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Tema: Pessoa natural e pessoa jurídica Pessoa natural (ou pessoa física) 1. Personalidade e capacidade 1.1. Personalidade: ligado ao conceito de pessoa; é a aptidão genérica para adquirir direitos e contrair obrigações ou deveres na ordem civil. CC, art. 2º: A personalidade civil da pessoa começa do nascimento com vida; mas a lei põe a salvo, desde a concepção, os direitos do nascituro. Obs1: Desde a concepção resguardam-se direitos de personalidade sem conteúdo patrimonial; após o nascimento, os patrimoniais. Obs.2: Direitos de personalidade a) Supera o caráter tradicionalmente patrimonialista do direito civil; b) Garantia de direitos subjetivos que têm por objeto os bens e valores essenciais da pessoa, no seu aspecto físico, moral e intelectual; c) Exemplos: direito ao corpo e às partes do corpo (com proibição de disposição do próprio corpo, quando importar diminuição permanente da integridade física) - permissão de transplantes e cirurgias de redesignação sexual; direito de não ser constrangido a submeter-se, com risco de vida, a tratamento médico ou a intervenção cirúrgica; direito a nome; proteção da intimidade; direito à imagem. 1.2. Capacidade jurídica: a medida da personalidade. 1.2.1. Capacidade de direito ou de gozo: capacidade de aquisição de direitos (inerente a quem tem personalidade jurídica). 1.2.2. Capacidade de fato ou de exercício: aptidão para exercer, por si só, os atos da vida civil. (i) Legitimação: capacidade especial para atos específicos; a falta de legitimação alcança pessoas impedidas de praticar certos atos jurídicos sem serem incapazes (ex.: outorga de outro cônjuge, exceto no regime de separação absoluta de bens, para alienar imóveis). (ii) Incapacidades: restrição legal ao exercício dos atos da vida civil, imposta pela lei somente aos que, excepcionalmente, necessitam de proteção: a) Incapacidade absoluta: devem ser representados, sob pena de nulidade do ato. Menores de 16 anos. Obs.1: Após a Lei n. 13.146/2015 (Estatuto da Pessoa com Deficiência), pessoas com deficiência mental deixaram de ser absoluta (sem discernimento) e relativamente (discernimento reduzido) incapazes, passando a ser plenamente capazes. Ainda assim é possível determinar medida protetiva extraordinária (curatela) para atos relacionados aos direitos de natureza patrimonial e negocial. Obs.2: Excepcionalmente, a vontade do absolutamente incapaz deve ser levada em conta (para o maior de 12 anos, a adoção depende de sua concordância, colhida em audiência – ECA, art. 28, § 2º). b) Incapacidade relativa: devem ser assistidos, sob pena de anulabilidade do ato Maiores de 16 e menores de 18 anos; Ébrios habituais e os viciados em tóxico; Aqueles que, por causa transitória ou permanente, não puderem exprimir sua vontade; Pródigos. Obs.1: O relativamente incapaz pode praticar certos atos permitidos pela lei sem assistência: ser testemunha (art. 228, I), fazer testamento (art. 1.860, parágrafo único), ser eleitor. Obs.2: Emancipação – casos possíveis: I) pela concessão dos pais, ou de um deles na falta do outro, mediante instrumento público, independentemente de homologação judicial, ou por sentença do juiz, ouvido o tutor, se o menor tiver dezesseis anos completos; II) pelo casamento; III) pelo exercício de emprego público efetivo; IV) pela colação de grau em curso de ensino superior; V) pelo estabelecimento civil ou comercial, ou pela existência de relação de emprego, desde que, em função deles, o menor com dezesseis anos completos tenha economia própria. 1.2.3. Capacidade postulatória: aptidão para peticionar em juízo. 2. Extinção da pessoa natural 2.1. Morte real 2.2. Morte presumida 2.2.1. Sem declaração de ausência a) se for extremamente provável a morte de quem estava em perigo de vida; b) se alguém, desaparecido em campanha ou feito prisioneiro, não for encontrado até dois anos após o término da guerra. 2.2.2. Com declaração de ausência (desaparecido, sem notícias, sem procurador) a) Dez anos depois de passada em julgado a sentença que concede a abertura da sucessão provisória (1 ano após arrecadação de bens; 3 anos de desaparecido se houver procurador) b) O ausente conta oitenta anos de idade, e que de cinco datam as últimas notícias dele. Pessoa jurídica (ou pessoa moral ou coletiva) 1. Introdução 1.1. Conceito: conjunto de pessoas ou de bens dotado de personalidade jurídica própria, diversa da dos indivíduos que a compõem, e constituído na forma da lei para a consecução de fins comuns 1.2. Teorias justificadoras 1.2.1. Teorias da ficção: abstrações do direito a) Ficção legal b) Ficção doutrinária 1.2.2. Teorias da realidade: realidade vivas a) Realidade objetiva (orgânica): realidade sociológica, ser com vida própria, que nasce por imposição das forças sociais; b) Realidade jurídica (institucionalista): instituições, grupos dotados de ordem e organização próprias, surgidos nas relações sociais. c) Realidade técnica: expediente de ordem técnica, a forma encontrada pelo direito para reconhecer a existência de grupos de indivíduos que se unem na busca de fins determinados. 1.3. Requisitos para constituição da pessoa jurídica 1.3.1. Vontade humana criadora: intenção de criar uma entidade distinta da de seus membros, materializa -se no ato de constituição, que deve ser escrito 1.3.2. Observância das condições legais: elaboração e registro do ato constitutivo (estatuto: associações; contrato social: sociedades simples ou empresárias; escritura pública ou testamento: fundações). 1.3.3. Licitude de seu objetivo 2. Classificação 2.1. Quanto à nacionalidade 2.1.1. Nacional: a sociedade organizada de conformidade com a lei brasileira e que tenha no País a sede de sua administração; 2.1.2. Estrangeira: requer autorização do Poder Executivo para atuar no país. 2.2. Quanto à estrutura interna 2.2.1. Fundação (universitas bonorum): patrimônio personalizado e destinado a determinado fim. 2.2.2 Corporação (universitas personarum): conjunto de pessoas a) Associações, organizações religiosas e partidos políticos: não têm fins lucrativos; b) Sociedades: objetivam fins lucrativos Simples: são constituídas, em geral, por profissionais de uma mesma área (escritórios de engenharia, de advocacia etc.) ou por prestadores de serviços técnicos; Empresárias: exercício de atividade própria de empresário. 2.3. Quanto à função 2.3.1. De direito público a) Externo: Estados estrangeiros e todas as pessoas que forem regidas pelo direito internacional público; b) Interno: União; os Estados, o Distrito Federal e os Territórios; os Municípios; as autarquias, inclusive as associações públicas; as demais entidades de caráter público criadas por lei. 2.3.2. De direito privado:
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