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MARCADORES DE FERRO ► A hemocromatose é uma doença autossômica recessiva, presente na população branca, que ocasiona alteração de provas bioquímicas hepáticas. Inicialmente, a dosagem de ferritina, de ferro e da capacidade ferropéxica (para cálculo da saturação da transferrina) deve ser solicitada para o rastreamento dessa doença. Níveis elevados de ferritina e saturação de transferrina acima de 50% são sugestivos, mas não específicos, devendo a investigação prosseguir com biópsia hepática, pesquisa da mutação do gene HFE ou quantificação de ferro hepático por ressonância magnética (RM). MARCADORES DE AUTOIMUNIDADE ► A hepatite autoimune é a causa menos comum de alteração da bioquímica hepática. Os exames solicitados para excluir tais doenças são fator antinuclear (FAN), imunoglobulina G (IgG), antimúsculo liso, antiLKM1 (anti-liver/kidney microsome), anticorpos antiantígeno hepático solúvel (AAAHS), antiLC1 (anti-liver cytosol 1) e antifígado e pâncreas (AAFP). Não é necessária a pesquisa de todos os autoanticorpos inicialmente, já que a hepatite autoimune tipo I, com FAN, IgG e antimúsculo liso positivos, é a mais frequente (4% das hepatites autoimunes). A hepatite autoimune tipo II tem FAN negativo e antiLKM1 e antiLC1 positivos. A colangite esclerosante primária e a cirrose biliar primária também são doenças cujo achado inicial pode ser a alteração de aminotransferases, GGT e fosfatase alcalina. Para essas doenças há predomínio de colestase, e o anticorpo antimitocondrial é muito frequentemente positivo. A doença celíaca também pode se apresentar com elevação de transaminases. Portanto, dependendo do contexto clínico, deve-se investigar essa condição (ver Cap. 38, Diarreia crônica). MARCADORES DE ACÚMULO DE COBRE ► A dosagem de ceruloplasmina sérica, cobre sérico e urinário pode ser útil em pacientes com menos de 40 anos, alteração de aminotransferases sem outra explicação, com a finalidade de diagnosticar doença de Wilson. Esperam-se níveis de cobre urinário e sérico elevados, além de níveis diminuídos de ceruloplasmina. DEFICIÊNCIA DE α1-ANTITRIPSINA ► A deficiência de α1-antitripsina é uma doença rara e que pode alterar as provas de lesão/função hepática. A dosagem de α1-antitripsina não faz parte da rotina da avaliação de alteração de bioquímica hepática, mas pode ser solicitada em casos específicos de doença respiratória associada, baqueteamento digital ou história familiar de cirrose sem outras etiologias. IGG4 ► Níveis elevados da subclasse IgG4 podem estar associados a uma doença sistêmica que afeta principalmente o pâncreas e as vias biliares. A apresentação clínica tende a ser inespecífica, podendo se manifestar apenas com aumento assintomático de bilirrubinas e enzimas canaliculares (fosfatase alcalina e GGT). PERFIL LIPÍDICO/GLICEMIA ► Em casos de alteração de provas de função hepática sem etiologia definida, deve-se considerar a possibilidade de NASH. Alterações em glicemia de jejum e colesterol total, lipoproteína de alta densidade (HDL), lipropoteína de baixa densidade (LDL) e triglicérides podem reforçar a suspeita do diagnóstico de NASH. ► DE VOLTA AO CASO CLÍNICO A paciente do início deste capítulo apresentava quadro de alteração discreta de aminotransferases e GGT, fatores de risco para hepatite C crônica (transfusão sanguínea no passado), hepatite autoimune e doença celíaca (hipotiroidismo associado), além de NASH (obesidade, alteração de níveis tensionais). Foram solicitados testes para fosfatase alcalina, TP e bilirrubinas, que apresentaram resultados normais, além de FAN, antimúsculo liso, IgG, antitransglutaminase IgA, ferritina e capacidade ferropéxica, que também não apresentaram alterações. O antígeno de superfície do vírus da hepatite B (HBsAg) foi negativo, e o anti- HCV, reagente. Foi realizado o teste da reação em cadeia da polimerase (PCR) para o HCV, que foi reagente, e o diagnóstico final foi de hepatite C crônica. A paciente seguiu avaliação em ambulatório especializado (ver Cap. 40, Hepatites virais). LEITURAS SUGERIDAS ► Araujo A, Michalczuk MT, Wolff FH, Castro RCL. Icterícia, alteração de transaminases e outras manifestações de problemas hepáticos comuns. In: Duncan BB, Schmidt MI, Giugliani ERJ, Duncan MS, Giugliani C. Medicina ambulatorial: condutas de atenção primária baseadas em evidências. 4. ed. Porto Alegre: Artmed; 2013. p. 830-36. Feldman M, Friedman LS, Brandt LJ, editors. Sleisenger and Fordtran’s gastrointestinal and liver disease: pathophysiology, diagnosis, management. 8th ed. Philadelphia: Saunders; 2006. Galvão-Alves J, Galvão MC. Pancreatite autoimmune. JBM. 2014;102(1):17-22.
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