como um todo, mas se ele gritasse menos, gesticulasse de forma correta e
coerente com o conteúdo e/ou se dispusesse no centro da sala, por exemplo, provavelmente educaria melhor e
cansaria menos a voz.
É importante que os educadores se lembrem de que a postura, qualidade da voz e as atitudes antes de falar poderão
predispor o ânimo dos alunos de forma favorável ou desfavorável ao seu trabalho.
DISTÚRBIOS RELACIONADOS A VOZ
A emissão da voz compreende uma série de processos cerebrais centrais e periféricos que produzem e transmitem
impulsos nervosos à musculatura da laringe, dos órgãos articuladores e das estruturas respiratórias do nosso corpo.
Através da ação entre as pregas vocais e a corrente de ar exalada dos pulmões se cria um som de baixa frequência
que ressoará nas cavidades do trato vocal, resultando na voz que compreendemos auditivamente.
Para que haja uma produção vocal saudável é necessária uma complexa e interdependente atividade de todos os
músculos envolvidos em sua geração, além da integridade dos tecidos do aparelho fonador. Quando há uma
desarmoniano funcionamento desse sistema temos como resultado uma produção vocal alterada e o surgimento de
alguns sintomas percebíveis.
Caso esses problemas vocais não possam ser aceitos como identificadores sociais, culturais ou emocionais
caracteriza-se a presença de uma disfonia. Essa pode ser manifestada por uma série de alterações como desvios na
qualidade vocal, esforço à emissão, fadiga vocal, perda de potência e/ou deficiência vocal, variações de frequência
descontroladas, prejuízos no volume e projeção vocal, baixa resistência vocal, entre outros.
Os fatores que se relacionam ao surgimento de uma disfonia podem ser de caráter funcional e/ou orgânico. Existe um
padrão de classificação das disfonias, empregado ainda atualmente, que agrupa as disfonias em categorias
etiológicas funcionais, organofuncionais e orgânicas.
Pode-se afirmar que as disfonias funcionais primárias são definidas como as desordens do comportamento vocal que
podem ter como mecanismo causal o uso errado da voz, as inadaptações vocais e as alterações psicogênicas. As
disfonias funcionais secundárias distinguem-se por distúrbios vocais causados por inadaptações anatômicas,
classificadas como alterações estruturais mínimas (AEM), ou funcionais (respiratória, fônica, ressonantal ou de
integração de dois ou mais sistemas). As disfonias organofuncionais, por sua vez, representam um quadro funcional
diagnosticado de forma atrasada, quando se constata o desenvolvimento de uma lesão laríngea secundária,
ocasionada pelo atraso na busca por uma solução para o quadro inicial ou pelo não reconhecimento da possibilidade
de piora do caso. Por fim, as disfonias orgânicas são aquelas que não dependem do uso da voz ou do comportamento
vocal excessivo e podem ser desencadeadas por uma série de processos não relacionados à produção vocal.
O desenvolvimento de uma disfonia acarreta imensos danos, principalmente relacionados ao mal estar físico e ao
conceito causado por sua comunicação precária. Os prejuízos abrangem ininteligibilidade de fala, produção vocal de
qualidade desagradável e socialmente inaceitável, prejuízos no desenvolvimento profissional, frequência,
intensidade, modulação e/ou projeção inadequadas para o sexo e a idade do falante, dificuldades para transmitir a
mensagem emocional do discurso, entre outros.
Os impactos são ainda mais graves quando o indivíduo precisa do uso da voz em suas atividades profissionais, pois
nesses casos o distúrbio vocal compromete o desempenho e a efetividade de sua função podendo levar a faltas ao
trabalho, afastamentos e até abandono da atividade.
O uso da voz em alta demanda, acompanhado à falta de um conhecimento básico sobre normas de saúde vocal
representa uma importante causa de traumas para as pregas vocais, ocasionando problemas geralmente crônicos.
Alguns indivíduos que utilizam a voz diariamente em suas atividades profissionais desenvolvem ao longo do tempo
determinados tipos de compensações ou ajustes vocais que permitem a utilização da voz por longos períodos, sem
sintomas evidentes, mesmo exercendo sobrecarga ao aparelho fonador. Contudo, uma considerável quantia dos
profissionais da voz que não desenvolvem estes mecanismos faz uso prejudicial da voz, expondo-se ao surgimento de
alterações vocais de diferentes tipos e graus de patologia.
O surgimento de uma alteração vocal, seja essa de qualquer origem, geralmente traz ao professor diversos sintomas
físicos desagradáveis. A disfonia acarreta importante impacto para o educador, sobretudo percebido em nível de
sintomas do tipo falta de ar e esforço para falar.
Pesquisas indicam que os sintomas vocais podem ser:
Fonatórios: rouquidão, soprosidade, aspereza, afonia, fadiga vocal, pigarro, entre outros;
Sensoriais: coceira, secura, garganta apertada, bolo na garganta, entre outros;
Dolorosos: dor na garganta, na região cervical, na base de língua, no pescoço, dor de cabeça, entre outros;
Vagais: tosse, dificuldade de deglutir e engasgos noturnos;
Miscelânea: edema de músculos e glândulas, dispneia, entre outros.
Contudo, saindo de uma perspectiva meramente orgânica, é essencial lembrar que a dificuldade vocal crônica, que
carrega em si todas as alterações fisiológicas implicadas, pode também ser avaliado como agente causador de outros
impactos nas várias dimensões da vida do professor, atingindo-o como um todo.
Alguns estudos asseguram que as características vocais apontam a intenção, o estado emocional e físico do
professor, podendo transmitir impressões a respeito do educador que não correspondem à sua realidade, trazendo
frustação e insatisfação em torno de si mesmo e de sua comunicação.
Segundo os autores, vozes monótonas e sem energia, podem caracterizar professores deprimidos ou doentes, e
vozes vibrantes e ricas em variações, educadores saudáveis, alegres e extrovertidos.
Além disso, casos mais sérios como transtornos psíquicos patológicos também podem estar associados a problemas
vocais agudos ou crônicos. Há algumas décadas essa relação vem sendo descrita na literatura que propõe a presença
de sintomas vocais funcionais associados a conflitos situacionais e estressantes, como forma de despertar a atenção
e atrair um apoio social maior para a solução de seus problemas.
Apesar da complexidade, a relação voz e emoção pode ser facilmente observada por meio de alterações no controle
da respiração, no posicionamento vertical da laringe, no relaxamento relativo das pregas vocais, na tensão dos
músculos da faringe e da língua. Isto porque o sistema muscular esquelético geralmente é reativo a estímulos
psicológicos, podendo provocar mudanças no tônus muscular e limitação da movimentação corporal. Dessa forma,
em situações de estresse, a voz também sofre variações e demonstra certos sintomas, o que evidencia à
comprovação de que diversos distúrbios vocais podem estar associados a aspectos de origem afetiva.
O estresse é um aspecto determinante para predispor a manifestação de quadros de disfonias funcionais, a partir da
avaliação de que professores disfônicos atribuem um valor significativamente maior aos eventos de vidas
estressantes, em comparação a educadores sem queixas vocais. Estudos evidenciaram que uma alta prevalência de
professores com alteração vocal definiram-se como agitados, ansiosos, perfeccionistas, tensos e nervosos.
A associação entre transtornos mentais comuns e distúrbios vocais também foi marcada em estudos com
professores, estes indicaram que professores com transtornos mentais comuns manifestaram de 3 a 8 vezes mais
alterações vocais do que outro grupo sem esses transtornos.
Associados aos impactos emocionais, implicações sociais e profissionais também podem ser observados quando se
analisam mais detalhadamente os problemas vocais. Estudos demonstram grande número de casos de professores
que se afastam de suas atividades, ou por não conseguirem mais exercer suas funções plenamente, ou por medo de
adquirirem novamente o problema de saúde. Ainda tem aqueles que mesmo na presença de um problema vocal
mantêm-se em sua atividade, ou por negligência ao sintoma, ou por insegurança e instabilidade profissional,
agravando ainda mais o quadro.
TRABALHANDO COM A VOZ
A comunicação é um processo interativo e não uma simples relação do indivíduo com a mensagem. O objetivo de
quem fala é ser escutado, interpretado corretamente e que suas ideias formuladas transmitam o conteúdo da
mensagem. Caso a ideia do orador for compreendida pelo ouvinte, ocorre a comunicação.
A impostação de voz depende de uma boa tonalidade vocal e a utilização adequada da ressonância do peito e face.
Os ressonadores faciais são os mais importantes na amplificação do som. Uma voz bem impostada distribui a energia
sonora a todos os órgãos fonoarticulatórios, não sobrecarregando o organismo do orador e resultando numa eficáciavocal.
Existem bases que devem ser trabalhadas diante das possibilidades mais objetivas de impostação vocal, são elas:
Comunicação Corporal: Subdivide-se em comunicação verbal e não-verbal.
A primeira relaciona-se a expressão oral ou gráfica e a segunda quando não se relacionar com nenhuma destas
duas situações. Ex.: visual, vestuário, auditiva e corporal. Exemplificaremos estes tipos:
Visual: placas de trânsito, logotipos, símbolos, códigos, etc;
Vestuário: roupas ou uniformes que identificam determinados sujeitos;
Auditiva: ruídos ou sons possíveis de interpretar;
Corporal: gestos utilizados que expressem uma mensagem;
O importante destes tipos de comunicação é saber utilizá-las adequadamente.
Propriocepção: Está vinculada ao conhecimento de cada indivíduo, do seu próprio corpo frente a diversas
situações diárias de preocupações, como congestionamentos no trânsito, transtornos profissionais, estresse e
outros.
Neste parágrafo, a atenção está voltada ao tônus muscular do corpo, com o grau de tensão ou relaxamento
corporal nas situações citadas. O objetivo da propriocepção corporal é desenvolver condições para que o corpo
perceba suas reações diante de inúmeras situações cotidianas.
Relaxamento: Estudos citam que é de importante estar com o corpo e a mente descontraídos para qualquer
atividade física e mental.
Nestas condições, o indivíduo terá um menor gasto de energia nas atividades propostas. A tensão em
determinados órgãos, como o músculo do diafragma, pregas vocais, pescoço e a língua, dificulta a produção
vocal, gerando vozes sem projeção. Para uma boa impostação vocal é necessário estar bem relaxado.
Respiração: É pela respiração que existe a produção vocal, existem três tipos respiratórios: superior, misto e
inferior, sendo o último o mais indicado para a voz e o primeiro o mais prejudicial.
Voz: Atributo altamente pessoal e subjetivo. É composta de três elementos básicos: 
Altura;
Intensidade;
Qualidade vocal (timbre).
A qualidade vocal sofre interferência direta das condições físicas, psicoemocionais e culturais do indivíduo.
Dependendo destas condições, a voz poderá ser agradável ou desagradável ao ouvinte.
Articulação: Os órgãos responsáveis pela articulação são os dentes, lábios, língua e outros. Estes produzem a
fala, que, por sua vez, necessita da voz para ser emitida. Para um indivíduo falar bem, é necessário que articule
adequadamente todos os fonemas de sua língua. A má articulação gera uma péssima dicção, interferindo na
inteligibilidade da fala.
O professor após atingir satisfatoriamente os objetivos de cada uma destas etapas, terá melhores condições de
dicção e impostação vocal.
Impostar a voz é o ato de emiti-la corretamente, de forma natural e sem esforço. É necessário que cada som seja
emitido em condições fonatórios normais, atingindo seu ponto exato de ampliação nas cavidades de ressonância.
Para uma boa impostação vocal é preciso que a voz seja emitida livremente, sem obstáculos a sua passagem. É
essencial que o professor tenha um bom domínio respiratório, pois a pressão expiratória deve ser bem dosada
contra as pregas vocais. No exato momento em que estas começam a vibrar, o contato entre elas deve ser suave e
bem coordenado. Participa também deste processo fonatório o véu palatino, mandíbula, língua, dentes, músculos do
pescoço, entre outros. Todos estes órgãos vocais se articulam entre si, e este entrosamento é imprescindível para a
emissão correta de todos os sons da voz humana. Esta é a forma natural de fonação, responsável pela clareza do
timbre, maior sonoridade e projeção vocal.
Para que o professor aprenda a impostar a sua voz deverá inicialmente conhecer a anatomia e fisiologia do aparelho
fonador e ter o domínio respiratório. Depois poderá começar a fazer seus exercícios de impostação vocal.
O professor deverá começar os exercícios com os órgãos vocais movimentados em suas diferentes posições na
emissão de cada fonema. Estes exercícios articulatórios vão possibilitar uma melhor dicção durante a fala.
Os exercícios de dicção e impostação vocal devem ser realizados sem esforços ou agressões ao aparelho fonador.
Este trabalho deve ser de forma gradativa e progressiva, de maneira a conduzir a um resultado harmonioso da
estética da voz.
Cada professor tem em sua voz a sua marca inconfundível e o seu timbre específico. Na impostação, o mais
importante é trabalhá-la, dentro de suas possibilidades e limites, buscando o grau mais elevado de arte e harmonia
de cada voz.
Estudos fazem uma relação direta da voz com os sentimentos, mencionando que nela está expressa o contexto
emocional de quem fala. Exemplificam, também, que a descontração dos órgãos fonoarticulatórios e da mandíbula
propicia uma melhor projeção da voz na sala de aula, atingindo a todos os ouvintes. Esses estudos fazem uma inter-
relação direta da voz com o corpo, órgãos dos sentidos, aspectos emocionais e diversos tipos de vocalizações
(bocejar, soluçar, gritar, gemer, rir, espirar, etc.), onde existe uma forma adequada de expressão vocal. Para cada
gesto corporal, olhar, som emitido, existem exercícios específicos que beneficiam a voz. O relaxamento corporal,
respiração e ressonância são os três fatores primordiais para se ter uma voz clara.
Caso o corpo esteja bem relaxado, a voz terá uma boa qualidade sonora. Todos os exercícios de relaxamento do
método espaço-direcional são feitos de olhos abertos, para possibilitar uma melhor noção espacial. Para a respiração,
propõe-se o uso costo/diafragmática/abdominal, por proporcionar maior quantidade de ar.
Quanto a ressonância, o professor deve sentir a vibração em algumas partes do corpo, principalmente na coluna
cervical e região escapular (ombros). A impostação é a forma correta de produzir a voz, nos diversos registros vocais,
sem esforços e com a máxima naturalidade.
Quando se fala em impostação, devemos ter harmonia funcional do corpo e dos órgãos responsáveis pela fonação,
que são:
Relaxamento;
Respiração;
Coordenação;
Ressonância. 
Para o professor obter uma correta emissão vocal, deve fundamentar-se na função respiratória.
O início da fonação (ataque vocal) deve ser suave, sem golpes de glote (aproximação brusca das pregas vocais), sem
ruído e aspereza vocal. Para se conseguir este controle, a coordenação respiratória é fundamental. Caso contrário,
haverá um escape de ar entre as pregas vocais produzindo uma voz soprosa. Outra possibilidade da descoordenação
respiratória é quando o professor fala com pouco ar. Nesta situação, a sonoridade da voz cai para a laringe e o aluno,
ao escuta-la, a percebe-a rígida e áspera.
Na impostação vocal um dos fatores pouco considerados é a posição dos órgãos articulatórios. Estes são muito
importantes na performance vocal. O professor precisa abrir bem a boca quando está falando, para ter uma boa
projeção da voz. A articulação das palavras deve ser clara, com movimentos bem definidos dos oradores. A
mandíbula necessita estar bem relaxada, livre e sem contração em seus movimentos de abertura e fechamento.
Quanto a língua, esta deve estar firme, com boa mobilidade, porém sem rigidez.
Para impostar a voz é preciso emiti-la corretamente com tons definidos e estáveis nos diversos registros vocais, de
tal forma que o professor sinta o domínio da sua voz e o aluno a aprecie ao ouvir, por esta soar agradável, firme e
segura.
Após o professor realizar um treinamento vocal, será constatada uma melhor produção da voz e melhor organização
da fala, e isto também e comprovado por exames sofisticados de radiografias especiais e eletromiografias, pela
redução acentuada dos registros anárquicos.
Estudos mencionam seis parâmetros para se obter uma voz marcante:
Tom;
Ressonância;
Volume;
Qualidade; 
Ritmo;
Apoio respiratório.
Estudos enfatizam que os exercícios vocais regulares, básicos, diretos podem ser realizados por professoresde
qualquer idade e sem restrições. O professor deve ter uma voz forte, saudável, eficaz e que seja facilmente
compreendida, causando uma impressão positiva ao aluno.
A voz precisa ter boa disposição e ser bem colocada. Uma boa voz causa uma ótima impressão, estabelecendo
autoconfiança naquele que fala e em quem o escuta.
Quando o professor possui estas qualidades vocais, as portas se abrem e aparecem oportunidades, sendo a voz um
dos veículos mais importantes nesse processo. Porém, ela jamais deverá ser artificial, com sons forçados e, sim,
deverá ser emitida com a maior naturalidade possível.
A maioria dos professores não conhece sua verdadeira voz e a utiliza de maneira inadequada, sem saber que existem
possibilidades de mudanças vocais. A maioria dos professores infelizmente passa uma vida falando com uma voz que
não o representa bem, falha esta que poderia ser facilmente solucionada.
Muitos professores possuem um conceito incorreto da mesma, imaginando que impostar a voz seja falar
artificialmente, imitando certas vozes de políticos, atores e jornalistas. Este pensamento precisa ser modificado,
porque impostar a voz significa utiliza-la naturalmente, sem esforço vocal na emissão, com uma articulação bem
definida, tonalidades e intensidades adequadas, equilíbrio na ressonância, harmonia respiratória e projeção vocal de
acordo com o ambiente e com o contexto emocional da mensagem.
É vital que o professor tenha consciência e noções destes procedimentos, possibilitando, assim, maior rendimento
vocal e menor fadiga quando estiver falando.
Veja alguns exercícios vocais abaixo:
O USO PROFISSIONAL DA VOZ
Apesar da voz ser uma das fundamentais formas de expressão do ser humano e ser utilizada diariamente pela
maioria das pessoas, existe um grupo particular de indivíduos que se destaca no uso da voz por tê-la como um de
seus principais instrumentos de trabalho. Essas pessoas são denominadas profissionais da voz, podendo ser
professores, vendedores, padres, advogados, políticos, locutores, leiloeiros, dubladores, operadores de telemarketing,
apresentadores de televisão, radialistas, atores e cantores, entre outros.
Quanto mais elaborada a utilização da voz, maior será a demanda vocal no que diz respeito à qualidade e resistência
vocal. No entanto, muitos desses profissionais não adquirem treinamento específico ou qualquer tipo de supervisão
para um uso tão intensivo da voz em circunstâncias muitas vezes desfavoráveis, estando sujeito a lesões.
Fazendo uma comparação com qualquer outra atividade física, sabe-se, que um atleta precisa passar anos treinando
os músculos específicos envolvidos em sua atividade esportiva, bem como o condicionamento cardiopulmonar para
ter um bom desempenho, e que atletas mal treinados ou despreparados fisicamente estão sujeitos a contusões, que
são específicas de sua atividade física.
O uso da voz também é uma atividade física que exige uma grande demanda energética e muscular do volume de
um atleta profissional, dependendo da atividade vocal (como cantar uma ópera, por exemplo). Assim como os
cuidados com um atleta demandam conhecimentos específicos sobre sua atividade física e principais doenças que
podem atingi-lo, os cuidados com o profissional da voz também exigem conhecimento específico.
Deve-se desconfiar do abuso vocal em pacientes que relatam fadiga associada ao uso da voz, com agravamento da
qualidade vocal no final do dia ou da semana, ou em pacientes com disfonia persistente. A principal causa do abuso
vocal é a utilização inadequada da voz, que pode ser primário ou secundário, ocorrendo uma tentativa de
compensação da voz que está alterada por outra causa. Professores e operadores de telemarketing são exemplos de
profissionais da voz que expõem frequente abuso vocal pelas condições intrínsecas às suas atividades profissionais
(falar alto durante longo período de tempo). Utilizar a voz em ambientes ruidosos como próximo de grandes
avenidas, aeroportos ou grandes obras urbanas é especialmente abusivo para a voz.
Os professores compõem o grupo de profissionais da voz que mais buscam atendimento com queixa de problemas
vocais. Frequentemente, o educador abusa da voz no exercício da docência, por desconhecer outras possibilidades
de utilizar a voz na sala de aula de forma eficaz, sem esforço ou prejuízo ao aparato vocal. O professor deve entender
que o grito não é a única forma de conseguir silêncio e atenção dos seus alunos.
O 3º Consenso Nacional sobre Voz Profissional propôs as seguintes definições:
Voz Profissional: a forma de comunicação oral empregada por indivíduos que dela dependem para sua atividade
ocupacional;
Disfonia: toda e qualquer dificuldade ou alteração na emissão natural da voz, caracterizando um distúrbio que
restringe a comunicação oral e pode refletir de forma significativa no uso profissional da voz;
Deficiente Vocal: pessoa que apresenta inaptidão de desenvolver a função fonatória na comunicação verbal, em
caráter imutável e irreversível;
Laringopatia: o quadro de sinais e sintomas (ou síndrome) resultante do conjunto de quaisquer alterações, disfunções
e/ou enfermidades laríngeas, do aparelho fonador ou de quaisquer outros sistemas orgânicos que possam refletir na
voz e na fala, que sejam causadas pelo má utilização do aparato vocal;
Laringopatia Relacionada ao Trabalho: o conjunto de sinais, sintomas, disfunções e enfermidades do aparelho
fonador, que possam ter procedência no uso inadequado da voz ou outra sobrecarga ao aparelho fonador, em
consequência da atividade laborativa e/ou ambiente de trabalho, ou refletir em sua função e nas condições de uso da
voz no trabalho, em termos de qualidade, estabilidade e resistência.
O 3º Consenso Nacional sobre Voz Profissional ainda determinou:
Assinalar que multicausalidade e concausalidade podem ocorrer nas laringopatias em geral, reforçando que o
ambiente de trabalho e o vínculo causal devem ser investigados e que a relação entre doença clínica e doença
relacionada ao trabalho dependem de avaliação médica multidisciplinar e multiprofissional;
Sugerir mudanças conceituais nas relações de trabalho com os indivíduos que utilizam a voz profissional, no sentido
de serem submetidos a exames médicos ocupacionais específicos (admissional, periódico, retorno ao trabalho,
mudança de função e demissional) que atendam às necessidades de suas atividades, nas ações educativas e de
prevenção, na adaptação dos postos de trabalho e atividades para evitar sobrecarga do aparelho fonador;
Reforçar que uma pessoa pode exibir uma voz adaptada ao uso habitual, independentemente de qualidades,
conceitos ou julgamentos anatômicos ou estéticos, e pode estar apta ao uso profissional da voz, podendo, conforme o
caso, estar indicada a análise de riscos, correção do ambiente e das condições de trabalho;
Propor a ampliação dos serviços e programas de educação, tratamento, capacitação e aperfeiçoamento vocal,
facilitando o acesso e estimulando a adesão dos indivíduos que utilizam a voz profissional a estas iniciativas;
Enviar Carta e os Anexos pertinentes, às entidades públicas e às representativas de empregadores e de
trabalhadores que utilizam a voz profissional, para que permaneçam informados e participem ativamente do
levantamento e da solução dos problemas decorrentes da incapacidade ou afastamento por laringopatias
relacionadas ao trabalho;
Solicitar ao Ministério da Saúde a abertura da Lista das Doenças Relacionadas ao Trabalho para, com o apoio das
Entidades promotoras do Consenso, incluir item específico referente às Laringopatias Relacionadas ao Trabalho.
A IMPORTÂNCIA DA VOZ
É certo que, quando estamos na posição de ouvintes, damos preferência a certas habilidades comunicativas
demonstradas pelo nosso interlocutor. Dependendo do conteúdo de sua mensagem, da forma como utiliza as
palavras, as pausas, às entonações,na medida em que põe vida naquilo que quer dizer, atrai ou não seus ouvintes.
A voz é essencial para envolver afetivamente aquele que a ouve. Quando a socialização do conhecimento é científica
e emocional o aprendizado tem a chance de tornar-se significativo para o aluno, que mais facilmente se apropriará
desses novos conhecimentos.
Pelas interações, sejam elas sociais ou essencialmente pedagógicas, que o conhecimento vai sendo transmitido e ao
mesmo tempo construído, e nesse sentido mais significativamente pela presença da afetividade, motivação e do
prazer em ensinar/aprender que contagia. A voz é parte desse contexto por si só, como um instrumento inato que
socialmente aprendemos a utilizar a nosso favor, para expressar nossos pensamentos, aprendizados e sentimentos.
Como instrumento de trabalho, quando reconhecido como tal pode oferecer mais contribuições.
Também pela voz é possível cativar, convencer, chamar a atenção, motivar as pessoas, aos alunos e outros
professores. Na perspectiva da Educação Científica e Tecnológica, essas características e funções trazidas pela voz
do professor, sobretudo, contribuem substancialmente para a formação de alunos, professores e cidadãos, mais
críticos, reflexivos e comprometidos com as questões sociais, ambientais, culturais e educacionais.
É inevitável que a escola acompanhe o desenvolvimento de sua sociedade, não somente hoje, mas observando o seu
passado, com direcionamento para o futuro, tentando trazer à tona, discussões sobre muitos aspectos, entre eles
também a comunicação oral através da voz. Estudos afirmam que a voz bem preparada é um instrumento vital para
a prática pedagógica e facilitador da transmissão do conhecimento.
Estes estudos devem despertar para a consciência e tomada de atitude dos professores da importância desta
ferramenta. É necessário evitar o uso automático da voz, buscando conhecê-la, compreendendo seu funcionamento,
desta forma poder aprimorá-la no sentido de favorecer as situações de ensino-aprendizagem. Estas técnicas irão
facilitar a aprendizagem, na percepção da construção do conhecimento por parte do professor, pelos ajustes vocais,
refletindo-se diretamente no aluno.
Dialogar sobre a voz possibilitou refletir sobre o papel da produção vocal no contexto do ensino, permitindo situações
de auto avaliação para o professor, sobre ele próprio, seus colegas de profissão ou mesmo sobre os futuros
professores que se encontram sob sua responsabilidade, no período de formação.
Outro aspecto importante diz respeito às funções que a voz pode assumir nos espaços sociais/pedagógicos. Mesmo
embasados por conhecimentos de senso comum e/ou pela própria experiência, os professores em suas observações,
ainda que com certa dificuldade, confirmam a presença dessas funções pela voz na sala de aula. Discutir essas
funções pode proporcionar uma visão mais ampla desse instrumento de trabalho, comunicação e interação social
dentro da perspectiva educacional.
A voz, através dos recursos e ajustes disponíveis, deslocando-se do natural para o eficaz, pode então auxiliar certas
transformações na prática docente, em especial para aqueles que pouco dominam esse recurso didático.
Além disso, a voz ou os ajustes vocais, pode favorecer o processo ensino-aprendizagem, minimizando algumas
dificuldades entre a relação professor/aluno, uma vez que, no momento atual da educação, o aluno quer sentir-se
desafiado, motivado e descobridor, e não simplemente registrar de informações sem sentido.
Os professores, como profissionais da voz, dentro de um prisma de coletividade, precisam ser ouvidos e esclarecidos
sobre aspectos relativos à produção vocal.
Lembrando aqui, é preciso mudanças na educação, devemos assumir mudanças na formação dos futuros
professores, que serão por sua vez corresponsáveis na formação de novos profissionais em geral, participantes
diretos na vida em sociedade. A voz pode ser um novo ponto de partida para enriquecer e valorizar tanto os debates
pedagógicos, como os aspectos do processo ensino-aprendizagem.
Estudos demonstram que os professores possuem conhecimentos prévios e de senso comum, exemplos próximos,
experiências pessoais e restrição nas informações sobre toda a potencialidade da voz nas questões de ensino-
aprendizagem.
É importante que o professor observe a interferência de seu padrão vocal na aprendizagem, e que forma isto poderá
melhorar suas interações pedagógicas propriamente ditas.
Avançar nas pesquisas e continuar evidenciando a importância da voz no processo ensino-aprendizagem, levar o
professor a refletir sobre mais esse instrumento didático a serviço da educação são brechas de comunicabilidade que
foram abertas a partir de vários estudos da voz, aproximando a Educação e a Fonoaudiologia, que devem ser
acessadas e divulgadas para tornarem-se ações reais na qualidade de vida do professor e aumentar a efetividade no
processo de ensino-aprendizagem.
SER PROFESSOR
O educador é o profissional essencial dentro do método de ensino-aprendizagem na esfera escolar, pois opera como
um agente formador na educação da população, e é por meio desse que são estabelecidos vínculos com alunos,
famílias e comunidade. Para a Organização Internacional do Trabalho (OIT), o educador ocupa um lugar vital na
sociedade, uma vez que são responsáveis pela preparação de todos os cidadãos para a vida.
Por esse motivo, diante de tantas responsabilidades e desafios diários aos quais estes profissionais são submetidos,
conservar sua saúde e bem-estar é fundamental. Contudo, apenas nas últimas décadas estas questões relacionadas
às condições de saúde e trabalho do docente vêm sendo mais valorizadas e pesquisadas.
As relações sociais de trabalho e da vida reservada do educador, responsabilidades, compromissos, conflitos e
tensões, além dos aspectos ergonômicos e organizacionais do trabalho, são elementos determinantes nas condições
de saúde desses profissionais. Dessa forma, múltiplos são os problemas de saúde que os afetam. Os distúrbios vocais
estão entre os mais frequentes, juntamente com a Síndrome de Burnout, pertinente à exaustão física ou emocional
ocasionada por longa exposição à situação estressante e as desordens osteomusculares.
No exercício de sua profissão, o docente faz uso de sua comunicação oral de forma marcante, pois a voz, além de ser
um recurso didático, controla a disciplina e é determinante no processo de aprendizagem e na relação
professor/aluno.
A OIT considera esta classe profissional como a primeira categoria trabalhista com risco de adquirir doenças da voz,
alegando que o tipo de voz utilizada pelo professor, a voz projetada, usada para influenciar, chamar e convencer
pessoas, é o mais predisposto a danificar o aparelho fonador. Tal fato é corroborado, a partir da conclusão de que os
hábitos pessoais, alimentícios, de consumo de tabaco não diferem daqueles expostos pelo restante da população que
trabalham em outras áreas.
Apesar da dominância dos distúrbios da voz entre os professores ser um problema de saúde pública comprovado, a
legislação trabalhista atual ainda não reconhece a relação direta deste problema com a atividade docente.
Entretanto, encontra-se em desenvolvimento um protocolo preparado pelo Ministério da Saúde que considera o
Distúrbio Vocal Relacionado ao Trabalho (DVRT) como qualquer forma de desvio vocal diretamente relacionado ao
uso da voz durante a atividade profissional que possa diminuir, comprometer ou impedir a atuação e/ou comunicação
do educador.
Este protocolo representa um grande avanço nas pesquisas e na abordagem epidemiológica aos distúrbios vocais
relacionados ao trabalho. O protocolo tem como objetivo orientar os profissionais da rede do SUS a identificar,
comunicar e subsidiar as ações de vigilância dos casos de DVRT.
Sua adoção permite a uniformidade no tratamento e na leitura epidemiológica dos dados,cooperando para a
identificação da real magnitude de casos de DVRT em trabalhadores que utilizam a voz como instrumento de trabalho
no Brasil e permitindo a introdução das ações de vigilância na saúde do professor.
SAÚDE E A COMUNICAÇÃO DOCENTE
O Ministério da Saúde tem como proposta a Escola Promotora de Saúde (EPS), compreendendo o período escolar
como fundamental para trabalhar a saúde na perspectiva de sua promoção, prevenção de doenças e fortalecimento
dos fatores de proteção, voltada para a qualidade de vida. Isso implica numa reflexão sobre a saúde dos professores,
que são os mais vulneráveis ao acometimento de doenças no meio escolar e, muitas vezes, buscam a sua superação
de forma solitária.
Os estudos com professores de redes públicas demostram uma situação de saúde preocupante, sendo diagnosticado
um alto índice da síndrome de Burnout, com exaustão emocional em 26% dos trabalhadores em educação. Ainda nos
mesmos estudos realizados com professores da rede particular, observaram, dentre outras queixas, que 59,2% deles
apresentavam cansaço mental, 45,7%, dor na garganta, 60% rouquidão, 92,6% referiram o uso intensivo da voz,
62,3% cansavam-se para falar, 57% faziam força para serem ouvidos e 59,2%, rouquidão nos últimos seis meses,
com a prevalência de 41,5% para os distúrbios psíquicos menores (DPM).
Estas pesquisasapontam o quadro de trabalho docente comoárduo, onde destaca as doenças psiquiátricas e os calos
nas cordas vocais como as principais enfermidades às quais os educadores são mais vulneráveis por conta de sua
condição de trabalho e ocupam o primeiro lugar entre os diagnósticos que provocam afastamentos..
A organização Mundial de Saúde (OMS) define qualidade de vida como a auto percepção do indivíduo no contexto da
cultura e nos sistemas de valores em que vive, relacionando-a com seus objetivos, expectativas, padrões e
preocupações.
Essas pesquisas são convergentes em mostrar o profissional da educação sob o risco de agravar da saúde, em vista
da precariedade das condições em que o seu exercício se desenvolve, principalmente os da educação básica do
Brasil. Porém essas pesquisas, de modo geral, não fazem uma relação dos sintomas das doenças entre si e
desconsideram o quesito gênero. Muitos relatos de professores foram categóricos em identificar tais queixas como
um problema de saúde no trabalho, principalmente os distúrbios vocais e o estresse, que aparecem como sintomas
principais, acometendo geralmente as mulheres.
A voz é um componente da linguagem oral e é também um dos principais vínculos do relacionamento humano,
estando intimamente conectada às emoções. Ao ser emitida a voz transmite, além da mensagem, o estado
emocional do professor, revelando quando estamos alegres, tristes, eufóricos e/ou nervosos, ou seja, a voz humana
sofre grande influência do estado emocional do indivíduo.
Os sentimentos, as emoções e as relações interpessoais são características que compõem o mundo das mulheres,
pelas próprias atribuições culturais, sendo mais comunicativas e tendo maior envolvimento nos relacionamentos.
Para o professor, a voz é o principal elo de ligação com seus alunos, pelo qual se dá o vínculo professor/aluno
necessário para o processo ensino-aprendizagem. Sendo assim, alterações na produção da voz levam a prejuízo no
desempenho profissional do professor, atrapalhando a sua relação com o aluno.
Para que se estabeleça essa relação, é necessário o uso da emoção como fator imprescindível, vital para que esse
vínculo ocorra de forma eficaz. Do contrário não haverá sucesso na educação e a aprendizagem não irá acontecer.
Por um lado, quando as emoções podem de alguma forma, afetar o mecanismo de vocalização, por outro os
problemas vocais também podem alterar o estado emocional do indivíduo.
Os professores que continuam lecionando na presença de uma desordem vocal são frequentemente forçados a fazer
mudanças nos seus métodos de ensino. Muitas vezes o esforço pela melhorar a qualidade vocal, evidenciado em
professores com distúrbios vocais, gera nesses um maior estresse. O estresse e os distúrbios vocais são sintomas que
afetam a comunicação docente, considerados como problemas de saúde do trabalhador.
A comunicação pode ser um veículo que conduz à auto realização do professor, no sentido de compartilhar problemas
para não acumulá-los, expressar as suas dificuldades e limitações, troca de experiências, ideias e conselhos com os
colegas. Quando o professor não expõe os seus problemas e não revela suas limitações, gera em si tensão, que o
leva ao isolamento. Sem essa comunicação entre os professores, a inovação na educação não se realiza, impedindo o
docente da auto realização.
De maneira geral, ocorre a falta de atenção dos professores com a sua saúde, sendo poucos, 28% os que realizam os
exames médicos periódicos previstos na legislação e mesmo na presença de sintomas, retardam ao máximo o
diagnóstico.
Geralmente atribuem à falta de tempo, à indisponibilidade de substituição em seu trabalho e às dificuldades
financeiras, protelando e não procurando por diagnósticos e tratamentos dos sintomas de doenças. Adiam ao máximo
a solicitação de licenças de saúde, concedidas na maioria das vezes, no campo da informalidade, num acordo entre o
professor e a coordenação/direção, sem haver notificação do fato.
Apesar de demonstrar uma alta prevalência de sintomas vocais, os professores tendem a realizar uma auto avaliação
positiva do seu desempenho vocal, o que indica a necessidade do melhor conhecimento, por parte do docente, de
seu esquema corporal vocal.
Promover a saúde vocal do professor mostra-se imperativo não só como parte da sua saúde geral, mas também
como forma de atingir uma relação ensino-aprendizagem mais efetiva.
ALTERAÇÕES VOCAIS EM PROFESSORES
Para o funcionamento harmônico da voz é necessário existir uma interação indivisível na utilização de todos os
músculos que auxiliam na produção vocal, além da integridade de todos os tecidos do aparelho fonador. Quando essa
harmonia é conservada, obtemos um som dito de boa qualidade para os alunos e emitido sem dificuldade ou
desconforto para o educador, esses atributos caracterizam a eufonia.
A disfonia é qualquer dificuldade na emissão vocal que impossibilite a produção natural da voz. Uma voz normal não
é apenas a voz sem rouquidão, mas a esta é a principal dificuldade para uma comunicação eficiente.
A falta de adaptação das estruturas do aparelho fonador para desempenho da fonação recebe o nome de
inadaptação fônica e representa uma série de condições, em nível biológico, que reduzem o desempenho vocal. O
impacto mais comum de uma inadaptação fônica não é primariamente uma alteração na qualidade vocal, mas sim
uma diminuição na resistência vocal, produzindo uma fadiga na fonação. Desta forma, podemos afirmar que a
inadaptação vocal favorece a fadiga, e deve-se procurar pequenos desequilíbrios anatômicos quando a reclamação
do professor inclui pouca resistência no emprego da voz, na ausência de uma alteração vocal nítida.
A respiração é a principal função da laringe, pois o ser humano aprendeu a prolongar sua expiração e coordená-la
com a adução glótica, que promove a vibração das pregas vocais e consequentemente a produção da voz. Em vista
desta adaptação da laringe é justificada a presença da disfonia funcional no qual o indivíduo está mal ajustado a esta
função.
Os distúrbios podem apresentar-se de diversas formas, descoordenação entre a respiração e a fonação, utilização de
tom excessivamente alto ou baixo, produção de desequilíbrios ressonantais, utilização da articulação tensa e travada,
presença de ataques vocais bruscos, fala em forte intensidade ou pela associação de todos estes fatores, em
diferentes graus de gravidade.
No sentido de driblar as dificuldades atuais o professor utiliza outros mecanismos compensatórios a fim de melhorarsua comunicação, agravando mais o quadro inicial. As alterações orgânicas secundárias podem acontecer no nível de
pregas vocais como por exemplo nódulos, edemas, pólipos e outros, favorecendo distúrbios vocais acentuados.
Convém relembrar que situações de estresse psicológico, podem ser em alguns pacientes a causa primária
responsável pelo desequilíbrio vocal, manifestando-se em um ou em vários segmentos do aparelho fonador.
A limitação da comunicação criada pela dificuldade vocal, por sua vez, favorece o aparecimento de outras reações de
natureza psicológica, desta vez secundárias à disfunção vocal, principalmente quando o instrumento de trabalho é a
voz como no caso dos professores. 
A utilização de práticas vocais inadequadas tais como falar competindo com ruído ambiental, gritar, tossir ou
pigarrear constantemente, falar, rir ou chorar excessivamente, falar muito ao telefone, são considerados abusos
vocais e precisam ser evitados. Também são prejudiciais hábitos como fumo, álcool e o uso constante de pastilhas e
sprays. O uso inadequado da voz, seja por abuso vocal, modelo vocal deficiente, falta de conhecimento vocal ou
ainda por fatores de origem psicológica é considerado um distúrbio vocal funcional.
A avaliação otorrinolaringológica é imprescindível, para qualquer que seja o tipo de distúrbio vocal apresentado. O
ideal é que o fonoaudiólogo acompanhe este exame, a fim de verificar se o tipo de voz e o grau de dificuldade são
compatíveis com a estrutura e o movimento das pregas vocais.
O primeiro passo para o tratamento da disfonia é determinar a sua origem. As disfonias funcionais apresentam bom
prognóstico quando tratadas por fonoterapia, desde que haja conscientização dos mecanismos vocais deficientes
utilizados e disposição do paciente para mudá-los.
Os distúrbios da voz são resultados de estruturas ou funcionamento defeituosos em algum lugar do trato vocal, como
na respiração, vocalização e/ou na ressonância, estabelecendo que se a voz muda de qualquer forma negativa, esta
se encontra prejudicada ou disfônica. A rouquidão é certamente o correspondente acústico de um funcionamento
impróprio da prega vocal com ou sem doença laríngea verdadeira.
O professor com afonia funcional pode estar realizando mau uso do trato vocal, como apoio respiratório inadequado,
ataque vocal demasiadamente brusco ou fechamento dos mecanismos supraglóticos, o que com o tempo pode levar
a mudança orgânica da estrutura como nódulos vocais bilaterais ou úlceras de contato. Tais nódulos podem ter sido
causados por excessivo abuso ou mau uso da voz. Uma vez que os nódulos se ampliam, esses contribuem para a voz
deficiente, muitas vezes caracterizada por altura grave, soprosidade excessiva e rouquidão severa.
Várias alterações estruturais da laringe podem exercer profundos efeitos prejudiciais sobre as pregas vocais em
particular, o que pode resultar em sérias alterações da voz. Existem vários distúrbios resultantes do uso incorreto dos
mecanismos vocais:
Úlcera de Contato: Os sintomas característicos são a deterioração da voz após vocalização prolongada, fadiga vocal
acompanhada por dor na área laríngea ou às vezes, dor que se lateraliza para o ouvido. Podem resultar entre três
causas. A primeira é o golpear excessivo das cartilagens laríngeas durante a produção de vocalização de altura
grave, agrupada ao ataque vocal, excessivamente brusco, frequente limpeza da garganta e/ou tosse. A segunda
etiologia é o refluxo gástrico, onde o ácido estomacal pode ser forçado para cima pelo esôfago e irritar a laringe ou a
cobertura da pregas vocais. Em terceiro, a intubação para cirurgia é uma causa de úlcera de contato, especialmente
quando grânulos bilaterais grandes se formam após qualquer tipo de cirurgia.
Diplofonia: define-se com voz dupla, produzida por duas fontes vocais distintas, cada uma vocalizando
simultaneamente com a outra. Uma prega vibra numa velocidade vibratória diferente da outra, devido a uma prega
vocal ter uma dimensão e tensão diferente da outra.
Afonia funcional: os professores podem ter tido um episódio recente de gripe ou uma infecção aérea superior.
Habitualmente pode-se apresentar perdas temporárias da voz antes de se tornar permanente. A Disfonia Funcional
está ligada à problemas que persistem independentemente de qualquer tipo de patologia observada em
laringoscopia. Os professores queixam-se de muitos distúrbios vagos como sensação de volume na garganta, dor na
área laríngea ou torácica, secura na boca ao falar, constrição no pescoço, são habitualmente relacionados à fadiga
vocal. A voz soprosa cansada após uso vocal hiperfuncional prolongado, pode surgir no final do dia, após o professor
ter vocalizado de forma demasiada durante o período escolar. 
Quebras de Altura: causada por um funcionamento vocal prolongado, particularmente ao falar em um nível de
altura inapropriado. As quebras na realidade resultam de fadiga vocal geral, geralmente educadores, após horas de
vocalização prolongada e estresse ambiental.
Espessamento de Pregas Vocais: É uma lesão de base mais ampla que os nódulos e os pólipos que são mais
focais. Existem dois tipos de espessamento, o primeiro é a reação inicial do tecido ao trauma de prega vocal
precursor de nódulos ou pólipos. O segundo é consequência de irritação prolongada crônica que resulta em
degeneração extensiva e mudanças mais avançadas do tecido da prega vocal. Na maioria dos casos o espessamento
das pregas vocais resulta de abuso vocal contínuo. A causa do espessamento inicial de pregas vocais portanto,
parece ser a mesma que a dos nódulos vocais, principalmente o abuso e o mau uso vocal. Este caso pode ser
agravado caso o professor seja um fumante ou consumidor de álcool, a massa aumentada das pregas vocais pode
comprometer seriamente todas as tentativas de vocalização.
Laringite Traumática: Inchaço das pregas vocais em decorrência de uma vocalização excessiva e forçada. A voz
soa rouca, com falta de intensidade. O estágio agudo da laringite funcional está em seu ápice durante o
comportamento vocal traumático com as pregas vocais muito aumentadas em tamanho e massa. A Laringite
Traumática habitualmente é em decorrência de irritação continuada por causas como alergia, fumo e álcool
excessivos e abuso vocal.
Disfonia Ventricular: Vocalização das falsas pregas. É produzida pela vibração das pregas ventriculares que se
aproximam. A voz é usualmente de altura grave devido à grande massa de tecido vibratório das bandas
ventriculares, com pouca variação de altura e geralmente bastante rouca.
Nódulos: São as lesões benignas mais comuns das pregas vocais. Os professores com nódulos queixam-se que suas
vozes parecem deteriorar com a vocalização contínua, eles podem começar o dia com uma voz relativamente boa
que se torna gradualmente disfônica com o uso contínuo. À medida que os nódulos bilaterais aproximam-se um do
outro na vocalização, há geralmente, uma fenda glótica aberta de cada lado do nódulo, o que leva à soprosidade na
voz e desperdício de ar. Também a massa aumentada dos nódulos nas pregas vocais contribuía para uma altura de
voz mais grave. 
Pólipos: São com mais frequência, unilaterais do que bilaterais. Ao contrário dos nódulos vocais, que resultam de
irritação continuada ou crônica das pregas vocais, os pólipos são muitas vezes gerados por um único evento vocal. As
vozes dos professores com pólipos unilaterais caracterizam-se por disfonia severa, com rouquidão e soprosidade,
muitas vezes requerendo limpeza continuada da garganta.
Algumas vozes modificadas derivam da coordenação e controle respiratório deficiente. Uma voz normal, requer a
utilização harmoniosa dos mecanismos respiratórios, vocalizador e da ressonância, enquanto o uso incorreto destes
mecanismos sobrecarrega o aparato fonador gerando uma voz alterada. Os professoresque apresentem algum
distúrbio de voz decorrente do uso incorreto dos mecanismos de voz devem sempre ser examinados por
laringoscopia indireto, e aconselha-se que o fonoaudiólogo também examine a laringe como parte da avaliação vocal.
O objetivo da terapia vocal é extinguir a sobrecarga da vocalização. Os professores devem aprender a empregar um
nível de altura da voz que possa ser produzido com esforço baixo, elevando a altura, falando com maior relaxamento
da boca e do maxilar, com menor intensidade.
Embora recomendem fortemente a terapia vocal como tratamento principal para nódulos, também reconhecem que
os nódulos maiores e existentes a muito tempo, devem ser tratados com cirurgia, seguidos por um breve período de
descanso da voz, e utilização de uma terapia vocal.
Com a terapia vocal e a conscientização de utilizar os mecanismos laríngeos mais suavemente, os pólipos podem ser
permanentemente eliminados. A terapia vocal requer a identificação e redução do vocal, e a busca com o paciente,
na melhor voz que pode ser produzida, utilizando várias abordagens de aprimoramento da voz.
Estudos relatam que a prega vocal mais jovem é mais resistente que a mais velha. Geralmente até trinta ou quarenta
anos os professores não apresentam problemas de voz. Caso educador utilize a voz sem técnicas vocais a
probabilidade de desenvolver incômodos são maiores, além do que alterações psicológicas e tensões emocionais
agravam o quadro do aparelho fonador prejudicando a voz, podendo encontrar problemas em qualquer idade.
No refluxo gastroesofágico, professores com problemas de garganta e voz muitas vezes apresentam acidez
estomacal, estes sintomas podem gerar uma irritação direta e contínua ou uma tensão muscular. Visto que o esôfago
e a garganta podem ser considerados um mesmo tubo muscular e caso a porção inferior esteja apresentando
ardência por acidez, a porção superior poderá se contrair como reflexo.
O tratamento com um fonoaudiólogo baseia-se em testar técnicas vocais e observar o retorno avaliativo do paciente.
Professores tensos apresentam dificuldades para sentirem e falta de consciência corporal para perceberem se as
fibras musculares se encontram tensionadas ou em estado de relaxamento.
Ainda, deve-se cuidar da alimentação no caso refluxo, promover o relaxamento dos músculos da laringe através da
massagem e exercícios de respiração, relaxar a região cervical e musculatura da face, utilizar posturas adequadas
para uma melhor produção da voz e utilizar a terapia quando fatores psicológicos marcantes se encontram em
evidência.
Das lesões orgânicas de origem predominantemente funcional as mais frequentes são os nódulos, pólipos e edemas
de pregas vocais. Estas três alterações da mucosa da prega vocal têm como característica comum o fato de
representarem uma resposta inflamatória da mucosa à agentes agressivos, quer seja do ambiente ou decorrentes do
próprio comportamento vocal.
As inadaptações vocais são bem comuns e baseiam-se no fato de que não existe nenhum órgão ou aparelho
especializado desenvolvido para a fonação, como é o caso do pulmão para a respiração e do estômago para a
digestão. Assim a voz humana é produzida por outros aparelhos não específicos da fonação e demandam uma ação
conjunta e harmoniosa de uma série de estruturas que não participam de uma mesma unidade orgânica.
O tratamento dos nódulos é fonoterápico, mas a recomendação cirúrgica pode ser indicada quando os nódulos
apresentam característica esbranquiçada, dura e fibrosa ou ainda quando existe dúvida diagnóstica de que a lesão
possa ser um cisto vocal. Nos pólipos após a remoção cirúrgica, se não ocorrer a normalização da voz indica-se a
reabilitação vocal. Para o trabalho de orientação vocal, bastam algumas explicações sobre o mecanismo de produção
do som, além da conscientização das normas básicas de higiene vocal e do uso correto da voz.
O uso incorreto da voz é geralmente agravado pela falta de conhecimento sobre a produção vocal, pela ausência de
noções básicas sobre a voz ou ainda, por um modelo vocal deficiente, isto é, pela influência de uma autoimagem não
adequada às condições anatômicas e funcionais de um determinado indivíduo, levando a fazer ajustes motores
impróprios.
Para o professor é essencial fazer um esforço consciente para preservar sua fala em momentos em que não precisa
falar quando está sozinho, durante refeições e longe do trabalho. As partes do corpo que produzem a voz consistem
amplamente de músculos, utilizamos estes no processo de fonação. Os músculos na laringe e pregas vocais
produzem os sons da fala, como ocorre com muitos outros músculos, o uso prolongado pode fadiga-los. Desta forma,
na fala como em quaisquer situações de atividade física é essencial fazer um intervalo para a recuperação adequada
da musculatura.
Para qualquer dos sintomas de estresse em sua voz, primeiramente faça o possível para eliminar ou reduzir estes
fatores agravantes. Depois disso, realize os exercícios adequados para cada tipo de voz, para ajudá-lo a encontrar e
manter sua voz natural em situações de maior demanda vocal.
Os principais objetivos terapêuticos são identificar e eliminar comportamentos, que constituem má utilização ou
abuso vocal e procurar substituí-los por padrões aceitáveis de fonação. O pleno retorno da voz saudável é esperado,
especialmente quando não há evidências de lesões nas mucosas.
Quando a terapia vocal é escolhida como a modalidade de tratamento na presença de alterações na mucosa e na
voz, as principais metas são, restaurar a mucosa a uma condição saudável e recuperar a função vocal clara e plena.
As submetas incluem a identificação e a eliminação dos comportamentos prejudiciais através da redução das tensões
laríngeas, aplicação de um programa de higiene vocal, manipulação ambiental, produção vocal fácil e o
estabelecimento de hábitos vocais eficazes.
Outras metas podem incluir a identificação de necessidades dos professores que necessitam outras formas de
tratamento e encaminhamento apropriado. Quando a terapia vocal for utilizada como modalidade de tratamento
coadjuvante ou secundária, as metas dependerão muito do estado laríngeo do professor. Submetas, além das já
observadas, podem incluir auxiliar o professor a aceitar uma voz alterada, a exploração da adequação da voz para
todas as situações de fala necessária e sugerir ajustes ambientais conforme o necessário.
LOCAL DE TRABALHO, SINTOMAS E DISTÚRBIOS VOCAIS
A utilização do giz calcário é observado na maioria das escolas, sendo o utensílio básico de registro gráfico do
conteúdo didático empregado pelo educador, mesmo com a existência de estudos demonstrando os malefícios para
as vias respiratórias, mucosas e pele.
De forma geral, as escolas se apresentam como um ambiente ruidoso, com barulhos provenientes das mais variadas
fontes, como as salas vizinhas, corredores, pátios, a própria sala de aula, ventiladores, fala dos alunos e educador, as
quadras, parques, ruas vizinhas ou reparos na escola.
Em estudos sobre níveis de ruído da sala de aula e voz dos educadores, constatou-se picos de intensidade de ruído
elevado (52 a 84 dB), ultrapassando o chamado nível tranquilo (40 dB), e um tom de voz elevado e com esforço na
voz dos educadores, variando entre 70 a 94 dB.
Outra fonte de ruído notada especialmente nas escolas públicas são os gritos frequentes dos educadores com os
alunos. É uma atitude tomada não só pelos educadores, mas também pelos funcionários da escola, como estratégia
para sustentar a disciplina e a ordem geral.
Nas escolas privadas, a estrutura física e engenharia das edificações auxilia na redução dos ruídos, além da
coordenação do trabalho ser mais favorável à ordem. A escola privada estima por um ambiente que instigue ao
máximo a produção do educador, mas isso pode ser levado ao extremo, como observado em váriasescolas, onde não
existe mesa para o educador nas salas de aulas, como forma de não deixá-lo se acomodar.
O número excessivo de educandos por sala de aula é uma realidade das escolas. Os educadores avaliam essa
situação como desprezo, que descumpre o que é previsto em leis ao exceder a quantidade de alunos por sala,
afetando o processo ensino-aprendizagem.
Estudos relativos aos aspectos de saúde física geral, levando em consideração as condições de trabalho o ambiente
físico e as condições de higiene do meio, muitos professores indicam uma relação desfavorável com o ambiente
escolar, quando afirmam que as condições de trabalho prejudicam fisicamente o educador. Muitos educadores
apresentam dores nas pernas e no corpo, como sintoma da postura corporal adotada para dar aula, ficar em pé por
tempo demasiado e/ou abaixado na carteira do aluno.
Pesquisas apontam uma grande diferença na incidência de sintomas e problemas de saúde dos educadores da rede
pública comparado com os da rede privada. Sintomas físicos, como os do trato respiratório (resfriados frequentes,
Bronquite, Sinusite, Amigdalite, Faringite, Laringite e Rinite), gástricos (azia e gastrite), alérgicos (alergias a giz,
poeira, produtos de limpeza e outros), auditivos (Deficiência Auditiva, irritabilidade por ruídos intensos, sensação de
zumbido e tontura) e dentários (alterações ortodônticas e falhas que interferem na fala e dicção) são relatados pelos
educadores das escolas públicas, havendo exceção apenas com relação às dores de cabeça, considerando a
proporção de educadores de cada rede de ensino. Por outro lado, os educadores das escolas particulares,
apresentaram maior número de sintomas de depressão e a mesma quantidade, proporcionalmente, de ansiedade e
Síndrome do Pânico que os das escolas públicas.
Quanto à audição, é elevado o número de educadores que se apresenta com problemas auditivos, além de
incômodos por ruídos intensos, o ambiente de trabalho muito barulhento pode interferir na audição do professor. A
sensações de vertigem e tontura também são relatadas, o que indica uma relação com Labirintite.
Dentre as doenças que acometem os docentes, destacam-se os distúrbios vocais, atingindo numa proporção maior as
mulheres comparados aos homens. Isto é muito grave, quando levamos em conta que a voz é o principal instrumento
de trabalho docente, empregada praticamente de forma integral no desempenho de sua função, sendo o principal
vínculo de conexão com os alunos. Uma voz alterada gera limitações na expressão vocal e afeta a qualidade do
trabalho do educador.
Ao buscar os motivos dos problemas vocais, grande parte dos educadores, mencionaram o uso excessivo da voz
como primeiro responsável pelo desenvolvimento dos distúrbios. O intenso uso da voz é característica da profissão
docente. O educador, enquanto profissional da voz, ganha o seu sustento por meio da sua voz profissional. Assim,
quanto maior a jornada de trabalho, mais uso se faz da voz.
Quanto maior o número de turnos praticados pelos educadores, maiores as chances de desenvolverem uma disfonia.
Docentes que trabalham 40 horas ou mais, em geral, exibem distúrbios vocais, enquanto os que trabalham menos de
40 horas evidenciam menor índice.
A rede pública expõe maior índice de educadores com disfonia em relação a rede privada, podendo isso estar
associado à maior carga-horária e jornada de trabalho dos educadores dessa rede.
A ampla jornada de trabalho demanda grande esforço vocal, altamente estressante para a musculatura da laringe,
predispondo o professor à alteração vocal.
Devido a defasagem salarial muitos educadores se veem obrigados a realizar três turnos, na grande maioria das
vezes, em diferentes escolas.
Quando a demanda da voz excede a capacidade do aparelho fonador, e o professor, mesmo consciente desse
processo, continua a utiliza-la, isso caracteriza o abuso vocal, o que acontece com a maioria dos educadores que têm
dupla ou tripla jornada de trabalho.
A grande quantidade de educandos por sala de aula também colabora para essa alta exigência fonatório e abusos
vocais. Educadores que ministram aulas em salas com o número de alunos superior a 30 demonstram algum tipo de
disfonia. É uma situação que exige do educador o uso excessivo da voz e em tom elevado para se fazer ouvir e
manter a disciplina, o que representa um esforço vocal.
A presença do ruído incomoda o educador e prejudica a compreensão da mensagem transmitida aos alunos, além de
exigir o aumento da intensidade vocal, gerando um maior esforço. Esta demanda para falar de forma intensa é
normalmente citada entre os educadores, sendo o quadro agravado por interferências de ruídos e barulhos.
Hipersensibilidades nas vias aéreas também compõem causas relacionadas aos distúrbios vocais e são inflamações
corriqueiras em educadores, geralmente associadas ao uso do giz. À medida que se escreve no quadro com o giz, o
pó desprendido no ar, é aspirado e suas partículas se sedimentam nas paredes do trato respiratório, principalmente
nas pregas vocais, acarretando no ressecamento da mucosa laríngea. Desta forma, impossibilita que as pregas
vibrem corretamente e dispondo o professor, ao desenvolvimento de alguma disfonia.
Para o docente alérgico ao pó-de-giz, esse perfil se agrava, pelo desenvolvimento de edemas na mucosa laríngea em
decorrência do elemento alérgico, piorando a vulnerabilidade as disfonias.
É normal os professores relatarem que a voz vai piorando devido a sua utilização constante. Encontra-se melhor pela
manhã e, logo após as aulas, já ocorre um certo desconforto, com alguns não conseguindo falar no fim do dia. Essa
ocorrência é mais evidente para quem trabalha mais de um período. Geralmente ao longo da semana, vai se
agravando pela utilização intensiva, a ponto de alguns educadores não conseguirem terminar a semana de trabalho
com voz saudável. Nos finais de semana, a voz melhora com o repouso vocal e o descanso, mas o problema volta a
aparecer durante a semana.
Quanto ao valor que o educador demonstra em relação a sua alteração vocal, é interessante notar que a maioria dos
professores avalia seu próprio distúrbio vocal como moderado, severo ou grave, graus que possivelmente os
impediriam de ministrar aulas. Porém, a realidade docente demonstra um profissional que quase nunca se ausenta ao
seu trabalho por problemas vocais. Um exemplo disso são os resfriados, gripes e infecções de garganta e vias
respiratórias, que atrapalham as pregas vocais de vibrarem adequadamente, devido ao processo
inflamatório/infeccioso, mas que não são razões para deixarem de trabalhar.
Percebe-se uma falta de atenção por parte dos educadores com relação a sua voz, muitas vezes afirmando não
possuir problemas vocais, mesmo quando estes já se encontram visíveis a qualquer pessoa. A disfonia parece ser
deixada em segundo plano, recorrendo a ajuda profissional somente quando já se tornou insustentável.
Alguns educadores, mesmo os conscientes do problema, cometem atos abusivos, como a utilização de água gelada
seguida de café quente.
Estudos realizados, demonstram que os educadores apresentam limitada percepção vocal, pois não lhes resta tempo
ou disposição para prestar atenção em si mesmos, cuidar e perceber a própria voz. No entanto, como são
profissionais da voz, os professores precisariam conhecer o seu funcionamento, técnicas e a possibilidade de
aprimorar a qualidade vocal.
Poucos professores participam de programas de saúde vocal, a maioria não tem consciência dos cuidados, hábitos e
exercícios básicos para preservar a integridade da voz, imprescindível para o profissional docente.
No contexto nacional, em que os programas de saúde vocal do educador já acumularam experiências e dados e
caminham para estudos mais aprofundados e reflexivos, a conscientização dos professores parece acontecer ainda

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