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AULA10 Pessoa natural pessoa juridica1

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Tema: Pessoa natural e pessoa jurídica 
 
Pessoa natural (ou pessoa física) 
1. Personalidade e capacidade 
1.1. Personalidade: ligado ao conceito de pessoa; é a aptidão genérica para adquirir 
direitos e contrair obrigações ou deveres na ordem civil. 
CC, art. 2º: A personalidade civil da pessoa começa do nascimento com vida; 
mas a lei põe a salvo, desde a concepção, os direitos do nascituro. 
Obs1: Desde a concepção resguardam-se direitos de personalidade sem 
conteúdo patrimonial; após o nascimento, os patrimoniais. 
Obs.2: Direitos de personalidade 
a) Supera o caráter tradicionalmente patrimonialista do direito civil; 
b) Garantia de direitos subjetivos que têm por objeto os bens e valores 
essenciais da pessoa, no seu aspecto físico, moral e intelectual; 
c) Exemplos: direito ao corpo e às partes do corpo (com proibição de 
disposição do próprio corpo, quando importar diminuição 
permanente da integridade física) - permissão de transplantes e 
cirurgias de redesignação sexual; direito de não ser constrangido a 
submeter-se, com risco de vida, a tratamento médico ou a 
intervenção cirúrgica; direito a nome; proteção da intimidade; 
direito à imagem. 
 
1.2. Capacidade jurídica: a medida da personalidade. 
1.2.1. Capacidade de direito ou de gozo: capacidade de aquisição de direitos 
(inerente a quem tem personalidade jurídica). 
1.2.2. Capacidade de fato ou de exercício: aptidão para exercer, por si só, os atos 
da vida civil. 
(i) Legitimação: capacidade especial para atos específicos; a falta de 
legitimação alcança pessoas impedidas de praticar certos atos jurídicos 
sem serem incapazes (ex.: outorga de outro cônjuge, exceto no regime 
de separação absoluta de bens, para alienar imóveis). 
(ii) Incapacidades: restrição legal ao exercício dos atos da vida civil, 
imposta pela lei somente aos que, excepcionalmente, necessitam de 
proteção: 
a) Incapacidade absoluta: devem ser representados, sob pena de 
nulidade do ato. 
 Menores de 16 anos. 
Obs.1: Após a Lei n. 13.146/2015 (Estatuto da Pessoa com 
Deficiência), pessoas com deficiência mental deixaram 
de ser absoluta (sem discernimento) e relativamente 
(discernimento reduzido) incapazes, passando a ser 
plenamente capazes. Ainda assim é possível determinar 
medida protetiva extraordinária (curatela) para atos 
relacionados aos direitos de natureza patrimonial e 
negocial. 
Obs.2: Excepcionalmente, a vontade do absolutamente incapaz 
deve ser levada em conta (para o maior de 12 anos, a 
adoção depende de sua concordância, colhida em 
audiência – ECA, art. 28, § 2º). 
b) Incapacidade relativa: devem ser assistidos, sob pena de 
anulabilidade do ato 
 Maiores de 16 e menores de 18 anos; 
 Ébrios habituais e os viciados em tóxico; 
 Aqueles que, por causa transitória ou permanente, não puderem 
exprimir sua vontade; 
 Pródigos. 
Obs.1: O relativamente incapaz pode praticar certos atos 
permitidos pela lei sem assistência: ser testemunha (art. 
228, I), fazer testamento (art. 1.860, parágrafo único), ser 
eleitor. 
Obs.2: Emancipação – casos possíveis: I) pela concessão dos 
pais, ou de um deles na falta do outro, mediante 
instrumento público, independentemente de 
homologação judicial, ou por sentença do juiz, ouvido o 
tutor, se o menor tiver dezesseis anos completos; II) pelo 
casamento; III) pelo exercício de emprego público 
efetivo; IV) pela colação de grau em curso de ensino 
superior; V) pelo estabelecimento civil ou comercial, ou 
pela existência de relação de emprego, desde que, em 
função deles, o menor com dezesseis anos completos 
tenha economia própria. 
1.2.3. Capacidade postulatória: aptidão para peticionar em juízo. 
 
2. Extinção da pessoa natural 
2.1. Morte real 
2.2. Morte presumida 
2.2.1. Sem declaração de ausência 
a) se for extremamente provável a morte de quem estava em perigo de vida; 
b) se alguém, desaparecido em campanha ou feito prisioneiro, não for 
encontrado até dois anos após o término da guerra. 
2.2.2. Com declaração de ausência (desaparecido, sem notícias, sem procurador) 
a) Dez anos depois de passada em julgado a sentença que concede a abertura 
da sucessão provisória (1 ano após arrecadação de bens; 3 anos de 
desaparecido se houver procurador) 
b) O ausente conta oitenta anos de idade, e que de cinco datam as últimas 
notícias dele. 
 
 
Pessoa jurídica (ou pessoa moral ou coletiva) 
1. Introdução 
1.1. Conceito: conjunto de pessoas ou de bens dotado de personalidade jurídica 
própria, diversa da dos indivíduos que a compõem, e constituído na forma da lei 
para a consecução de fins comuns 
1.2. Teorias justificadoras 
1.2.1. Teorias da ficção: abstrações do direito 
a) Ficção legal 
b) Ficção doutrinária 
1.2.2. Teorias da realidade: realidade vivas 
a) Realidade objetiva (orgânica): realidade sociológica, ser com vida 
própria, que nasce por imposição das forças sociais; 
b) Realidade jurídica (institucionalista): instituições, grupos dotados de 
ordem e organização próprias, surgidos nas relações sociais. 
c) Realidade técnica: expediente de ordem técnica, a forma encontrada pelo 
direito para reconhecer a existência de grupos de indivíduos que se unem 
na busca de fins determinados. 
1.3. Requisitos para constituição da pessoa jurídica 
1.3.1. Vontade humana criadora: intenção de criar uma entidade distinta da de seus 
membros, materializa -se no ato de constituição, que deve ser escrito 
1.3.2. Observância das condições legais: elaboração e registro do ato constitutivo 
(estatuto: associações; contrato social: sociedades simples ou empresárias; 
escritura pública ou testamento: fundações). 
1.3.3. Licitude de seu objetivo 
 
2. Classificação 
2.1. Quanto à nacionalidade 
2.1.1. Nacional: a sociedade organizada de conformidade com a lei brasileira e 
que tenha no País a sede de sua administração; 
2.1.2. Estrangeira: requer autorização do Poder Executivo para atuar no país. 
2.2. Quanto à estrutura interna 
2.2.1. Fundação (universitas bonorum): patrimônio personalizado e destinado a 
determinado fim. 
2.2.2 Corporação (universitas personarum): conjunto de pessoas 
a) Associações, organizações religiosas e partidos políticos: não têm fins 
lucrativos; 
b) Sociedades: objetivam fins lucrativos 
 Simples: são constituídas, em geral, por profissionais de uma mesma 
área (escritórios de engenharia, de advocacia etc.) ou por prestadores 
de serviços técnicos; 
 Empresárias: exercício de atividade própria de empresário. 
2.3. Quanto à função 
2.3.1. De direito público 
a) Externo: Estados estrangeiros e todas as pessoas que forem regidas pelo 
direito internacional público; 
b) Interno: União; os Estados, o Distrito Federal e os Territórios; os 
Municípios; as autarquias, inclusive as associações públicas; as demais 
entidades de caráter público criadas por lei. 
2.3.2. De direito privado:

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