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Direito e Moral em Kant

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Aula 1
Direito e Moral no pensamento filosófico de Kant
Direito e Moral - Kant
Immanuel Kant (1724-1804)
Algumas obras:
Crítica da Razão Pura
Crítica da Razão Prática
Fundamentação da Metafísica dos Costumes
Metafísica dos Costumes
Direito e Moral - Kant
Kant investigou a ética, na busca de seu fundamento. Com que objetivo? 
Com o objetivo desvinculá-la de justificativas pessoais não compartilháveis, tais como: visões religiosas que decorrem de foro íntimo, inclinações particulares, ou a busca da felicidade, por exemplo. Por quê? 
Direito e Moral - Kant
Sua teoria moral foi denominada de ética do dever ou ética da convicção. Alguns autores preferem designá-la de ética deontológica porque a teoria kantiana recomenda que as ações devam ser praticadas por puro dever. O termo deontos, em grego, significa dever (CANTO-SPERBER, 2013). 
Direito e Moral - Kant
A solução apresentada por Kant foi a separação entre as esferas da heteronomia e da autonomia da vontade. 
Somos heterônomos quando o fundamento das nossas ações encontra-se em algo externo à nossa vontade. 
Somos autônomos quando obedecemos às regras que nascem da nossa liberdade da vontade sem influência externa. Temos uma vontade livre e autolegisladora.
Direito e Moral - Kant
O que significa em Kant uma razão prática cuja vontade é livre e autolegisladora? 
Significa que “pela razão prática, a vontade livre é autolegislativa, confere a si mesma a norma do agir moral” (PEGORARO, 2006, p. 102). 
Direito e Moral - Kant
A ética de Kant!
O ser humano como sujeito transcendental é o criador das regras morais e jurídicas que estão presentes em sua própria vida cotidiana (KANT, 1785). 
Direito e Moral - Kant
Qual a base para a moral?
Kant considerou como ponto de partida para sua teoria moral a ideia de que somos seres racionais, dignos, livres e vivenciando o perene conflito entre o dever e as inclinações.
Direito e Moral - Kant
A teoria moral de Kant trabalha com dois conceitos importantes:
 “boa vontade”
“Imperativo categórico”
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Uma boa vontade faz o bem por puro dever, sem restrição e de maneira incondicional. 
O imperativo categórico é uma fórmula sem conteúdo específico a ser aplicada sempre que necessitamos verificar a moralidade das nossas ações. 
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Encontramos na vida:
Princípios práticos: regras subjetivas com um comando do tipo, respeite os idosos (PEGORARO, 2006, p. 104).
Imperativos hipotéticos ou condicionais: propõem um objetivo a ser alcançado do tipo, “se quero ser médico, farei medicina” (PEGORARO, 2006, p. 105).
Direito e Moral - Kant
O que são imperativos categóricos?
Imperativos categóricos: são leis morais universalmente válidas porque decorrem de máximas que se aplicam a todos os seres humanos (PEGORARO, 2006, p. 104-5).
Direito e Moral - Kant
O imperativo categórico aparece em três famosos enunciados na Fundamentação da Metafísica dos Costumes (1785). Vejamos o terceiro enunciado!
“Age de tal maneira que uses a humanidade, tanto na tua pessoa como na pessoa de qualquer outro, sempre e simultaneamente como fim e nunca simplesmente como meio”
Direito e Moral - Kant
O que significa exatamente o imperativo categórico? 
Significa que devo verificar se minha intenção poderia passar no teste da universalidade (KANT, 1785). O critério de universalidade elimina o risco de instrumentalizar o outro, porque exige o reconhecimento da humanidade em nossa própria pessoa e na pessoa de qualquer outro (KANT, 1785). 
Direito e Moral - Kant
O filósofo utiliza neste terceiro enunciado do imperativo categórico o sentido mais profundo de pessoa como fim em si, ou seja, o ser humano é um ser que possui dignidade em si mesmo e não poderá ser usado como objeto para realização dos interesses de outrem (KANT, 1785).
Direito e Moral - Kant
Suponha que diante de uma situação de vida você se sinta motivado a mentir. Será que essa intenção poderia ser universalizada? Bem Dupré (2015, p. 76) atualiza um exemplo que o próprio Kant nos ofereceu na Fundamentação: 
Direito e Moral - Kant
Você sabe que um amigo desviou verba da merenda escolar e contratou um serviço de baixa qualidade, mais barato, para o fornecimento da merenda. 
Recentemente foi noticiado que a referida escola vivenciou uma tragédia com a internação de uma criança que comeu uma merenda estragada. O que você deveria fazer? Denunciar o seu amigo? Falar a verdade ou mentir?
Direito e Moral - Kant
O que você faria? 
Segundo Kant a mentira não passaria no teste do imperativo categórico. Por quê? Porque primeiramente devo pensar na outra pessoa considerando como fim em si mesma; segundo devo universalizar a conduta que intenciono realizar – será que a sociedade suportaria a mentira como um princípio fundamental? A resposta seria negativa (KANT, 1785). 
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Alguns autores, exceto Michael J. Sandel (2011) observam que Kant teria laicizado a regra de ouro que preleciona que não devemos fazer ao outro aquilo que não gostaríamos que fizessem conosco. 
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A dignidade humana que decorre da condição de habitarmos o gênero humano de seres racionais e livres, impõe a nós mesmos, a obrigação de sermos sujeitos morais com maturidade emocional e intelectual para reconhecermos, em qualquer situação, a dignidade da pessoa humana, na pessoa de qualquer outro, até do pior cidadão (KANT, 1785). 
Direito e Moral - Kant
E como fica a diferença entre direito e moral?
A diferença se localiza no âmbito da motivação do agir, ou seja, no fundamento subjetivo que determina nossas ações! 
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Na âmbito ético, o motivo para agir é o próprio reconhecimento do dever. Entretanto, no âmbito do direito se admite uma outra motivação que interfere na ação: o medo da sanção, por exemplo.
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Relacionou coação e liberdade: 
Identificou as “liberdades compatibilizadas entre si” como parte integrante do conceito de justiça. 
Elaborou o Imperativo categórico como a fórmula da dignidade da pessoa humana. 
Formulou um conceito de Direito e um princípio universal do direito.
 
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Princípio Universal do Direito ( Metafísica dos Costumes): 
“Age exteriormente de maneira que o uso livre do teu arbítrio possa estar de acordo com o arbítrio de qualquer outro segundo uma lei universal da liberdade”
 
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Conceito filosófico do Direito ( Metafísica dos Costumes): 
“o conjunto das condições, por meio das quais o arbítrio de um pode estar de acordo com o arbítrio de um outro segundo uma lei universal da liberdade”. ”
 
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Referências
DUPRÉ, Ben. 50 ideias de filosofia que você precisa conhecer. São Paulo: Planeta, 2015.
PEGORARO, Olinto. Ética dos maiores mestres através da história. Petrópolis: Vozes, 2006.
 SANDEL, Michael S. Justiça. O que é fazer a coisa certa. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2011. 
OLIVEIRA, Clara Maria C. B. de; MACHADO, Marcelo L. Filosofia, ética e cidadania. Rio de Janeiro: SESES, 2016.
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Referências
KANT, I. La metafísica de las Costumbres (1797). Madrid: Tecnos, 1994.
 _______. Textos Seletos. Edição bilíngüe. Petrópolis, Vozes, 1974.
_______. Crítica da Razão Pura. Lisboa, Fundação Calouste Gulbenkian, 1994.
MARCONDES, D. Iniciação á história da Filosofia. Rio de Janeiro: Zahar, 1997.
TERRA, Ricardo. Kant & o direito. Rio de Janeiro: Zahar, 2004
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Clara Maria Cavalcante Brum de Oliveira
Doutoranda em Direito - PPGD/UNESA (Capes 5). Mestre em Filosofia pela UERJ (1998). Especialista em Filosofia Contemporânea pela UERJ. Especialista em Mediação Pedagógica em EAD - PUC-Rio. Bacharel em Direito - UNESA (2005). Bacharel em Filosofia pela UERJ (2000), Licenciada em Filosofia pela UERJ (2000) e Bacharel em Comunicação Social FACHA (1990). Atualmenteé professora universitária e pesquisadora na área de Direitos Fundamentais e Novos Direitos. 
http://lattes.cnpq.br/2000062113086870
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Obrigado!

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