Buscar

Estudo da competitividade da indústria brasileira competitividade industrial e desenvolvimento regional no Brasil

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 78 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 78 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 78 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

� � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � �
IE/UNICAMP - IEI/UFRJ - FDC - FUNCEX
Ministério da Ciência e Tecnologia - MCT
Financiadora de Estudos e Projetos - FINEP
Programa de Apoio ao Desenvolvimento Científico e Tecnológico - PADCT
ESTUDO DA COMPETITIVIDADE
DA INDÚSTRIA BRASILEIRA
_____________________________________________________________________________________________
COMPETITIVIDADE INDUSTRIAL E
DESENVOLVIMENTO REGIONAL
NO BRASIL
Nota Técnica Extra-Blocos Temáticos
O conteúdo deste documento é de
exclusiva responsabilidade da equipe
técnica do Consórcio. Não representa a
opinião do Governo Federal.
Campinas, 1993
Documento elaborado pelo consultor Clélio Campolina Diniz (CEDEPLAR/UFMG).
A Comissão de Coordenação - formada por Luciano G. Coutinho (IE/UNICAMP), João Carlos Ferraz (IEI/UFRJ), Abílio dos Santos
(FDC) e Pedro da Motta Veiga (FUNCEX) - considera que o conteúdo deste documento está coerente com o Estudo da Competitividade da Indústria
Brasileira (ECIB), incorpora contribuições obtidas nos workshops e servirá como subsídio para as Notas Técnicas Finais de síntese do Estudo.
ESTUDO DA COMPETITIVIDADE DA INDÚSTRIA BRASILEIRA
� � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � �
� �
� � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � �
IE/UNICAMP - IEI/UFRJ - FDC - FUNCEX
CONSÓRCIO
Comissão de Coordenação
INSTITUTO DE ECONOMIA/UNICAMP
INSTITUTO DE ECONOMIA INDUSTRIAL/UFRJ
FUNDAÇÃO DOM CABRAL
FUNDAÇÃO CENTRO DE ESTUDOS DO COMÉRCIO EXTERIOR
Instituições Associadas
SCIENCE POLICY RESEARCH UNIT - SPRU/SUSSEX UNIVERSITY
INSTITUTO DE ESTUDOS PARA O DESENVOLVIMENTO INDUSTRIAL - IEDI
NÚCLEO DE POLÍTICA E ADMINISTRAÇÃO EM CIÊNCIA E TECNOLOGIA - NACIT/UFBA
DEPARTAMENTO DE POLÍTICA CIENTÍFICA E TECNOLÓGICA - IG/UNICAMP
INSTITUTO EQUATORIAL DE CULTURA CONTEMPORÂNEA
Instituições Subcontratadas
INSTITUTO BRASILEIRO DE OPINIÃO PÚBLICA E ESTATÍSTICA - IBOPE
ERNST & YOUNG, SOTEC
COOPERS & LYBRAND BIEDERMANN, BORDASCH
Instituição Gestora
FUNDAÇÃO ECONOMIA DE CAMPINAS - FECAMP
ESTUDO DA COMPETITIVIDADE DA INDÚSTRIA BRASILEIRA
� � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � �
� �
� � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � �
IE/UNICAMP - IEI/UFRJ - FDC - FUNCEX
EQUIPE DE COORDENAÇÃO TÉCNICA
Coordenação Geral: Luciano G. Coutinho (UNICAMP-IE)
João Carlos Ferraz (UFRJ-IEI)
Coordenação Internacional: José Eduardo Cassiolato (SPRU)
Coordenação Executiva: Ana Lucia Gonçalves da Silva (UNICAMP-IE)
Maria Carolina Capistrano (UFRJ-IEI)
Coord. Análise dos Fatores Sistêmicos: Mario Luiz Possas (UNICAMP-IE)
Apoio Coord. Anál. Fatores Sistêmicos: Mariano F. Laplane (UNICAMP-IE)
João E. M. P. Furtado (UNESP; UNICAMP-IE)
Coordenação Análise da Indústria: Lia Haguenauer (UFRJ-IEI)
David Kupfer (UFRJ-IEI)
Apoio Coord. Análise da Indústria: Anibal Wanderley (UFRJ-IEI)
Coordenação de Eventos: Gianna Sagázio (FDC)
Contratado por:
Ministério da Ciência e Tecnologia - MCT
Financiadora de Estudos e Projetos - FINEP
Programa de Apoio ao Desenvolvimento Científico e Tecnológico - PADCT
COMISSÃO DE SUPERVISÃO
O Estudo foi supervisionado por uma Comissão formada por:
João Camilo Penna - Presidente Júlio Fusaro Mourão (BNDES)
Lourival Carmo Mônaco (FINEP) - Vice-Presidente Lauro Fiúza Júnior (CIC)
Afonso Carlos Corrêa Fleury (USP) Mauro Marcondes Rodrigues (BNDES)
Aílton Barcelos Fernandes (MICT) Nelson Back (UFSC)
Aldo Sani (RIOCELL) Oskar Klingl (MCT)
Antonio dos Santos Maciel Neto (MICT) Paulo Bastos Tigre (UFRJ)
Eduardo Gondim de Vasconcellos (USP) Paulo Diedrichsen Villares (VILLARES)
Frederico Reis de Araújo (MCT) Paulo de Tarso Paixão (DIEESE)
Guilherme Emrich (BIOBRÁS) Renato Kasinsky (COFAP)
ESTUDO DA COMPETITIVIDADE DA INDÚSTRIA BRASILEIRA
� � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � �
� �
� � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � �
IE/UNICAMP - IEI/UFRJ - FDC - FUNCEX
José Paulo Silveira (MCT) Wilson Suzigan (UNICAMP)
ESTUDO DA COMPETITIVIDADE DA INDÚSTRIA BRASILEIRA
� � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � �
� �
� � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � �
IE/UNICAMP - IEI/UFRJ - FDC - FUNCEX
SUM`RIO
RESUMO EXECUTIVO .......................................... 1
INTRODUÇÃO ................................................ 11
1. TENDÊNCIAS INTERNACIONAIS .............................. 14
2. DIAGNÓSTICO DA QUESTÃO REGIONAL NO BRASIL ............... 15
2.1. Mudanças Recentes no Padrão Regional da Indústria
 Brasileira ........................................ 15
2.1.1. A reversão da polarização da Área Metropoli-
 tana de São Paulo .......................... 15
2.1.2. O espraiamento industrial no país .......... 19
2.2. Mudanças nas Economias de Aglomeração, Unificação
do Mercado Nacional, Concorrência e Especialização
Regional .......................................... 25
2.2.1. Economias de urbanização ................... 25
2.2.2. Desenvolvimento da infra-estrutura e unifica-
 ção do mercado ............................. 27
2.3. O Papel da Política Econômica em Termos de Investi-
mento Direto e Incentivos Fiscais ................. 31
2.3.1. Investimento direto ........................ 31
2.3.2. Incentivos fiscais ......................... 32
2.4. A Fronteira de Recursos Naturais e seu Papel para
o Desenvolvimento Regional Brasileiro ............. 35
2.4.1. Fronteira agrícola ......................... 35
2.4.2. A fronteira mineral ........................ 39
2.5. O Impacto Regional das Exportações, da Abertura Ex-
terna e da Criação do Mercosul .................... 41
2.6. O Desenvolvimento dos Transportes e seu Papel na In-
tegração do Mercado e na Expansão da Fronteira Geo-
gráfica e Econômica ............................... 45
2.7. Mudanças Tecnológicas e o Potencial para Aglomeração
Poligonal ......................................... 50
2.8. Conclusão ......................................... 56
ESTUDO DA COMPETITIVIDADE DA INDÚSTRIA BRASILEIRA
� � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � �
� �
� � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � �
IE/UNICAMP - IEI/UFRJ - FDC - FUNCEX
3. PROPOSIÇÕES DE POLÍTICA ................................ 58
BIBLIOGRAFIA .............................................. 63
1
ESTUDO DA COMPETITIVIDADE DA INDÚSTRIA BRASILEIRA
� � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � �
� �
� � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � �
IE/UNICAMP - IEI/UFRJ - FDC - FUNCEX
RESUMO EXECUTIVO
1.TEND˚NCIAS INTERNACIONAIS
A experiência dos EUA e da Europa, nas últimas décadas,
revela que a mudança de padrão industrial-tecnológico tem
provocado expressivas modificações no padrão locacional da
indústria. No caso norte-americano, que pelas suas dimensões
continentais guarda lições para o Brasil, as mudanças
tecnológicas abriram novas fronteiras espaciais, como confirmam
os pólos industriais do Sul, da Costa Oeste e da Região das
Montanhas. De outro lado, a decadência de muitos setores
manufatureiros deprimiu áreas industriais tradicionais, embora
algumas tenham conseguido se reestruturar, a exemplo da Região de
Boston. No caso europeu, são comumente referidos os exemplos de
desindustrialização nos tradicionais centros industriais ingleses
(Liverpoool, Manchester, entre outros), enquanto ocorre renovação
e expansão industrial no chamado Corredor M-4 e no Sul da
Inglaterra. Na França, verifica-se a expansão industrial no
sentido sul, inclusive com o desenvolvimento de atividades de
alta tecnologia em uma rede de cidades no chamado "cinturão
francês do sol".
Experiência diferente vem tendo o Japão. Embora o país não
tenha passado por um processo de desindustrialização ou
estagnação industrial, o governo japonês tomou a decisão de
estabelecer um programa de tecnópolis pelo qual se articula a
política científica e tecnológica com o desenvolvimento
industrial e regional. Foram criados 25 pólos tecnológicos, cada
um com determinada especialização, distribuídos ao longo do
território japonês, sendo que as áreas metropolitanas não podem
ser eleitas como tecnópolis, inclusive porque o objetivo é
impedir a contínua concentração industrial em Tokyo, Nagoya e
Osaka. No entanto, avaliações mais recentes indicam o fracasso de
2
ESTUDO DA COMPETITIVIDADE DA INDÚSTRIA BRASILEIRA
� � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � �
� �
� � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � �
IE/UNICAMP - IEI/UFRJ - FDC - FUNCEX
algumas iniciativas, demonstrando que a intencionalidade política
não foi capaz de alterar certas tendências econômicas.
3
ESTUDO DA COMPETITIVIDADE DA INDÚSTRIA BRASILEIRA
� � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � �
� �
� � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � �
IE/UNICAMP - IEI/UFRJ - FDC - FUNCEX
2. DIN´MICA REGIONAL RECENTE DA ECONOMIA BRASILEIRA
Após um século de concentração industrial no Estado de São
Paulo e de polarização na sua Área Metropolitana, nas últimas
duas décadas esse processo foi invertido, iniciando um movimento
de reversão da polarização e de desconcentração industrial para
várias regiões do país. Em função desse fenômeno, a participação
do Estado de São Paulo e da Área Metropolitana de São Paulo na
produção industrial do país reduziu-se de 58% para 49% e de 44%
para 26%, respectivamente, entre 1970 e 1990, apesar do
crescimento da participação relativa da produção industrial do
interior daquele Estado. Entretanto, essa marcada reversão da
polarização na Área Metropolitana de São Paulo não implicou uma
sustentada desconcentração para o país como um todo. Na primeira
fase, o processo de reversão da polarização se fez com um
relativo espraiamento industrial para o próprio interior do
Estado de São Paulo e para quase todos os demais estados
brasileiros. Na segunda fase, no entanto, vem ocorrendo uma
relativa reconcentração na faixa que vai da região central do
Estado de Minas Gerais ao nordeste do Rio Grande do Sul,
incluídos o interior de São Paulo e de Santa Catarina, dentro da
qual estão sendo formados os principais pólos de alta tecnologia.
Embora sem dispor de resultados censitários, essas mudanças
já podiam ser indicadas e observadas desde a década de 1970,
especialmente devido ao comportamento regional dos investimentos
industriais. No entanto, houve certa relutância em entender e
aceitar tal fenômeno, tendo sido necessário que os resultados
censitários de 1975, 1980 e 1985 e os indicadores de produção
industrial posterior confirmassem tal movimento.
Esse processo resultou de mudanças da economia brasileira,
para a análise das quais torna-se fundamental a avaliação dos
seguintes fatores: a) deseconomias de aglomeração na Área
Metropolitana de São Paulo e criação de economias de aglomeração
em vários outros centros urbanos e regiões; b) ação do Estado em
4
ESTUDO DA COMPETITIVIDADE DA INDÚSTRIA BRASILEIRA
� � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � �
� �
� � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � �
IE/UNICAMP - IEI/UFRJ - FDC - FUNCEX
termos de investimento direto, incentivos fiscais e construção da
infra-estrutura; c) busca de recursos naturais, traduzida pelo
movimento das fronteiras agrícola e mineral, com reflexos na
localização de um conjunto de atividades industriais; d)
unificação do mercado, potenciada pelo desenvolvimento da infra-
estrutura de transportes e comunicações, com efeitos sobre a
competição interindustrial e a localização; e) mudanças
tecnológicas e seu efeito sobre os requisitos locacionais das
atividades de alta tecnologia.
Os quatro primeiros fatores agiram no sentido da
desconcentração, enquanto o último freou e redirecionou o
processo. Assim sendo, a reconcentração derivada das mudanças
tecnológicas e a redução da intervenção estatal se aliam à
concentração prévia da produção industrial, da pesquisa, do
mercado de trabalho profissional e da renda dentro da macro-
região mencionada. Face a isto, a continuidade do processo de
desconcentração macro-espacial vem sendo obstaculizado e uma nova
configuração regional da indústria no Brasil vem sendo esboçada.
Concilia a existência de reversão da polarização da Área
Metropolitana de São Paulo com uma relativa aglomeração nos
estados da Região Centro-Sul, excluído o Rio de Janeiro. Isso
significa que as regiões que vinham sendo objeto de políticas
regionais, como o Nordeste e o Norte não têm demonstrado
capacidade de sustentar um crescimento diferenciado que se
traduzisse em alteração macro-espacial substantiva, apesar do
crescimento industrial do Estado da Bahia e de Manaus e de uma
relativa alteração na distribuição regional do produto interno
bruto (PIB) brasileiro.
Finalmente, as mudanças da política econômica no sentido de
ampliação da abertura externa da economia, a criação do MERCOSUL
e a redução dos investimentos diretos pelas empresas estatais e
na construção da infra-estrutura seguramente terão efeitos de
redução da desconcentração macro-espacial da economia brasileira.
5
ESTUDO DA COMPETITIVIDADE DA INDÚSTRIA BRASILEIRA
� � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � �
� �
� � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � �
IE/UNICAMP - IEI/UFRJ - FDC - FUNCEX
Apesar disso, o potencial das fronteiras agrícola e mineral
indica a possibilidade de indução de alterações regionais desde
que a política econômica em termos de transporte, de incentivos
fiscais e de pesquisa sejam reorientadas.
Assim, a busca de competitividade internacional, aliada aos
desafios sociais, trazem à tona a difícil tarefade conciliar
eficiência econômica com busca de eqüidade, as quais exigirão
esforço sistemático em termos da política regional brasileira.
6
ESTUDO DA COMPETITIVIDADE DA INDÚSTRIA BRASILEIRA
� � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � �
� �
� � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � �
IE/UNICAMP - IEI/UFRJ - FDC - FUNCEX
3. PROPOSI˙ÕES DE POL˝TICA
Tendo em vista o objetivo de compatibilizar competitividade
industrial com desenvolvimento regional, seis linhas de política
são propostas, uma geral e cinco específicas.
i) Reformulaçªo global do sistema institucional e de incentivos
regionais.
Considerada a existência dos mecanismos de incentivos para
as Regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste, através do FINOR,
FINAM, PIN, PROTERRA e Fundos Constitucionais, além do FISET, das
transferências negociadas e do Fundo de participação de Estados e
Municípios, entre outros, e questionado o seu custo e resultados,
torna-se necessário avaliar e racionalizar sua aplicação,
inclusive unificando esses instrumentos a fim de evitar sua
simultaneidade e concorrência.
Dada a dimensão territorial do país e o desnível econômico e
social entre as regiões, não se pode pensar na retirada do Estado
da questão regional brasileira. No entanto, torna-se necessário o
estabelecimento de orientações claras e explícitas sobre os
critérios e prioridades na aplicação desses recursos. A
existência de mecanismos de tráfico administrativo e corrupção e
o pequeno resultado obtido exigem ação enérgica das várias
instâncias governamentais.
Para isto deveriam ser consideradas as seguintes orientações
gerais1:
- Restabelecimento do sistema de planejamento da economia
brasileira, compatibilizando os objetivos de desenvolvimento
econômico, eficiência produtiva, justiça social e ordenação do
território;
 
1 As orientações deste ponto basearam-se em uma das alternativas formuladas em Araújo, Tânia
Bacelar de et alii. Planejamento Nacional e Planejamento Regional, texto apresentado ao Fórum O
Novo Mapa da Economia Brasileira: Desafios do Planejamento Regional, Rio, IPEA, 1993.
7
ESTUDO DA COMPETITIVIDADE DA INDÚSTRIA BRASILEIRA
� � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � �
� �
� � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � �
IE/UNICAMP - IEI/UFRJ - FDC - FUNCEX
- Substituição do sistema de incentivos fiscais regionais
pela criação de um Fundo de Desenvolvimento Regional, com
alocação de recursos através de um plano plurianual de
investimentos aprovado pelo Senado;
- Extinção dos Ministérios da Integração Regional e Ação
Social, extinção ou reformulação profunda dos órgãos regionais de
desenvolvimento;
- Estudo da forma institucional mais adequada para a
formulação e operação dos programas de desenvolvimento regional e
aplicação do Fundo de Desenvolvimento Regional, de forma
descentralizada, eficiente, leve e não-corporativa.
ii) Desenvolvimento do sistema de transportes rodoviÆrios
visando integrar o mercado nacional e acelerar a
desconcentraçªo industrial das Æreas metropolitanas,
especialmente da de Sªo Paulo, potenciando o crescimento
industrial da Regiªo Centro-Sul.
São consideradas prioritárias as duplicações das seguintes
rodovias:
- BR 381, ligando São Paulo a Belo Horizonte;
- BR 116, no tronco sul, ligando São Paulo a Curitiba e
Porto Alegre, pelo interior;
- BRs 376 e 101, no trecho Curitiba - Florianópolis;
- BR 116, no tronco norte, ligando Volta Redonda - Além
Paraíba - Salvador;
- BRs 262 e 381, ligando Belo Horizonte - Ipatinga -
Governador Valadares;
- BRs 040 e 050, ligando Brasília - Delta, na divisa com São
Paulo.
A duplicação destes trechos rodoviários teria um grande
efeito sobre a reestruturação do espaço industrial no Brasil,
permitindo articular o processo de reversão da polarização da
Área Metropolitana de São Paulo com um processo de
desconcentração industrial dentro da grande macro-região que vai
8
ESTUDO DA COMPETITIVIDADE DA INDÚSTRIA BRASILEIRA
� � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � �
� �
� � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � �
IE/UNICAMP - IEI/UFRJ - FDC - FUNCEX
da região central de Minas até o nordeste do Rio Grande do Sul,
incluída toda a faixa litorânea do Paraná e Santa Catarina. Além
disso, dada a existência de grandes troncos rodoviários ligando o
litoral e a Área Metropolitana de São Paulo com o nordeste e
oeste daquele Estado, penetrando no sentido do norte do Paraná,
Mato Grosso do Sul e Triângulo Mineiro, a grande macro-região
mais desenvolvida do país se completaria e abriria a
possibilidade de expansão industrial em padrões de eficiência,
complementaridade e competitividade. Ao mesmo tempo permitiria
uma melhor distribuição da malha urbano-industrial, evitando o
processo de concentração econômica e populacional em poucos
pontos e conseqüentemente reduzindo os custos econômicos e
sociais da concentração.
iii) Construçªo de grandes troncos ferroviÆrios, ligando as
fronteiras agrícola e mineral aos portos de exportaçªo.
São listadas algumas alternativas, das quais se destacam:
- Ferronorte, ligando Cuiabá a Santa Fé do Sul (SP) e em
seguida pela FEPASA até os portos de Santos e São Sebastião (SP);
- Corredor Leste-Oeste, ligando Cuiabá ao Triângulo Mineiro,
continuando pela RFF até Belo Horizonte e pela EFVM até os portos
de Capuaba-Tubarão (ES). Alternativamente, o traçado seria
desviado no sentido do Norte-Noroeste de Minas e Goiás;
- Corredor Norte, ligando o Mato Grosso a Carajás onde
encontraria a Estrada de Ferro da Cia. Vale do Rio Doce, ligando
ao porto de Itaqui (MA).
Como essas três alternativas são em princípio
concorrenciais, por estabelecer a ligação de Mato Grosso a três
portos alternativos; como o Corredor Norte permite compatibilizar
o ganho de competitividade da fronteira, pelo barateamento do
custo do frete internacional; e como o Maranhão se apresenta como
alternativa macro-espacial para o desenvolvimento regional
brasileiro, considero-o como prioritário, embora o Projeto da
Ferronorte pareça já estar em vias de concretização.
9
ESTUDO DA COMPETITIVIDADE DA INDÚSTRIA BRASILEIRA
� � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � �
� �
� � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � �
IE/UNICAMP - IEI/UFRJ - FDC - FUNCEX
iv) Políticas para o Nordeste.
Dentro do quadro de atraso relativo e de problemas sociais
que se acumulam no Nordeste Brasileiro, e dado o objetivo de
compatibilizar eficiência produtiva com geração de emprego e
renda, são indicados um conjunto de medidas que contribuiriam
para reestruturar a economia e o espaço nordestinos:
a) Reforço do Corredor de Exportação Norte, canalizando
excedente do Centro-Oeste e da Fronteira Nordestina no sentido do
Maranhão. Este corredor poderia permitir a formação de um
complexo agroindustrial naquele Estado. Simultaneamente, a Grande
Carajás poderia permitir a expansão do pólo metalúrgico do
Maranhão. Estes dois projetos poderiam servir de base para
efeitos diversificantesposteriores, tornando o Maranhão uma
alternativa macro-espacial de desconcentração da economia
brasileira, bem como para a solução dos problemas econômicos e
sociais do Nordeste.
b) Reforço da expansão e integração do complexo químico da
Bahia e sua integração com a cloroquímica de Sergipe e Alagoas.
c) Expansão e integração do complexo agricultura irrigada-
agroindústrias nos Vales do São Francisco e Açu.
d) Expansão, modernização e integração do complexo têxtil-
confecções no Ceará.
e) Apoio ao desenvolvimento do Turismo na Orla Nordestina.
f) Transformação da agricultura da faixa úmida, com
concentração de pesquisa na área biotecnológica.
g) Seleção de cadeias produtivas ou projetos, mediante
avaliação dos setorialistas.
10
ESTUDO DA COMPETITIVIDADE DA INDÚSTRIA BRASILEIRA
� � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � �
� �
� � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � �
IE/UNICAMP - IEI/UFRJ - FDC - FUNCEX
v) Política tecnológica e educacional.
Na linha dos pólos tecnológicos ou dos centros de
modernização tecnológica, reforçar a criação de centros de
pesquisa e integração com o sistema produtivo.
Considerada a tendência concentradora desses centros na
região mais desenvolvida do país, e considerado o objetivo de
ganho de eficiência e de excelência nas áreas específicas, dever-
se-ia buscar a montagem de centros especializados, segundo a
vocação das regiões, evitando instituições politécnicas,
incapazes de formar massa crítica nas regiões menos
desenvolvidas. Ao mesmo tempo, esse critério evitaria a
pulverização de recursos. Neste sentido, é importante reforçar as
iniciativas locais e orientar o apoio de instituições como o
SEBRAE para as especificidades regionais.
vi) Reavaliaçªo do sistema de incentivos para a Zona Franca de
Manaus.
Avaliar o custo e os resultados obtidos pelo parque
industrial instalado em Manaus com vistas a uma redefinição desse
sistema à luz dos objetivos de crescimento industrial e de
desenvolvimento regional para o país.
Estudar a viabilidade de construção de um porto em Macapá e
modernização do sistema de navegação Manaus-Macapá, de forma a
transformar a Zona Franca de Manaus e facilitar seu papel como
centro exportador.
11
ESTUDO DA COMPETITIVIDADE DA INDÚSTRIA BRASILEIRA
� � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � �
� �
� � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � �
IE/UNICAMP - IEI/UFRJ - FDC - FUNCEX
QUADRO-RESUMO
------------------------------------------------------------------------------------------------------
------
A˙ÕES/DIRETRIZES DE POL˝TICA AGENTE/ATOR
 EXEC. LEG. JUD. EMP. TRAB. ONGs
ACAD.
------------------------------------------------------------------------------------------------------
------
1. Reformulação global do Sistema Institucional e de
 Incentivos Regionais
 - Restabelecimento do planejamento e da ordenação
 territorial X
 - Extinção do atual sistema de incentivos fiscais
 regionais X
 - Criação do Fundo de Desenvolvimento Regional X X
 - Extinção e reformulação do sistema institucional X X
 - Criação de novas formas institucionais X X X X X
X
2. Desenvolvimento do sistema de transportes para in-
 tegração do mercado e acelerar desconcentração
 - Duplicação das BRs 38l, ll6, 376, 101, 262, 040
 e 050 X X
3. Ligação das regiões de fronteira aos portos
 - Definição do corredor Centro-Oeste/Porto com
 prioridade para o corredor norte X X
4. Políticas específicas para o desenvolvimento do
 Nordeste
 - Reforço do corredor norte de transportes X X
 - Expansão e integração da indústria química X X
 - Adequação, avaliação e expansão da agricultura
 irrigada X X
 - Expansão da indústria têxtil X X
 - Expansão do turismo X X X X
X
 - Transformação da agricultura da faixa úmida X X X X X
X
 - Seleção de cadeias produtivas X X X X
X
5. Regionalização da política tecnológica e educacio-
 nal
 - Criação de pólos de tecnologia avançada X X X X
X
 - Criação de pólos de modernização tecnológica X X X X
X
6. Reformulação da Zona Franca de Manaus
 - Reforma do sistema de incentivos X X X X X
X
 - Construção de porto em Macapá e melhoria do sis-
 tema de transportes Manaus-Macapá X X
12
ESTUDO DA COMPETITIVIDADE DA INDÚSTRIA BRASILEIRA
� � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � �
� �
� � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � �
IE/UNICAMP - IEI/UFRJ - FDC - FUNCEX
------------------------------------------------------------------------------------------------------
------
Legenda: EXEC. - Executivo
 LEG. - Legislativo
 JUD. - Judiciário
 EMP. - Empresas e Entidades Empresariais
 TRAB. - Trabalhadores e Sindicatos
 ONGs - Organizações Não-Governamentais
 ACAD. - Academia
Nota: Em caso de coluna em branco, leia-se "sem recomendação".
13
ESTUDO DA COMPETITIVIDADE DA INDÚSTRIA BRASILEIRA
� � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � �
� �
� � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � �
IE/UNICAMP - IEI/UFRJ - FDC - FUNCEX
INTRODU˙ˆO2
Após um século de concentração industrial no Estado de São
Paulo e de polarização na sua Área Metropolitana, nas últimas
duas décadas esse processo foi invertido, iniciando um movimento
de reversão da polarização e de desconcentração industrial para
várias regiões do país. Em função desse fenômeno, a participação
do Estado de São Paulo e da Área Metropolitana de São Paulo na
produção industrial do país reduziu-se de 58% para 49% e de 44%
para 26%, respectivamente, entre 1970 e 1990, apesar do
crescimento da participação relativa da produção industrial do
interior daquele Estado (Tabelas 1 e 2). Entretanto, essa
marcada reversão da polarização na Área Metropolitana de São
Paulo não implicou uma sustentada desconcentração para o país
como um todo. Na primeira fase, o processo de reversão da
polarização se fez com um relativo espraiamento industrial para o
próprio interior do Estado de São Paulo e para quase todos os
demais estados brasileiros. Na segunda fase, no entanto, vem
ocorrendo uma relativareconcentração no polígono definido por
Belo Horizonte - Uberlândia - Londrina / Maringá - Porto Alegre -
Florianópolis - São José dos Campos - Belo Horizonte, dentro do
qual estão sendo formados os principais pólos de alta tecnologia
(Diniz, 1991).
Embora sem dispor de resultados censitários, essas mudanças
já podiam ser indicadas e observadas desde a década de 1970,
especialmente devido ao comportamento regional dos investimentos
industriais (Diniz, 1981; Diniz, 1986; Diniz & Lemos, 1986). No
entanto, houve certa relutância em entender e aceitar tal
fenômeno (Azzoni, 1986; Storper, 1991), tendo sido necessário que
os resultados censitários de 1975, 1980 e 1985 e os indicadores
de produção industrial posterior confirmassem tal movimento.
 
2 A base teórica do presente trabalho encontra-se, em grande parte, desenvolvida em Diniz, Clélio
Campolina. Desenvolvimento Poligonal no Brasil: Nem Desconcentração nem Contínua Polarização,
Belo Horizonte, Nova Economia, v.3, nº 1, 1993. Algumas idéias daquele trabalho foram aqui
reproduzidas ou transcritas.
14
ESTUDO DA COMPETITIVIDADE DA INDÚSTRIA BRASILEIRA
� � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � �
� �
� � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � �
IE/UNICAMP - IEI/UFRJ - FDC - FUNCEX
Esse processo resultou de mudanças da economia brasileira,
para cujo entendimento torna-se fundamental a análise e avaliação
dos seguintes fatores: a) deseconomias de aglomeração na Área
Metropolitana de São Paulo e criação de economias de aglomeração
em vários outros centros urbanos e regiões; b) ação do Estado em
termos de investimento direto, incentivos fiscais e construção da
infra-estrutura; c) busca de recursos naturais, traduzida pelo
movimento das fronteiras agrícola e mineral, com reflexos na
localização de um conjunto de atividades industriais; d)
unificação do mercado, potenciada pelo desenvolvimento da infra-
estrutura de transportes e comunicações, com efeitos sobre a
competição interindustrial e a localização; e) mudanças
tecnológicas e seu efeito sobre os requisitos locacionais das
atividades de alta tecnologia.
Os quatro primeiros fatores agiram no sentido da
desconcentração, enquanto o último freou e redirecionou o
processo. Assim sendo, a reconcentração derivada das mudanças
tecnológicas e a redução da intervenção estatal se aliam à
concentração prévia da produção industrial, da pesquisa, do
mercado de trabalho profissional e da renda dentro do polígono
mencionado. Face a isto, a continuidade do processo de
desconcentração macro-espacial vem sendo obstaculizado e uma nova
configuração regional da indústria no Brasil vem sendo esboçada.
Concilia a existência de reversão da polarização da área
metropolitana de São Paulo com uma relativa aglomeração nos
estados da Região Centro-Sul, excluído o Rio de Janeiro. Isso
significa que as regiões que vinham sendo objeto de políticas
regionais, como o Nordeste e o Norte, não têm demonstrado
capacidade de sustentar um crescimento diferenciado que se
traduzisse em alteração macro-espacial substantiva, apesar do
crescimento industrial do Estado da Bahia e de Manaus.
Finalmente, as mudanças da política econômica no sentido da
ampliação da abertura externa da economia, a criação do MERCOSUL
e a redução dos investimentos diretos pelas empresas estatais e
na construção da infra-estrutura seguramente terão efeitos
15
ESTUDO DA COMPETITIVIDADE DA INDÚSTRIA BRASILEIRA
� � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � �
� �
� � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � �
IE/UNICAMP - IEI/UFRJ - FDC - FUNCEX
decisivos sobre a configuração regional da indústria no Brasil,
contendo o processo de desconcentração macro-espacial da
economia.
Assim, a busca de competitividade internacional, aliada aos
desafios sociais, trazem à tona a difícil tarefa de conciliar
eficiência econômica com busca de eqüidade, as quais exigirão
esforço sistemático em termos da política regional brasileira.
16
ESTUDO DA COMPETITIVIDADE DA INDÚSTRIA BRASILEIRA
� � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � �
� �
� � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � �
IE/UNICAMP - IEI/UFRJ - FDC - FUNCEX
1. TEND˚NCIAS INTERNACIONAIS
A experiência dos EUA e da Europa, nas últimas décadas,
revela que a mudança de padrão industrial-tecnológico tem
provocado expressivas modificações no padrão locacional da
indústria. No caso norte-americano, que pelas suas dimensões
continentais guarda lições para o Brasil, as mudanças
tecnológicas abriram novas fronteiras espaciais, como confirmam
os pólos industriais do Sul, da Costa Oeste e da Região das
Montanhas (Hall & Markusen, 1985; Markusen et alii, 1991). De
outro lado, a decadência de muitos setores manufatureiros
deprimiu áreas industriais tradicionais (Bluestone & Harrison,
1982), embora algumas tenham conseguido se reestruturar, a
exemplo da Região de Boston. No caso europeu, são comumente
referidos os exemplos de desindustrialização nos tradicionais
centros industriais ingleses (Liverpoool, Manchester, entre
outros), enquanto ocorre renovação e expansão industrial no
chamado Corredor M-4 e no Sul da Inglaterra (Carney et alii,
1980; Raymond et alii, 1988). Na França, verifica-se a expansão
industrial no sentido sul, inclusive com o desenvolvimento de
atividades de alta tecnologia em uma rede de cidades no chamado
"cinturão francês do sol" (Laffitte, 1988).
Experiência diferente vem tendo o Japão. Embora o país não
tenha passado por um processo de desindustrialização ou
estagnação industrial, o governo japonês tomou a decisão de
estabelecer um programa de tecnópolis pelo qual se articula a
política de pesquisa científica e tecnológica com o
desenvolvimento industrial e regional. Foram criados 25 pólos
tecnológicos, cada um com determinada especialização,
distribuídos ao longo do território japonês, sendo que as áreas
metropolitanas não podem ser eleitas como tecnópolis, inclusive
porque o objetivo é impedir a contínua concentração industrial em
Tokyo, Nagoya e Osaka (Sthor & Ponighaus, 1991). No entanto,
avaliações mais recentes indicam o fracasso de algumas
17
ESTUDO DA COMPETITIVIDADE DA INDÚSTRIA BRASILEIRA
� � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � �
� �
� � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � �
IE/UNICAMP - IEI/UFRJ - FDC - FUNCEX
iniciativas, demonstrando que a intencionalidade política não foi
capaz de alterar certas tendências econômicas (Sasaki, 1993).
18
ESTUDO DA COMPETITIVIDADE DA INDÚSTRIA BRASILEIRA
� � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � �
� �
� � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � �
IE/UNICAMP - IEI/UFRJ - FDC - FUNCEX
2. DIAGNÓSTICO DA QUESTˆO REGIONAL NO BRASIL
2.1. Mudanças Recentes no PadrªoRegional da Indœstria Brasileira
2.1.1. A reversªo da polarizaçªo da `rea Metropolitana de Sªo
Paulo
Foi na virada da década de 1960 para 1970 que teve início o
processo de reversão da polarização da Área Metropolitana de São
Paulo3. Com a retomada do crescimento econômico e a concentração
econômica e populacional na referida região, esta começou a
apresentar deseconomias de urbanização. Ocorreu aumento do preço
da terra e dos aluguéis, dos salários relativos, dos custos de
congestão e de infra-estrutura4. Além desses, dois tipos de
custos não quantificados passaram a ter efeito significativo
sobre a decisão empresarial: a crescente pressão sindical,
acompanhada de greves, e o controle de poluição pela CETESB5.
Em contrapartida, outros elementos agiram no sentido de
levar ou atrair atividades industriais para outras regiões. Ao
lado das deseconomias de aglomeração na Área Metropolitana de São
Paulo, as economias de aglomeração foram ampliadas ou criadas em
várias outras cidades, no próprio interior de São Paulo e em
outros estados do país - principalmente no eixo Belo Horizonte-
Porto Alegre, onde está a maior rede urbana do país, a maior
parte da produção industrial e a melhor infra-estrutura.
Complementar a isso, a política econômica, em termos de
 
3 Sobre o conceito de reversão da polarização veja Richardson (1980). A questão da reversão da
polarização ou não da área metropolitana de São Paulo tem sido motivo de interpretações
controversas. Townroe e Keen (1984), utilizando apenas dados de população, concluíram ser este
o primeiro caso de polarização reversa no terceiro mundo. Azzoni (1986) e Storper (1991)
negaram que tal processo estivesse ocorrendo. No entanto, suas análises cometem um grande
engano, ao tomar os dados do Estado de São Paulo e não de sua Área Metropolitana. Diniz (1991)
demonstrou que o processo de reversão da polarização é claro e inegável.
4 A SABESP (Saneamento Básico do Estado de São Paulo) estimou que o custo na Região Metropolitana
em relação às cidades do interior do Estado de São Paulo eram superiores em 20% para
abastecimento de água, 17% para esgoto, 28 a 52% para saúde, 9% para construção de escolas
(Secretaria, 1987). Os salários industriais eram 30% superiores à média nacional (Azzoni,
1988).
5 Pesquisa direta realizada pelo autor, em 1989, junto a empresas paulistas que construíram novas
plantas no sul do Estado de Minas Gerais confirmou que estas duas razões foram as principais
responsáveis pela decisão locacional.
19
ESTUDO DA COMPETITIVIDADE DA INDÚSTRIA BRASILEIRA
� � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � �
� �
� � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � �
IE/UNICAMP - IEI/UFRJ - FDC - FUNCEX
investimento público direto em atividades industriais, incentivos
fiscais e construção da infra-estrutura, foi decisiva para as
alterações regionais da produção industrial. A distribuição
geográfica dos recursos e a fronteira agropecuária e mineral
também contribuíram para que algumas atividades industriais
seguissem essas fronteiras (Tabela 1). Ressalte-se, ainda, a
unificação do mercado proporcionada pelo desenvolvimento dos
transportes e das telecomunicações que permitiram ampliar o
movimento de concorrência em termos de ocupação desse mercado,
levando à localização de novas atividades em outras regiões.
TABELA 1
BRASIL - PARTICIPAÇÃO RELATIVA DAS REGIÕES NA ÁREA CULTIVADA,
PRODUÇÃO AGRÍCOLA, PRODUÇÃO E INVESTIMENTO MINERAL
1940-1980
(%)
------------------------------------------------------------------------------------------------------
------
REGIÃO AGRICULTURA PRODUÇÃO MINERAL INVEST.
1940 1960 1980 MINERAL
Área Valor Área Valor Área Valor 1940 1960 1980 1975-84
------------------------------------------------------------------------------------------------------
------
Norte 4,9 1,1 1,5 1,2 2,7 3,2 0,0 10,4 4,6 13,8
Nordeste 30,6 20,6 30,4 22,2 28,9 19,8 13,6 10,7 8,5 17,3
Sudeste 22,1 23,6 18,3 17,2 12,6 12,8 38,6 30,5 60,9 40,2
Estado de São Paulo 22,9 35,0 16,6 24,0 12,1 20,6 15,7 10,6 8,8 2,9
Sul 15,6 16,8 28,3 30,0 29,7 35,9 30,5 34,2 9,0 13,5
Centro-Oeste 3,9 2,9 4,9 5,1 14,0 7,7 0,3 3,6 8,2 12,3
Brasil 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0
Área absoluta
(1000 ha) 18.835 28.703 49.043
------------------------------------------------------------------------------------------------------
------
Nota: Excluído petróleo.
Fonte: IBGE - Censos Agropecuários; DNPM; Anuários Industriais 1975-85.
O resultado foi que, a partir do final da década de 1960,
pela primeira vez o Estado de São Paulo começou a perder posição
relativa na produção industrial brasileira, em função do menor
crescimento de sua Área Metropolitana, apesar de haver sido este
um período de grande crescimento da produção industrial no país6.
 
6 Ressalte-se que a década de 1970 foi um período de grande crescimento da economia brasileira,
tendo o PIB crescido de 8,7% ao ano e o produto industrial 9% ao ano. Assim, todas as regiões
cresceram, porém de forma significativamente diferenciada.
20
ESTUDO DA COMPETITIVIDADE DA INDÚSTRIA BRASILEIRA
� � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � �
� �
� � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � �
IE/UNICAMP - IEI/UFRJ - FDC - FUNCEX
Enquanto o Estado de São Paulo participava com 58% da produção
industrial do país em 1970, participou com apenas 38% dos
investimentos industriais decididos na década, segundo uma
amostra de 7.514 projetos aprovados pela Comissão de
Desenvolvimento Industrial do Ministério da Indústria e Comércio
(CDI-MIC)7. Os dados dos Censos Industriais de 1975 e 1980
confirmaram a tendência de alteração, tendo o Estado de São Paulo
reduzido sua participação na produção industrial do país de 58%
para respectivamente 56% e 53%, naqueles anos. Essa perda de
posição se deveu à sua Área Metropolitana, que reduziu sua
participação de 75% para 63% da produção industrial do Estado
entre 1970 e 1980, e respectivamente de 44% para 33% da produção
industrial do país (Tabela 3). Na década de 1980, tanto o Estado
de São Paulo quanto sua Área Metropolitana continuaram perdendo
posição relativa. Embora a crise econômica tenha reduzido os
investimentos e a recessão tenha castigado a indústria paulista,
os indicadores regionais demonstram que a mudança relativa tem
fatores estruturais, inclusive porque tanto o Estado de São Paulo
quanto sua Área Metropolitana perdem posição relativa em
praticamente quase todos os ramos industriais. Em 1990, estima-se
que a participação do Estado de São Paulo na produção industrial
nacional tenha caído para 49% (Tabela 2) e a da Área
Metropolitana na produção do Estado de São Paulo e do país caído
respectivamente para 53% e 26% (Tabela 3)8.
 
7 À época, considerada a importância das distintas formas de incentivo, praticamente nenhum
projeto industrial de alguma expressão (novo ou ampliação) deixava de passar por aquela
Comissão. Embora não haja uma relação direta entre investimento e produção, dependendo das
respectivas relações capital/produto, a magnitude da diferença indicava que mudanças regionais
estavam se processando (Diniz, 1981).
8 Ao lado de São Paulo também os Estados do Rio de Janeiro e Pernambuco continuaram em posição de
perda relativa, porém em um processo que remonta ao início do século. O Rio de Janeiro em um
primeiro momento coma decadência da cafeicultura e seus efeitos, inexistência de recursos
naturais e fraca base empresarial. Posteriormente, com o esvaziamento das atividades públicas
com a transferência da capital para Brasília, conjugada com a crise social da cidade, o que tem
afugentado o capital privado (Cano, 1977; Leopoldi, 1984; Melo & Considera, 1986). Pernambuco,
pelo peso da indústria açucareira, que não conseguiu enfrentar a concorrência com São Paulo,
por uma estrutura industrial desintegrada e recentemente pela disputa com os demais estados
nordestinos em termos de atração dos investimentos incentivados (Diniz, 1988).
21
ESTUDO DA COMPETITIVIDADE DA INDÚSTRIA BRASILEIRA
� � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � �
� �
� � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � �
IE/UNICAMP - IEI/UFRJ - FDC - FUNCEX
TABELA 2
BRASIL - DISTRIBUIÇÃO DA PRODUÇÃO INDUSTRIAL
SEGUNDO REGIÕES E PRINCIPAIS ESTADOS
1970-1990
(%)
----------------------------------------------------------------------------------------------
--------------
REGIÕES E ESTADOS SELECIONADOS 1970 1975 1980 1985
------------------------------------------------------------------------------------------------------
------
NORTE 0,8 1,5 2,4 2,5
Amazonas 0,4 0,7 1,6 1,7
Pará 0,4 0,6 0,7 0,6
Demais Estados 0,0 0,2 0,1 0,2
(RO, AC, RR, AP)
NORDESTE 5,7 6,6 8,1 8,6
Pernambuco 2,2 2,2 2,0 2,0
Bahia 1,5 2,1 3,5 3,8
Demais Estados 2,0 2,3 2,6 2,8
(MA, PI, CE, RN, PB, AL, SE)
SUDESTE 80,8 76,3 72,6 70,9
São Paulo 58,1 55,9 53,4 51,9
Rio de Janeiro 15,7 13,5 10,6 9,5
Minas Gerais 6,5 6,3 7,7 8,3
Espírito Santo 0,5 0,6 0,9 1,2
SUL 12,0 14,8 15,8 16,7
Paraná 3,1 4,0 4,4 4,9
Santa Catarina 2,6 3,3 4,1 3,9
Rio Grande do Sul 6,3 7,5 7,3 7,9
CENTRO-OESTE
(MT, MS, GO, DF) 0,8 0,8 1,1 1,4
------------------------------------------------------------------------------------------------------
------
Fonte: 1970, 1975, 1980 e 1985 - FIBGE - Censos Industriais.
1990 - Negri & Pacheco (1992); estimativas do autor.
TABELA 3
ÁREA METROPOLITANA DE SÃO PAULO
PARTICIPAÇÃO NA PRODUÇÃO E NO EMPREGO INDUSTRIAL
1950-1990
(%)
------------------------------------------------------------------------------------------------------
------
DISCRIMINAÇÃO 1950 1970 1980 1985
------------------------------------------------------------------------------------------------------
------
AMSP/Estado de São Paulo
Produção 72,0 75,0 63,0 56,6
Emprego Industrial 65,0 70,0 64,0 62,0
AMSP/Brasil
Produção 34,0 44,0 33,0 29,4
Emprego Industrial 27,0 34,0 29,0 28,4
------------------------------------------------------------------------------------------------------
------
Fonte: 1970, 1975, 1980 e 1985 - FIBGE - Censos Industriais.
1990 - Negri & Pacheco (1992); estimativas do autor.
22
ESTUDO DA COMPETITIVIDADE DA INDÚSTRIA BRASILEIRA
� � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � �
� �
� � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � �
IE/UNICAMP - IEI/UFRJ - FDC - FUNCEX
2.1.2. O espraiamento industrial no país
Conjugado com a reversão da polarização da Área
Metropolitana de São Paulo, ocorreu um relativo espraiamento dos
investimentos e da produção industrial em direção a várias
regiões do país. Tanto o interior de São Paulo quanto a maioria
dos estados brasileiros ampliaram suas participações na produção
industrial do país. Inicialmente, a produção industrial do Estado
de São Paulo, excluída sua Área Metropolitana, ampliou sua
participação na produção industrial do Estado de 25% para 47%
entre 1970 e 1990, ou seja, de 14% para 23% da produção
nacional. Esse crescimento foi facilitado pela existência de uma
rede de centros urbanos de tamanho médio e dotados de serviços
modernos, por certa tradição industrial, pela existência de uma
rede estadual de centros de pesquisa e ensino distribuídos por
várias cidades, que vem atraindo indústrias de alta tecnologia, e
pelo crescimento quantitativo da produção de álcool, devido aos
incentivos do Pro-Álcool. Por outro lado, à medida que a Área
Metropolitana começou a apresentar saturação, o Governo do Estado
orientou seus investimentos para o interior, especialmente com a
construção de uma rede de transportes ligando o litoral e a Área
Metropolitana com o interior do estado. Isso veio facilitar a
reorientação geográfica do crescimento industrial dentro do
próprio estado, reduzindo o vazamento para outros estados ou
regiões do país (Diniz & Lemos, 1989).
Simultaneamente, vários outros estados e regiões ampliaram
suas participações na produção industrial do país. Tomando-se as
regiões e/ou estados em ordem geográfica, verifica-se que a
Região Norte ampliou sua participação de 0,8% para 3,1% da
produção industrial e de 1,5% para 2,5% do emprego entre 1970 e
19909. Esse crescimento foi beneficiado pelos incentivos fiscais
proporcionados pela SUDAM e pela SUFRAMA - para a Região Norte e
para a Zona Franca de Manaus, respectivamente, o que permitiu a
instalação de indústrias de bens eletrônicos de consumo (45% da
produção industrial local) e outros bens leves (relógios, óculos,
 
9 Todas as cifras de emprego mencionadas neste trabalho estão baseadas no Censo Industrial de
1985.
23
ESTUDO DA COMPETITIVIDADE DA INDÚSTRIA BRASILEIRA
� � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � �
� �
� � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � �
IE/UNICAMP - IEI/UFRJ - FDC - FUNCEX
bicicletas, motos, material aquático de pesca e lazer)10. Em
segundo lugar, pelo aproveitamento de recursos naturais (ferro,
alumínio, amianto, ouro, madeira, entre outros), principalmente
no Estado do Pará. Em terceiro, pelo crescimento urbano da
Região, que passa a constituir um mercado local de alguma
expressão, atraindo atividades industriais leves voltadas para o
mercado regional.
A seguir vem a Região Nordeste, composta por 9 estados e com
uma situação interna muito diferenciada (Diniz, 1988). De forma
agregada, a região aumentou sua participação na produção
industrial do país de 5,7% para 8,4% entre 1970 e 1990. Embora o
Estado de Pernambuco tenha perdido participação, praticamente
todos os demais estados ganharam. No entanto, o ganho total é
praticamente explicado pelo Estado da Bahia, que aumentou sua
participação de l,5% para 4% da produção industrial do país,
correspondendo a quase 50% da região nordeste em 1990. Além dos
incentivos fiscais, o fato marcante foi a decisão de construção
do Pólo Petroquímico de Camaçari (com grande peso de
investimentos públicos através da Petroquisa e Norquisa), como
indica a participação de 48% da indústria química na produção
industrial do Estado. Por outro lado, os incentivos fiscais
através da SUDENE viabilizaram a implantação de projetos
industriais diversos em vários estados nordestinos, voltados para
o mercado local, nacional e para exportação (Guimarães, 1983).
Mais recentemente vêm sendo criadas áreas dinâmicas, com relativo
sucesso produtivo. Além da indústria química, representada pelo
pólo petroquímico de Camaçari e da cloroquímica em Alagoas e
Sergipe, são destacados: a agricultura irrigada e as
agroindústrias a ela vinculadas, no Vale do São Francisco; a
indústria têxtil e de confecções no Ceará; a agricultura de grãos
nos cerrados da Bahia, Piauí e Maranhão, atraindoagroindústrias
processadoras e fornecedoras de insumos; a minero-metalurgia no
Maranhão; o turismo na vasta orla marítima nordestina.
 
10 A rigor Manaus transformou-se em uma zona livre de importação, já que a quase totalidade da
produção local é baseada em insumos e componentes importados, livres de impostos, e destinada
ao mercado interno protegido.
24
ESTUDO DA COMPETITIVIDADE DA INDÚSTRIA BRASILEIRA
� � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � �
� �
� � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � �
IE/UNICAMP - IEI/UFRJ - FDC - FUNCEX
A emergência desse conjunto de atividades indica, por outro
lado, que é possível encontrar vantagens regionais e
oportunidades produtivas capazes de alavancar o desenvolvimento
econômico do nordeste.
Seguindo a ordem, tem-se a Região Centro-Oeste que, apesar
de sua baixa densidade econômica e populacional, se expandiu nas
últimas décadas, beneficiada com a transferência da Capital
Federal para Brasília e com a expansão gradual da fronteira
agrícola, especialmente da produção de grãos. Sua produção
industrial ainda é modesta porém vem crescendo, especialmente
pelos efeitos da expansão da fronteira agrícola e do
aproveitamento de recursos minerais, principalmente fertilizantes
no Estado de Goiás. O próprio crescimento populacional e urbano
da região também poderão vir a exercer algum efeito sobre o seu
crescimento industrial. Análises mais recentes indicam grande
expansão das agroindústrias processadoras de soja e frigoríficos,
que acompanham o grande crescimento da produção agrícola e as
expectativas de sua contínua ampliação.
Os Estados do Rio de Janeiro, Minas Gerais e Espírito Santo
apresentaram comportamento diferenciado. O Estado do Rio de
Janeiro, como antes se indicou, vem num processo de decadência ao
longo do século, no que se poderia chamar "desindustrialização
relativa". Os Estados de Minas Gerais e Espírito Santo, ao
contrário, vêm ganhando posição relativa. O Estado do Espírito
Santo possui pequena participação, apesar do seu incremento na
década de 1970, em razão de alguns projetos produtores de bens
intermediários ligados ao complexo exportador e beneficiados
pelos incentivos regionais e pela política de diversificação da
Cia. Vale do Rio Doce (papel e aço). O Estado de Minas Gerais foi
um dos poucos que conseguiu manter sua participação relativa na
produção industrial do país, no período de forte concentração em
São Paulo, graças à sua base de recursos minerais e sua
proximidade com aquele estado. Agiu como economia complementar ao
grande centro industrial do país, inclusive como fornecedora de
bens intermediários (aço, cimento, etc.), alimentos e matérias-
25
ESTUDO DA COMPETITIVIDADE DA INDÚSTRIA BRASILEIRA
� � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � �
� �
� � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � �
IE/UNICAMP - IEI/UFRJ - FDC - FUNCEX
primas minerais e agropecuárias. Entre 1970 e 1990, sua
participação ampliou de 6,5% para 8,8% do produto e de 7,1% para
8,2% do emprego industrial do país. Em um primeiro momento, a
indústria de bens intermediários expandiu e, mais recentemente,
foi potenciada por um amplo aparato institucional de apoio à
industrialização por parte do governo estadual, através de
incentivos fiscais, pressões políticas junto ao Governo Federal e
outros mecanismos (Diniz, 1981). Por outro lado, a proximidade
geográfica com São Paulo tem-se traduzido em uma expansão
diversificada nas Regiões Sul e Triângulo. Essas duas regiões
têm-se aproveitado das deseconomias de aglomeração da Área
Metropolitana de São Paulo e do avanço industrial no sentido do
oeste paulista e sua penetração em direção ao Triângulo Mineiro,
que se articula com os rumos da fronteira agrícola em direção ao
Centro-Oeste.
Quanto à Região Sul, o que se constata é que ampliou sua
participação na produção industrial do país de 12% para 17% entre
1970 e 1990 e de 17% para 20% no emprego até 1985. No Rio Grande
do Sul, o crescimento deveu-se a três aspectos. Primeiro, devido
à expansão agrícola com o aumento da produção de grãos e seus
efeitos multiplicadores sobre as agroindústrias processadoras de
produtos agrícolas e das agroindústrias a montante, especialmente
máquinas, equipamentos e insumos (FEE, 1976). Segundo, pelo
crescimento da indústria de bens de capital e duráveis de consumo
na região de Porto Alegre-Caxias, com certa tradição industrial,
de economias externas geradas pelo crescimento industrial e dos
incentivos regionais (Almeida et alii, 1986). Por último, pelo
crescimento da indústria de couro e calçados, que aproveitara das
vantagens de especialização acumuladas e dos incentivos à
exportação (Lagemann, 1986).
O Estado de Santa Catarina aproveitou-se de sua dupla base
industrial. A indústria frigorífica do oeste, especializada em
aves e suínos (a mais desenvolvida do país), devido ao
crescimento do mercado interno e das exportações. A outra, a
tradicional região de Blumenau-Joinville, com produção
26
ESTUDO DA COMPETITIVIDADE DA INDÚSTRIA BRASILEIRA
� � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � �
� �
� � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � �
IE/UNICAMP - IEI/UFRJ - FDC - FUNCEX
diversificada (têxteis, instrumentos musicais, motores, fundidos
e, mais recentemente, bens eletrônicos). A expansão industrial
desse Estado sustenta-se fundamentalmente no empresariado local,
constituindo-se talvez no estado brasileiro com maioria de
indústrias de capitais nacionais e regionais voltadas para o
mercado nacional e internacional.
O Paraná, que tradicionalmente tinha suas indústrias ligadas
ao complexo da madeira, inclusive de papel, teve grande expansão
das agroindústrias processadoras de insumos agrícolas em função
da excepcional qualidade de suas terras e da expansão da produção
agrícola. Mais recentemente vem ocorrendo um processo de
diversificação industrial no estado, especialmente na região de
Curitiba, que recebeu a localização de vários projetos
estrangeiros, como indústria automobilística (Volvo) e de
componentes eletrônicos, atraídos pelos incentivos fiscais
locais, pelo suporte urbano de Curitiba e por sua relativa
proximidade com a área metropolitana de São Paulo.
Articuladas à desconcentração industrial e ao movimento das
fronteiras agrícola e mineral, ocorreram também alterações
regionais dos serviços e dos movimentos migratórios. Como
conseqüência, alterou-se a distribuição regional do PIB, a qual
acompanhou o movimento de desconcentração apontado (Tabela 4).
Apesar deste movimento, as desigualdades econômicas e
sociais entre as regiões continuam marcantes, como se pode
observar pelos dados da Tabela 5.
Face aos resultados registrados, torna-se imperativo
analisar, de forma mais detalhada, o comportamento histórico dos
principais fatores locacionais e suas possíveis alterações, bem
como os novos elementos decisivos para a dinâmica regional da
indústria no Brasil, à luz das mudanças estruturais e
tecnológicas em curso, das novas orientações da política
econômica e da necessidade de compatibilizar eficiência produtiva
com busca de solução para os problemas sociais.
27
ESTUDO DA COMPETITIVIDADE DA INDÚSTRIA BRASILEIRA
� � � � � � �� � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � �
� �
� � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � �
IE/UNICAMP - IEI/UFRJ - FDC - FUNCEX
TABELA 4
BRASIL - PIB A CUSTO DE FATORES POR UNIDADE DA FEDERAÇÃO
1970-1990
(%)
------------------------------------------------------------------------------------------------------
------
REGIÃO/ESTADO 1970 1975 1980 1985 1990
------------------------------------------------------------------------------------------------------
------
BRASIL 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0
NORTE 2,15 2,09 3,02 3,05 3,49
Rondônia 0,10 0,12 0,23 0,25 0,31
Acre 0,13 0,08 0,12 0,14 0,15
Amazonas 0,69 0,75 1,09 1,22 1,40
Roraima 0,02 0,03 0,04 0,06 0,09
Pará 1,10 1,05 1,65 1,30 1,45
Amapá 0,11 0,06 0,07 0,08 0,09
NORDESTE 11,70 11,30 11,96 12,54 13,21
Maranhão 0,82 0,76 0,84 1,10 1,41
Piauí 0,37 0,37 0,38 0,39 0,38
Ceará 1,44 1,32 1,54 1,62 1,72
Rio Grande do Norte 0,54 0,59 0,61 0,62 0,63
Paraíba 0,71 0,71 0,65 0,63 0,61
Pernambuco 2,91 2,72 2,54 2,60 2,57
Alagoas 0,68 0,65 0,66 0,66 0,67
Sergipe 0,43 0,40 0,40 0,41 0,42
Bahia 3,80 3,78 4,34 4,51 4,80
SUDESTE 65,56 64,21 62,35 62,41 60,91
Minas Gerais 8,28 8,59 9,27 11,80 12,52
Espírito Santo 1,18 1,06 1,45 1,66 1,71
Rio de Janeiro 16,67 15,37 14,18 12,34 10,91
São Paulo 39,43 39,19 37,45 37,61 35,77
SUL 16,71 18,11 16,97 16,93 16,75
Paraná 5,43 6,71 5,82 6,12 6,32
Santa Catarina 2,68 2,79 3,18 3,27 3,33
Rio Grande do Sul 8,60 8,61 7,97 7,54 7,01
CENTRO-OESTE 3,88 4,27 5,51 5,07 5,64
Mato Grosso Sul 0,00 0,82 1,09 1,43 1,74
Mato Grosso 1,09 0,44 0,59 0,62 0,64
Goiás 1,52 1,60 1,85 1,97 2,13
Distrito Federal 1,27 1,41 1,98 1,05 1,13
------------------------------------------------------------------------------------------------------
------
Fonte: Kasznar (s.d).
28
ESTUDO DA COMPETITIVIDADE DA INDÚSTRIA BRASILEIRA
� � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � �
� �
� � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � �
IE/UNICAMP - IEI/UFRJ - FDC - FUNCEX
TABELA 5
BRASIL - INDICADORES DE DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO
E SOCIAL POR REGIÃO
1970-1988
REGIÕES PIB PER CAPITA
(US$)
ESPERANÇA DE VIDA
AO NASCER
TAXA DE ALFABETIZAÇÃO*
1970 1980 1988 Crescimento absol.
(%)
1970 1980 1988 Crescimento (
% )
1970 1980 1988
Norte 697 1416 1401 101 54.1 64.2 68.2 26 63.4 70.7 88.1
Nordeste 488 928 918 88 44.4 51.6 58.8 32 45.3 54.6 63.5
Centro-Oeste 889 1971 1949 192 56.0 64.7 68.4 22 64.0 74.7 83.1
Sudeste 1920 3253 3217 68 56.9 63.6 67.1 18 76.0 83.1 88.2
Sul 1179 2408 2382 102 60.3 67.0 70.1 16 75.5 83.7 87.5
BRASIL 1253 2266 2241 79 52.7 60.1 64.9 23 66.0 74.6 81.1
(*) Pessoas de 15 anos ou mais que sabem ler e escrever.
Fonte: FIBGE - Censos 1970, 1980; PNAD 1988, apud Albuquerque & Vilela (1991).
2.2. Mudanças nas Economias de Aglomeraçªo, Unificaçªo do
Mercado Nacional, ConcorrŒncia e Especializaçªo Regional
2.2.1. Economias de urbanizaçªo
As economias de aglomeração são decompostas em economias de
escala (economias internas, crescentes com o tamanho),
localização (economias externas devido à proximidade com outras
indústrias ou fatores produtivos) e urbanização (economias
externas pela oferta de serviços em geral). Estes três elementos
agem em conjunto, principalmente nas primeiras fases do
desenvolvimento, criando economias de aglomeração e promovendo a
concentração industrial (Isard, 1956, 1960). No entanto e
contraditoriamente, a partir de certo momento a concentração
começa a criar deseconomias de aglomeração pelo limite à expansão
técnica e o fim das economias internas de escala, e em função de
deseconomias externas, decorrentes do aumento da renda urbana,
materializada no preço dos terrenos e aluguéis, no custo do
controle ambiental e de congestão, e no aumento do salário, entre
29
ESTUDO DA COMPETITIVIDADE DA INDÚSTRIA BRASILEIRA
� � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � �
� �
� � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � �
IE/UNICAMP - IEI/UFRJ - FDC - FUNCEX
outros. Adicionalmente, a megalopolização acaba por gerar outros
custos coletivos, pressionando o Estado (Castells, 1983), ou
custos pendulares pela movimentação improdutiva de pessoas
(Boventer). Assim, a partir de certo momento a concentração abre
por si mesma a possibilidade de desconcentração. Para que a
desconcentração ocorra, esta por sua vez requer novas economias
de aglomeração em outras regiões. Isto ocorre como resultado da
difusão do conhecimento, crescimento da população e renda,
expansão do mercado, disponibilidade de recursos e expansão da
infra-estrutura recriando novas formas de concentração, o que
Richardson chamou de condições para que haja polarização reversa
(Richardson, 1980).
A mais recente contribuição para a teoria da aglomeração (se
é que ela é uma teoria) postula que os novos distritos
industriais são criados pela desintegração vertical, que amplia
as economias externas em detrimento das economias internas. Esse
processo tende a fortalecer as relações entre plantas, pela
necessidade de contato direto, troca de informações, contatos
face a face, fluxo de materiais e de pessoas, implicando a
necessidade de proximidade geográfica e, portanto, recriando o
distrito industrial (Piore & Sabel, 1984; Scott & Storper, 1988;
Harrison, 1990). Esses distritos poderão ser encontrados em novas
locações na medida em que as novas atividades exijam novos
requisitos e condições, não encontrados nos velhos centros. Por
outro lado, esses novos distritos poderiam ser encontrados em
velhos centros, cujos recursos básicos seriam desviados para
novas atividades quando as velhas entram em declínio (Friedman &
Wolfe, 1982).
No caso do Brasil, como se analisou, as forças centrífugas
para a desconcentração da Área Metropolita de São Paulo estão
claramente presentes. Deseconomias de aglomeração surgiram em
várias áreas. Se por um lado esse fenômeno explica o potencial
para desconcentração, por outro não explica onde e por que novas
economias de aglomeração apareceram em outros lugares.
30
ESTUDO DA COMPETITIVIDADE DA INDÚSTRIA BRASILEIRA
� � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � �
� �
� � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � �
IE/UNICAMP - IEI/UFRJ - FDC - FUNCEX
Neste sentido, é fundamental analisar a situação atual da
malha urbana brasileira, não só pelo seu tamanho populacional,
como principalmente pela dotação de serviços modernos. Dos 180
municípios com mais de 100 mil habitantes em 1991, um total de
119 estão na faixa de Minas Gerais ao Rio Grande do Sul. Por
outro lado, essas cidades são dotadas de melhores serviços,
reflexo do maior nível de renda e de atividade econômica.
À luz da tendência de desconcentração da área metropolitana
de São Paulo, da reestruturação produtiva e da abertura externa,
incluídos os efeitos do MERCOSUL, essas cidades se transformaram
nas melhores alternativas locacionais para os novos investimentos
industriais.
2.2.2. Desenvolvimento da infra-estrutura e unificaçªo do mercado
Embora a unificação do mercado brasileiro tenha se
processadoao longo de todo o século XX, só se consolidou nas
últimas décadas, com a construção e ampliação da malha
rodoviária11, levada a efeito a partir da década de 1950; com a
ampliação e melhoria da frota de veículos12; e com o
desenvolvimento e modernização das telecomunicações.
Nas últimas décadas foi feito um esforço extraordinário em
termos de construção de infra-estrutura, com o objetivo de
estimular o crescimento econômico das regiões atrasadas ou vazias
e de integrar a economia nacional. A capacidade de geração de
energia elétrica subiu de 11 para 37 milhões de kW entre 1970 e
1980 e para aproximadamente 60 milhões em 1990, sendo a quase
totalidade de propriedade de empresas estatais. A malha
rodoviária, estadual e federal, pavimentada subiu de 2.OOO km em
 
11 O sistema ferroviário brasileiro nunca cumpriu este papel. Além de sua pequena extensão (máximo
de 38.000 km), não era integrado, ligando basicamente cada a região exportadora ao respectivo
porto, além de possuir distintas bitolas. A navegação fluvial não foi desenvolvida e os
principais rios estavam fora das regiões de maior importância econômica.
12 A indústria automobilística brasileira começou a produzir no ano de 1960 (até então existiam
apenas montagens), porém a grande expansão da produção ocorreu a partir do final daquela
década, com a retomada do crescimento da economia brasileira. Entre 1967 e 1973, a produção
saltou de 200.000 para 1.000.000 veículos/ano, estabilizando-se a partir de então. A frota
nacional subiu de 400 mil unidades em 1955 para aproximadamente 13 milhões em meados da década
de 1980 (Diniz, 1987).
31
ESTUDO DA COMPETITIVIDADE DA INDÚSTRIA BRASILEIRA
� � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � �
� �
� � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � �
IE/UNICAMP - IEI/UFRJ - FDC - FUNCEX
1955 para 50.000 km em 1970 e 130.000 km em 1990. O sistema de
telecomunicações, até então privado, que operava em condições
precárias até o final da década de 1950, foi estatizado,
ampliado e modernizado, o que permitiu integrar praticamente
todas as cidades brasileiras, inclusive da região amazônica13. O
número de terminais instalados subiu de 1,42 milhões em 1972 para
5,09 milhões em 1980 e 9,31 milhões em 1990 (Villela, 1992).
Após a grande recessão econômica da primeira metade da
década de 1960, ocorreu a retomada do crescimento a partir de
1967, conhecida como "milagre econômico". Naquele momento, a
concorrência ganhou importância no âmbito regional. Apoiadas na
infra-estrutura mínima e em algum potencial de mercado e
incentivos regionais e setoriais, várias empresas lançaram-se na
busca de recursos naturais, de ocupação e abertura de mercado, de
criação de barreiras à entrada. Guimarães fala na passagem da
integração comercial para a integração produtiva, demonstrando o
crescimento das grandes empresas nacionais em praticamente quase
todas as regiões brasileiras (Guimarães, 1986; Redwood III, 1984;
Oliveira, 1977; Cano, 1977; Diniz, 1987)14.
Aquele movimento conjugou a estratégia geográfica da
concorrência com a pressão sindical, com o custo de controle de
poluição e com o preço do terreno na Área Metropolitana de São
Paulo. Por outro lado, esse movimento tornou-se possível com
criação de economias urbanas em outras cidades e regiões
brasileiras.
Com a unificação do mercado ficou superada a possibilidade
de que regiões ou estados brasileiros venham a construir
estrutura industrial integrada como é o caso de São Paulo. Este
foi industrializado primeiro e sozinho, na medida em que a
economia do Rio de Janeiro estava em plena decadência e as demais
regiões eram atrasadas (Cano, 1977; Leopoldi, 1984). As novas
 
13 A preocupação militar em termos de geopolítica contribuiu evidentemente para a expansão da
infra-estrutura na região amazônica (Silva, 1978).
14 Este processo poderia ser comparado ao movimento internacional de capitais ou da própria
criação e ocupação do mercado norte-americano, a partir da segunda metade do século XIX.
32
ESTUDO DA COMPETITIVIDADE DA INDÚSTRIA BRASILEIRA
� � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � �
� �
� � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � �
IE/UNICAMP - IEI/UFRJ - FDC - FUNCEX
regiões têm que entrar na disputa do mercado nacional, cujo êxito
está relacionado com as vantagens relativas de cada uma. Desse
modo, as alterações de estrutura produtiva, decorrentes de
mudanças técnicas e de composição da demanda, alteram a posição
relativa das regiões, segundo suas condições objetivas e os
diferentes requisitos locacionais de cada setor.
Estudos elaborados por Galvão (1993), tomando as matrizes de
comércio por vias internas para os anos de 1943, 1947, 1961 e
1969, mostram que o comércio inter-regional no Brasil cresceu de
forma significativa, naqueles anos.
O grande avanço da infra-estrutura na década de 1970, a
expansão acelerada da economia e a diversificação produtiva
ampliaram ainda mais os fluxos comerciais inter-regionais. Dados
do comércio por vias internas para os anos de 1975, 1980 e 1985,
por estados, em relação ao PIB, mostram que este já representava
24,5% do PIB em 1975, subindo para 37,9% em 1980, reduzindo em
1985 em função da crise econômica.
Em nível regional, os coeficientes têm comportamento
altamente diferenciado, não só em magnitude como em saldo. O
saldo positivo indicaria que a região ou estado estaria
transferindo recursos, o que é mais claro para São Paulo e para a
região Sudeste (Tabela 6). Ao contrário, as regiões Norte e
Nordeste têm um coeficiente de importações maior que o
coeficiente de exportações, indicando que estas regiões estariam
recebendo transferências de recursos.
Um balanço final, no entanto, somente poderá ser feito
adicionando o saldo do comércio internacional.
33
ESTUDO DA COMPETITIVIDADE DA INDÚSTRIA BRASILEIRA
� � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � �
� �
� � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � �
IE/UNICAMP - IEI/UFRJ - FDC - FUNCEX
TABELA 6
COMÉRCIO POR VIAS INTERNAS - BRASIL E UNIDADES DA FEDERAÇÃO
PARTICIPAÇÃO RELATIVA NO PIB ESTADUAL
1975-1985
------------------------------------------------------------------------------------------------------
------
1975 1980 1985
DISCRIMINAÇÃO EXPORT. IMPORT. EXPORT. IMPORT. EXPORT. IMPORT.
(%) (%) (%) (%) (%) (%)
------------------------------------------------------------------------------------------------------
------
NORTE 10,7 22,9 34,3 42,0 31,5 41,3
Acre 3,8 23,2 11,8 39,8 13,8 44,0
Amazonas 18,7 21,7 69,4 48,8 67,9 49,2
Pará 7,7 28,6 14,5 36,0 14,5 33,9
Amapá 24,1 41,2 11,3 54,8
Rondônia 21,7 46,3 16,5 42,4
Roraima 10,8 67,7 12,0 106,5
NORDESTE 18,9 32,5 30,4 45,6 29,4 41,8
Maranhão 3,4 24,0 12,2 38,1 19,4 67,2
Piauí 14,0 34,7 24,8 58,5 18,0 46,2
Ceará 17,5 33,5 25,0 48,6 23,0 42,4
Rio Grande do Norte 14,4 28,5 25,0 53,0 26,4 38,5
Paraíba 21,9 31,2 38,8 59,2 23,7 53,6
Pernambuco 29,8 40,2 36,9 54,3 15,1 55,1
Alagoas 17,3 36,5 21,1 44,1 19,4 45,7
Sergipe 10,3 32,5 23,5 60,8 21,5 35,4
Bahia 16,7 28,5 34,0 35,5 30,9 32,6
Fernando de Noronha
CENTRO-OESTE 11,4 35,2 24,4 48,3 17,6 32,7
Mato Grosso 13,0 49,4 22,5 61,7 31,3 66,3
Mato

Outros materiais