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Diversidade e Unidade em Fernando Pessoa

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UFMG – FALE
CURSO: LETRAS
DISCIPLINA: INTRODUÇÃO À LITERATURA PORTUGUESA
PROFESSORA: RAQUEL DOS SANTOS
ALUNA: BIANCA TEREZA DA SILVA ALVES
FICHAMENTO DO TEXTO “DIVERSIDADE E UNIDADE EM FERNANDO PESSOA: AS INDIVIDUALIDADES NA POESIA”
RESUMO
O texto de Jacinto Prado Coelho faz uma analise da obra de Fernando Pessoa como o eu lírico e dos seus heterônimos, Alberto Caeiro, Ricardo Reis, Álvaro de Campos e do seu semi-heterônimo Bernardo Soares. Observando as peculiaridades de cada um, fazendo uma analise mais detalhada ao explorar os poemas dos poetas. Além de fazer uma analise do livro “Mensagem” do próprio Pessoa. 
CITAÇÕES
ALBERTO CAEIRO
“Em carta a Casais Monteiro de 13-1-1935, Pessoa lamentava que os heterônimos viessem a ser preteridos, na ordem da publicação das obras completas que então se projectava, pela poesia de Pessoa ele só, <<impuro e simples>>. Os heterônimos seriam mais puros pelo facto de a inteligência os separar, os isolar da heterogeneidade confusa da alma, transformando-os em imagens mentais, em mitos”. (p. 17);
“Há dois Caeiros, o poeta e o pensador, sendo o primeiro que em teoria se desdobra no segundo. Os motivos fundamentais do poema consistem na variedade de inumerável da Natureza, nos estudos de semiconsciência, de panteísmo sensual, na aceitação calma e gostosa do mundo como ele é”. (p. 17);
“Caeiro, segundo a imagem que dá dele próprio e a que se ajusta a evocação da Campos, assemelha-se extraordinariamente ao homem descrito por Valéry. Vive de impressões, sobretudo visuais, e goza em cada impressão o seu conteúdo original. A diferença para ele é o signo do existir”. (p. 18);
“Como o homem de Valéry, Caeiro não admite a realidade dos números e não quer saber do passado nem do futuro, pois recordar é atraiçoar a Natureza [...] e o futuro é o campo das conjecturas, das miragens. Ora, Caeiro é um poeta do real objectivo”. (p. 18)
“De pastor tem o deambulismo, o andar constantemente e sem destino, absorvido pelo espectáculo da inexaurível variedade das coisas: [...]”. (p. 18);
“Os seus pensamentos não passam de sensações. Vive feliz como os rios e as plantas, gostosamente integrado nas leis do Universo. Não havendo para ele passado nem futuro, compreende-se que duvide do próprio eu”. (p. 18);
“Caeiro surge, pois, como lírico espontâneo, instintivo, inculto (não foi além da instrução primaria, informa Campos), impessoal e forte como a voz da Terra, da candura, lhaneza, placidez ideais. Tudo assume nele, diz ainda Campos, [...]”. (p. 19);
“Mas o estilo de Caeiro, pobre de vocabulário, predominantemente abstracto, incolor, discursivo, de modo algum se prestava à descrição pictórica impressionista fiel à individualidade das coisas”. (p. 19);
“Em Caeiro o pensador não se limita a contradizer a imagem ideal do poeta, contradiz-se a si próprio. Pondo de lado essa imagem, aceitava-se que os seus versos, gerados sob o signo dialéctico, aquecidos pela intenção polemística, alvejassem pelo combate directo ou pela ironia os homens que interpretam, esquadrinham, fazem metafísica, esquecendo a superfície maravilhosa das coisas, ou seja, o que existe, para tentarem escrutar a essência das coisas, quer dizer, o que não existe, porque a Natureza é só superfície”. (p. 21);
“Em suma: Caeiro vacila, não tem aquela inteireza de vidente e apostolo, porta-voz de uma doutrina de felicidade, que as <<Notas>> de Campos levam a crer”. (p. 22).
 RICARDO REIS
“A ressonância moral da poesia de Reis, <<pagão por carácter>>, na definição de Campos, traduz-se num estilo denso e construído. Monárquico, educado num colégio de jesuítas, latinista e semi-helenista, amante do exacto, nas Odes que constrói evidencia um espírito grave, medido, ansioso de perfeição”. (p. 24);
“Reis não: é um homem de ressentimentos e calculo, um homem que se faz como faz laboriosamente o estilo”. (p. 24);
“Reis experimenta a dor da nossa miséria estrutural, sofre com as ameaças inelutáveis e permanentes do Fatum, da velhice e da Morte. Vai à conquista do prazer relativo, sempre toldado pela trsiteza de saber que o é. O seu fito é iludir (melhor: eludir) a dor construindo virilmente o próprio destino no restrito âmbito de liberdade que lhe é dado”. (p. 24);
“Reis, um civilizado, <<pagão da decadência>>, posterior ao cristianismo. Austero e contido, com uma experiência de milênios atrás de si, cultiva a elegância de maneiras, a beleza do artifício, a arquitectura estrita da ode”. (p. 24);
“Mais pungente ainda que a ideia da Morte é a sensação de que a vida consiste numa serie de mortes sucessivas, de que o tempo é irreversível, não podemos para um segundo sequer tudo passa connosco impelido pelo mesmo caudal: [...]”. (p. 25);
“Reis propõe-se e propõe-nos um duro esforço de autodisciplina. O primeiro é submissão voluntaria a um destino involuntário (p. 42), que deste modo cumprimos altivamente, sem um queixume: [...]. O homem de sabedoria chega a antecipar-se ao próprio destino, aceitando livremente a morte: [...]. O segundo objectivo é evitar as ciladas da Fortuna, depurando a alma de instintos e paixões que nos prendam”. (p. 26);
“Na poesia de Reis é constante a desconfiança perante a Fortuna, os sentimentos fortes, o prazer. Diz a sabedori antiga que a Fortuna é insidiosa e nada devemos esperar que não provenha de nós próprios”. (p. 27);
“A poesia de Reis, como disse atrás, acusa a influencia imediata de Horácio, o poeta que temperou a ética estoica a doutrina de Epicuro. Tão repetidamente, as vezes com pequenas variantes, glosa Reis certos temas horacianos, decalcando atitudes e processos de estilo, que as suas odes chegam a dar a impressão de exercícios literários tornados possíveis por afinidades de temperamento e gosto”. (p. 27);
“A imitação parece em desacordo com o frouxo erotismo de Reis quando este dirige apelos a mulheres fictícias, cujos nomes foram colhidos no próprio Horacio (Lídia, Neera, Cloe...), para corresponderem ao seu desejo amoroso pela ideia de que a juventude passa e a morte ronda”. (p. 28);
“Este verso pinta o egoísmo epicurista de Reis, um contemplativo extremamente pobre de calor afectivo, sem amizades que transpareçam na poesia, sem capacidade para o amor autêntico. Reis parece existir apenas em função de um problema, o problema crucial de remediar o sentimento da fraqueza humana e da inutilidade de agir por meio de uma arte de viver que permita chegar à morte de mãos vazias e com um mínimo de sofrimento”. (p. 29).
FERNANDO PESSOA LÍRICO
“O Pessoa ortónimo diverge muito de Caeiro e Reis porque não expõe uma filosofia pratica, não inculca uma norma de comportamento; nele há quase apenas a expressão musical e subtil do frio, do tédio e dos anseios da alma, estados quase inefáveis em que se vislumbra por instantes <<uma coisa linda>>, nostalgias de um bem perdido que não se sabe qual foi, oscilações quase imperceptíveis de uma inteligência extremamente sensível, e ate vivencias tão profundas que não vêm <<à flor das frases e dos dias>> mas se insinuam pela euforia dos versos, pelas reticências de uma linguagem finíssima”. (p. 29);
“Hesita entre uma fé ocultista de poemas como <<No Tumulo de Christian Rosencreutz>> e a suspeita de que tudo é sonho ou aparência sem fundo, esta vida e a outra que pressentiu”. (p. 30);
“O sentimentalismo confessional estava naturalmente fora do seu caminho porque Pessoa viveu essencialmente pela inteligencia intuitiva ou discursiva, pela sensibilidade que lhe é própria e pela imaginação”. (p. 30);
“A sua extrema lucidez torna límpida, definida, a expressão dos próprios sentimentos indefinidos. Se há obscuridade, não é no texto mas no pré-texto, no motivo, tantas vezes um quase, um não sei qué, uma vivencia incoercível”. (p. 30);
“Ora não custa muito surpreender o fio que conduz de certos poemas de Garrett [...] a certos poemas de Fernando Pessoa no Cancioneiro – titulo que ele destinava ao conjunto da obra lírica subscrita com o seu nome”. (p. 32 e 33);
“No Pessoa ortonimo o ritmoalicia, as próprias vivencias são muitas vezes de essência musical; instintiva ou calculadamente, de qualquer modo apoiado á nossa melhor tradição lírica, Pessoa tira das combinações de sons efeitos muito felizes: [...]”. (p. 33);
“O processo é característico de Pessoa: primeiro a imagem-simbolo, depois a reflexão que lhe extrai o sentido”. (p. 33).
FERNANDO PESSOA AUTOR DA <<MENSAGEM>>
“Numa entrevista concedida ao Diário de Lisboa em 14-12-1934, afirmou Pessoa que a Mensagem cristalizara no seu espírito a partir da época de Orpheu”. (p. 35);
“O autor da Mensagem singulariza-se como um épico sui generis, introvertido, cantor, sem tuba ruidosa, de mirificas irrealidades. Escreveu o seu livro <<à beira-mágoa>> (p. 87), de olhos humedecidos, para expandir a <<febre da Além>> que atribui ao infante D. Fernando, para condensar em verbo poético o sonho de uma Índia que não há, por isso melhor”. (p. 35);
“O idealismo estreme, ocultista ou platônico, de alguns dos seus poemas líricos reduz o mundo visível a copia grosseira do mundo invisível”. (p. 35)
“A Mensagem reafirma a cada passo a mesma repugnância pelo carnal, pelo que o sonho ou a loucura não redimem: [...]”. (p. 35);
“Há entretanto no Mensagem dois tipos de heroísmo. Normalmente os heróis agem pelo instinto, sem terem a visão do sentido e alcance dos seus actos na marcha dos tempos: Viriato é já portador do instinto obscuro que vai animar o conde D. Henrique”. (p. 36);
“A Mensagem é também um elegio do Português, desvendador e dominador de mundos. O que o define não é a ânsia do poderio terreno mas a fome de Absoluto, um ideal cujo escopo pertence à <<alma interna>>”. (p. 36);
“Na Mensagem as palavras denunciam uma inteligência que não adere às <<verdadeiros>> da fé messiânica: o mito chama-se objectivamente mito, a lenda lenda: à febre de grandeza que despreza os limites dá-se o nome de loucura”. (p. 38).
ÁLVARO DE CAMPOS
“Poeta sensacionista e por vezes escandaloso (qualitativos da carta de Pessoa a Casais Monteiro, já citada), Campos é o primeiro a retratar-se e a referir circunstancias biográficas, o que reforça a simulação e daria ao próprio Fernando Pessoa estímulos para se manter na pele do heterônimo”. (p. 39);
“Dos vários heterônimos é aquele que mais sensivelmente percorre uma curva evolutiva. Tem três fases: a do <<Opiário>>, poema com a data fictícia de 3-1914; a do futurismo whitmaniano, exuberantemente documentado na <<Ode Triunfal>> (4-1914), em <<Dois excertos de odes>> (30-6-1914), <<Ode Marítima>> (publicada no n.º 2 do Orpheu, 1915), <<Saudação a Walt Whitman>> (11-6-1915) e <<Passagem das Horas>> (22-5-1916), para só episodicamente assomar em poemas posteriores; enfim, uma terceira fase a que chamarei pessoal por estar liberta de influencias rutidas, desde <<Casa branca nau preta>> (11-10-1916) ate 1935, ano da morte de Pessoa”. (p. 40);
“Campos é o primeiro a reconhecer uma evolução: <<Fui em tempos poeta decadente; hoje creio que estou decante, e já o não sou.>> E, na poesia à memória de Caeiro, declara que o mestre, acordando-o para a <<sensação>> e a <<nova alma>>, lhe tirou a capacidade de ser apenas um decadente <<estupidamente pretensioso / Que poderia ao menos vir a agradar...>> (p.31)’. (p. 40);
“Será também Whitman o grande inspirador do Álvaro de Campos da segunda fase, aquele que realiza a intenção inicial de Pessoa: criar um poeta de vertigem das sensações modernas, da volúpia da imaginação, da energia explosiva”. (p. 41);
“Inundava-o uma confiança cega nas forças divinas do Homem. Convidava todos à aventura maravilhosa de existirem integralmente, de viverem triunfalmente a vida. Campos, aliciado, como outros jovens europeus da sua geração, pela voz do novo Homero, aderiu à religião whitmaniana do Homem e da Terra: [..]”. (p. 42);
“Na verdade, só lutando consigo próprio, por um esforço de imaginação, foi Álvaro de Campos o cantor whitmaniano delirante, da Energia e do Progresso”. (p. 43);
“Decadente, não já no sentido histórico literário da palavra, mas por se ter despenhado da exaltação heroica, nervosamente conseguida, dos longos poemas à Whitman”. (p. 45);
“Campos disserta de vez em quando em prosa, chegando a criticar e refutar opiniões do Pessoa ortónimo”. (p. 46).
BERNARDO SOARES
“Morador num 4º andar da Rua dos Dourados, ajudante de guarda-livros sob as ordens do patrão Vasques, autor das prosas poéticas e reflexivas do Livro do Desassossego, Bernardo Soares é o menos autonomizado dos principais heterónimos, e por isso Pessoa o diz um semi-heterónimo, isto é, não uma personalidade diferente da sua, mas a sua personalidade mutilada: <<Sou eu menos o raciocínio e a efectividade>> (P. D. E., p. 268), definição alias pouco rigorosa”. (p. 46 e 47);
“Tanto Bernardo Soares como Álvaro de Campos nos deixam entrever o Fernando Pessoa da biografia, solitário e discreto correspondente comercial, num vaivém entre o real, dum lado, e a meditação, o sonho, a criação estética, do outro; quer dizer, negam bastantes vezes a afirmação de Casais Monteiro, de um modo geral exacta, de que a obra de Pessoa é uma obra de divorcio <<com a realidade presente>>”. (p. 47);
“Talvez por o achar demasiado confessional, autobiográfico, directo, Pessoa deixasse Bernardo Soares um tanto informe e na penumbra. A sua prosa tem, em dados trechos, um vago sabor a adolescência”. (p. 48).
REFERENCIA BIBLIOGRAFICA
COELHO, Jacinto do Prado. Diversidade e unidade em Fernando Pessoa. São Paulo: EDUSP, 1977, p. 17- 48.

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